O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários rurais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional, com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia até a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto.
CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de histórias política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.
No contexto da Primeira República no Brasil, as relações políticas descritas baseavam-se na
- A) coação das milícias locais.
- B) estagnação da dinâmica urbana.
- C) valorização do proselitismo partidário.
- D) disseminação de práticas clientelistas.
- E) centralização de decisões administrativas.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) disseminação de práticas clientelistas.
Gabarito: Letra D
Nos primeiros anos da Primeira República dois militares se revessarem no poder (1889-1894), a partir de 1894 o país começou a ser governado por civis, com a posse de Prudente de Moraes – fazendeiro e político republicano do interior de São Paulo.
Com ele, a oligarquia cafeeira chegava efetivamente ao poder e a influência de grandes fazendeiros (“coronéis”) no processo eleitoral seria a marca do período.
A política regional foi dominada – em várias partes do país – por grandes proprietários rurais, que se tornaram verdadeiros chefes ou líderes políticos das cidades ou regiões onde estavam estabelecidos. Eram as oligarquias agrárias que dominavam os cenários regionais e estaduais através de práticas de mando e dominação, práticas que ficaram conhecidas como coronelismo.
Através de práticas clientelistas, fraudes eleitorais e alianças políticas, um pequeno grupo de proprietários rurais dominava a cena política dessa época e cerceava a participação política daqueles que tinham o direito ao voto - na prática a maioria da população era excluída do direito ao voto.
Esse pequeno grupo era formado na verdade pelas mesmas elites que buscaram a mudança do regime monárquico para o republicano sem ter qualquer projeto político substancialmente republicano, isto é, que se alicerçasse em concepções igualitárias, legalistas e cívicas da nação.
Além das práticas clientelistas a nível regional e estadual, havia também a disseminação de práticas clientelistas a nível nacional, através da chamada Política dos Governadores.
A Política dos Governadores, foi um sistema de alianças entre governadores de estado e o governo federal. Esse sistema de alianças se baseava na troca de favores. Os governadores de estado davam seu apoio ao governo federal, ajudando-o a eleger deputados federais e senadores favoráveis ao presidente, que, em retribuição, apoiava os governadores concedendo mais verbas para seus estados, além de empregos e favores para seus aliados e apadrinhados políticos.
A política dos governadores reproduzia, portanto, no plano federal, a rede de compromissos e o clientelismo que já ligavam os coronéis aos governadores dentro dos estados. Assim, por meio de tantas alianças e fraudes, as oligarquias agrárias estiveram no poder durante a maior parte da Primeira República.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: coação das milícias locais.
Durante a Primeira República não existiam as chamadas milícias como conhecemos hoje, ou seja, não existia um grupo composto por militares, paramilitares e civis armados, que assume para si um poder paralelo ao Estado. Durante a Primeira República os coronéis é que comandavam a política de sua região e participavam de um sistema de alianças e práticas clientelistas que garantiam a dominação do Estado e de suas regiões.
Letra B: estagnação da dinâmica urbana.
Não havia durante a Primeira República uma dinâmica urbana, pois o país era predominantemente rural nessa época. Assim, não é possível falar, portanto, de uma estagnação da dinâmica urbana.
Letra C: valorização do proselitismo partidário.
Não havia uma valorização de um proselitismo partidário nessa época, visto que, a política era feita de acordo com a vontade do coronel e suas indicações políticas. Geralmente o eleitor era levado a votar no candidato do coronel.
Letra E: centralização de decisões administrativas.
Não havia nessa época uma centralização de decisões administrativas. Com a proclamação da República e a promulgação da Constituição republicana, em fevereiro de 1891, foi instituído o federalismo que dava maior liberdade administrativa aos estados e prerrogativas para constituir forças militares e estabelecer impostos.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
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