No alvorecer do século XX, o Rio de Janeiro sofreu, de fato, uma intervenção que alterou profundamente sua fisionomia e estrutura, e que repercutiu como um terremoto nas condições de vida da população.
BENCHIMOL, J. Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro.
In: FERREIRA, J.; DELGADO, L. A.N. O Brasil republicano: o tempo do liberalismo
excludente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
O texto refere-se à reforma urbanística ocorrida na capital da República, na qual a ação governamental e seu resultado social encontram-se na:
- A) Cobrança de impostos — ocupação da periferia.
- B) Destruição de cortiços — revolta da população pobre.
- C) Criação do transporte de massa — ampliação das favelas.
- D) Construção de hospitais públicos — insatisfação da elite urbana.
- E) Edificação de novas moradias — concentração de trabalhadores.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) Destruição de cortiços — revolta da população pobre.
Gabarito: Letra B
Destruição de cortiços — revolta da população pobre.
O texto refere-se ao contexto das reformas ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil até 1960. É uma questão de causa e consequência.
As reformas na capital se concentraram em três pontos: na modernização do porto do Rio de Janeiro, nas melhorias na higiene da cidade e na remodelação do espaço urbano, com a construção de avenidas e ruas e derrubada de cortiços, de lojas de comércio e de outras moradias na área central da capital.
Mais conhecida pelo nome de Reforma Pereira Passos, pois um dos principais nomes ligados a esses eventos foi o prefeito da capital, Francisco Pereira Passos, esse conjunto de reformas afetou grande parte da população urbana, sobretudo os mais pobres.
Como consequência desse contexto de mudanças, podemos destacar um conjunto de protestos que culminaram na revolta da Vacina, uma revolta popular contra a política higienista e sanitarista promovida pelo governo federal, que tinha como representante da área da saúde, o médico Oswaldo Cruz. A revolta era contra a vacinação obrigatória da varíola tornada lei pelo congresso nacional. Cabe salientar que o governo federal não fez nenhum trabalho de conscientização e esclarecimento sobre essa vacinação, não fez por exemplo nenhuma campanha de orientação da população.
Além disso, a população se revoltou também devido às reformas na cidade que tinham pretextos “modernizadores e embelezadores” promovida pelos executivos federal e municipal, na pessoa de Rodrigues Alves e Pereira Passos respectivamente. Essas reformas abriram ruas, avenidas, parques e derrubaram cortiços, outras moradias habitacionais, fecharam quiosques e casas de comércio, além de derrubarem parte de morros, como o Morro do Castelo, acabaram expulsando a população para outros morros do centro da capital e para o subúrbio.
A revolta contra a vacina também era uma resistência na mentalidade cultural da população que não desejava ser vacinada, muitos maridos não queriam ver suas esposas sendo “espetadas” por outros homens como se dizia na época.
Para a população que seguia as tradições africanas, a vacinação impedia a ação do orixá Omolu, que tinha o poder de espalhar a doença e, ao mesmo tempo, ser o único capaz de proteger esse grupo social.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Cobrança de impostos — ocupação da periferia.
A cobrança de impostos não foi suficiente para alterar a fisionomia e estrutura da cidade do Rio de Janeiro.
Letra C: Criação do transporte de massa — ampliação das favelas.
A criação do transporte de massa certamente altera a fisionomia e estrutura da cidade do Rio de Janeiro, porém essa condição não ocorreu no início do século XX, mas a partir da segunda metade do século XX. Além disso, a criação de transporte de massa por si seria uma medida que beneficiaria a população sem provocar um terremoto como diz o trecho da questão.
Letra D: Construção de hospitais públicos — insatisfação da elite urbana.
A construção de hospitais públicos não altera a fisionomia e estrutura da cidade do Rio de Janeiro, talvez apenas na localidade onde esses hospitais foram construídos. Além disso, a construção de hospitais por si seria uma medida que beneficiaria a população sem provocar um terremoto como diz o trecho da questão.
Letra E: Edificação de novas moradias — concentração de trabalhadores.
Pelo contrário, houve derrubada de moradias e não a construção de novas moradias.
Referência:
BENCHIMOL, Jaime Larry. “Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro”. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930 – Primeira República (1889-1930). Volume 1 Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
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