E há muito a fazer ali. É preciso aumentar o pessoal, dar-lhe melhor remuneração, ter pelo menos um consultor jurı́dico e bons diretores de seção, como tı́nhamos antigamente (Carvalho de Morais, Lagos, Peçanha, Carneiro Leão e outros), organizar um gabinete do ministro, restabelecer a Seção do Arquivo, dandolhe o desenvolvimento necessário, porque esse é o arsenal em que o ministro e os empregados inteligentes e habilitados encontrarão as armas de discussão e combate. É preciso criar uma Biblioteca e uma Seção Geográfica na Direção do Arquivo, como na França, na Alemanha, na Inglaterra e nos Estados Unidos.
CARTA do Barão do Rio Branco ao senador Frederico de
Abranches, de agosto de 1902. Apud: ARAÚJO, Jorge A. G. (org) Introdução às obras do Barão do Rio Branco. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012.
Considerando o texto apresentado, acerca do pensamento político do Barão do Rio Branco, julgue (C ou E) o item a seguir.
Para rio Branco, o apoio brasileiro aos protestos da Argentina contra o uso da força por parte de potências europeias para cobrança de dívidas públicas, tese conhecida como Doutrina Drago, estava em plena consonância com a Doutrina Monroe, vista pelo Barão como conveniente elemento de defesa territorial do continente.
- A) Certo
- B) Errado
Resposta:
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
CARTA do Barão do Rio Branco ao senador Frederico de
No final de 1902, um bloqueio naval anglo-germânico foi levantado contra a Venezuela para tentar obrigar o país a honrar suas dívidas contraídas com as potências europeias. Luís Maria Drago, chanceler argentino, propôs uma reação conjunta contra a ação militar por entender que era uma flagrante ofensa à Doutrina Monroe, segundo a qual não se aceitaria intervenção europeia em assuntos do Novo Mundo. A Doutrina Drago, então, evocava a Doutrina Monroe para condenar o uso da força na cobrança de dívidas públicas.
No entanto, Drago estava em franco descompasso com a realidade política do caso. Antes de mandar sua esquadra, a Inglaterra consultara os Estados Unidos e estes não se opuseram à ação inglesa. Segundo o governo americano, a Doutrina Monroe não podia ser acionada por não haver qualquer ameaça à integridade territorial ou de intromissão em assuntos internos. Tratava-se, sim, da cobrança de dívidas contraídas legitimamente pelo governo venezuelano. Ou seja, a Inglaterra já reconhecera a zona de influência americana sobre a América do Sul e havia ocorrido uma sinalização positiva para a ação. Além disso, interessava aos Estados Unidos a punição de devedores inadimplentes, agindo de maneira incisiva contra os atrasos de pagamento.
Os Estados Unidos rejeitaram, assim, a Doutrina Drago e insistiram na inadequação com os princípios da Doutrina Monroe. Por sua vez, o Barão do Rio Branco, já chanceler brasileiro, entendia que a posição americana era fundamental para garantir a segurança continental e que, realisticamente, a Doutrina Drago era absolutamente inócua sem o apoio dos EUA. Assim, não havia razão para aderir ao protesto argentino em detrimento de um entendimento mais robusto com os Estados Unidos; bem como o caso não atingia o Brasil, país adimplente. A posição final, então, foi de esvaziar a ideia de um protesto coletivo e de procurar um entendimento com os Estados Unidos como forma de fortalecer a Doutrina Monroe e assegurar a defesa continental. Portanto, item ERRADO.
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