Entre as manifestações místicas presentes no Nordeste brasileiro no final do Império e nas primeiras décadas da República, identificam se
- A) as pregações do Padre Ibiapina, relacionadas à defesa do protestantismo calvinista, e a literatura de cordel, que cantava os mitos e as lendas da região.
- B) o cangaço, que realizava saques a armazéns para roubar alimentos e distribuí-los aos famintos, e o coronelismo, com suas práticas assistencialistas.
- C) a liderança do Padre Cícero, vinculada à dinâmica política tradicional da região, e o movimento de Canudos, com características de contestação social.
- D) a peregrinação de multidões a Juazeiro do Norte, para pedir graças aos padres milagreiros, e a liderança messiânica do fazendeiro pernambucano Delmiro Gouveia.
- E) a ação catequizadora de padres e bispos ligados à Igreja católica e a atuação do líder José Maria, que comandou a resistência na região do Contestado.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) a liderança do Padre Cícero, vinculada à dinâmica política tradicional da região, e o movimento de Canudos, com características de contestação social.
Gabarito: Letra C
A liderança do Padre Cícero, vinculada à dinâmica política tradicional da região, e o movimento de Canudos, com características de contestação social.
Podem ser consideradas manifestações místicas do nordeste brasileiro durante o final do Império e o período inicial da primeira república, o movimento de Canudos, liderado por Antônio Conselheiro, e o movimento de Juazeiro, mobilizado pela figura de Padre Cícero.
O movimento em torno do Padre Cícero, que estava ligado a política local, foi provocado pela notícia de um suposto milagre realizado pelo mesmo, em fins do século XIX, na região do Vale do Cariri, no povoado de Juazeiro do Norte, sul do Estado do Ceará. A mobilização ou revolta dos seus seguidores foi motivada pela decisão das autoridades eclesiásticas de desestimular práticas religiosas fora do controle da Igreja (especialmente devido ao prestígio do padre Cícero após o milagre) e, assim, decretar a falsidade do milagre em Juazeiro do Norte para impedir que Padre Cícero pregasse ou ouvisse confissões.
Já a Guerra de Canudos ocorreu no arraial de mesmo nome no interior da Bahia, às margens do rio Vaza-Barris, onde várias pessoas se reuniram em torno do líder Antônio Conselheiro e fundaram o povoado chamado de Belo Monte, uma comunidade formada por cerca de 20 a 30 mil habitantes e que possuía as seguintes características: praticava-se o sistema comunitário, em que as colheitas, os rebanhos e o fruto do trabalho eram repartidos e o excedente vendido ou trocado com os povoados vizinhos; não havia cobrança de tributos; eram proibidas a prostituição e a venda de bebidas alcóolicas.
A comunidade de Canudos, pelo seu crescimento e organização acabou assustando as elites baianas e os governos estaduais e federal que passaram a combate-la sob a justificativa de que se tratava de uma comunidade monarquista que ameaçava a República. Além da oposição das autoridades estaduais e federal ao movimento, havia ainda a oposição da Igreja Católica, que considerava Canudos um perigo porque, ao seu ver, desviava fiéis dessa instituição e da “verdadeira fé”.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: As pregações do Padre Ibiapina, relacionadas à defesa do protestantismo calvinista, e a literatura de cordel, que cantava os mitos e as lendas da região.
As pregações do Padre Ibiapina não estavam relacionadas a defesa do protestantismo calvinista ou a literatura de cordel e mitos da região. Além disso, a atuação do padre Ibiapina foi anterior ao período inicial da Primeira República.
Letra B: O cangaço, que realizava saques a armazéns para roubar alimentos e distribuí-los aos famintos, e o coronelismo, com suas práticas assistencialistas.
Nem o cangaço nem o coronelismo estão entre as manifestações místicas do final do Império e início da República. Além disso, as práticas do coronelismo eram clientelistas e não assistencialistas.
Letra D: a peregrinação de multidões a Juazeiro do Norte, para pedir graças aos padres milagreiros, e a liderança messiânica do fazendeiro pernambucano Delmiro Gouveia.
As multidões que peregrinavam até Juazeiro do Norte o faziam motivados por um padre milagreiro, o Padre Cícero. Além disso, o fazendeiro Delmiro Gouveia não era uma liderança messiânica.
Letra E: a ação catequizadora de padres e bispos ligados à Igreja católica e a atuação do líder José Maria, que comandou a resistência na região do Contestado.
A ação catequizadora de padres e bispos ligados à Igreja Católica, era uma ação institucional e não era considerada um movimento messiânico ou místico da Primeira República.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
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