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O período entre guerras foi uma época de radicalização política e de instalação de regimes autoritários na Europa e na América. Sobre o ensino do tópico a Revolução de 1930, Estado e industrialização: os avanços e recuos da cidadania: extensão dos direitos sociais versus cerceamento dos direitos políticos e civis, de acordo com as orientações pedagógicas da Secretaria de Educação de Minas Gerais, assinale a alternativa incorreta.

Resposta:

A alternativa correta é letra B) A Revolução de 1930 no Brasil marca uma ruptura com a antiga política de domínio de uma burguesia comercial que dominava o país.

Gabarito: ALTERNATIVA B

  

O período entre guerras foi uma época de radicalização política e de instalação de regimes autoritários na Europa e na América. Sobre o ensino do tópico a Revolução de 1930, Estado e industrialização: os avanços e recuos da cidadania: extensão dos direitos sociais versus cerceamento dos direitos políticos e civis, de acordo com as orientações pedagógicas da Secretaria de Educação de Minas Gerais, assinale a alternativa incorreta.

  • a)  É preciso abordar as condições econômicas da Europa pós-guerra, o nacionalismo e revanchismo dos alemães e italianos, o crescimento do nazifascismo, via organização partidária e da propaganda, na Alemanha e na Itália.

Há um flagrante desacordo conceitual entre a alternativa (e o entendimento da banca) com a melhor bibliografia estabelecida sobre o tema. Claramente, o avaliador tentava se referir ao período de 1919 a 1939, mais conhecido como "período entre-guerras", por estar confinado entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. O pós-guerra é empregado pela bibliografia para designar o período que sucedeu ao fim da Segunda Guera Mundial, como a reconstrução da Europa e a estruturação da Guerra Fria. As demais observações da alternativa são absolutamente corretas: a chamada Era Vargas (1930-1945) estabeleceu franco diálogo com as transformações e as contradições europeias do período, vendo a ascensão e revanchismo teuto-italiano ser acompanhado pelo nazifascismo e por toda a máquina de opressão e de avanço político desses sistemas totalitários. Inclusive, o projeto de industrialização e de reforma nacionais brasileiros, por período expressivo, guardaram similitudes com esses regimes europeus. Quanto à alternativa, o candidato mais criterioso poderia, sim, sustentar que a imprecisão conceitual faz vacilar a validade de todo o período - e estaria respaldado pela bibliografia.

 
  • b)  A Revolução de 1930 no Brasil marca uma ruptura com a antiga política de domínio de uma burguesia comercial que dominava o país.

O erro da alternativa reside fundamentalmente na avaliação equivocada que faz sobre a Primeira República (1889-1930). A Revolução de 1930 eclodiu como forma de romper decisivamente com o chamado teatro das oligarquias, isto é, o controle do Estado por parte das elites agroexportadoras de bases estaduais. Essa configuração anterior foi jocosamente batizada como a "política do café com leite", referência aos barões do café paulistas e à elite mineira. O pacto das oligarquias estabeleceu um amplo domínio sobre a política brasileira, o que incluía desde a destinação de recursos públicos até fraudes eleitorais. Portanto, não se tratava de uma disputa contra a burguesia comercial, mas sim às oligarquias associadas à agroexportação. E, de fato, com a Revolução de 1930, esses grupos foram apeados do poder central de maneira bastante significativa. Por conter erro, esta pode ser considerada a ALTERNATIVA CORRETA

 
  • c)  São aspectos importantes, do período, a serem relacionados: a república velha, o domínio das oligarquias rurais e o clientelismo, a revolução russa, o movimento anarquista, a Semana da Arte de 1922, a Coluna Prestes, a crise de 1929 e suas repercussões na economia brasileira e o tenentismo.

A Revolução de 1930 está inserida em todo um processo complexo brasileiro da década de 1920. A República Velha (1889-1930) chegava ao esplendor e ao travamento do teatro oligárquico em torno do poder central: o domínio das oligarquias mineira e paulista sobre a política nacional se equilibrava em relações clientelistas com os governadores estaduais e suas respectivas elites, o que mantinha um projeto reacionário de poder no centro da vida política. Essa ordem sofria pressões externas em nome da modernização do país e os movimentos tenentistas - entre os quais se insere a Coluna Prestes - foram a expressão mais extrema dessa insatisfação, que também era elaborada pelo nascente movimento operário brasileiro, que dialogava tanto com o anarco-sindicalismo quanto com ecos da Revolução Russa (1917). Internamente, no entanto, esse pacto de elites também sofria abalos expressivos: a crise de 1929 e a depreciação internacional do valor do café desorganizavam as bases econômicas dessas elites. Culturalmente, é curioso, filhos dessas oligarquias voltavam da Europa com ideias modernizadoras, contrariando, portanto, as forças que os financiaram originalmente. A expressão mais bem acabada dessa pressão cultural pela modernização brasileira seria a Semana de Arte Moderna de 1922, que abriria as portas para experimentações muito distantes da ordem vigente. A Revolução de 1930, que encerraria a ordem da Primeira República, emergiu dessas pressões modernizantes, principalmente do tenentismo de bases positivistas. Sem erros na alternativa.

 
  • d)  O movimento de 30 tornou-se um marco político importante inaugurando algumas reformas no campo econômico e social e a emergência de um Estado forte preocupado em regulamentar as relações de trabalho, incentivar o desenvolvimento das indústrias, sem contudo alterar a estrutura agrária baseada no latifúndio.

A alternativa aborda pontos centrais do movimento revolucionário de 1930. Com forte inspiração positivista de corte conservador, o movimento pretendia a modernização do país por meio da orientação direta do Estado sem comprometer as bases da propriedade privada e da ordem social. As reformas econômicas e sociais sob um Estado forte se dariam com vistas ao desenvolvimento econômico baseado na industrialização e na urbanização, mas sem alterar as estruturas fundiárias brasileiras, estas dominadas pelo latifúndio há séculos. A modernização brasileira seria pensada com bases urbanas num país essencialmente rural, buscando reformar as instituições e orientar a formação de uma identidade nacional organizada e disciplina em direção ao mundo industrial. Sem erros na alternativa.

  

De maneira bastante contestável, a banca reproduziu nas alternativas C e D o texto já apresentado em uma questão de outro concurso organizado pela própria banca: 2015, concurso da Secretaria de Educação de MG para professor primário. Prática que deve estar no campo de observação dos candidatos, porque, infelizmente, pode isso acaba favorecendo quem tem mais intimidade com provas anteriores da banca. Além disso, a confusão conceitual da primeira alternativa poderia abrir espaço para a anulação da questão, mas o candidato pragmático há de observar que os erros verificados na alternativa B são bem mais expressivos, o que deveria chamar mais a atenção no momento da prova. Ainda que se possa argumentar pela anulação da questão por razões conceituais, os erros são mais claros na ALTERNATIVA B.

 
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