Questões Sobre Primeira Guerra Mundial - História - concurso

O cenário histórico que antecedeu a Primeira Guerra Mundial foi marcado por uma série de fatores complexos e interligados, que criaram as condições ideais para um conflito de proporções globais. Entre esses elementos, destacam-se os atritos permanentes decorrentes das disputas imperialistas, as rivalidades políticas enraizadas em um nacionalismo exacerbado e a formação de dois blocos de alianças antagônicas: a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente.

O imperialismo do século XIX e início do XX acirrou as tensões entre as potências europeias, que competiam por territórios, recursos e influência em diversas regiões do mundo. Essa disputa por colônias e zonas de influência gerou conflitos localizados e um clima permanente de desconfiança entre as nações. Paralelamente, o nacionalismo extremado alimentou rivalidades históricas, como a entre França e Alemanha, e exacerbou os sentimentos de superioridade e destino manifesto de cada país.

A formação de alianças militares rígidas transformou essas tensões em uma verdadeira bomba-relógio. De um lado, a Tríplice Aliança, composta por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; de outro, a Tríplice Entente, formada por França, Rússia e Grã-Bretanha. Esse sistema de alianças criou um mecanismo perigoso onde um conflito local poderia rapidamente escalar para uma guerra generalizada, como de fato ocorreu após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 1914.

Portanto, a combinação desses fatores - imperialismo, nacionalismo extremado e sistema rígido de alianças - configura o quadro histórico preciso que levou ao eclodir da Primeira Guerra Mundial em 1914, tornando a alternativa E a correta. As outras opções apresentadas referem-se a conflitos distintos, tanto no tempo quanto em suas causas e características fundamentais.

Apesar de estarmos longe de um grande conflito internacional generalizado, como aconteceu em dois momentos no século XX, tornando-se conhecidos como 1ª e 2ª guerras mundiais, existem hoje, no planeta, diversos conflitos localizados que muito preocupam as autoridades internacionais. Sobre estes conflitos, NÃO se pode afirmar que:

• A) Os separatistas bascos que habitam a região localizada entre a Espanha e a França organizaram o ETA (Pátria Basca e Liberdade), que luta pela independência do país Basco, utilizando ações consideradas terroristas por diversos povos.
• B) Com a dissolução da Iugoslávia – país multiétnico que tem hegemonia dos sérvios –, na década de 90, eclodiram diversos conflitos, lutas por independência e por separação, envolvendo as seis repúblicas e duas regiões autônomas (Kosovo, Voivodina) que compunham esse país.
• C) Considerada a maior etnia sem Estado do mundo, os curdos, que ocupam territórios da Turquia, do Iraque, da Síria, do Irã e da Armênia lutam pela formação do Estado Curdo, o Curdistão.
• D) Na Federação Russa ocorrem diversos conflitos étnicos, como por exemplo, nas repúblicas da Chechênia e do Daguestão, ambas, de maioria muçulmana, que exigem a formação de um Estado islâmico independente.
• E) Confrontos decorrentes do expansionismo e de invasões estrangeiras, como por exemplo, os que têm ocorrido no Oriente Médio, envolvendo Israel, Palestina, Síria, Líbano, Egito e Jordânia ocorrem porque os libaneses lutam pelo reconhecimento e pela demarcação de fronteiras que configurem um Estado independente.

O gabarito correto é E), pois a afirmação sobre os libaneses lutarem pelo reconhecimento de um Estado independente não corresponde à realidade dos conflitos no Oriente Médio, que envolvem questões mais complexas, como disputas territoriais, religiosas e políticas entre múltiplos atores, e não apenas o Líbano.

O início da Primeira Guerra Mundial, que completou 100 anos em 2014, marcou um divisor de águas na história dos conflitos armados. Conhecida como A Grande Guerra, ela se diferenciou das guerras anteriores principalmente pela introdução de novas tecnologias e táticas que transformaram a natureza do combate.

A alternativa correta, C), destaca que a Primeira Guerra Mundial introduziu armamentos sofisticados para a época, como granadas, metralhadoras e canhões de tiro sequencial. Essas inovações tornaram os campos de batalha extremamente letais e reduziram drasticamente a mobilidade dos soldados, eliminando em grande parte os combates corpo a corpo que eram comuns em conflitos anteriores.

Esta característica foi fundamental para que a Primeira Guerra Mundial se tornasse um conflito de trincheiras, onde os exércitos ficavam estacionados por longos períodos em posições defensivas, resultando em um número de baixas sem precedentes na história. A guerra de movimento, típica dos séculos anteriores, deu lugar a uma guerra de desgaste, onde a tecnologia militar superou as táticas tradicionais.

As outras alternativas apresentam informações incorretas sobre a natureza do conflito. A cavalaria (A) teve seu papel reduzido, os combates não se concentraram na América (B), a guerra não foi predominantemente marítima (D), e não houve um código de ética que protegesse civis (E) - pelo contrário, a Primeira Guerra Mundial foi marcada pelo sofrimento da população civil em escala nunca vista antes.

Portanto, a introdução de novas armas e tecnologias (alternativa C) foi de fato o fator que mais diferenciou a Primeira Guerra Mundial dos conflitos anteriores, tornando-a um marco na evolução da guerra moderna.

Sobre a participação brasileira na Primeira Guerra Mundial, é correto afirmar:

• A) O governo brasileiro declarou guerra à Alemanha em 1914, após o torpedeamento de um navio, carregado de café, que acabara de deixar o porto de Santos. (Incorreto: o Brasil só declarou guerra em 1917, após novos ataques a navios brasileiros.)
• B) O governo brasileiro manteve-se neutro ao longo de todo o conflito devido aos interesses do ministro das relações exteriores Lauro Muller, de origem alemã. (Incorreto: a neutralidade inicial foi rompida em 1917, e Lauro Müller renunciou antes da declaração de guerra.)
• C) A partir de 1916, o Exército brasileiro participou de batalhas na Bélgica e no norte da França com milhares de soldados desembarcados na região. (Incorreto: o Brasil não enviou tropas terrestres para combate na Europa.)
• D) O Brasil enviou uma missão médica, um pequeno contingente de oficiais do Exército e uma esquadra naval, que se envolveu em alguns confrontos com submarinos alemães. (Correto: essa foi a efetiva contribuição militar do Brasil durante o conflito.)
• E) Juntamente com a Argentina, o governo brasileiro organizou uma esquadra naval internacional incumbida de patrulhar o Atlântico Sul contra as ofensivas alemãs. (Incorreto: não houve colaboração conjunta com a Argentina nesse sentido.)

Portanto, a alternativa D é a única correta, conforme o gabarito.

Dentre as consequências da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), destaca-se:

• A) o início do domínio europeu no continente africano.
• B) a emergência da China como potência econômica mundial.
• C) o surgimento de novos países na Europa.
• D) a bipolarização do mundo entre o bloco liberal e o comunista.
• E) o auge do processo de globalização da economia.

O gabarito correto é C).

O relato de Amadou Hampâté Bâ em sua biografia Amkoullel, o menino fula oferece uma perspectiva valiosa sobre as consequências da participação africana na Primeira Guerra Mundial. O trecho destacado revela como o retorno dos soldados africanos após o conflito contribuiu para uma transformação significativa na mentalidade das populações colonizadas, especialmente no que diz respeito à percepção do colonizador europeu.

O autor descreve o orgulho sentido pelos africanos diante do papel desempenhado por seus combatentes na guerra, mas também aponta para um fenômeno social crucial: a desconstrução do mito da invencibilidade e perfeição do homem branco. Os sobreviventes que retornaram trouxeram consigo experiências que permitiram às comunidades africanas questionar a suposta superioridade racial dos europeus, já que haviam testemunhado sua vulnerabilidade e humanidade nos campos de batalha.

A alternativa B) é a correta porque capta precisamente essa mudança de perspectiva mencionada no texto. A participação dos soldados africanos no conflito não reforçou os princípios imperialistas (como sugere a alternativa A), mas sim permitiu o surgimento de questionamentos sobre a hierarquia racial imposta pelo colonialismo. O relato de Bâ não propõe uma inversão de superioridade (alternativa C), mas sim a percepção da humanidade compartilhada, nem exalta o projeto imperialista (alternativa D), já que seu enfoque está justamente na mudança da visão dos colonizados sobre os colonizadores.

Portanto, o texto de Hampâté Bâ ilustra como a experiência bélica contribuiu para um processo de descolonização mental, antecedendo as lutas políticas pela independência que marcariam o continente africano nas décadas seguintes.

Há um período da História que na Europa ficou conhecido como "La Belle Époque" (A Bela Época), marcado por transformações significativas no cenário cultural, científico e social. A alternativa correta sobre esse período é a letra A, que o define como o intervalo entre o final do século XIX e o início da Primeira Guerra Mundial (1914), caracterizado por avanços tecnológicos, prosperidade econômica e um clima de otimismo generalizado.

Durante a Belle Époque, a Europa vivenciou uma série de inovações, como o desenvolvimento da eletricidade, do cinema, do automóvel e das comunicações, além de um florescimento das artes, com movimentos como o Impressionismo e o Art Nouveau. A burguesia desfrutava de um estilo de vida luxuoso, enquanto a ciência e a medicina avançavam, alimentando a crença no progresso contínuo da humanidade.

As outras alternativas apresentam equívocos históricos. A Belle Époque não está relacionada às guerras mundiais (B e E), nem às grandes navegações (D), tampouco à ditadura brasileira dos anos 1960 (C). O termo, aliás, só foi cunhado posteriormente, como uma nostalgia desse período de aparente paz e euforia antes da catástrofe da Primeira Guerra.

Portanto, a Belle Époque representa um momento único de efervescência cultural e fé no futuro, encerrado abruptamente pelo conflito de 1914, que abalou as certezas e o otimismo da civilização europeia.

O trecho apresentado aborda as memórias traumáticas dos veteranos da Primeira Guerra Mundial e o impacto duradouro do conflito na sociedade europeia. Dentro desse contexto, o golpe de Munique (ou Putsch da Cervejaria) de 1923 é um evento crucial que sinaliza o início da ascensão de Adolf Hitler e do movimento nazista na Alemanha.

O Putsch da Cervejaria foi uma tentativa fracassada de golpe de estado liderada por Hitler e membros do Partido Nazista em Munique. Embora tenha sido um fracasso imediato, o evento serviu para projetar Hitler como figura política nacional e consolidar sua retórica ultranacionalista, que explorava o ressentimento alemão pós-Primeira Guerra. Durante seu breve julgamento, Hitler transformou o processo em uma plataforma de propaganda, ganhando visibilidade e simpatizantes.

As alternativas apresentadas na questão referem-se a outros eventos históricos distintos: a Grande Marcha de Mao Tsé-tung (B) está associada à Revolução Chinesa; a Guerra Civil Espanhola (C) ocorreu na década de 1930; a Marcha sobre Roma (D) marcou a ascensão de Mussolini na Itália em 1922; e a morte de Franz Ferdinand (E) foi o estopim da Primeira Guerra Mundial em 1914.

Portanto, a alternativa correta é efetivamente a A), pois o Putsch da Cervejaria representa um marco fundamental no processo de radicalização política que levaria Hitler ao poder uma década depois, tornando-se um prenúncio sombrio do que ainda estava por vir na Europa.

O texto apresentado aborda um período crucial da história mundial, marcado pelo Imperialismo e pela corrida colonialista europeia entre 1884 e 1914. Esse contexto histórico, como destacado por Hannah Arendt em As Origens do Totalitarismo, foi determinante para a eclosão da Primeira Guerra Mundial, principalmente devido ao acirramento das disputas territoriais entre as potências europeias.

A alternativa correta, B) acirrou as disputas territoriais, reflete a dinâmica geopolítica da época. O Imperialismo levou as nações europeias a competirem por colônias na África e na Ásia, gerando tensões que se estenderam para o continente europeu. A formação de alianças rivais, como a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente, e a crescente rivalidade entre potências como Alemanha, França e Reino Unido foram consequências diretas dessa disputa por territórios e influência.

As outras alternativas não correspondem ao impacto direto do Imperialismo no cenário pré-guerra. As teorias socialistas (A) ganharam força posteriormente, as crises econômicas (C) não foram superadas, os conflitos religiosos (D) não foram o fator principal, e os sentimentos xenófobos (E), na verdade, se intensificaram nesse período.

Portanto, a expansão imperialista e a competição por domínios coloniais criaram um ambiente de hostilidade e rivalidade entre as nações europeias, tornando-se um dos principais motivos para o início da Primeira Guerra Mundial em 1914.

O texto apresentado estabelece uma reflexão sobre a periodização do século XX, sugerindo que este não se limita a um recorte cronológico rígido de cem anos, mas sim a um intervalo histórico marcado por eventos significativos. De acordo com a perspectiva abordada, o "longo século XIX" teria se estendido até o início da Primeira Guerra Mundial em 1914, incorporando as transformações políticas e sociais iniciadas com as revoluções contra o Antigo Regime no final do século XVIII. Da mesma forma, a queda da União Soviética em 1989 teria antecipado simbolicamente o início do século XXI, encurtando assim a duração histórica do século XX.

Essa interpretação é corroborada pelo texto ao destacar que os anos entre 1914 e 1989 representam um período distinto, caracterizado pelo surgimento dos totalitarismos, conflitos entre grandes potências e o declínio da hegemonia europeia. Portanto, a afirmação de que o século XX é historicamente menor que cem anos está correta, pois sua delimitação é definida por marcos políticos e sociais, e não apenas por uma contagem linear do tempo.