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A Revolta da Vacina, ocorrida entre 10 e 16 de novembro de 1904 no Rio de Janeiro, foi:

Resposta:

ESTA QUESTÃO FOI ANULADA, NÃO POSSUI ALTERNATIVA CORRETA

Gabarito: ANULADA

  
  • A Revolta da Vacina, ocorrida entre 10 e 16 de novembro de 1904 no Rio de Janeiro, foi:

Infelizmente, já não é possível localizar a justificativa apresentada pela banca para optar pela anulação da presente questão. De toda maneira, para fins de estudo, comentaremos as alternativas propostas.

 
  • a)  um levante popular que se opôs à política de saúde pública por conta dos preconceitos populares relativos aos procedimentos da medicina científica.

Por ter sido uma revolta popular sem lideranças e pautas claríssimas, fica muito difícil enquadrar a Revolta da Vacina em poucas palavras. Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. No entanto, ao fundo de todas essas medidas, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias. Portanto, é muito simplista se dizer que havia uma reação popular contra os procedimentos da medicina e contra as políticas de saúde pública. Ainda que esses não deixassem de ser elementos importantes, não se pode reduzir tanto assim todo o universo de tensões que estava presente na revolta.

 
  • b)  uma revolta popular contra as formas de opressão, exclusão e segregação urbana aos pobres do centro do Rio de Janeiro promovida pelo governo municipal.

De fato, esses elementos também compunham o caldo de cultura explosivo do qual emergiria a Revolta da Vacina. A destruição dos cortiços no centro do Rio de Janeiro se deu sob expressivo emprego da violência policial, bem como não houve maiores sensibilidades sociais para reacomodar efetivamente os deslocados daquela política. No limite, as reformas Pereira Passos tinham um caráter de higienização social, expulsando os desvalidos para as periferias e para os, então, desabitados morros cariocas. No entanto, não se pode compreender todo esse esforço apenas como medidas do governo municipal, já que o presidente Rodrigues Alves tinha interesse direto nas reformas da capital e nomeou Pereira Passos como prefeito com esse intuito. O alvo da revolta foi, de fato, a instituição da vacinação obrigatória sob intensa violência policial, mas havia todo um universo de segregação e piora da vida dos mais pobres que antecedeu a toda essa movimentação.

 
  • c)  uma mobilização popular pautada na descrença da população quanto à eficácia da vacina contra a varíola.

No período, existiam muitos boatos quanto ao funcionamento da vacina contra a varíola e é difícil mensurar exatamente o quão longe iria a crença popular nisso. Com pouquíssima comunicação governamental, a vacinação obrigatória foi instituída sem que se desse reais chances para que a população compreendesse sobre o que se tratava aquilo tudo. Entre a boataria e a insatisfação geral, desconfianças contra a vacina em si também circulavam em meio à revolta popular, mas não se pode dizer que tenha sido essa a única causa.

 
  • d)  uma insurreição de caráter monarquista, que pretendia abalar o poder republicano e promover o retorno de D. Pedro II ao poder.

A alternativa é completamente descabida e não tem adesão alguma com a realidade. Ainda que existisse um claro enfrentamento popular contra as instâncias do poder, não havia nenhum clamor sério sobre o restabelecimento monárquico. Àquela altura, com suas dificuldades e contradições, a República brasileira era uma realidade estabelecida e não corria maiores riscos. Além disso, D. Pedro II falecera em Paris em 1891; ou seja, treze anos antes da eclosão da Revolta da Vacina. Não faria sentido algum, então, um movimento para o seu retorno.

 
  • e)  um motim originado por grupos militares positivistas, que se alastrou entre a população habitante de cortiços da Capital da República.

A Revolta da Vacina teve uma orientação puramente popular, galvanizando as massas desvalidas afetadas pelas reformas Pereira Passos no Rio de Janeiro do início do século XX. Os militares positivistas, pelo contrário, eram francamente favoráveis à reorganização ordenada da capital, buscando na ciência e na racionalidade plena a construção de uma nova ordem para se pensar a república como um todo. Os cortiços e as doenças tropicais combatidos pelas reformas urbanísticas e sanitárias eram entendidos por esses militares como marcas inequívocas e lamentáveis do Estado brasileiro como um todo.

  

Como pode bem ver o estudante, nenhuma das alternativas está completamente certa e há imprecisões gravíssimas nas três primeiras. Ainda que possamos eliminar com toda a certeza as duas últimas, cairíamos numa discussão sem fim sobre as três primeiras sem que a justiça e a isonomia do concurso público pudesse ser mantida. Não há resposta inteiramente correta nessa questão, e nem mesmo os processos de exclusão nos permitem apontar uma única delas como a mais provável. Assim, fez muito bem a banca ao optar pela ANULAÇÃO da questão.

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