“A luta em torno do mito de origem da República mostrou a dificuldade de construir um herói para o novo regime. Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referência, fulcros de identidade coletiva. São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação de regimes políticos. Não há regime que não promova o culto de seus heróis e não possua seu panteão cívico.”
(CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p. 55.)
O herói construído para a República no Brasil, a partir 1889, foi:
- A) Tiradentes.
- B) Floriano Peixoto.
- C) Marechal Deodoro.
- D) Benjamin Constant.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) Tiradentes.
Gabarito: Letra A
Tiradentes
Em seu livro A Formação das Almas, o imaginário da República no Brasil, José Murilo de Carvalho afirma que a transformação dos participantes do 15 de Novembro em heróis nacionais foi feita com grande esforço, mas não vingou e nem foi tão poderosa tal como ocorreu com a figura de Tiradentes.
Tiradentes começou a ser resgatado como um importante figura histórica e mártir republicano a partir da segunda metade do século, ainda durante o Segundo Reinado, principalmente pelos políticos liberais mais radicais que desafiaram o esforço do governo monárquico em produzir a memória sobre si ao tentar elevar D. Pedro I à condição de herói nacional.
Foi ainda durante o Segundo Reinado que a figura de Tiradentes passou a ser comparada a de Cristo, através de poemas e caricaturas e que faziam analogia entre o suplício de Cristo e o de Tiradentes. Com a instalação da República, a imagem sagrada de Tiradentes foi reforçada com o estabelecimento de um feriado nacional no dia 21 de abril, quando ocorreram desfiles cívicos, além da criação de estátuas e de pinturas para o mártir.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: Floriano Peixoto.
Pelo seu caráter autoritário na repressão das revoltas da Armada e Federalista não foi considerado como um grande herói republicano. Somente os republicanos mais radicais (jacobinos) e uma parcela do Exército o enxergavam como herói nacional. Não teve apelo entre os republicanos liberais e nem entre outros setores das Forças Armadas.
Letra C: Marechal Deodoro.
Segundo José Murilo de Carvalho, Deodoro não foi visto como um herói republicano pela desconfiança que se tinha do marechal, pelo fato de ser amigo de D. Pedro II, por defender a monarquia e por não ter apelo popular.
Letra D: Benjamin Constant.
Benjamin Constant, um dos principais nomes do golpe que derrubou a monarquia, não teve apelo popular e nem dos militares.
Referência:
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
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