Considere as seguintes afirmações a respeito de movimentos ocorridos no nordeste do Brasil, nas três primeiras décadas do século XX.
I. Na Guerra de Canudos, segundo Euclides da Cunha, aconteceu o enfrentamento entre dois Brasis, de um lado um Brasil sertanejo e atrasado, do outro, o Brasil atlântico aberto à modernização.
II. O isolamento social dos sertanejos, a violência e o desmando dos poderosos do sertão e a omissão do Estado, provocaram movimentos messiânicos, a exemplo de Canudos e Pau de Colher.
III. A Sedição de Juazeiro foi um levante contra a intervenção federal no estado do Ceará, que contou com a participação do padre Cícero Romão Batista.
- A) As afirmações constantes dos itens I, II e III estão CORRETAS.
- B) Apenas a afirmação constante do item I está CORRETA.
- C) Apenas as afirmações constantes dos itens I e II estão CORRETAS.
- D) Apenas as afirmações constantes dos itens I e III estão CORRETAS.
- E) Apenas as afirmações constantes dos itens II e III estão CORRETAS.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) As afirmações constantes dos itens I, II e III estão CORRETAS.
Gabarito: ALTERNATIVA A
A Guerra de Canudos se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semi-árido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população.
Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular. Assim, observemos as afirmativas propostas.
A Guerra de Canudos se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semi-árido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população. Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular. Assim, observemos as afirmativas propostas. É um pouco complicado resumir o argumento de Euclides da Cunha, que narrou a Guerra de Canudos (1896-1897) em seu clássico Os Sertões. De fato, o autor entendia o arraial de Canudos como uma síntese do mundo sertanejo, aquele Brasil em plena dependência dos fatores naturais e distante da racionalidade moderna, antes concentrado nos discursos míticos de um líder messiânico. O choque com as forças regulares, nesse sentido, também simbolizava o atrito com o Brasil que se abria para a modernização nos termos do republicanismo positivista recém instalada. Aquela intervenção das armas não suportava o discurso repleto de ideias transcendentais e aguerrido pelo pertencimento religioso, uma vez que se baseava nos princípios racionais-legais de um república. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
Como explicado acima, a liderança de Antônio Conselheiro propunha uma direção explicativa para todas as mazelas que afligiam aqueles sertanejos: a ordem política estava errada e era necessário um auto de fé para restabelecer a ordem divina sobre a realidade. Ou seja, as respostas que eram negadas de várias formas àquelas pessoas pelo Estado e pelos poderosos eram construídas de maneira inteligível naquele universo simbólico pelo discurso messiânico. Na década de 1930, entre o sertão de Bahia, Ceará e Pernambuco, um movimento milenarista e messiânico se organizou em torno da figura do beato José Senhorinho. Com uma narrativa bastante agressiva, o beato apregoava que todos os suplícios daquela massa de desvalidos eram sinais inequívocos do fim próximo, sendo necessário o fanatismo religioso para a superação das difíceis provações. Duramente atacados pelas forças pernambucanas, os fanáticos do Movimento de Pau de Colher resistiram aos ataques de maneira muito forte, sendo massacrados. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
Em 1914, em franco enfrentamento às oligarquias cearenses, o governo federal, sob a presidência de Hermes da Fonseca, nomeou Marcos Franco Rabelo como interventor sobre o estado. A chegada de Hermes da Fonseca à presidência em si mesma já havia sido um certo sobressalto da Política dos Governadores, em que as oligarquias, em concerto com o governo central, dispunham de ampla autonomia para dominar a estrutura estatal nos governos. Com o estabelecimento de Rabelo como interventor, as oligarquias chegaram a um consenso no interior do estado a favor de um levante para depor o novo governo estadual e afirmar a autonomia cearense. Padre Cícero Romão Batista, liderança religiosa maior, acabou por ser responsável pela articulação final do movimento, organizando os oligarcas e mobilizando as massas - principalmente a população camponesa - para uma marcha contra as forças regulares até Fortaleza. Com os revoltosos tendo tomado a capital estadual, Rabelo acabaria deposto e a oligarquia Acioly subiria o poder. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
Assim, são verdadeiras as afirmativas I, II e III.
a) As afirmações constantes dos itens I, II e III estão CORRETAS. b) Apenas a afirmação constante do item I está CORRETA. c) Apenas as afirmações constantes dos itens I e II estão CORRETAS. d) Apenas as afirmações constantes dos itens I e III estão CORRETAS. e) Apenas as afirmações constantes dos itens II e III estão CORRETAS.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
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