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Chamando o repórter de “cidadão”, em 1904, o preto acapoeirado justificava a revolta: era para “não andarem dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando é bom a negrada mostrar que sabe morrer como homem!”. Para ele, a vacinação em si não era importante — embora não admitisse de modo algum deixar os homens da higiene meter o tal ferro em suas virilhas. O mais importante era “mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”.

 

CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi.
São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado).

 

A referida Revolta, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro no início da República, caracterizou-se por ser uma

Resposta:

A alternativa correta é letra B) atitude de resistência dos populares.

Gabarito: LETRA B

CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado).

    Ocorrida entre 10 e 15 de novembro de 1904 (durante o governo Rodrigues Alves), a Revolta da Vacina ocorreu no Rio de Janeiro e teve como seu estopim a imposição da vacinação obrigatória contra varíola para toda a população da cidade. Tratava-se de uma política geral de urbanização e higienização da cidade, num contexto de reformas sanitaristas para o desenvolvimento urbano adequado. Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. No entanto, ao fundo de todas essas medidas, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias. Assim, observemos as alternativas propostas.

    a)  agitação incentivada pelos médicos.

    b)  atitude de resistência dos populares.

    c)  estratégia elaborada pelos operários.

    d)  tática de sobrevivência dos imigrantes.

    e)  ação de insurgência dos comerciantes.

    Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

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