“Finda a sessão no Centro das Classes Operárias, a massa popular que saiu daquele Centro juntou-se à que estacionava nas suas imediações e assim formando um numeroso grupo de cerca de 2 mil pessoas, marchou pela Praça da República, Rua do Theatro, Largo de S. Francisco e Rua do Ouvidor. Pelo caminho levantavam gritos contra a vacina e os seus defensores e a polícia. Em frente às redações dos jornais davam palmas e aclamações a uns e vaias a outros (…). Correram com insistência boatos de manifestações de desagrado aos jornais. O Dr. Chefe de Polícia mandou que imediatamente partisse para a Rua do Ouvidor uma força de 60 praças de cavalaria, a garantir os jornais, dos quais dois aceitaram essa medida de prevenção, os nossos colegas do Jornal do Commercio e O Paiz. Alguns grupos, de fato, passaram em vozeria pela Rua do Ouvidor, mas nenhum desacato grave foi praticado.”Gazeta de Notícias, em 13 de novembro de 1904 (Adaptado).
– Considerando as temáticas de saneamento, saúde e doença no início da República temos a Revolta da Vacina. A vacinação obrigatória defendida por Oswaldo Cruz teve como base as ideias:
- A) Do Liberalismo, defendido por Adam Smith;
- B) Da Democracia; propagado por Alexis de Tocqueville;
- C) Do Socialismo, defendido por Lênin;
- D) Do Positivismo, criado por Auguste Comte;
- E) Do Higienismo, defendido por Louis Pasteur.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) Do Higienismo, defendido por Louis Pasteur.
Gabarito: ALTERNATIVA E
A Revolta da Vacina teve como estopim a imposição da vacinação, que, não raro, se dava com emprego da violência nas áreas mais pobres. No entanto, como pano de fundo, havia um denso projeto civilizacional baseado na repressão policial e na exclusão dos mais pobres da cidadania. Naquele período, o Rio de Janeiro vivera graves reformas urbanas, com o desalojamento de muitas famílias e a demolição de prédios para a modernização do centro da cidade. Excluídos e lançados à irregularidade fundiária, essas pessoas passaram a viver em "cidadania restringida", distante da cidade e desassistida dos direitos mais básicos. A modernização das cidades brasileiras, portanto, entendia como necessária a exclusão social dos mais pobres, impondo-lhes vontades e processos. Desse caldo de cultura, a insatisfação difusa encontrou na vacinação sua energia de ativação necessária para a eclosão de uma revolta generalizada, que, como apontado pelo texto, teve um efeito de progressão geométrica com o tempo. Há de se considerar, também, que, mesmo nas cidades, o analfabetismo era uma inegável realidade brasileira, dificultando o acesso a e a compreensão do que significava a vacinação. Juntamente com Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz levava a cabo a reurbanização e a sanitarização da capital e lançou mão da vacinação obrigatória para garantir a máxima eficiência da vacina no combate à varíola; já que deixar uma parcela da população sem a imunização poderia significar o desenvolvimento de cepas resistentes à vacina. Seu pensamento era profundamente influenciado pelo sanitarismo francês, que tinha em Louis Pasteur o seu maior nome. É importante que o estudante tenha em mente que, naquele início de século XX, o Brasil concentrou alguns dos mais importantes médicos sanitaristas da história mundial, estando todos muito influenciados pela experiência francesa liderada por Pasteur. Dentre eles, podemos citar Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Vital Brazil, Emílio Ribas e Adolfo Lutz. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) Do Liberalismo, defendido por Adam Smith;
b) Da Democracia; propagado por Alexis de Tocqueville;
c) Do Socialismo, defendido por Lênin;
d) Do Positivismo, criado por Auguste Comte;
e) Do Higienismo, defendido por Louis Pasteur.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.
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