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Questões Sobre Primeira República - História - concurso

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1) A Guerra de Canudos ocorrida na Bahia há um século, é, sob muitos aspectos, semelhante à Guerra do Contestado acontecida em solo catarinense há oitenta e dois anos. Sobre o tema, leia o texto abaixo, e assinale a alternativa INCORRETA.”A Guerra do Contestado, 1912-16, é um episódio complexo, alimentado por múltiplos fatores que se inter-relacionam, entre eles, a miséria social, o messianismo, o curandeirismo, a guerra convencional, as táticas de guerrilhas, o puro banditismo. (…) O epílogo da Guerra é um desastre. Tanto sofrimento não gerou qualquer benefício para os excluídos de 1912, que continuam em idêntica condição, em 1916, quando a guerra mal fecha as portas.” (SACHET, Celestino e SACHET, Sérgio. Santa Catarina – 100 anos de história. Vol.1. Florianópolis: Século Catarinense, 1997; p. 509)

  • A) O nome Contestado diz respeito à região do Meio Oeste catarinense que naquele tempo era pretendida pelo Estado do Paraná.
  • B) As famílias dos revoltosos que sobreviveram à Guerra do Contestado, tiveram, posteriormente, direito a indenizações.
  • C) A expulsão de milhares de posseiros daquelas terras contou com o aval do Governo Federal, que cedeu imensas áreas aos concessionários estrangeiros da estrada-de-ferro recém-construída e o direito de exploração de madeira da região.
  • D) Os massacres ocorridos no Contestado e em Canudos, por tropas governamentais, foram justificados como necessários para erradicar pessoas perigosas tidas como fanáticas e monarquistas.
  • E) Os limites atuais entre Paraná e Santa Catarina ficaram estabelecidos em um acordo firmado após o término do conflito.
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A alternativa correta é letra B) As famílias dos revoltosos que sobreviveram à Guerra do Contestado, tiveram, posteriormente, direito a indenizações.

Essa afirmativa é incorreta, pois as famílias dos revoltosos que sobreviveram à Guerra do Contestado não tiveram direito a indenizações. Na realidade, o conflito resultou em muitas mortes e sofrimento, mas não gerou benefícios para os excluídos da região, que continuaram em condições precárias mesmo após o fim da guerra, como mencionado no texto citado.

2) A República Velha foi alvo de vários levantes militares, entre os quais encontra-se a:

  • A) Revolta de Juazeiro;
  • B) Revolta da Vacina;
  • C) Guerra do Contestado;
  • D) Revolta da Chibata;
  • E) Revolta Federalista.

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A alternativa correta é letra D) Revolta da Chibata;

A Revolta da Chibata foi um levante militar que ocorreu em novembro de 1910, durante a República Velha, liderado por marinheiros da Marinha do Brasil. A principal reivindicação dos revoltosos era o fim dos castigos corporais, como a "chibata", que ainda eram aplicados na Marinha. A revolta destacou-se pela tomada de navios de guerra pelos marinheiros, que estavam descontentes com as péssimas condições de trabalho e com os abusos físicos sofridos. O movimento teve grande impacto e forçou o governo a prometer atender às reivindicações dos marinheiros, embora posteriormente muitos líderes do movimento tenham sido punidos.

3) Mesmo após a instalação da República no Brasil a elite brasileira continuava a exibir cruamente a sua mentalidade escravista, como se pode perceber ao analisar uma rebelião de marinheiros, a Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro, em 1910. Essa revolta foi motivada essencialmente:

  • A) pela extinção da chibata, que igualava os marinheiros insubordinados às condições de seus superiores hierárquicos;

  • B) pelo alto grau de preparo e conhecimento intelectual de suas lideranças;

  • C) pelos castigos corporais e pela má alimentação a que estavam sujeitos diariamente os marinheiros;

  • D) pela participação de representantes da elite carioca na organização dos deveres dos marinheiros aprovados na Constituição.

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A alternativa correta é letra C) pelos castigos corporais e pela má alimentação a que estavam sujeitos diariamente os marinheiros;

Gabarito: Letra C

 

Pelos castigos corporais e pela má alimentação a que estavam sujeitos diariamente os marinheiros;

 

A Revolta da Chibata ocorreu em 22 de novembro de 1910, na cidade do Rio de Janeiro e levou aproximadamente dois mil marinheiros, liderados pelo marinheiro João Cândido, a rebelarem-se contra os castigos físicos que recebiam na Marinha do Brasil, mas também contra a má alimentação e os baixos salários.

Isso porque, no início do século XX a Marinha do Brasil ainda mantinha um código disciplinar com normas estabelecidas nos séculos XVIII e XIX, entre as quais constava a punição de marinheiros, por faltas graves, com 25 chibatadas, punição a que todos os demais marinheiros eram obrigados a assistir.

O estopim para a revolta foi a punição aplicada a um marujo do encouraçado Minas Gerais, que recebeu 250 chibatadas, quantidade dez vezes superior ao limite estabelecido.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: pela extinção da chibata, que igualava os marinheiros insubordinados às condições de seus superiores hierárquicos;

 

A revolta não foi motivada pela extinção da chibata e sim por ela ser uma prática presente na Marinha do Brasil para castigar os marinheiros. Além disso, a sua extinção, como desejavam os marinheiros revoltados, não igualaria os marinheiros às condições de seus superiores hierárquicos, apenas acabaria com os castigos de açoite a que estavam sujeitos esses marinheiros.

 

Letra B:  pelo alto grau de preparo e conhecimento intelectual de suas lideranças;

 

A revolta não foi motivada pelo alto grau de preparo e conhecimento intelectual de suas lideranças, visto que os marinheiros pertenciam a classe popular e reagiam ao castigo absurdo a que estavam sujeitos e, principalmente, a injustiça cometida contra um marinheiro do encouraçado Minas Gerais, que havia recebido dez vezes mais açoites que o estabelecido na regulamentação.

 

Letra D: pela participação de representantes da elite carioca na organização dos deveres dos marinheiros aprovados na Constituição.

 

A revolta não foi motivada pela participação de representantes da elite carioca na organização de deveres dos marinheiros, mas sim pela determinação de castigo sobre os seus corpos com a chibata, uma prática antiga da instituição da Marinha do Brasil e que já não era mais tolerada pelos marinheiros, principalmente diante dos abusos de seus superiores.

 

Referências:

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

4) Sobre a Revolução Federalista (1893), ocorrida no governo do presidente Floriano Peixoto, todas as alternativas estão corretas, exceto a:

  • A) Em Desterro, atual Florianópolis, mais de 150 pessoas foram fuziladas na Fortaleza de Anhatomirim, numa violenta perseguição comandada pelo coronel Moreira César.
  • B) Fazia oposição ao autoritarismo do presidente Floriano Peixoto.
  • C) Teve seu início no Rio Grande do Sul, estendendo-se até a capital de Santa Catarina.
  • D) Era um movimento que pretendia o retorno do regime monárquico.

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A alternativa correta é letra D) Era um movimento que pretendia o retorno do regime monárquico.

 

Gabarito: Letra D

 

Em 1893, durante a presidência de Floriano Peixoto, explodiu no Rio Grande do Sul a Revolução Federalista, um violento conflito entre dois grupos políticos locais: o Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e o Partido Federalista.

 

Ambos os partidos defendiam a forma de governo republicana, mas enquanto o PRR defendia o sistema presidencialista, o Partido Federalista advogava em nome do parlamentarismo.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

A questão quer saber qual a alternativa que traz uma informação errada sobre a Revolta Federalista, logo, todas as demais alternativas estão erradas já que trazem informações corretas sobre a revolta.

 

Letra A: Em novembro de 1893, líderes da Revolta da Armada, contrários ao governo de Floriano Peixoto, encontraram-se com representantes da Revolta Federalista, na Ilha do Desterro, em Santa Catarina, cujo governador havia aderido à rebelião da Marinha. Tentaram em vão estabelecer um plano comum de ação contra o governo. Os federalistas ainda conseguiram avançar até o Paraná, onde conquistaram a capital do estado, Curitiba. No entanto, a partir de 1894. Forças leais ao governo federal, a partir do estado de São Paulo, conseguiram debelar o movimento rebelde.

 

 Após a derrota, Desterro seria rebatizada como Florianópolis - em homenagem a Floriano - e dezenas de revoltosos seriam perseguidos, presos e sumariamente executados, em um dos capítulos mais sangrentos da história brasileira.

 

Os prisioneiros eram encaminhados à Anhatomirim e ficavam encarcerados nos calabouços no Paiol da Pólvora, na Casa do Comandante e no Quartel da Tropa. A recomendação de Moreira César ao comandante da Fortaleza para pô-los "em prisão segura" era uma senha previamente combinada para os fuzilamentos.

 

O "ajuste de contas" de Moreira César promoveu prisões e execuções sumárias, atingindo tanto militares quanto civis, sem nenhum tipo de julgamento ou processo. Por isso, o número exato de mortos nunca pôde ser levantado. Dependendo do historiador consultado, o número de mortos oscila entre 34 e 185 vítimas.              

 

Letra B: O objetivo dos rebeldes da Revolução Federalista era a derrubada do presidente (governador) do estado, Júlio de Castilhos, um aliado de Floriano Peixoto. Lutavam também pela instauração do parlamentarismo no Brasil.

 

O governo Floriano Peixoto enviou tropas ao sul para combater os revoltosos federalistas. Em novembro de 1893, revolucionários federalistas dos três estados do sul do país se uniriam aos também rebelados militares da Marinha Brasileira, que queriam a saída de Floriano Peixoto da presidência da República, pois consideravam que o mesmo ocupava ilegalmente a presidência, porque, após a renúncia de Deodoro, Floriano devia ter convocado eleições, mas não o fez, continuando a governar sem atender o que estava expresso na Constituição.

 

Letra C: Como vimos, a Revolta Federalista teve início no Rio Grande do Sul, mas, em novembro de 1893, revoltosos federalistas se uniram a revoltosos da Armada na cidade do Desterro, em Santa Catarina.  

 

Resposta baseada nas fontes:

 

AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.

 

CAMPOS, Flavio de. A escrita da história: ensino médio: volume único. 1ª ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

TONERA, Roberto. “A Tragédia de Desterro”. História Viva - Edição Nº 9 - julho de 2004.

5) Sobre o Contestado, ocorrido no estado de Santa Catarina, todas as alternativas estão corretas, exceto a:

  • A) A construção da estrada de ferro São Paulo - Rio Grande ocasionou a expulsão de muitos posseiros das terras em que habitavam.
  • B) Não ocorreram conflitos armados, apenas uma discussão sobre os limites entre Santa Catarina e Paraná.
  • C) Na região, uma grande parcela da população marginalizada enfrentou as tropas do governo federal.
  • D) Os caboclos rebeldes que formavam os redutos foram derrotados pelo exército em nome da “lei e da república”.

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A alternativa correta é letra B) Não ocorreram conflitos armados, apenas uma discussão sobre os limites entre Santa Catarina e Paraná.

 

GabaritoLetra B

 

A Guerra do Contestado (1912 – 1916) foi um movimento que ocorreu na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, em uma região contestada (disputada) pelos dois estados, que por isso ficou conhecida como Contestado.

 

Em torno de um líder messiânico, chamado Monge José Maria, agruparam-se posseiros expulsos de suas terras, devido à construção de uma ferrovia e à ação dos coronéis locais.

 

Marginalizados e empobrecidos, os sertanejos perambularam por localidades disputadas por catarinenses e paranaenses. Num conflito com esses últimos, apossaram-se de armas e iniciaram uma organização militar.

 

O assassinato do líder José Maria por forças policiais, em 1912, não enfraqueceu o movimento. A partir de 1913, por várias vezes tropas dos governos estadual e federal lançaram ataques contra os redutos rebeldes. Em setembro de 1914, uma tropa federal composta de 7 mil soldados ocupou a região. Usando armamentos pesados, os soldados tiveram que enfrentar encarniçada resistência da população local, munidos de velhas espingardas, foices e facões.

 

Somente em janeiro de 1916, o último líder dos sertanejos foi preso e a Guerra do Contestado chegou ao fim.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

A questão quer saber qual das alternativas apresenta um fato incorreto sobre a Guerra do Contestado. Assim, as demais alternativas estão incorretas por apresentarem fatos corretos sobre esse episódio.

 

Letra A: Era grande o número de sertanejos estabelecidos nessa região do Contestado, vivendo, semi-isolados, da extração de erva-mate e madeira e da criação de gado desde o século XVIII. Com o início da construção de uma ferrovia que ligaria São Paulo a Rio Grande do Sul, em 1890, muitos deles foram desalojados dessas terras, perdendo também seu meio de vida.

 

Letra C: O sertanejos do Contestado passaram a ser perseguidos por pessoas a mando dos coronéis-fazendeiros e dirigentes das empresas estrangeiras estabelecidas na região, com o apoio de tropas do governo. O objetivo era destruir a organização comunitária e expulsar os sertanejos das terras que ocupavam.

 

Em novembro de 1912, José Maria foi morto em combate e “santificado” pelos moradores da região. Seus seguidores criaram novos núcleos do que chamavam de “Monarquia Celeste”, que depois foram combatidos e destruídos por forças do exército brasileiro.

 

Letra D: José Maria reuniu mais de 20 mil sertanejos e fundou com eles alguns povoados que compunham a chamada Monarquia Celeste. A “monarquia” do Contestado tinha um governo próprio e normas igualitárias, não obedecendo às ordens das autoridades da República.

 

Assim, o governo federal entendeu que se tratava de um movimento de inspiração monarquista. Entretanto, a monarquia que aspiravam, mais do que uma instituição política, era percebida como uma realização profética, uma “coisa do céu”.

 

Resposta baseada nas fontes:

 

AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.

 

CAMPOS, Flavio de. A escrita da história: ensino médio: volume único. 1ª ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

6) No período da República Oligárquica ocorreram, no campo, os movimentos sociais:

  • A) Canudos, no nordeste; e Cangaço no sul.
  • B) Revolta da Chibata; no Rio de Janeiro; e Canudos, na Bahia.
  • C) Revolta da Vacina, na capital federal; e Movimento do Contestado, no sul.
  • D) Canudos, no nordeste; e Movimento do Contestado, no sul.
  • E) Guerra dos Farrapos, no sul; e Canudos, no nordeste.

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A alternativa correta é letra D) Canudos, no nordeste; e Movimento do Contestado, no sul.

No período da República Oligárquica, ocorreram no campo dois importantes movimentos sociais: Canudos, no nordeste, e o Movimento do Contestado, no sul. Esses movimentos foram resultado das condições precárias de vida da população rural, que sofria com a miséria, a seca e a falta de apoio do governo.

O movimento de Canudos ocorreu entre 1896 e 1897, liderado por Antônio Conselheiro, e foi uma resposta dos sertanejos à marginalização e à exploração sofrida na região. Já o Movimento do Contestado teve início em 1912 e durou até 1916, sendo liderado por líderes religiosos e camponeses descontentes com as políticas governamentais e a concentração de terras.

7) A construção da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande, entre outras causas, contribuiu para o início de um conflito de largas proporções que se estendeu até 1915.

  • A) Guerra dos Balaios.
  • B) Guerra dos Canudos.
  • C) Guerra do Contestado.
  • D) Revolução Federalista.
  • E) Revolução Farroupilha.

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A alternativa correta é letra C) Guerra do Contestado.

A construção da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande foi um dos fatores que contribuíram para o início do conflito conhecido como Guerra do Contestado, que ocorreu entre 1912 e 1916. Este conflito envolveu lutas armadas entre os rebeldes caboclos e as forças do governo, resultando em um dos episódios mais sangrentos da história do Brasil durante a Primeira República.

8) Em relação à Questão Agrária, no Brasil, pode-se afirmar:

  • A) No Período Colonial, a criação do sistema de Governo-Geral tinha por objetivo diminuir os domínios territoriais dos donatários, estabelecendo a redistribuição das terras e evitando a formação de latinfúndios.
  • B) No Nordeste, a tentativa de Antonio Conselheiro em criar, no Arraial de Canudos, uma comunidade baseada na propriedade coletiva da terra foi combatida duramente pelos latifundiários e autoridades, objetivando não modificar a ordem social vigente.

  • C) Nos anos 1950, a mobilização de trabalhadores rurais nordestinos, especialmente pernambucanos, originou as Ligas Camponesas, apoiadas pelo governo de Juscelino Kubitschek.
  • D) Na ditadura militar, a criação do Estatuto do Trabalhador Rural visava modificar a situação da pobreza existente no campo, promovendo geração de empregos e expansão econômica.
  • E) O crescimento atual do número de assentamentos rurais, através da reforma agrária e a diminuição da violência no campo, tem feito com que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST — suspendesse as invasões de propriedades rurais.

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A alternativa correta é letra B) No Nordeste, a tentativa de Antonio Conselheiro em criar, no Arraial de Canudos, uma comunidade baseada na propriedade coletiva da terra foi combatida duramente pelos latifundiários e autoridades, objetivando não modificar a ordem social vigente.

GabaritoLetra B

 

Nas últimas décadas do século XIX, parte da população nordestina, principalmente das regiões do semiárido, vivia de maneira miserável, em meio a um contexto de opressão e desesperança, quando Antônio Vicente Mendes Maciel, beato conhecido como Antônio Conselheiro, desenvolveu suas pregações político-religiosas.

 

Ele andava pelos sertões nordestinos pregando a fé católica. Muitas pessoas passaram a segui-lo e, em 1877, o grupo se fixou no Arraial de Canudos, um lugarejo abandonado no interior da Bahia, às margens do rio Vaza-Barris, chamando-o de Belo Monte.

 

A comunidade cresceu rapidamente. Em pouco tempo, o povoado transformou-se numa das localidades mais populosas da Bahia, reunindo entre 20 a 30 mil habitantes.

 

O modo de vida da população de Canudos apresentava, entre outras, as seguintes características: praticava-se o sistema comunitário, em que as colheitas, os rebanhos e o fruto do trabalho eram repartidos e o excedente vendido ou trocado com os povoados vizinhos; não havia cobrança de tributos; eram proibidas a prostituição e a venda de bebidas alcoolicas.

 

Para os fazendeiros baianos e proprietários de terra em geral, bem como para as elites políticas e o governo, Canudos constituía uma ameaça, tanto pela ocupação de terras quanto pela recusa de subordinação ao Estado.

 

Em 1896, tropas dos coronéis locais e do governo estadual baiano foram enviadas para acabar com o arraial, mas não conseguiram vencer as forças de Canudos. Assim, o governo federal entrou na luta, mandando tropas para a região. Finalmente um poderoso exército de cerca de 7 mil homens foi organizado pelo ministro de Guerra, e Canudos foi destruído em 1897.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: Não eram objetivos do sistema de Governo-Geral a redistribuição das terras e nem evitar a formação de latifúndios. Em razão dos insucessos do sistema de ocupação, exploração, adotado e por considerar excessivo o poder dos donatários, a Coroa Portuguesa decidiu criar, em 1548, o Governo-Geral, numa tentativa de centralizar a política de exploração dos domínios americanos. A instituição do governo geral limitou o poder dos capitães donatários, que ficavam submetidos à nova instância administrativa. O governador-geral, escolhido e nomeado diretamente pelo rei, era incumbido da defesa militar interna e externa, da Justiça, da arrecadação dos tributos devidos à Coroa, do estímulo às atividades econômicas, como a distribuição de sesmarias para a construção de novos engenhos de açúcar (latifúndios), e à fundação de vilas e povoações.

 

Letra C: As ligas camponesas foram associações de trabalhadores rurais criadas inicialmente no estado de Pernambuco, posteriormente na Paraíba, no estado do Rio de Janeiro, Goiás e em outras regiões do Brasil, que exerceram intensa atividade no período que se estendeu de 1955 até a queda de João Goulart em 1964.

 

Podemos definir as ligas como um movimento autônomo, avesso à colaboração com o Estado. Logo, não foram apoiadas pelo governo de Juscelino Kubitschek.

 

Letra D: O Estatuto do Trabalhador Rural foi a denominação dada à Lei nº 4.214 de 1963, durante o governo de João Goulart, e significou a extensão da legislação social ao trabalhador rural, fornecendo as bases para a organização sindical do campo brasileiro.

 

O Estatuto foi revogado durante a Ditadura Militar, pela Lei nº 5.889 de 1973, que estendeu as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) aos trabalhadores rurais.

 

Letra E: Como o concurso é de 2006, é esse ano que deve ser entendido como o “atual”.  Um artigo sobre o MST publicado em dezembro de 2007 diz que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o maior movimento social popular organizado do Brasil, fundado oficialmente em 1984, estava presente em 23 estados do Brasil e envolvia, nessa época, cerca de 2 milhões de pessoas, com 350 mil famílias assentadas e 160 mil acampadas. Sendo um movimento social que luta pela reforma agrária e contra o modelo econômico neoliberal, possui entre suas formas de ação: acampamentos, a ocupação de fazendas, sedes de organismos públicos e de multinacionais, a destruição de plantações transgênicas, marchas, greves de fome e outras ações políticas. Logo, não houve suspensão das invasões de propriedades rurais.

 

Resposta baseada nas fontes:

 

AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.

 

CAMPOS, Flavio de. A escrita da história: ensino médio: volume único. 1ª ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

DOMINGUES, Eliane. Vinte anos do MST: a psicologia nesta história. Psicol. estud.Maringá. v. 12, n. 3, p. 573-582,  Dec.  2007 Disponível em   http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722007000300014 Acesso em 25 de abr. de 2020.

 

Verbete: Estatuto do Trabalhador Rural. FGV / CPDOC. Disponível em http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/estatuto-do-trabalhador-rural  Acesso em 25 de abr. de 2020.

 

Verbete: Ligas Camponesas. FGV / CPDOC. Disponível em http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/ligas-camponesas Acesso em 25 de abr. de 2020.

 

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

9) Primeira página de um jornal do Rio de Janeiro, de 27 de novembro de 1910.

  • A)  os castigos corporais praticados na Armada, o excesso de trabalho e a má alimentação.

  • B) a forma como as Forças Armadas convocavam os soldados para a Primeira Guerra Mundial.

  • C) a oligarquia cafeeira que governava o país sem a legitimação da população brasileira.

  • D) a lei que proibia a sindicalização de trabalhadores de setores considerados estratégicos.

  • E) a obrigatoriedade do uso do uniforme quando se encontravam fora do expediente de trabalho

     

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A resposta correta é a alternativa A) os castigos corporais praticados na Armada, o excesso de trabalho e a má alimentação.

Essa resposta é correta porque a Revolta dos Marinheiros de 1910, mencionada no jornal, foi um movimento de marinheiros contra as más condições de trabalho e tratamento na Armada, incluindo castigos corporais, excesso de trabalho e má alimentação.

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10) Analise as afirmativas abaixo sobre os movimentos sociais de destaque durante a República Velha e, a seguir, assinale a alternativa correta.

  • A) Somente a I, a III e a IV estão corretas.
  • B) Somente a II e a III estão corretas.
  • C) Somente a I, a II e a IV estão corretas.
  • D) Somente a II e a IV estão corretas.
  • E) Todas estão corretas.

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A alternativa correta é letra C) Somente a I, a II e a IV estão corretas.

Gabarito: ALTERNATIVA C

   

ITenentismo: movimento político desencadeado durante a década de 20 por jovens oficiais, a maioria tenentes e capitães, em oposição ao governo e à alta oficialidade, que defendia os interesses da oligarquia. O ápice do movimento ocorreu durante a chamada Coluna Prestes que percorreu milhares de quilômetros pelo interior do país combatendo as tropas do governo e as forças oligárquicas.

O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira. Com os levantes armados de São Paulo (Revolta Paulista de 1924) e do Rio de Janeiro (Revolta dos 18 do Forte de 1922), o tenentismo, ainda que não tenha ameaçado de fato o governo central no campo de batalha, marcou uma posição importante na vida brasileira e abriu um ciclo de revoltas que marcaria a década de 1920. Entre 1925 e 1927, a Coluna Miguel Costa-Prestes percorreria todo o país sob esse horizonte positivista e com a vontade de superação do atraso estrutural brasileiro que era mantido pela República Velha. Desse caldo de cultura, Getúlio Vargas - claro herdeiro do positivismo gaúcho - disputaria as eleições presidenciais de 1930 com grandes chances de vitória após a cisão entre as oligarquias mineira e paulista. Sua candidatura contava com o apoio de elites descontentes com o governo central e dos dissidentes mineiros, que romperam com os paulistas após estes romperem os acordos de sucessão presidencial. O movimento de 1930 marcou a chegada do tenentismo/positivismo ao poder sob um acordo com algumas elites, de forma que o projeto de ruptura de estruturas e de modernização do país passaria por alguma instância de negociação com esses poderes estaduais. Paralelamente, uma outra versão desse tenentismo entendia que apenas uma ruptura total com as oligarquias poderia levar à verdadeira superação das mazelas brasileiras e acabou por, já na década de 1930, aproximar-se do comunismo sob a liderança de Luís Carlos Prestes. Essa nova identidade ideológica não se verificava nas manifestações originais do tenentismo, mas ganhou certa expressão entre os positivistas descontentes com Vargas e com as composições conservadoras do novo desenvolvimentismo e entrou em rota de colisão frontal com o governo resultante do movimento de 1930. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

IIA Guerra de Canudos: episódio ligado ao messianismo e ao revolucionarismo primitivo. A guerra ocorreu no sertão da Bahia e está relacionada às pregações anti-republicanas do beato Antônio Maciel, conhecido como Conselheiro. A violenta repressão culminou com a total destruição do arraial do Belo Monte.

A Guerra de Canudos se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semiárido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população. Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular. Depois de resistir a três expedições do Exército brasileiro, o arraial caiu sob as forças do governo com ordens de esmagar a revolta sertaneja a todo custo. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

 

IIIA Revolta da Vacina: insurreição urbana ocorrida no Rio de Janeiro como reação ao programa público de saúde durante o governo de Rodrigues Alves quando era ministro da saúde o cientista Oswaldo Cruz. O movimento surge após a aprovação no Congresso em 31 de outubro de 1904, da lei que tornou a vacina da varíola obrigatória no Brasil e permitiu que brigadas sanitárias, acompanhadas de policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força.

Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. No entanto, ao fundo de todas essas medidas, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 31 de outubro de 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria aprovada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias. Ainda que a rebelião tenha, sim, colocado em risco a estabilidade do próprio governo federal de Rodrigues Alves; as principais medidas foram tomadas pela prefeitura carioca de Pereira Passos, sendo que Oswaldo Cruz era o responsável pela Diretoria Geral de Saúde Pública, e não o ministro da Saúde. Além disso, observe-se que sequer havia um Ministério da Saúde à época, o qual só seria criado em 1930 como Ministério dos Negócios da Educação e da Saúde Pública. Afirmativa errada.

IVA Revolta da Chibata: movimento associado aos maus tratos que os marinheiros sofriam nos navios. Os marinheiros, tendo João Cândido como líder, resolveram sublevar-se. Num golpe rápido, apoderaram-se dos principais navios da Marinha de Guerra brasileira e se aproximaram do Rio de Janeiro. Em seguida mandaram mensagem ao presidente da República e ao ministro da Marinha exigindo a extinção do uso da chibata, ou seja, dos castigos físicos, que ainda eram comuns na Marinha.

A Revolta dos Marinheiros de 1910 (também conhecida como Revolta da Chibata) foi um levante de quatro dias ocorrido em novembro daquele ano sob a liderança de João Cândido. Naquele momento, a Marinha estava sendo modernizada ao mesmo tempo em que mantinha práticas de disciplina e de controle sobre os subalternos bastante atrasadas. Na prática, isso implicava em restringir a participação negra aos postos mais baixos da hierarquia ao mesmo tempo em que essa mesma hierarquia permitia que os oficiais (praticamente todos brancos) pudessem usar de castigos físicos contra os subalternos mesmo para transgressões leves. O plano dos amotinados foi assumir o controle dos dois modernos couraçados recém-adquiridos pela Marinha além de algumas outras embarcações centrais para o funcionamento da Força. Com os marinheiros no controle dos navios sem a possibilidade de resposta violenta livre grandes prejuízos para o Estado, o governo foi forçado a negociar e o Parlamento agiu para aprovar leis que flexibilizassem as relações entre os marinheiros negros e a Marinha e que proibiam o açoite como medida disciplinar. Ainda que os revoltosos tenham sido anistiados num primeiro momento, acabaram sendo perseguidos e expulsos da carreira militar nos meses seguintes. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

 

Portanto, são verdadeiras as afirmativas I, II e IV.

 

a)  Somente a I, a III e a IV estão corretas. b)  Somente a II e a III estão corretas. c)  Somente a I, a II e a IV estão corretas. d)  Somente a II e a IV estão corretas.

 

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C. e)  Todas estão corretas.

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