Leia o texto para responder a questão.
O Rio de Janeiro dos primeiros anos da República era a maior cidade do país, com mais de 500 mil habitantes. Capital política e administrativa, estava em condições de ser também, pelo menos em tese, o melhor terreno para o desenvolvimento da cidadania. Desde a independência e, particularmente, desde o início do Segundo Reinado, quando se deu a consolidação do governo central e da economia cafeeira na província adjacente, a cidade passou a ser o centro da vida política nacional. O comportamento político de sua população tinha reflexos imediatos no resto do país. A Proclamação da República é a melhor demonstração dessa afirmação.
(José Murilo de Carvalho. Os bestializados, 1987.)
A Proclamação da República, em 1889,
- A) expressou a interferência norte-americana e reduziu a influência britânica nos assuntos internos do país.
- B) teve forte participação dos sindicatos operários da capital e ampliou os direitos de cidadania no Brasil.
- C) representou o fim da hegemonia das elites cafeeiras e açucareiras na condução da política brasileira.
- D) foi rejeitada e combatida militarmente pelos principais clérigos católicos no Brasil e no exterior.
- E) resultou da ação de um setor das forças armadas e contou com o apoio de grupos políticos da capital.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) resultou da ação de um setor das forças armadas e contou com o apoio de grupos políticos da capital.
Gabarito Letra E
Resultou da ação de um setor das forças armadas e contou com o apoio de grupos políticos da capital.
De acordo com José Murilo de Carvalho, autor de Os bestializados, a Proclamação da República, em 1889, foi fruto de “um motim de soldados com o apoio de grupos políticos da capital”, ou seja, não foi um movimento articulado pela maioria da população, mas sim por militares, cafeicultores e profissionais liberais, com tudo acontecendo em um clima de ordem e concordância entre as elites e a população assistindo a tudo “bestializada”, supondo assistir uma parada militar.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: expressou a interferência norte-americana e reduziu a influência britânica nos assuntos internos do país.
Não houve interferência norte-americana no processo de proclamação da República, nem uma pretensão de reduzir influências estrangeiras nos assuntos internos do país. O governo provisório buscou após a proclamação deixar claro que sua intenção era defender a ordem pública já existente, garantindo a segurança e o direito do proprietários brasileiros e estrangeiros, e que o novo governo quitaria todas as dívidas do regime monárquico com os credores externos.
Letra B: teve forte participação dos sindicatos operários da capital e ampliou os direitos de cidadania no Brasil.
A Proclamação da República buscou manter a ordem pública já existente. Contando com a participação de militares, cafeicultores e profissionais liberais, deixou de fora a maioria da população. Assim, não teve a participação de operários da capital e não ampliou os direitos de cidadania no Brasil.
Letra C: representou o fim da hegemonia das elites cafeeiras e açucareiras na condução da política brasileira.
Não representou o fim da hegemonia das elites cafeeiras na condução da política brasileira. O governo provisório buscou após a proclamação deixar claro que sua intenção era defender a ordem pública já existente, garantindo a segurança e o direito do proprietários brasileiros e estrangeiros, incluindo aí os cafeicultores, grupo que havia participado da articulação da proclamação. Já as elites açucareiras, já não possuíam uma hegemonia na condução da política brasileira desde 1830, quando o açúcar foi perdendo a sua posição de principal produto agrícola brasileiro voltado para a exportação e o café foi assumindo essa posição. Tais elites possuíam força política a nível regional apenas no nordeste brasileiro.
Letra D: foi rejeitada e combatida militarmente pelos principais clérigos católicos no Brasil e no exterior.
A proclamação da República não foi rejeitada ou combatida militarmente pelos principais clérigos católicos no Brasil e no exterior. Com a proclamação da República a Igreja foi definitivamente separada do Estado e este se tornou laico.
Referências:
CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados. São Paulo: Companhia da Letras, 1987.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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