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Leia atentamente o texto abaixo:

 

“No dia 29/10/1904 o seringueiro Manoel Lourenço da Silva viajava, por volta de duas horas da tarde, em uma canoa de Belém para a ilha das Onças, com José Brauguinho, outro seringueiro, com quem se desentendeu. O motivo do desentendimento, segundo Manoel, foi o fato de ele ‘querer comprar umas tigelas de seringa, mediante certo prazo’, o que foi recusado por Brauguinho. Além da recusa, Brauguinho desfechou três facadas em Manoel, o qual ficou assustado com a reação do companheiro, pois eram ‘compadres de São João e sócios numa estrada de seringa’ além de ‘antigos camaradas’”.

 

Auto de diligências policiais para registrar ferimentos leves sofridos por Manoel Lourenço da Silva, causados por José

Brauguinho de Araújo (LACERDA, Franciane. A vida e o trabalho nos seringais. Adaptação. In: FONTES, Edilza. Contando a

história do Pará: da conquista à sociedade da borracha (séc.XVI-XIX). Belém: E.Motion, 2002, v. 1, p.295-296).

 

Com base na leitura do texto acima e nos estudos históricos acerca da sociedade da borracha no Pará, é possível afirmar que

Resposta:

A alternativa correta é letra B) as “tigelas de seringa” eram usadas na coleta do látex: o seringueiro, enfrentando as dificuldades da floresta, sangrava as árvores de seringa e colocava a tigela para recolher o látex, para posterior coagulação pelo processo de defumação.

Gabarito: ALTERNATIVA B

  

Leia atentamente o texto abaixo:

 

“No dia 29/10/1904 o seringueiro Manoel Lourenço da Silva viajava, por volta de duas horas da tarde, em uma canoa de Belém para a ilha das Onças, com José Brauguinho, outro seringueiro, com quem se desentendeu. O motivo do desentendimento, segundo Manoel, foi o fato de ele ‘querer comprar umas tigelas de seringa, mediante certo prazo’, o que foi recusado por Brauguinho. Além da recusa, Brauguinho desfechou três facadas em Manoel, o qual ficou assustado com a reação do companheiro, pois eram ‘compadres de São João e sócios numa estrada de seringa’ além de ‘antigos camaradas’”.

 

Auto de diligências policiais para registrar ferimentos leves sofridos por Manoel Lourenço da Silva, causados por José Brauguinho de Araújo (LACERDA, Franciane. A vida e o trabalho nos seringais. Adaptação. In: FONTES, Edilza. Contando a história do Pará: da conquista à sociedade da borracha (séc.XVI-XIX). Belém: E.Motion, 2002, v. 1, p.295-296).

 

Com base na leitura do texto acima e nos estudos históricos acerca da sociedade da borracha no Pará, é possível afirmar que

  • a)  diversas relações sociais foram construídas no mundo do trabalho dos seringais; o traço comum a essas relações era o conflito: no ambiente hostil em que viviam, os seringueiros tinham um convívio marcado por permanente tensão, inexistindo laços de solidariedade entre eles.

A primeira parte da alternativa é de uma obviedade aberrante; afinal, toda forma de produção enseja novas relações sociais. E num universo tão fechado pelas distâncias e pelas exigências da lida como o trabalho nos seringais, nada mais natural do que o surgimento de várias relações sociais, inclusive algumas conflituosas. No entanto, a segunda metade cai num erro muito óbvio, uma vez que se choca diretamente com o próprio enunciado. O trecho reproduzido é muito claro ao registrar que as relações entre os dois seringueiros, até a data do incidente, era de grande camaradagem, além de sociedade nos negócios e de serem compadres de São João. Portanto, não é cabível se resumir todas as relações dessas trocas num universo de hostilidades e de conflitos. Alternativa errada.

 
  • b)  as “tigelas de seringa” eram usadas na coleta do látex: o seringueiro, enfrentando as dificuldades da floresta, sangrava as árvores de seringa e colocava a tigela para recolher o látex, para posterior coagulação pelo processo de defumação.

Esta é a descrição básica da extração do látex no Brasil, onde não se conseguiu organizar formas de cultivo das árvores de seringa. Embrenhando-se na floresta, os seringueiros identificavam as árvores e realizavam a coleta do látex com cortes diagonais no tronco de modo a fazer a seiva escorrer para dentro de um tigela. Uma vez coletada o látex, ainda cabia ao seringueiro o trabalho de coagular e defumar aquela seiva para ficar pronta para o comércio da borracha. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • c)  Manoel e seu compadre eram “sócios numa estrada de seringa”, além de “antigos camaradas”: na exploração da borracha, o seringalista era o homem que ocupava a posição mais inferior, pois, além da extrair o látex, adentrava as matas abrindo estradas (entre as árvores), nas quais cultivava as héveas.

De fato, cabia aos seringalistas o trabalho mais pesado na produção da borracha, adentrando a mata e extraindo o látex manualmente. No entanto, há uma confusão sobre a expressão "estrada de seringa", que não se tratava do plantio e do cultivo sistemático de seringueiras. As chamadas estradas de seringa eram os caminhos estabelecidos pelos seringueiros dentro da mata para extrair o látex de diversas árvores. Com cerca de dez quilômetros de percurso, cada estrada de seringa costumava passar por cerca de duzentas árvores dentro da mata, compondo um itinerário percorrido por um seringueiro. Dado que, no Brasil, as seringueiras não foram plantadas em escala, mas sim exploradas dentro das matas, o trabalho de extração do látex tinha de seguir o curso quase que aleatório das árvores dentro da mata fechada. Como podia levar horas no processo de sangrar o tronco, cada estrada de seringa estabelecia um circuito de árvores que estavam sendo sangradas por um seringueiro. Alternativa errada.

 
  • d)  os seringueiros eram trabalhadores cuja rotina diária consistia em construir seu tapiri, abrir estradas de seringueiras, sangrar as árvores e recolher o látex, líquido que, uma vez coagulado sem impurezas ou imperfeições, formava a borracha classificada como cernambi.

A alternativa deixa de fazer referência à prensagem do cernambi, resultante da coagulação do látex puro. Uma vez prensado para perder água, o cernambi aumenta seu grau de pureza da borracha, mas ainda precisa passar pelo processo de defumação pelos seringueiros para formar bobinas maiores e serem enviadas para o comércio. Alternativa errada.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

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