A serraria construía ramais ferroviários que adentravam as grandes matas, onde grandes locomotivas com guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros arrastavam, para as composições de trem, as toras que jaziam abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em direção à composição de trem, os ervais nativos que existiam em meio às matas eram destruídos por este deslocamento.

A alternativa correta é letra C) a desorganização da economia tradicional, que sustentava os posseiros e os trabalhadores rurais da região.

Gabarito: Letra C

A Guerra do Contestado (1912 – 1916) foi um movimento popular que ocorreu na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, em uma região contestada (disputada) pelos dois estados, que por isso ficou conhecida como Contestado.

Em torno de um líder messiânico, chamado Monge José Maria, agruparam-se posseiros expulsos de suas terras, devido à construção de uma ferrovia e à ação dos coronéis locais, e trabalhadores desempregados após o término da construção da ferrovia.

Era grande o número de sertanejos estabelecidos nessa região do Contestado, vivendo, semi-isolados, da extração de erva-mate e madeira e da criação de gado desde o século XVIII. Com o início da construção da ferrovia que ligaria São Paulo a Rio Grande do Sul, em 1890, muitos deles foram desalojados dessas terras, perdendo também seu meio de vida.

Marginalizados e empobrecidos, os sertanejos perambularam por localidades disputadas por catarinenses e paranaenses. Num conflito com esses últimos, apossaram-se de armas e iniciaram uma organização militar.

O assassinato do líder José Maria por forças policiais, em 1912, não enfraqueceu o movimento. A partir de 1913, por várias vezes tropas dos governos estadual e federal lançaram ataques contra os redutos rebeldes. Em setembro de 1914, uma tropa federal composta de 7 mil soldados ocupou a região. Usando armamentos pesados, os soldados tiveram que enfrentar encarniçada resistência da população local, munidos de velhas espingardas, foices e facões. Somente em janeiro de 1916, o último líder dos sertanejos foi preso e a Guerra do Contestado chegou ao fim.

Por que as demais estão incorretas?

Letra A: a absorção dos trabalhadores rurais como trabalhadores da serraria, resultando em um processo de êxodo rural.

Não houve êxodo rural pela absorção de trabalhadores rurais pela serraria. Primeiro porque a serraria se estabeleceu num meio rural e não urbano – o êxodo rural acontece com a migração em massa para centros urbanos em busca de melhores condições de emprego e vida. Depois porque nem todos os sertanejos conseguiriam trabalho nas empresas contratadas para atuar na região e mesmo os que conseguiram tiveram que concorrer com trabalhadores contratados de outros estados por salários ainda menores.

Letra B: o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que diminuíam a necessidade de mão de obra.

Além da expulsão de posseiros de suas terras para a construção da ferrovia, contribuiu também para os problemas sociais na região o desemprego gerado não pela introdução das novas máquinas, mas sim pelo término da ferrovia em 1910, que deixou mais ou menos oito mil homens sem moradia e sem dinheiro para retornar aos seus estados de origem.

Letra D: a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que passavam disputar o poder político com os novos agentes.

Os grandes coronéis não perderam nem diminuíram seu poder na região, também não passaram a disputar o poder político com os novos agentes. Na verdade, os coronéis uniram-se aos dirigentes das empresas estrangeiras estabelecidas na região, com o apoio de tropas do governo, e passaram a perseguir os sertanejos do Contestado. O objetivo era destruir a organização comunitária e expulsar os sertanejos das terras que ocupavam.

Letra E: o crescimento dos conflitos entre os operários empregados nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao capital internacional.

Não houve crescimento de conflitos entre operários empregados nas empresas estrangeiras e os proprietários. O que houve foi a demissão desses empregados sem oferecer nenhuma assistência para o seu retorno as regiões de origem e nenhuma melhoria de condição de vida na região. Esse desemprego em massa só aumentou a miséria na região.

Referências:

AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.

CAMPOS, Flavio de. A escrita da história: ensino médio: volume único. 1ª ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.