O Cerco da Lapa, no Paraná, episódio importante para a consolidação da República presidencialista no Brasil, está incluso no contexto da:
- A) Guerra de Canudos.
- B) Revolta da Armada.
- C) Revolução Federalista.
- D) Guerra do Contestado.
- E) Guerra dos Farrapos.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) Revolução Federalista.
Gabarito: ALTERNATIVA C
- O Cerco da Lapa, no Paraná, episódio importante para a consolidação da República presidencialista no Brasil, está incluso no contexto da:
Note bem o estudante que a banca, além da clara delimitação temática, dá duas informações importantes para os candidatos. Ainda que não se saiba nada sobre o Cerco da Lapa, deve-se procurar por acontecimentos pertencentes ao período republicano brasileiro - isto é, desde 1889 - dentro do território paranaense. Ou seja, temos aí um recorte de espaço-tempo muito claro ao qual todos deveriam estar atentos ao se tentar resolver a questão. Assim, observemos as alternativas que seguem.
- a) Guerra de Canudos.
A Guerra de Canudos ocorreu no sertão da Bahia entre 1896 e 1897; ou seja, não tem nenhuma relação direta com a experiência paranaense. Alternativa errada.
- b) Revolta da Armada.
Ocorrida entre 1893 e 1894, a Revolta da Armada foi o levante de unidades da Marinha do Brasil contra o governo de Floriano Peixoto, que vinha tomando ares ditatoriais. Desprestigiada com a queda da monarquia, a Marinha olhava com muitas reservas o rumo da vida republicana brasileira sob o controle dos marechais e sob grande influência do Exército. Desde o fechamento do Parlamento por Deodoro da Fonseca em 1891, a possibilidade de o sonho republicano se converter numa ditadura militar era uma realidade gravíssima no país. As unidades rebeldes chegaram a bombardear fortes do Exército na costa fluminense, o que prenunciava uma guerra civil, que acabaria sendo debelada por Floriano Peixoto. No entanto, nenhum dos acontecimentos têm uma ligação direta com o Paraná. Alternativa errada.
- c) Revolução Federalista.
A Revolução Federalista foi uma guerra civil originada no Rio Grande do Sul que se irradiou por Santa Catarina e Paraná entre 1893 e 1895. Na oportunidade, havia uma grave cisão política dentro do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) por conta da crise de liderança do positivista Júlio de Castilhos, até aquele momento o principal nome republicano do estado. Castilhos se manteve fiel a Deodoro da Fonseca e a Floriano Peixoto mesmo com as claras sinalizações de ambos os presidentes na direção de um regime de corte autoritário. O fechamento do Parlamento em 1892 e a Revolta da Armada aprofundaram decisivamente as divisões internas do PRR, enfraquecendo decisivamente a posição de Castilhos e fazendo surgir o Partido Republicano Federal sob a liderança de Gaspar Silveira Martins. O PRF entendia que era necessária uma reforma institucional para corrigir alguns vícios da República, que, na sua visão, havia se distanciado de suas bases positivistas. Para esses federalistas (que compunham desde velhos monarquistas até republicanos desiludidos), era necessário se instituir um parlamentarismo e forçar uma reforma geral das Constituições estaduais em favor do fortalecimento da União federal. Por outro lado, os republicanos castilhistas insistiam no presidencialismo calcado nas oligarquias estaduais fortalecidas, inclusive com limitações às liberdades individuais sob o mote de "ordem e progresso". A debandada dos amotinados da Revolta da Armada em direção ao sul e o agravamento da crise política gaúcha precipitaram o início da guerra civil, quando, em fevereiro de 1893, uma força paramilitar dos federalistas invadiu o Rio Grande do Sul pelo Uruguai em ações rápidas e efetivas, que se espalhariam por Santa Catarina e Paraná em combates sangrentos, que custaram cerca de dez mil vidas. Em socorro a Júlio de Castilhos e aos republicanos gaúchos, partiriam tanto tropas federais quanto auxílios materiais paulistas, o que agravaria as assimetrias de forças da guerra civil, comprometendo os planos dos federalistas. No caso paranaense, especificamente, os ataques federalistas seguiam a lógica rápida e devastadoras das outras regiões, mas sofreram um revés gravíssimo em 1894 na cidade da Lapa, a sessenta quilômetros da capital estadual. Estabelecido o Cerco da Lapa, os federalistas foram forçados a uma debandada desorganizada de volta para o Sul, enquanto as forças regulares atacavam suas posições em Santa Catarina sob ordens de Floriano Peixoto. Portanto, o Cerco da Lapa marcou a grande derrota federalista no Paraná, livrando o estado da guerra civil e selando parte da sorte dos revoltosos. ALTERNATIVA CORRETA.
- d) Guerra do Contestado.
De fato, esta era a alternativa mais difícil para se descartar por aquele candidato que não conhecesse propriamente o tema abordado. A Guerra do Contestado ocorreu de 1912 a 1916 no Oeste de Santa Catarina e do Paraná. Em meio aos esforços dos governos estaduais e federal para modernizar a região e implantar estradas de ferro, ocorriam gravíssimas violações contra os pequenos proprietários da região, vítimas preferenciais dos abusos cometidos nas desapropriações para as grandes obras. Animados por uma visão messiânica e dispostos a travar uma forma de guerra santa em defesa das suas terras e dos seus modos de vida, esses pequenos agricultores da região se levantaram em armas contra as forças regulares do governo contestando toda aquelas políticas de modernização de bases arbitrárias. No entanto o episódio do Cerco da Lapa, como visto acima, não se insere nesse momento histórico. Alternativa errada.
- e) Guerra dos Farrapos.
Esta era a mais despropositada das alternativas. A Guerra dos Farrapos aconteceu entre 1835 e 1845, atravessando parte do Período Regencial e o início do Segundo Reinado; portanto, muito distante do período republicano. Além disso, suas movimentações ficaram restritas às províncias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, sem qualquer participação mais expressiva do Paraná, que ainda não alcançara sua emancipação política frente a São Paulo, fato que só ocorreria em 1853. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
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