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A federação de 1891 abriu as portas do paraíso para o coronel. […] Surgiu o coronelismo como sistema […]. O coronel municipal apoiava o coronel estadual que apoiava o coronel nacional, também chamado de presidente da República, que apoiava o coronel estadual, que apoiava o coronel municipal. […] Aumentou também o dá-cá-toma-lá entre coronéis e governo. As nomeações de funcionários se faziam sob consulta aos chefes locais. Surgiram o “juiz nosso” e o “delegado nosso”, para aplicar a lei contra os inimigos e proteger os amigos. O clientelismo, isto é, a troca de favores com o uso de bens públicos, sobretudo empregos, tornou-se a moeda de troca do coronelismo. […] O coronelismo, como sistema nacional de poder, acabou em 1930, mais precisamente […] em 1937.

CARVALHO, José Murilo de. Metamorfoses do coronel. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 maio 2001. Adaptado.

De acordo com o texto acima, ainda há clientelismo e coronéis no Brasil, mas o coronelismo, como sistema político nacional, já deixou de existir há décadas. Ele surgiu na Primeira República e não sobreviveu à Era Vargas.

Com base na definição apresentada no texto acima, que mecanismo político, presente na “federação de 1891” e extinto em 1937, era responsável por articular os três níveis de governo do país num sistema coronelista?

Resposta:

A alternativa correta é letra E) Eleição dos governadores estaduais

Gabarito: Letra E

 

A questão versa sobre as práticas políticas da Primeira República que permitiram a criação de uma rede clientelista que reforçava o poder das oligarquias municipais e estaduais. Analisemos as alternativas em busca da afirmativa correta.

 

a)  Clientelismo
 

Alternativa Incorreta: Muito presente na Primeira República como prática rotineira e mecanismo político, o clientelismo era instrumento dos coronéis, e não mecanismo articulador dos três níveis de governo do país num sistema coronelista. Ele já era utilizado pelos fazendeiros municipais antes mesmo dessa articulação política entre os municípios, estados e governo federal. A política dos governadores só institucionalizou e intensificou a sua prática.

 

b)  Voto censitário
 

Alternativa Incorreta: A Constituição de 1891 eliminou o voto censitário presente na Constituição Imperial. Ou seja, a exigência de renda mínima para votar e ser votado foi suprimida. Logo, não foi esse o mecanismo de governo responsável por articular os três níveis de governo do país num sistema coronelista.

 

c)  Política do café com leite
 

Alternativa Incorreta: Presente nas articulações políticas da Primeira República, a Política do café com leite, estabelecia uma aliança entre São Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (segundo maior produtor de café e grande produtor de leite) para a escolha das sucessões à presidência, ora atendendo aos interesses mineiros ora aos interesses paulistas, o que possibilitou o predomínio político de Minas Gerais e São Paulo durante a Primeira República. Logo, não foi esse o mecanismo responsável por articular os três níveis de governo do país num sistema coronelista, visto que essa política visava apenas fortalecer os estados que participavam dela no controle da Presidência da República Brasileira.

 

d)  Economia agroexportadora
 

Alternativa Incorreta: Durante a Primeira República vigorou a economia agroexportadora, porém essa não foi utilizada como mecanismo de articulação de municípios, estados e federação no fortalecimento de suas práticas de permanência no poder, embora tenha permitido a articulação política dos dois maiores produtores de café (São Paulo e Minas Gerais) na política do café com leite.

 

e)  Eleição dos governadores estaduais

 

Alternativa Correta: A eleição dos governadores estaduais, ou mais corretamente, a políticas dos governadores foi responsável por articular os três níveis de governo do país num sistema coronelista, visto que estabelecia um sistema de alianças entre o governo federal e os governos estaduais, no qual em troca de apoio dos governos estaduais à presidência e especialmente aos seus candidatos aos cargos políticos, o governo federal se comprometia a apoiar as oligarquias dominantes em cada Estado, evitando intervir em assuntos particulares a esses estados e concedendo verbas, empregos e favores aos seus aliados, numa rede de clientelismo que se repetia também a nível municipal.

A política dos governadores ou política dos estados buscava controlar a máquina eleitoral e minimizar a influência das oposições. A partir dela as oligarquias dominantes se mantiveram por longo tempo no poder e a oposição passou a ter dificuldade em se eleger já que as elites dominantes passaram a controlar o processo eleitoral.

Somente com a Era Vargas (1930-1945) e o fim das eleições para governadores, em dois momentos dessa Era – durante o Governo Provisório (1930-1934) e durante o Estado Novo (1937-1945) – essa prática política se enfraqueceu e chegou a seu fim, pois o governo nomeou interventores que assumiram em cada estado o cargo dos governadores anteriormente eleitos.

 

Referências:

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

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