“[…] O movimento tenentista (é) conhecido como o primeiro movimento político comandado pelos setores médios do Brasil […]. A oposição ao pacto conservador da República Velha, com suas eleições fraudadas e restritas, era o ponto de união entre os tenentistas. Dentro do movimento, no entanto, conviviam desde as demandas liberais por voto secreto e por maior liberdade de imprensa até o desejo de um Estado forte como meio de se contrapor ao mandonismo rural. […]”
SOUZA, Jessé de. A Elite do Atraso. Da escravidão à lava jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017. p. 130 (Adaptação).
Com base no trecho de Jessé de Souza sobre as bases sociais que culminaram no movimento brasileiro conhecido como Revolução de 30, é correto afirmar que
- A) ancorado na oposição ao pacto conservador da Primeira República, as classes médias, por meio do Tenentismo, unificaram sua luta e propostas para o Estado brasileiro.
- B) considerado como reserva moral da sociedade, o Exército tomou para si, por meio do Tenentismo, a tarefa de moralizar o Estado brasileiro com a implantação de um governo ditatorial.
- C) mantendo os tenentes à frente da luta contra o pacto conservador da República Velha, os setores médios descolocavam o olhar de si, não se indispondo com os grupos dominantes nacionais.
- D) utilizando um discurso moralizador da política brasileira, contra as fraudes eleitorais, o Tenentismo uniu a diversa classe média na luta contra a oligarquia cafeeira nos anos 1920.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) utilizando um discurso moralizador da política brasileira, contra as fraudes eleitorais, o Tenentismo uniu a diversa classe média na luta contra a oligarquia cafeeira nos anos 1920.
Gabarito: Letra D
De acordo com Jessé de Souza, apesar do tenentismo ter sido protagonizado por jovens oficiais militares de baixa e média patente, a partir dos anos 1920, o movimento refletia uma sociedade mais urbana e moderna que estava sendo criada e na qual se desenvolveu a chamada classe média, bem como o discurso moralista contrário a corrupção do Estado presente no tenentismo.
De fato, o movimento tenentista tinha entre as suas principais reivindicações: a moralização da administração pública e o fim da corrupção eleitoral; a instituição do voto secreto e de uma Justiça Eleitoral confiável; a proteção da economia nacional contra a exploração de empresas e capital estrangeiro e a reforma da educação pública com ensino gratuito e obrigatório para todos.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: ancorado na oposição ao pacto conservador da Primeira República, as classes médias, por meio do Tenentismo, unificaram sua luta e propostas para o Estado brasileiro.
As classes médias, por meio do Tenentismo, unificaram a sua luta de oposição ao pacto conservador da Primeira República, mas não as suas propostas para o Estado brasileiro, visto que, dentro do movimento apresentavam-se diversas maneiras de se pensar o estado.
Letra B: considerado como reserva moral da sociedade, o Exército tomou para si, por meio do Tenentismo, a tarefa de moralizar o Estado brasileiro com a implantação de um governo ditatorial.
O movimento tenentista não era formado por todo Exército, apenas por jovens oficiais militares de baixa e média patente, chamados de tenentes. Além disso, dentro do movimento existia diferentes maneiras de se pensar o Estado, segundo Jessé de Souza, variando entre demandas liberais e o desejo de um Estado forte, centralizado.
Letra C: mantendo os tenentes à frente da luta contra o pacto conservador da República Velha, os setores médios descolocavam o olhar de si, não se indispondo com os grupos dominantes nacionais.
O Tenentismo representava a luta da classe média contra as oligarquias que dominavam o cenário político durante a Primeira República, logo, tenentes e setores médios estavam unidos numa mesma oposição aos grupos dominantes.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
SOUZA, Jessé de. A Elite do Atraso. Da escravidão à lava jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
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