Questões Sobre Primeira República - História - concurso
161) Aconteceu no dia 22 de novembro de 1910, foi uma revolta militar em que soldados da Marinha realizaram um motim e tomaram o controle de dois encouraçados que estavam atracados no litoral do Rio de Janeiro. O estopim da revolta foi a insatisfação dos soldados alistados com uma punição a que eram submetidos. Trata-se da:
- A) Revolta Armada.
- B) Revolta do Mangue.
- C) Revolta da Chibata.
- D) Revolta da Vacina.
Resposta correta:
Alternativa C) Revolta da Chibata.
A Revolta da Chibata ocorreu em 22 de novembro de 1910 e foi um levante militar liderado por marinheiros insatisfeitos com as condições de trabalho e as punições corporais que sofriam, principalmente o castigo da chibata. O motim resultou na tomada de controle de dois encouraçados brasileiros, o Minas Geraes e o São Paulo, que estavam ancorados no Rio de Janeiro. O movimento foi importante não só pela sua dimensão militar, mas também por colocar em discussão os direitos dos marinheiros e influenciar mudanças na política naval brasileira durante a Primeira República.
162) O tenentismo, mesmo com certo apoio popular, já que apoiava causas e reformas sociais interessantes para a população entre os anos de 1920 e 1930, perdeu forças após o final da Revolução de 1930. Entre as causas apoiadas estavam, exceto:
- A) Reformas políticas e sociais que buscavam lutar contra a corrupção comum ao coronelismo.
- B) O sufrágio feminino, já que eram favoráveis a mudanças políticas na estrutura democrática do país.
- C) Eram favoráveis tanto a maiores liberdades dos meios de comunicação, assim como favoráveis a uma educação pública bem gerida.
- D) A criação do voto distrital, já que impediria que regiões mais ricas e populosas elegessem sempre as mesmas oligarquias.
A resposta correta é a letra D) A criação do voto distrital, já que impediria que regiões mais ricas e populosas elegessem sempre as mesmas oligarquias.
O tenentismo, movimento político-militar que surgiu na década de 1920, defendia várias causas e reformas sociais que eram interessantes para a população. Entre essas causas estavam a luta contra a corrupção e o coronelismo, o sufrágio feminino, a liberdade de imprensa e a educação pública bem gerida. No entanto, o tenentismo não defendia a criação do voto distrital, que era uma proposta que visava a mudar o sistema eleitoral brasileiro.
163) Leia o trecho abaixo, sobre a primeira greve geral, em 1917, e a formação do mercado assalariado no Brasil da virada do século XIX para o XX.
- A) forte regulamentação governamental, que favorecia os patrões, permitiam grandes jornadas de trabalho e o uso de crianças e mulheres, bem comoa organização de sindicatos e de greves.
- B) carência de regulamentação trabalhista estatal e abusos patronais nas relações trabalhistas, que levavam a longas jornadas de trabalho e uso indiscriminado dos trabalhos infantil e feminino; além de forte repressão aos movimentos trabalhistas.
- C) fraca regulamentação trabalhista, que permitia trabalhos forçados de mulheres e uso de crianças, além de proibir ajuntamentos e quaisquer reuniões de trabalhadores, punindo com morte imigrantes ou estrangeiros.
- D) precária regulamentação estatal trabalhista, com lei genéricas e pouco esclarecedoras sobre o uso de mão de obra feminina e infantil e clara proibição de formação sindical não estatal e de greves gerais.
Resposta
A alternativa correta é B) carência de regulamentação trabalhista estatal e abusos patronais nas relações trabalhistas, que levavam a longas jornadas de trabalho e uso indiscriminado dos trabalhos infantil e feminino; além de forte repressão aos movimentos trabalhistas.
Essa alternativa é a correta porque o trecho apresentado destaca a falta de regulamentação trabalhista estatal e os abusos patronais como principais motivos para a deflagração da greve geral de 1917 em São Paulo. A morte de um operário espanhol foi o estopim para a greve, mas as causas mais profundas estavam relacionadas às más condições de trabalho, como jornadas de até 12 horas, uso de mão de obra infantil e feminina, e falta de garantias trabalhistas.
164) Analise a caricatura a seguir.
- A) Encontraram grande resistência por parte da população.
- B) Foram objeto de crítica da comunidade científica.
- C) Caracterizavam-se por práticas segregacionistas.
- D) Fundamentavam-se em critérios raciais.
- E) Organizavam-se a partir de princípios classistas.
A alternativa correta é letra A) Encontraram grande resistência por parte da população.
Gabarito: Letra A
Entendendo o contexto:
- Governo Rodrigues Alves (1902-1906)
- Gestão municipal Pereira Passos (1902-1906)
Quando Rodrigues Alves foi eleito presidente do Brasil em 1902, elaborou um programa para modernizar a capital para que ela pudesse servir de vitrine para o capital internacional. O governo federal ficaria encarregado da reforma e modernização do porto.
A competência de reformar a cidade coube ao prefeito Pereira Passos e delegou-se ao médico sanitarista Oswaldo Cruz, às políticas de higienização da capital federal.
A capital passou por um período de intensas modificações, com abertura de avenidas, ruas, desmontes iniciais de morros. Quando os morros não eram derrubados, eram alvos de políticas sanitaristas como retrata a imagem da revista O Malho.
Lilia Moritz Schwarcz afirma que nas revistas ilustradas da época, Oswaldo Cruz e "seu exército de higienistas" foram transformados nos grandes vilões diante de uma população que manifestava seu descontentamento ante a política da Primeira República.
Esse descontentamento teve seu auge na Revolta da Vacina em 1904. O acontecimento foi uma das muitas manifestações populares que convulsionaram o cotidiano republicano. Ainda de acordo com a autora, longe da imagem da apatia popular, o que se viu foi o oposto: o protesto, a participação crítica e a emergência das multidões urbanas como novo fenômeno político.
Certamente que as reformas feitas durante a gestão Pereira Passos causaram resistência por parte da população, sobretudo, nas camadas mais populares, que tinham que ser enquadrados em um modelo “civilizatório” pensado pelos políticos da época.
A reforma afetou o cotidiano dos trabalhadores e das populações mais pobres, pois interferia em seus modos de vida. À exemplo, a proibição de quiosques e vendedores ambulantes e a vacinação obrigatória da varíola.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: Os médicos já salientavam ser necessária uma política de saúde no Brasil que era afetado por doenças tropicais como malária, varíola e rubéola. Portanto, adotar uma política sanitaristas não tinha oposição da comunidade científica brasileira.
Letra C, D e E: O sanitarismo foi desenvolvido quase como uma missão na Primeira República. Depois da experiência na capital, adentrou no interior do país, chegando até a Amazônia. As doenças pareciam atingir a todos, mas tinham como principais grupos de risco, os moradores de cortiços, favelas, os sertanejos, imigrantes, camponeses e marinheiros.
Resposta baseada nas fontes:
SCHWARCZ, Lilia M; STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
_________________ A época em imagens. In: História do Brasil Nação. A abertura para o mundo (1889-1930). Volume 3. Rio de Janeiro; Ed. Objetiva, 2012.
165) A Revolução Federalista que, entre 1893 e 1895, deixou mais de dez mil mortos em função das práticas nas batalhas e nas lutas é conhecida historicamente como:
- A) Revolução Farroupilha.
- B) Conflitos Sociais.
- C) Revolução da Praieira.
- D) Conjuração Mineira.
- E) Revolução da Degola.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) Revolução da Degola.
Explicação:
A Revolução Federalista, também conhecida como Revolução da Degola, foi um conflito armado que ocorreu entre 1893 e 1895, durante a Primeira República do Brasil. O nome "Degola" se refere às práticas de degolação, ou seja, ao corte da garganta, que eram comuns durante as batalhas e lutas. Essa revolução resultou em mais de dez mil mortos.
As outras opções não são corretas porque:
- A Revolução Farroupilha foi um movimento separatista que ocorreu no Rio Grande do Sul entre 1835 e 1845.
- Conflitos Sociais é um termo genérico que não se refere a um evento histórico específico.
- A Revolução da Praieira foi um movimento político que ocorreu em Pernambuco entre 1848 e 1850.
- A Conjuração Mineira foi um movimento político que ocorreu em Minas Gerais em 1789.
166) “Para além de uma rejeição ou negação dos valores de civilização e progresso que se tentava materializar na cidade do Rio de Janeiro, a Revolta da Vacina, na sua dimensão popular, trazia em seu bojo a defesa e a afirmação de uma outra lógica de interpretação do mundo.”
- A) a introdução da vacina no corpo representaria a inoculação da própria doença, o que era contrário aos preceitos da variolização.
- B) a vacina animal, extraída do pús vacínico de vitelos, poderia transmitir características dos animais para os serem humanos, ou seja, poderia animalizar as pessoas.
- C) a vacina obrigatória, realizada através do método de braço-abraço, poderia transmitir a sífilis, que seria passada pelos brancos às populações negras.
- D) as epidemias de varíola eram um castigo infligido por Omolu, sendo a doença uma espécie de purificação dos pecados. Assim, vacinar-se só causaria mais epidemias e mortes.
- E) o método de aplicação da vacina nos braços, pernas ou até nas nádegas feriam os estritos códigos morais femininos, posto que teriam que se despir para os vacinadores.
A alternativa correta é letra D) as epidemias de varíola eram um castigo infligido por Omolu, sendo a doença uma espécie de purificação dos pecados. Assim, vacinar-se só causaria mais epidemias e mortes.
Gabarito: ALTERNATIVA D
“Para além de uma rejeição ou negação dos valores de civilização e progresso que se tentava materializar na cidade do Rio de Janeiro, a Revolta da Vacina, na sua dimensão popular, trazia em seu bojo a defesa e a afirmação de uma outra lógica de interpretação do mundo.”
AQUINO e MITTELMAN, Tania. A revolta da vacina. Vacinando contra a varíola e contra o povo. Rio de Janeiro: Ed. Ciência Moderna, 2003.
- Entre as crenças que geraram desconfiança e aversão à obrigatoriedade da vacinação imposta pelas autoridades cariocas e que resultaram na Revolta da Vacina, encontramos as tradições culturais das populações negras descendentes dos grupos bantus e iorubás, para quem
Ocorrida entre 10 e 15 de novembro de 1904 (durante o governo Rodrigues Alves), a Revolta da Vacina ocorreu no Rio de Janeiro e teve como seu estopim a imposição da vacinação obrigatória contra varíola para toda a população da cidade. Tratava-se de uma política geral de urbanização e higienização da cidade, num contexto de reformas sanitaristas para o desenvolvimento urbano adequado. Ao longo da revolta, houve cerca de trinta mortes e de mil detenções. No entanto, como pano de fundo, havia um denso projeto civilizacional baseado na repressão policial e na exclusão dos mais pobres da cidadania. Naquele período, o Rio de Janeiro vivera graves reformas urbanas, com o desalojamento de muitas famílias e a demolição de prédios para a modernização do centro da cidade. Excluídos e lançados à irregularidade fundiária, essas pessoas passaram a viver em "cidadania restringida", distante da cidade e desassistida dos direitos mais básicos. A modernização das cidades brasileiras, portanto, entendia como necessária a exclusão social dos mais pobres, impondo-lhes vontades e processos. Desse caldo de cultura, a insatisfação difusa encontrou na vacinação sua energia de ativação necessária para a eclosão de uma revolta generalizada, que teve um efeito de progressão geométrica com o tempo. Assim, observemos as alternativas propostas.
- a) a introdução da vacina no corpo representaria a inoculação da própria doença, o que era contrário aos preceitos da variolização.
A variolização era uma prática comum no século XIX, que acabaria sendo substituída pela vacinação em si. A variolização consistia em retirar o material das pústulas de um doente e inocular numa pessoa saudável para uma exposição controlada ao vírus vivo para estimular o desenvolvimento de resposta imunológica no indivíduo saudável. Isso nada tinha de específico com a cultura afro-brasileira, sendo uma prática médica comum. Alternativa errada.
- b) a vacina animal, extraída do pús vacínico de vitelos, poderia transmitir características dos animais para os serem humanos, ou seja, poderia animalizar as pessoas.
A vacina bovina contra varíola foi a primeira ser desenvolvida, tendo sido descoberta por Edward Jenner ainda no século XVIII. A versão fantasiosa de que sua inoculação faria surgir características bovinas entre os humanos foi um dos "argumentos" anti-vacinas mais antigos a aparecer na Europa. Novamente, ainda que a informação seja correta, não tem nenhuma ligação direta com o universo afro-brasileiro do início do século XX. Alternativa errada.
- c) a vacina obrigatória, realizada através do método de braço-abraço, poderia transmitir a sífilis, que seria passada pelos brancos às populações negras.
Em primeiro lugar, a sífilis no Brasil do início do século XX era uma epidemia bastante expressiva e não estava restrita aos brancos. Além disso, a utilização do mesmo equipamento para a vacinação de vários indivíduos (método braço-a-braço), de fato, poderia fazer da agulha um vetor para a transmissão da sífilis. No entanto, isso já havia sido descoberto na Europa no século XIX e não era uma preocupação específica das culturas afro-brasileiras. Alternativa errada.
- d) as epidemias de varíola eram um castigo infligido por Omolu, sendo a doença uma espécie de purificação dos pecados. Assim, vacinar-se só causaria mais epidemias e mortes.
Orixá tradicionalmente ligado à morte e à cura de doenças letais, Omolu era interpretado por algumas tradições africanas como diretamente ligado à expansão e à cura de epidemias, o que envolvia a varíola. Como uma forma de purificação espiritual, o ciclo da varíola acompanhado pelas cruas tradicionais seria regido pelo orixá. A vacinação, portanto, interferiria nesse processo e levantaria a desordem, desrespeitando os sacerdotes de Omolu, o que levaria ao aumento da morte e ao agravamento geral da epidemia. ALTERNATIVA CORRETA.
- e) o método de aplicação da vacina nos braços, pernas ou até nas nádegas feriam os estritos códigos morais femininos, posto que teriam que se despir para os vacinadores.
A questão da aplicação da vacina em si era, de fato, um ponto delicado para a moral brasileira da época, mas não era um assunto específico da cultura afro-brasileira. A exposição de partes do corpo feminino à vacinação gerava importante desconforto na população e o caráter impositivo da campanha aprofundou esse mal-estar. Ainda que a informação seja correta, não se pode associá-la diretamente ao universo afro-brasileiro. Alternativa errada.
Note o estudante que a alternativa correta era a única a abordar especificamente o universo simbólico das religiões de matriz africana. Todos os demais eram observações difusas sobre as dificuldades da campanha de vacinação contra a varíola. Por fim, cumpre destacar que o avaliador tirou todas as informações de um único livro (Revolta da Vacina: a maior batalha do Rio), que pode ser consultado neste link. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.
167)
- A) II, IV e V.
- B) I, II e III.
- C) III e V.
- D) I, II, IV e V.
- E) I e II.
A alternativa correta é letra A) II, IV e V.
Gabarito: Letra A
As assertivas corretas são II, IV e V.
Vejamos as assertivas:
I - No Brasil, iniciaram-se novas campanhas de vacinação após sinais de alerta serem disparados com a ocorrência de dois surtos de sarampo em 2018. A baixa cobertura vacinal é apontada como principal causa para a doença ter retornado ao país. (Incorreta)
De janeiro de 2018 a janeiro de 2019, o Brasil registrou 10.274 casos confirmados de sarampo, com dois surtos, um no Amazonas, com 9778 casos, e outro em Roraima, com 355 ocorrências, além de 141 casos isolados distribuídos entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Bahia, Pernambuco, Pará, Sergipe e no Distrito Federal. A principal causa dos surtos foi a importação do vírus, que tinha o mesmo genótipo do vírus circulante na Venezuela.
II - A Charge de 1904, criada no contexto da revolta da vacina, revela a resistência da população em aceitar a vacina como forma de prevenção da doença. (Correta)
A população revoltou-se contra a obrigatoriedade da vacina. A lei de vacinação obrigatória da varíola foi aprovada e introduzida sem a conscientização da população acerca dos benefícios da vacinação, conhecimento que ficou restrito a médicos e autoridades. Além de muitos não compreenderem como a introdução do vírus no organismo poderia evitar o contágio da doença, a lei de vacinação obrigatória esbarrava ainda nos valores morais da época, a partir dos quais a população entendia ser imoral que homens estranhos entrassem em suas casas e tocassem no corpo de suas mulheres e filhas.
III - A Revolta da vacina foi uma revolta da população na Bahia contra uma lei que se destinava a protegê-la. (Incorreta)
A Revolta da Vacina ocorreu na cidade do Rio de Janeiro e não na Bahia.
IV - Iniciada em Novembro de 1904, a Revolta da Vacina pode ser considerado o maior motim da histórica do Rio de Janeiro. (Correta)
Entre os dias 10 e 15 de novembro de 1904, a cidade do Rio de Janeiro foi tomada por manifestantes populares sem que a polícia pudesse conter os revoltosos, que bloquearam ruas com barricadas e atacaram com pedras os policiais.
V - A campanha da vacinação em 1904 foi confundida com o projeto de modernização da cidade promovido pelo então prefeito do Rio de Janeiro Pereira Passos e o médico sanitarista Oswaldo Cruz. (Correta)
A Revolta da Vacina ocorreu no contexto das obras de modernização e saneamento da cidade do Rio de Janeiro e foi por ele influenciado.
Rodrigues Alves assumiu a presidência, em 1902, determinado a realizar obras de reforma e modernização da cidade que incluíam: o alargamento das principais ruas do centro, a construção da Avenida Central (Av. Rio Branco), a ampliação da rede de água e esgotos e a remodelação do porto.
Essa modernização, contudo, atingiu em cheio as populações mais pobres que viviam nas áreas centrais e foram desalojadas, passando a viver em barracos nos centros ou subúrbios.
Enfrentando uma série de problemas sociais (pobreza, demolição de cortiços, elevado número de desemprego), de saneamento (presença de mangues, lixo amontoado nas ruas, transmissão de doenças através de ratos e mosquitos) e de epidemias (febre amarela, peste bubônica e varíola) a população do Rio de Janeiro reagiu, entre 10 e 15 de novembro de 1904, ao autoritarismo do governo na condução das reformas e da vacinação.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
LABOISSIÉRE, Paula. "Brasil tem 10.274 casos confirmados de sarampo". Agência Brasil EBC. Publicado em 10 de janeiro de 2019. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-01/brasil-tem-10274-casos-confirmados-de-sarampo Acesso em: 27 de nov. de 2021.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
168) Muitos foram os movimentos sociais ocorridos no Brasil durante o século XIX. Na Bahia, particularmente no sertão, a chamada Guerra de Canudos teve forte repercussão nacional e envolveu tropas do governo que foram recrutadas para combater os sertanejos liderados por um religioso.
- A) Foi um movimento caráter religioso liderado pelo beato Antônio Conselheiro, que criticava a República e contestava as inovações impostas por ela.
- B) Revolução do caráter comunista que defendia a manutenção da República.
- C) Insurreição que defendia a queda da República e a manutenção do islamismo na Bahia.
- D) Revolta popular que se alastrou do sertão baiano até o litoral.
- E) Foi um conflito no sertão baiano ocorrido em 1896 e 1897, que terminou com a criação do povoado de Canudos.
A alternativa correta é letra A) Foi um movimento caráter religioso liderado pelo beato Antônio Conselheiro, que criticava a República e contestava as inovações impostas por ela.
Gabarito: Letra A
Foi um movimento caráter religioso liderado pelo beato Antônio Conselheiro, que criticava a República e contestava as inovações impostas por ela.
A Guerra de Canudos ocorreu durante a Primeira República, entre os anos de 1893 (constituição do povoado no sertão da Bahia) e 1897 (data da sua destruição pelas forças governamentais, após quase um ano de combate). Foi provocada pelo próprio governo (estadual e federal) que via em Canudos uma ameaça já que a comunidade vivia segundo leis próprias.
Foram atacados sob a justificativa de que a comunidade era fanática religiosa e monarquista, enquanto não passava de uma sociedade alternativa que oportunizava a seu povoado a paz e a justiça que o Estado Republicano não se preocupou em oferecer.
Criada pelo beato Antônio Conselheiro às margens do rio Vaza-Barris no sertão baiano sob o nome de “Belo Monte”, a comunidade de Canudos desagradava as elites políticas e os proprietários de terra da região, tanto pela ocupação de terras quanto pela insubordinação ao Estado. Com isso, para justificar a sua destruição, criou-se uma versão de que na comunidade viviam apenas fanáticos religiosos, loucos e monarquistas, que pretendiam restaurar a monarquia. Tal versão baseou-se no fato de Antônio Conselheiro considerar a República ilegítima, por acreditar que o Imperador destronado governava pela vontade de Deus, e por discordar de algumas das mudanças implementadas pela República.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: Revolução do caráter comunista que defendia a manutenção da República.
A Guerra de Canudos não possuía caráter comunista e também não defendia a manutenção da República. Antônio Conselheiro a considerava ilegítima, mas não pretendia destruí-la.
Letra C: Insurreição que defendia a queda da República e a manutenção do islamismo na Bahia.
A Guerra de Canudos não defendia nem a queda da República, apesar das discordâncias de Antônio Conselheiro em relação a mesma, nem a manutenção do islamismo na Bahia.
Letra D: Revolta popular que se alastrou do sertão baiano até o litoral.
A Guerra de Canudos não se alastrou para o litoral, ocorreu no sertão baiano na comunidade criada por Antônio Conselheiro às margens do rio Vaza-Barris.
Letra E: Foi um conflito no sertão baiano ocorrido em 1896 e 1897, que terminou com a criação do povoado de Canudos.
A Guerra de Canudos levou à destruição, e não criação, do povoado de Canudos, localizado no sertão baiano às margens do rio Vaza-Barris.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
169) Em relação aos movimentos sociais ocorridos no Brasil do século XIX, são verdadeiras as afirmativas:
- A) Apenas I e II são verdadeiras.
- B) Apenas I, III e IV são verdadeiras.
- C) Apenas a alternativa II é verdadeira.
- D) Todas as alternativas são verdadeiras.
- E) Todas as alternativas são falsas.
A alternativa correta é letra D) Todas as alternativas são verdadeiras.
Gabarito: Letra D
Todas as alternativas são verdadeiras.
Vejamos as assertivas:
I - Sabinada - movimento rebelde que ocorreu na Bahia liderado por Francisco Sabino, trouxe à tona as tensões sociais que afligiram a sociedade brasileira. (Correta)
Iniciada na Bahia após a renúncia do regente Feijó, em 1837, essa rebelião, chamada de Sabinada por ter sido liderada pelo médico Francisco Sabino, ocorreu durante o período regencial do Império Brasileiro, e objetivava instituir uma república na província da Bahia enquanto o príncipe regente fosse menor de idade. Estendendo-se de 1837 a 1838, essa revolta pertence sim ao Brasil do século XIX.
II - Balaiada - liderada por homens pobres, mestiços e também escravos, lutavam contra a opressão praticada pelos governos da província do Maranhão. (Correta)
Ocorrida na província do Maranhão, essa revolta popular, que ficou conhecida como Balaiada por ter entre os seus principais líderes um fazedor de balaios (cestos). Envolveu a população pobre da província, formada por escravos, vaqueiros e sertanejos, que mais sofriam os problemas econômicos do Maranhão, na luta contra a miséria, a fome, a escravidão e os maus tratos a que estavam submetidos. Iniciada em dezembro de 1838 terminou apenas em 1841 deixando um saldo de cerca de 12 mil mortes entre sertanejos e escravos. A Balaiada também pertence ao Brasil do século XIX.
III - Revolta dos Malês - levante de escravos mulçumanos na cidade de Salvador. (Correta)
Ocorrida em janeiro de 1835, em Salvador, na Bahia, a Revolta dos Malês, foi um levante de escravos africanos conhecidos como malês, muitos dos quais muçulmanos, que pretendiam lutar contra os donos de escravos para conseguirem a liberdade. Embora tenha sido abortada pelas autoridades que estavam preparadas para agir por conta de uma denúncia sobre o levante, foi uma das mais importantes rebeliões de escravos do século XIX.
IV - Revolta de Canudos - movimento popular de fundo sócio-religioso que ocorreu no sertão da Bahia. (Correta)
Ocorrida já no período Republicano, na região Nordeste, entre os anos de 1893 e 1897, portanto, durante o século XIX, foi o resultado do combate de latifundiários e autoridades políticas, que não pretendiam aceitar uma modificação da ordem social vigente, à tentativa de Antônio Conselheiro em criar, no Arraial de Canudos, uma comunidade baseada na propriedade coletiva da terra. A comunidade de Canudos foi atacada sob o pretexto de ser um foco monarquista.
V - Revolução Farroupilha - levante de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, ocorrido na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul. (Correta)
Também chamada de Guerra dos Farrapos, a Revolução Farroupilha foi a mais longa revolta da história do Brasil, ocorrendo no Rio Grande do Sul, durou dez anos, de 1835 a 1845, portanto, durante o século XIX. Os problemas econômicos dos produtores rurais gaúchos estão entre as principais causas.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 2. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
170) “O Rio de Janeiro, no começo do século XX, era a porta de entrada dos navios estrangeiros que se estabeleciam e afligiam a cidade, contatos econômicos com o Brasil. Capital da República, a cidade também era marcada pela desordem urbana, oriunda da ausência de planejamento na ocupação e pelos perigos oferecidos dos viajantes em relação às várias problemáticas sociais que afligiam a cidade. As principais capitais europeias passavam pelos mesmos problemas, bem como por tentativas de redefinição do espaço urbano.”
- A) A Insurreição de Canudos, uma insatisfação dos marinheiros com os castigos físicos.
- B) A Praieira, dirigida principalmente por um grupo coeso de intelectuais, que além de criticar a ordem vigente, preconizavam o liberalismo político.
- C) A Revolta da Vacina, que caracterizou uma revolta contra a política sanitarista, ao mesmo tempo que trazia em si, outras questões culturais latentes.
- D) A Sabinada, uma rebelião de cunho especificamente político, que chegou a angariar a simpatia de classes médias urbanas, bem como de classes menos abastadas.
- E) A Revolta da Armada, que apesar de ter uma motivação de um grupo específico da sociedade, acabou por se expandir a outros nichos, tornando-se, acima de tudo, uma questão política.
A alternativa correta é letra C) A Revolta da Vacina, que caracterizou uma revolta contra a política sanitarista, ao mesmo tempo que trazia em si, outras questões culturais latentes.
Gabarito: Letra C
(A Revolta da Vacina, que caracterizou uma revolta contra a política sanitarista, ao mesmo tempo que trazia em si, outras questões culturais latentes.)
Essa questão poderia ser resolvida através da escolha de uma alternativa que tratasse de uma revolta que ocorreu no século XX e na cidade do Rio de Janeiro, então capital da República.
Portanto, a única alternativa possível é a Revolta da Vacina, episódio que ocorreu em 1904, na área central da cidade do Rio de Janeiro.
Foi uma revolta popular contra a política higienista e sanitarista promovida pelo governo federal, que tinha como representante da área da saúde, o médico Oswaldo Cruz. A revolta era contra a vacinação obrigatória da varíola tornada lei pelo congresso nacional. Cabe salientar que o governo federal não fez nenhum trabalho de conscientização e esclarecimento sobre essa vacinação, não fez por exemplo nenhuma campanha de orientação da população.
Além disso, a população se revoltou também devido às reformas na cidade que tinham pretextos “modernizadores e embelezadores” promovida pelos executivos federal e municipal, na pessoa de Rodrigues Alves e Pereira Passos respectivamente. Essas reformas abriram ruas, avenidas, parques e derrubaram cortiços, outras moradias habitacionais, fecharam quiosques e casas de comércio, além de derrubarem parte de morros, como o Morro do Castelo, acabaram expulsando a população para outros morros do centro da capital e para o subúrbio.
A revolta contra a vacina também era uma resistência na mentalidade cultural da população que não desejava ser vacinada, muitos maridos não queriam ver suas esposas sendo “espetadas” por outros homens como se dizia na época.
Para a população que seguia as tradições africanas, a vacinação impedia a ação do orixá Omolu, que tinha o poder de espalhar a doença e, ao mesmo tempo, ser o único capaz de proteger esse grupo social.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: A Insurreição de Canudos, uma insatisfação dos marinheiros com os castigos físicos.
A Guerra de Canudos ocorreu em fins do século XIX, nos sertão baiano e não foi por causa dos castigos físicos, mas pela formação de uma comunidade rural sertaneja que retirava a mão de obra dos fazendeiros locais. A guerra foi uma aliança entre governo local, estadual e federal que não aceitavam a formação dessa comunidade. A Revolta da Chibata é que tinha dentre os motivos para a eclosão os castigos físicos aplicados pela Marinha.
Letra B: A Praieira, dirigida principalmente por um grupo coeso de intelectuais, que além de criticar a ordem vigente, preconizavam o liberalismo político.
A Revolta da Praieira ocorreu em 1848, no Segundo Reinado, no Recife. Portanto, não foi no Rio de Janeiro e nem no século XX.
Letra D: A Sabinada, uma rebelião de cunho especificamente político, que chegou a angariar a simpatia de classes médias urbanas, bem como de classes menos abastadas.
A Sabinada foi uma rebelião ocorrida durante o período regencial, portanto, no século XIX em Salvador, na Bahia.
Letra E: A Revolta da Armada, que apesar de ter uma motivação de um grupo específico da sociedade, acabou por se expandir a outros nichos, tornando-se, acima de tudo, uma questão política.
A Revolta da Armada ocorreu em dois momentos distintos da república em fins do século XIX. Foi promovida por setores específicos da Marinha e era contra o governo de Deodoro e depois de Floriano Peixoto. Entre os motivos da revolta podemos destacar a impopularidade de Deodoro, a demissão de ministros da Marinha, as acusações do governo federal de apoiar um governo estadual que era considerado uma ditadura.
Referência:
BENCHIMOL, Jaime Larry. “Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro”. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930 – Primeira República (1889-1930). Volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
FLORES, Elio Chaves. “A consolidação da República: rebeliões de ordem e progresso”. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930 – Primeira República (1889-1930). Volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.