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Nunca se viu uma campanha como esta, em que ambas as partes sustentaram ferozmente as suas aspirações opostas. Vencidos os inimigos, vós lhes ordenáveis que levantassem um viva à República e eles o levantavam à Monarquia e, ato contínuo, atiravam-se às fogueiras que incendiavam a cidade, convencidos de que tinham cumprido o seu dever de fiéis defensores da Monarquia.

(Gazeta de Notícias, 28.10.1897 apud Maria de Lourdes Monaco Janotti. Sociedade e política na Primeira República.)

O texto é parte da ordem do dia, 06.10.1897, do general Artur Oscar e trata dos momentos finais de Canudos. Para o militar, o principal motivo da luta dos canudenses era a

Resposta:

A alternativa correta é letra A) restauração monárquica, embora hoje saibamos que a rejeição à República era apenas uma das razões da rebeldia.

Gabarito: Letra A

 

Restauração monárquica, embora hoje saibamos que a rejeição à República era apenas uma das razões da rebeldia.

 

Pela interpretação do texto podemos perceber que o general Artur Oscar considerava o movimento de Canudos uma luta pela restauração monárquica.

Essa visão de que a comunidade de Canudos era composta apenas por fanáticos religiosos, loucos e monarquistas foi inclusive a que predominou na época e que durante muito tempo foi reproduzida como única verdade.

Tal associação originava-se na discordância do líder messiânico do movimento, Antônio Conselheiro, de algumas das mudanças implementadas pela República, como o casamento civil, e de sua visão de legitimidade do imperador destronado segundo a ótica de que este governava pela vontade de Deus. Daí ter sido identificado pelos seus adversários como monarquista e religioso fanático.

Contudo, hoje sabemos que a formação da comunidade de Canudos era fruto das necessidades dos sertanejos de escapar da fome e da violência, e que, diante do completo abandono do poder público, viram na comunidade de Canudos uma oportunidade de construírem uma nova vida com mais paz e justiça social diante da fome e seca do sertão.

Também sabemos que a revolta de Canudos originou-se em 1896 quando comerciantes de Juazeiro se recusaram a entregar madeiras compradas por Conselheiro para a construção de uma nova Igreja no Arraial e os moradores de Canudos foram cobrar a entrega. Acontece que, aproveitando-se disso, o governador da Bahia, seguido posteriormente pelo governo Federal, atacou a comunidade que passou a se defender das investidas de ambos os governos (estadual e federal).

A ideia de que a resistência de Canudos estava ligada a uma intenção da comunidade de restaurar a Monarquia serviu para mobilizar a sociedade brasileira contra Canudos. Uma comunidade que passou a incomodar fazendeiros baianos, proprietários de terras, elites políticas e o governo estadual por ocupar um pedaço de chão e nele buscar construir uma sociedade mais igualitária (que funcionava a partir de um sistema comunitário). A comunidade de Canudos os incomodava não somente pela ocupação de terras, mas também por não se subordinar ao Estado.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra B: valorização dos senhores rurais, ligados ao monarca, cujo poder era ameaçado pelo crescimento e enriquecimento das cidades.

 

O general Artur Oscar considerava a resistência de Canudos uma resistência monarquista e não um movimento visando a valorização dos senhores rurais como afirma a alternativa. Além disso, precisamos destacar que os senhores de terra da Bahia eram contrários ao movimento de Canudos pela ocupação de terras e pela não submissão deste ao Estado.

 

Letra C: restauração monárquica, que, hoje sabemos, era de fato a única razão da longa resistência dos sertanejos.

 

Como vimos, a ideia de que a resistência de Canudos representava uma busca da comunidade por restaurar a monarquia foi amplamente divulgada à época como forma de mobilizar a sociedade brasileira contra a comunidade. Dessa forma, a restauração monárquica não era “a única razão da longa resistência dos sertanejos”.

 

Letra D: valorização do meio rural, embora hoje saibamos que Antônio Conselheiro não apoiava os incêndios provocados por monarquistas nas cidades republicanas.

 

O general Artur Oscar considerava a resistência de Canudos uma resistência monarquista e não um movimento visando a valorização do meio rural como afirma a alternativa.

 

Letra E: restauração monárquica, o que fez com que a luta de Antônio Conselheiro recebesse amplo apoio dos monarquistas do sul do Brasil.

 

Não houve um amplo apoio dos monarquistas do sul do Brasil ao movimento de Canudos como afirma a alternativa.

 

Referências:

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

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