Entre os mecanismos que sustentavam o regime político da Primeira República brasileira, pode-se citar
- A) a Constituição, que restringia aos chamados homens bons o acesso aos principais postos dos poderes executivo e legislativo.
- B) a política de compromissos, que vinculava os sindicatos de trabalhadores urbanos ao Ministério do Trabalho.
- C) a política do café com leite, que proibia as candidaturas eleitorais de representantes dos estados do Sul e Nordeste.
- D) a política dos governadores, que articulava a ação do governo federal aos interesses das oligarquias locais.
- E) a reforma política, que eliminou o voto censitário e instituiu o sufrágio universal nas eleições parlamentares.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) a política dos governadores, que articulava a ação do governo federal aos interesses das oligarquias locais.
Gabarito: Letra D
A política dos governadores, que articulava a ação do governo federal aos interesses das oligarquias locais.
A política dos governadores, estabelecida durante a presidência de Campos Sales (1898-1902), era um sistema de alianças entre o governo federal e os governos estaduais, no qual em troca de apoio dos governos estaduais à presidência e especialmente aos seus candidatos aos cargos políticos, o governo federal se comprometia a apoiar as oligarquias dominantes em cada Estado, evitando intervir em assuntos particulares a esses estados e concedendo verbas, empregos e favores aos seus aliados.
Com a política dos governadores, o governo federal passou a sustentar os grupos dominantes em cada estado, fortalecendo as oligarquias locais e aumentando o poder dos coronéis em troca de apoio eleitoral para o Executivo federal, criando, assim, uma rede de clientelismo que se repetia do nível federal ao nível municipal.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: a Constituição, que restringia aos chamados homens bons o acesso aos principais postos dos poderes executivo e legislativo.
A Constituição republicana de 1891 não restringia o acesso aos principais postos dos poderes executivo e legislativo aos chamados homens bons (termo que pertence ao contexto do Brasil Colonial). A Constituição da Primeira República estabelecia o voto aberto como meio de escolha dos candidatos aos cargos do executivo e do legislativo.
Letra B: a política de compromissos, que vinculava os sindicatos de trabalhadores urbanos ao Ministério do Trabalho.
Não havia durante a Primeira República uma política de compromissos que vinculasse os sindicatos de trabalhadores a um Ministério do Trabalho. Lembrando que o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio só foi criado na Era Vargas, ou seja, após a Primeira República.
Letra C: a política do café com leite, que proibia as candidaturas eleitorais de representantes dos estados do Sul e Nordeste.
A política do café com leite não proibia as candidaturas de representantes dos estados do Sul e Nordeste. Na verdade, a política do café com leite estabelecia uma aliança entre São Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (segundo maior produtor de café e grande produtor de leite) para a escolha das sucessões à presidência, ora atendendo aos interesses mineiros ora aos interesses paulistas, o que possibilitou o predomínio político de Minas Gerais e São Paulo durante a Primeira República.
Letra E: a reforma política, que eliminou o voto censitário e instituiu o sufrágio universal nas eleições parlamentares.
Não houve uma reforma política na Primeira República que tenha instituído o sufrágio universal. A reforma eleitoral de janeiro de 1881, ou seja, ainda no Império, estabelecida pelo decreto 3.029, também conhecido como Lei Saraiva, introduziu a exigência de alfabetização. Essa restrição ao voto se repetiu na Constituição de 1891 quando o direito ao voto foi negado aos analfabetos. Contudo, a condição de eleitor não se limitava aos cidadãos alfabetizados, para votar deveriam ser maiores de 21 anos, e não podia votar nem mendigos, nem mulheres, nem soldados, nem religiosos sujeitos à obediência eclesiástica.
Referências:
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
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