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Leia o texto abaixo, publicado em 1904, em que o escritor Machado de Assis comenta o dia 15 de novembro de 1889:

 

“Quando Aires saiu do Passeio Público, suspeitava alguma cousa, e seguiu até o Largo da Carioca. Poucas palavras e sumidas, gente parada, caras espantadas, vultos que arrepiavam caminho, mas nenhuma notícia clara nem completa. Na Rua do Ouvidor, soube que os militares tinham feito uma revolução, ouviu descrições da marcha e das pessoas, e notícias desencontradas.”

 

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Esaú e Jacó. São Paulo: Ática, 1977, p. 88.

 

Com base no texto acima e nos estudos históricos sobre o tema, é correto afirmar que a 

Resposta:

A alternativa correta é letra C) República brasileira foi proclamada sem a participação direta e ativa das camadas populares da sociedade brasileira, apesar da existência de propostas republicanas mais “radicais”, como as de Silva Jardim; daí o uso no texto de Machado, de expressões como “gente parada, caras espantadas”.

Gabarito: Letra C

 

A cena da proclamação da República em Esaú e Jacó é uma alegoria para que o se passou no dia 15 de novembro de 1889.

 

Nas décadas anteriores à proclamação havia várias correntes sobre a melhor forma do Brasil se tornar um país republicano. 

 

Existia a corrente da revolução popular como caminho para a República, ideias de Lopes Trovão e Silva Jardim. Alguns  radicalizando ainda mais querendo o fim da escravidão.

 

Outra corrente de pensadores e políticos achava que a melhor forma para se chegar à República era aguardar a morte de D. Pedro II. Posição defendida por Quintino Bocaiuva.

 

No interior das cidades do Oeste paulista havia o republicanismo cafeicultor que era a favor do federalismo, mas silenciava-se quanto à extinção da escravidão.

 

Por fim, existiu o republicanismo militar ou positivista que era favorável a um governo centralizado, contrário ao federalismo. Era inspirado nas ideias de Augusto Comte, que defendia a existência de uma ditadura republicana semelhante à ocorrida na França jacobina em 1793.

 

O golpe contra a monarquia foi executado como se fosse um desfile militar. Nas palavras do político Aristides Lobo, a população brasileira assistiu a tudo de forma bestializada, ou seja, surpreendida com o acontecimento.

 

De fato, não se sabia o que Deodoro havia feito: se tinha proclamado a República ou se havia destituído o gabinete de ministros de D. Pedro II.

 

No dia seguinte, a imprensa comunicou que a república tinha sido proclamada e que a família imperial deveria se mudar para a Europa.

 

A população não teve participação ativa nesse evento, que foi organizado pelos militares da Escola da Praia Vermelha.


Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: Como visto, a implantação da República foi resultado de uma organização militar para derrubar o gabinete dos ministros de D. Pedro II e consequentemente levou ao fim da monarquia. A república foi decretada com apoio de parte dos membros do Exército. A marinha, que era uma instituição com maior prestígio na monarquia não foi favorável ao evento. Além do mais, a primeira constituição republicana não garantiu o voto universal, limitando a participação de mulheres e analfabetos, por exemplo.

 

Letra B: O Marechal Deodoro não era um republicano radical. Era um defensor da monarquia e foi alçado como líder do movimento por ter maior prestígio entre o corpo do exército.

 

Letra D: Na verdade, embora os cafeicultores tivessem interesse pela República, o movimento de 15 de novembro foi organizado apenas por uma parte do exército, sobretudo, aqueles que tiveram educação positivista.  Ou seja, não havia um consenso republicano sobre a mudança e o momento exato para pôr fim à monarquia.

 

Resposta baseada nas fontes:

 

CASTRO, Celso. Verbete “Proclamação da República”. FGV CPDOC. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/PROCLAMA%C3%87%C3%83O%20DA%20REP%C3%9ABLICA.pdf . Acesso: 17 dez. 2019.

 

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: EdUSP, 1995.

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