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A implantação do regime republicano não modificou a situação das famílias de trabalhadores do campo, que representavam, naquela época, mais de dois terços da população nacional. As grandes propriedades continuavam imperando tanto no litoral quanto no interior do país, onde predominavam os latifúndios improdutivos. Eram elas a razão principal da miséria e da submissão da massa rural.

Necessidades mínimas, como remuneração justa do trabalho, boa alimentação e saúde, estavam longe de ser atendidas, o que gerava insegurança e insatisfação, além de poder resultar, em certas condições, em fatores de revoltas violentas contra o poder oligárquico. Foi o que aconteceu em diferentes regiões entre as últimas décadas do Império e as primeiras décadas da República. Bandos de cangaceiros irrompiam no sertão, assaltando propriedades dos coronéis, enquanto milhares de sertanejos, solidários na miséria comum, organizaram movimentos religiosos, que, em certo nível, chegaram a contestar a ordem social.

Contra a fome e a miséria que aumentavam com a seca, houve reações da parte dos pobres do campo.

Dentre os movimentos sociais abaixo, aquele que se caracteriza como um movimento NÃO religioso é o

Resposta:

A alternativa correta é letra D) do Cangaço, liderado por Virgulino Ferreira da Silva, Lampião.

Gabarito da Banca: Anulada

 

A questão, que fala sobre movimentos sociais da Primeira República, busca diferenciar os de cunho religioso e os que não possuíam motivação religiosa. Analisemos as alternativas para compreender o motivo de anulação da questão.

 

a)  da Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, incentivado pela insatisfação da população.
 

Correta: A questão busca saber qual das alternativas não corresponde a um movimento de cunho religioso ocorrido durante a Primeira República e a Revolta da Vacina não possuía motivações religiosas. Ocorrida entre os dias 10 e 15 de novembro de 1904, no Rio de Janeiro, no contexto das obras de modernização e saneamento da cidade do Rio, teve como motivo para a revolta a obrigatoriedade da vacina contra a varíola, imposta à população pelas forças governamentais. É uma das revoltas urbanas ocorridas durante a Primeira República e que envolveu uma tensão entre os civis e as autoridades públicas não só devido a imposição da vacina em si, mas também porque essa não se fez acompanhar de um esclarecimento à população sobre a importância da vacinação e ocorria num contexto em que outras imposições do poder público já haviam ocorrido.

   

b)  de Canudos, em Belo Monte, na Bahia, liderado por Antonio Conselheiro.
 

Incorreta: O movimento de Canudos, liderado por Antônio Conselheiro, foi um dos principais movimentos messiânicos da Primeira República. Ocorreu no arraial de Canudos, no interior da Bahia, às margens do rio Vaza-Barris, onde várias pessoas se reuniram em torno do líder religioso Antônio Conselheiro e fundaram o chamado Belo Monte, uma comunidade formada por cerca de 20 a 30 mil habitantes e que possuía as seguintes características: praticava-se o sistema comunitário, em que as colheitas, os rebanhos e o fruto do trabalho eram repartidos e o excedente vendido ou trocado com os povoados vizinhos; não havia cobrança de tributos; eram proibidas a prostituição e a venda de bebidas alcoólicas. A comunidade de Canudos, pelo seu crescimento e organização acabou assustando as elites baianas e os governos estaduais e federal que passaram a combate-la sob a justificativa de que se tratava de uma comunidade monarquista que ameaçava a República. Além da oposição das autoridades estaduais e federal ao movimento, havia ainda a oposição da Igreja Católica, que considerava Canudos um perigo porque, ao seu ver, desviava fiéis dessa instituição e da “verdadeira fé”.

 

c)  de Juazeiro, liderado por Cícero Romão Batista.
 

Incorreta: O movimento de Juazeiro, mobilizado pela figura de Padre Cícero, foi um dos movimentos sociais de cunho religioso da Primeira República. O movimento em torno do Padre Cícero, que estava ligado a política local, foi provocado pela notícia de um suposto milagre realizado por ele, em fins do século XIX, na região do Vale do Cariri, no povoado de Juazeiro do Norte, sul do Estado do Ceará. A mobilização ou revolta dos seus seguidores foi motivada pela decisão das autoridades eclesiásticas de desestimular práticas religiosas fora do controle da Igreja (especialmente devido ao prestígio do padre Cícero após o milagre) e, assim, decretar a falsidade do milagre em Juazeiro do Norte para impedir que Padre Cícero pregasse ou ouvisse confissões.

 

d)  do Cangaço, liderado por Virgulino Ferreira da Silva, Lampião.
 

Correta: O Cangaço não está entre as manifestações místicas ou religiosas do final do Império e início da República. Esse movimento não ocorreu em uma data específica, mas sim em um período que vai de fins do século XIX até as primeiras décadas do século XX, e referia-se ao modo de vida das pessoas chamadas de cangaceiros. Vivendo como nômades, os cangaceiros eram grupos armados que praticavam assaltos em fazendas e, muitas vezes, matavam pessoas. Atuavam, frequentemente, com grande violência e, por isso, espalhavam terror e destruição por onde passavam. Sendo objeto de discussão entre os pesquisadores, alguns estudiosos tendem a classificar o Cangaço como uma forma pura e simples de banditismo e criminalidade, outros o veem como uma forma de contestação social, a forma que pessoas em situação de opressão encontraram de expressar a sua revolta. Um dos mais importantes personagens conhecidos do Cangaço brasileiro foi Virgolino (ou Virgulino), também chamado de Lampião, o famoso “Rei do Cangaço”. Depois que a polícia varguista massacrou o bando de Lampião, em 1938, o Cangaço praticamente desapareceu no Nordeste.

 

e)  do Contestado, ocorrido em Santa Catarina, liderado por José Maria.

 

Incorreta: O movimento do Contestado, liderado pelo monge José Maria, foi um dos principais movimentos messiânicos da Primeira República. A Guerra ou Revolta do Contestado foi um conflito ocorrido entre 1912 e 1916, durante os governos de Hermes da Fonseca (1910-1914) e Venceslau Brás (1914-1918), no qual o governo buscou combater o movimento messiânico estabelecido na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, em uma região contestada (disputada) pelos dois estados, que por isso ficou conhecida como Contestado. Nessa revolta sertaneja, ocorrida durante a Primeira República, um grupo de sertanejos liderados por um religioso (um monge) procurou defender o modo de vida particular de sua comunidade contra as imposições e perseguições dos coronéis-fazendeiros e dirigentes de empresas estrangeiras estabelecidas na região, que contavam com o apoio dos governos estadual e federal.

   

Como podemos observar a questão possui mais de uma alternativa correta e, por isso, foi anulada pela banca.

 

Referências

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

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