No início da década de 1920, o Brasil se preparou para celebrar os cem anos de sua independência na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, um de seus momentos simbólicos mais significativos. Ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, entre 7 de setembro de 1922 e 2 de julho de 1923, o evento mobilizou grandes recursos financeiros e foi responsável pela reordenação do espaço urbano. O Estado, por meio da comissão organizadora do evento, incentivou pela primeira vez a realização de documentários fílmicos.
(Adaptado de Eduardo Morettin, Um apóstolo do modernismo na Exposição Internacional do Centenário: Armando Pamplona e a Independência. Film. Significação, 2012, n. 37, p. 77.)
A partir do texto, assinale a alternativa correta sobre o evento do centenário da independência.
- A) Este evento apostou no cinema e na exposição para exibir de modo tradicional, aos brasileiros, um país ibérico, associado às navegações modernas.
- B) Esta política de celebração de centenários datava do século XIX, envolvendo esporadicamente os serviços diplomáticos do ocidente.
- C) A política de associar o cinema à exposição do centenário da independência evidencia uma vontade do Estado em propagandear um país moderno.
- D) O cinema e a exposição eram veículos de propaganda política, continuando um projeto de tornar o Rio de Janeiro o cartão postal da monarquia brasileira.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) A política de associar o cinema à exposição do centenário da independência evidencia uma vontade do Estado em propagandear um país moderno.
Gabarito: Letra C
A política de associar o cinema à exposição do centenário da independência evidencia uma vontade do Estado em propagandear um país moderno.
O estado brasileiro na década de 1920 procurou construir através da intelectualidade e de alguns políticos a sua face mais moderna. E essa visão moderna seria cristalizada nas comemorações do centenário da Independência em 1922. Antes da realização do evento, algumas medidas foram tomadas para apagar o que restava do passado colonial, como, por exemplo, a derrubada definitiva do Morro do Castelo na capital federal, que abriu novas avenidas no centro da cidade bem como possibilitou a realização da exposição do centenário em um espaço mais amplo.
Além disso, o estado incentivou pela primeira vez a realização de documentários sobre o país, que comemorava 100 anos de soberania, isentando os produtores contratados para as filmagens do pagamento da taxa de importação dos negativos e dos materiais químicos para revelação.
Segundo Morettin, o objetivo dessa política de incentivo de documentários era a utilização do cinema como veículo de propaganda, de forma a expressar a pretendida modernidade nacional. A ocasião do centenário era considerada propícia, dada a presença de representantes de diversos Estados estrangeiros, oportunidade única para mostrar ao mundo o retrato do desenvolvimento do país.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Este evento apostou no cinema e na exposição para exibir de modo tradicional, aos brasileiros, um país ibérico, associado às navegações modernas.
O centenário da Independência apostou no cinema e na exposição para exibir aos brasileiros e estrangeiros um país moderno e livre do passado colonial.
Letra B: Esta política de celebração de centenários datava do século XIX, envolvendo esporadicamente os serviços diplomáticos do ocidente.
A política de celebração de centenários foi bastante comum no século XIX, tomando como exemplos, a exposição universal da Filadélfia em 1876, quando se comemorou também o centenário da independência dos EUA ou mesmo o centenário da república francesa em 1893. Essas celebrações mobilizavam os serviços diplomáticos dos países, pois eram encarregados de fazer convites aos representantes dos estados para que pudessem apreciar os eventos, além disso, era necessário toda uma organização para recepcionar os chefes de estados, o que denotou importante participação e ação das diplomacias.
Letra D: O cinema e a exposição eram veículos de propaganda política, continuando um projeto de tornar o Rio de Janeiro o cartão postal da monarquia brasileira.
O cinema e a exposição eram veículos de propaganda política, continuando um projeto de tornar o Rio de Janeiro o cartão postal da república brasileira, como havia sido pensado nas primeiras décadas republicanas, sobretudo, no governo de Rodrigues Alves, quando houve a reforma do porto e da área central do Rio de Janeiro.
Referências:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.
MORETTIN, Eduardo Victorio. "Um apóstolo do modernismo na Exposição Internacional do Centenário: Armando Pamplona e a Independência Film". Significação, 2012, n. 37.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
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