O coronel, personagem político de grande vulto durante a Primeira República (1889 – 1930), tomou conta da memória popular. Sendo, geralmente representado nas obras literárias, nos filmes e novelas como um homem rústico, autoritário e brutal, dispondo sempre da vida dos habitantes de sua região ao seu bel prazer. O estereótipo embora não seja criado no vazio, vulgariza e é empobrecedor da história. Sobre a figura do coronel e do coronelismo analise as assertivas e posteriormente assinale a opção correta.
I. O poder dos coronéis, embora tenha tido sua maior expressão na Primeira República, principalmente após a política dos Estados implantados no governo de Campos Sales, não é datada e nem se restringe à República. As origens do coronelismo estão sedimentadas no Império e tem seu declínio com o processo de urbanização e industrialização em meados de 1940.
II. O poder dos coronéis, embora estabelecido por uma rede de tráfico de influências e compromissos, não criava uma dependência mútua entre os coronéis e seus servidores, posto que os seus recursos políticos e econômicos desobrigava-os de atentar aos interesses e fidelidade do seu potentado.
III. Para entender o papel dos coronéis é necessário identificar as bases econômicas e sociais que lhe davam poder, bem como o lugar que ocupavam na estrutura política e sua função entre os grupos dos proprietários.
IV. A expressão “homem de valor, homem de posição” implica na aceitação do poder social privado dos coronéis durante a primeira República, no reconhecimento da necessidade do uso de seu mando político como essencial para a manutenção das hierarquias sociais.
- A) Somente I, II e III estão corretas.
- B) Somente II e III , IV estão corretas.
- C) Somente I, II, IV estão corretas.
- D) Somente II, III e IV estão corretas.
- E) Somente I, III e IV estão corretas.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) Somente I, III e IV estão corretas.
Gabarito: Letra E
Somente I, III e IV estão corretas.
Vejamos as assertivas:
I. O poder dos coronéis, embora tenha tido sua maior expressão na Primeira República, principalmente após a política dos Estados implantados no governo de Campos Sales, não é datada e nem se restringe à República. As origens do coronelismo estão sedimentadas no Império e tem seu declínio com o processo de urbanização e industrialização em meados de 1940. (correta)
Durante o período regencial era comum os grandes fazendeiros receberem postos de comando da Guarda Nacional com o título de coronel. Durante a Primeira República, os grandes proprietários de terra passaram a receber esse título, mesmo depois da extinção da Guarda Nacional, em 1918. O coronelismo predominou durante a Primeira República, servindo ao interesse político das oligarquias agrárias que se beneficiaram das alianças políticas e das relações clientelistas no plano regional, estadual ou federal, como no caso da política dos Estados ou política dos Governadores, que costurava a aliança entre os governos estaduais e o governo federal.
II. O poder dos coronéis, embora estabelecido por uma rede de tráfico de influências e compromissos, não criava uma dependência mútua entre os coronéis e seus servidores, posto que os seus recursos políticos e econômicos desobrigava-os de atentar aos interesses e fidelidade do seu potentado. (Incorreta)
O poder dos coronéis criava sim uma relação de dependência mútua entre coronéis e seus servidores. Os beneficiados pelos coronéis deviam a estes fidelidade política, devendo votar nos candidatos por eles indicados. Essa rede de influencias, chamada de clientelismo, era uma das principais características do coronelismo.
III. Para entender o papel dos coronéis é necessário identificar as bases econômicas e sociais que lhe davam poder, bem como o lugar que ocupavam na estrutura política e sua função entre os grupos dos proprietários. (correta)
O coronelismo, como eram denominadas as práticas de mando e dominação dos grandes proprietários rurais, comumente chamados de coronéis, surgiu numa sociedade predominantemente rural e agroexportadora, com um grande número de pessoas trabalhando em fazendas em troca de uma baixa remuneração, sofrendo exploração e dependendo de favores dos patrões (os coronéis). Esses coronéis mantinham uma rede clientelista, trocando favores por votos, e, aliando-se a outros coronéis, ajudavam a eleger deputados e governadores, que retribuíam o apoio destinando-lhes verbas e favores para as suas áreas de influência.
IV. A expressão "homem de valor, homem de posição" implica na aceitação do poder social privado dos coronéis durante a primeira República, no reconhecimento da necessidade do uso de seu mando político como essencial para a manutenção das hierarquias sociais. (correta)
Os coronéis estavam na base da estrutura política de alianças clientelistas que marcou a Primeira República. Através de sua ação, costurando o fio das alianças a partir da troca de favores, da dependência política pessoal e da corrupção, as oligarquias agrárias se mantinham no poder. Seu poder, portanto, era socialmente aceito e necessário para criar a estrutura de poder existente nesse período.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
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