Questões Sobre Primeira República - História - concurso
181) A Revolta da Vacina, que foi uma importante manifestação social,
- A) ocorreu entre marinheiros oriundos das classes sociais baixas que se negavam a ser vacinados contra a febre amarela, já que os oficiais não eram obrigados.
- B) aconteceu nos sertões do Cariri cearense devido à decisão do governo de impor aos seguidores do Padre Cícero a vacinação contra a peste bubônica.
- C) foi motivada pelo apoio da Igreja Católica aos seguidores de Antônio Conselheiro, que se opunham à República e à vacinação obrigatória por ela estabelecida.
- D) ocorreu no Rio de Janeiro devido à obrigatoriedade da vacina contra a varíola e às reformas urbanas e sanitárias iniciadas pelo presidente Rodrigues Alves.
A alternativa correta é letra D) ocorreu no Rio de Janeiro devido à obrigatoriedade da vacina contra a varíola e às reformas urbanas e sanitárias iniciadas pelo presidente Rodrigues Alves.
Gabarito: Letra D
Ocorreu no Rio de Janeiro devido à obrigatoriedade da vacina contra a varíola e às reformas urbanas e sanitárias iniciadas pelo presidente Rodrigues Alves.
Ocorrida entre os dias 10 e 15 de novembro de 1904, no Rio de Janeiro, no contexto das obras de modernização e saneamento da cidade do Rio, teve como motivo para a revolta a obrigatoriedade da vacina contra a varíola, imposta à população pelas forças governamentais.
É uma das revoltas urbanas ocorridas durante a Primeira República e que envolveu uma tensão entre os civis e as autoridades públicas não só devido a imposição da vacina em si, mas também porque essa não se fez acompanhar de um esclarecimento à população sobre a importância da vacinação e ocorria num contexto em que outras imposições do poder público já haviam ocorrido, como, por exemplo, a remoção da população mais pobre do centro da cidade e a derrubada de cortiços em nome das reformas urbana e sanitária pensadas e executadas pelo poder público de forma autoritária.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: ocorreu entre marinheiros oriundos das classes sociais baixas que se negavam a ser vacinados contra a febre amarela, já que os oficiais não eram obrigados.
Refere-se a Revolta da Chibata, que não ocorreu devido a uma negação dos marinheiros em serem vacinados contra a febre amarela, mas sim, devido aos castigos físicos que recebiam na Marinha do Brasil, e também por causa da má alimentação e dos baixos salários. Aconteceu em 22 de novembro de 1910.
Letra B: aconteceu nos sertões do Cariri cearense devido à decisão do governo de impor aos seguidores do Padre Cícero a vacinação contra a peste bubônica.
Faz referência ao movimento em torno do Padre Cícero, provocado pela notícia de um suposto milagre realizado pelo mesmo, em fins do século XIX, na região do Vale do Cariri, no povoado de Juazeiro do Norte, sul do Estado do Ceará, não foi de forma nenhuma motivada por uma imposição do governo aos seguidores do Padre Cícero para que esses se vacinassem contra a peste bubônica, mas sim pela decisão das autoridades eclesiásticas de desestimular práticas religiosas fora do controle da Igreja (especialmente devido ao prestígio do padre Cícero após o milagre) e, assim, decretar a falsidade do milagre em Juazeiro do Norte e impedir que Padre Cícero pregasse ou ouvisse confissões.
Letra C: foi motivada pelo apoio da Igreja Católica aos seguidores de Antônio Conselheiro, que se opunham à República e à vacinação obrigatória por ela estabelecida.
Faz referência a revolta ocorrida no arraial de Canudos, no interior da Bahia, às margens do rio Vaza-Barris, onde várias pessoas se reuniram em torno do líder Antônio Conselheiro e fundaram o Arraial chamado Belo Monte, uma comunidade formada por cerca de 20 a 30 mil habitantes e que possuía as seguintes características: praticava-se o sistema comunitário, em que as colheitas, os rebanhos e o fruto do trabalho eram repartidos e o excedente vendido ou trocado com os povoados vizinhos; não havia cobrança de tributos; eram proibidas a prostituição e a venda de bebidas alcóolicas.
A comunidade de Canudos, pelo seu crescimento e organização acabou assustando as elites baianas e os governos estaduais e federal que passaram a combatê-la sob a justificativa de que se tratava de uma comunidade monarquista que ameaçava a República. Dessa forma, a Guerra ou Revolta de Canudos não foi provocada pela vacinação obrigatória, bem como não houve nenhum apoio da Igreja Católica a Antônio Conselheiro ou a Canudos, pelo contrário, a Igreja Católica os consideravam um perigo porque, ao seu ver, desviavam os fiéis dessa instituição e da “verdadeira fé”.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
182) A charge intitulada “O espeto obrigatório”, publicada em 1904, contextualiza a vacinação da população.
- A) ironiza a campanha de vacinação obrigatória em massa, parte do projeto de regeneração e do esforço de saneamento e transformação urbana da capital brasileira.
- B) destaca a contradição entre a obrigatoriedade da vacinação e o acelerado processo de redemocratização política e social por que o país passava.
- C) satiriza a desinformação da população da capital brasileira, que temia os efeitos da vacinação obrigatória contra o sarampo, determinada pelo governo federal.
- D) reconhece as contraindicações e os riscos que a vacinação obrigatória poderia representar num período em que inexistiam estudos científicos sobre a prevenção de doenças.
- E) celebra a iniciativa da prefeitura da capital brasileira de implantar um amplo programa de vacinação obrigatória da população pobre para conter o surto de malária.
A alternativa correta é letra A) ironiza a campanha de vacinação obrigatória em massa, parte do projeto de regeneração e do esforço de saneamento e transformação urbana da capital brasileira.
Gabarito: Letra A
Ironiza a campanha de vacinação obrigatória em massa, parte do projeto de regeneração e do esforço de saneamento e transformação urbana da capital brasileira.
A charge, que apresenta 4 pessoas furadas em seus braços esquerdos por uma mesma flecha e se intitula “O espeto obrigatório”, ironiza a imposição pelo poder público da vacinação contra a varíola, que motivou a chamada Revolta da Vacina.
Ocorrida em1904, no Rio de Janeiro, no contexto das obras de modernização e saneamento da cidade do Rio, teve como motivo para a revolta a obrigatoriedade da vacina contra a varíola, imposta à população pelas forças governamentais.
Essa foi uma das revoltas urbanas ocorridas durante a Primeira República e que envolveu uma tensão entre os civis e as autoridades públicas não só devido a imposição da vacina em si, mas também porque essa não se fez acompanhar de um esclarecimento à população sobre a importância da vacinação e ocorria num contexto em que outras imposições do poder público já haviam ocorrido, como, por exemplo, a remoção da população mais pobre do centro da cidade e a derrubada de cortiços em nome das reformas urbana e sanitária pensadas e executadas pelo poder público de forma autoritária.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: destaca a contradição entre a obrigatoriedade da vacinação e o acelerado processo de redemocratização política e social por que o país passava.
Primeiramente, o contexto em que a charge se insere não é o de redemocratização política e social do país, mas sim o das obras de remodelação e saneamento do centro da cidade do Rio de Janeiro. Depois, não havia nenhuma contradição entre as reformas de modernização e saneamento empreendidas na cidade pelo poder público e a vacinação obrigatória que fazia parte dessas reformas e da tentativa de dar ao Rio de Janeiro ares de uma cidade moderna, arejada e livre das epidemias que tanto assolaram a cidade no final do Império e início da República.
Letra C: satiriza a desinformação da população da capital brasileira, que temia os efeitos da vacinação obrigatória contra o sarampo, determinada pelo governo federal.
A vacinação obrigatória imposta pelo poder público à população da capital brasileira no início da Primeira República não era contra o sarampo, mas sim contra a varíola.
Letra D: reconhece as contraindicações e os riscos que a vacinação obrigatória poderia representar num período em que inexistiam estudos científicos sobre a prevenção de doenças.
Não há na charge nenhuma referência a contraindicações e riscos da vacinação obrigatória. A verdade é que, no período em que a vacinação obrigatória contra a varíola foi decretada no Rio de Janeiro já existiam estudos científicos sobre a prevenção de doenças, inclusive, sobre a vacinação como forma de proteção contra a varíola, mas a população do Rio de Janeiro, não possuía informações sobre os benefícios das vacinas e não obteve o necessário esclarecimento por parte do poder público, que não se preocupou com isso.
Letra E: celebra a iniciativa da prefeitura da capital brasileira de implantar um amplo programa de vacinação obrigatória da população pobre para conter o surto de malária.
A vacinação obrigatória imposta pelo poder público à população da capital brasileira no início da Primeira República não era contra a malária, mas sim contra a varíola. Além disso, nada na imagem dá a entender que há uma celebração da iniciativa, ao contrário, a forma que a vacinação em massa é apresentada demonstra uma crítica por parte do chargista.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
183) Ao contrário de Euclides que, antes de rumar para Canudos, permaneceu o mês de agosto praticamente inteiro em Salvador (aí chegou em 7 de agosto de 1897 e só partiu para o sertão no dia 31 do mesmo mês), Manuel Benício parece ter sido enviado diretamente para o campo da batalha. Pelo menos é o que se conclui com base na carta de 4 de julho, a primeira enviada de Canudos, e publicada a 3 de agosto no Jornal do Comércio. Nela, Benício informa que já se encontrava no sertão da Bahia desde 25 de junho, no combate em Cocorobó, entre as forças da 2º Coluna e os jagunços (AZEVEDO, 2002). A respeito da Guerra de Canudos, assinale a alternativa correta.
- A) Esse movimento refletia a extrema fartura em que viviam as populações do Sertão Nordestino
- B) A tensão política foi agravada pela expulsão dos ruralistas que atuavam nas revoltas catarinenses e paranaenses
- C) A região onde foi estabelecido o vilarejo de Canudos, no interior de Pernambuco, era marcada por latifúndios improdutivos, pelas secas cíclicas e pelo desemprego
- D) Os revoltosos incendiaram Canudos e mataram grande parte do exército, fazendo-os de prisioneiros
- E) Foi um movimento de resistência da população sertaneja contra a estrutura agrário-latifundiária e as medidas repressivas oficiais
A alternativa correta é letra E) Foi um movimento de resistência da população sertaneja contra a estrutura agrário-latifundiária e as medidas repressivas oficiais
Gabarito: Letra E
A Guerra de Canudos foi um acontecimento na Primeira República que envolveu confronto entre o exército republicano e um batalhão de homens e mulheres do Arraial de Canudos que lutaram pela sobrevivência do modo de vida da comunidade rural.
Canudos pode ser considerado como um movimento de resistência ao modo de vida existente no sertão baiano, dominado pelas elites latifundiárias.
Os fazendeiros se opuseram a Canudos porque perdiam mão de obra, uma vez que boa parte dos trabalhadores empregados em suas fazendas fugiam ou migravam para o Arraial. Além do mais, os fazendeiros temiam que suas propriedades viessem a ser invadidas pelos canudistas devido ao seu grande contingente de moradores.
Em relação à Igreja, alguns sacerdotes até chegaram a apoiar Antônio Conselheiro sobretudo porque ele conseguia fazer com que os habitantes do Arraial trabalhassem na construção de edificações de igrejas e cemitérios em um momento em que a igreja não tinha recursos para tal. Porém, boa parte do clero sertanejo era contrária à presença do Conselheiro e dos canudistas, pois o beato era visto como um importante líder religioso pelos habitantes do Sertão, mais até do que os padres.
A Igreja temia que Antônio Conselheiro pudesse fundar uma nova ordem na região que rivalizasse com o catolicismo e assim atraísse mais fiéis para o Arraial e habitações vizinhas.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: O movimento refletia a extrema pobreza em que viviam as populações do Sertão, uma vez que o Arraial abrigava populações que deixavam as vidas de exploração em fazendas.
Letra B: Canudos ocorreu muito antes da Guerra do Contestado no qual houve conflito contra ruralistas paranaenses e catarinenses.
Letra C: Canudos foi estabelecido no interior da Bahia.
Letra D: O exército republicano destruiu o Arraial, executando boa parte dos habitantes da comunidade.
184) No início do século XX (1904), ocorreu no Rio de Janeiro uma revolta popular contra medidas que visavam erradicar a febre amarela. A população pobre, principalmente, reagia à vacinação obrigatória contra a varíola. Da parte da República, a questão era mencionada de forma objetiva: era necessário priorizar a saúde, tema que era parte da agenda intelectual e política brasileira desde fins do século XIX. Os intelectuais estavam atentos à forte incidência de moléstias tropicais e outras doenças da cidade e do meio rural. A respeito desse contexto, assinale a alternativa INCORRETA.
- A) Apesar de questionáveis as teorias elaboradas ao longo do século XIX por profissionais brasileiros como Nina Rodrigues, o país sofria com uma série de epidemias e nas estatísticas médicas a lista de moléstias contagiosas era enorme.
- B) As patologias do Brasil atingiam a todos, eram consideradas um problema emergencial e os grandes alvos das expedições higienistas eram os moradores do centro das cidades, proprietários de escravos e grandes comerciantes, que desejavam prevenir os males.
- C) A manifestação contra a operação liderada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz foi resultado da má informação. A incompreensão provocou a quebra de meios de transportes, a depredação de edifícios e ataques a agentes higienistas. O governo reagiu com violência e decretou estado de sítio.
- D) Naquele contexto, a mestiçagem era considerada um grande mal, visto que, de acordo com o darwinismo racial e a antropologia criminal de Cesare Lombroso, os mestiços eram passíveis de todo o tipo de degeneração hereditária: eles estariam mais propensos à criminalidade, à loucura e outros estigmas.
- E) O cenário das epidemias da cólera, febre amarela, varíola e peste bubônica era agravado pelo predomínio de habitações populares que eram chamadas de choças. Eram feitas de barro, o habitat natural para o inseto barbeiro, transmissor da doença de Chagas.
A alternativa correta é letra B) As patologias do Brasil atingiam a todos, eram consideradas um problema emergencial e os grandes alvos das expedições higienistas eram os moradores do centro das cidades, proprietários de escravos e grandes comerciantes, que desejavam prevenir os males.
Gabarito: Letra B
A questão quer saber qual alternativa é a incorreta.
Em 1904 as ruas do Rio de Janeiro, capital da República, foram tomadas por uma onda de protestos e conflitos contra medidas que visavam erradicar uma série de doenças, dentre as quais, a febre amarela e a varíola.
A população mais pobre da capital estava sendo alvejada pelas medidas sanitaristas do governo republicano que adentrava o século XX com a ótica de fazer do Brasil uma vitrine para o capital estrangeiro.
As campanhas sanitaristas de Oswaldo Cruz fazem parte de um conjunto de medidas que visavam à melhoria da capital federal, que incluiu também a reforma do porto e das principais ruas e avenidas da cidade.
Naquela época, as doenças atingiam a todos, mas os principais alvos das ações higienistas eram as populações do campo, os ex-escravizados, os moradores dos cortiços e favelas, os imigrantes e os marinheiros.
As demais estão corretas, pois:
Letra A: Apesar de questionáveis as teorias elaboradas ao longo do século XIX por profissionais brasileiros como Nina Rodrigues, o país sofria com uma série de epidemias e nas estatísticas médicas a lista de moléstias contagiosas era enorme.
Desde o final do século XIX, o tema da saúde estava na agenda intelectual e política brasileira, gerando preocupações. As autoridades médicas diziam que o país era um “imenso hospital” devido à quantidade de moléstias que constavam nas estatísticas médicas. Podemos citar a cólera, a doença de Chagas, a sífilis, a tuberculose, o tracoma, a febre amarela, a varíola e a peste bubônica.
Letra C: A manifestação contra a operação liderada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz foi resultado da má informação. A incompreensão provocou a quebra de meios de transportes, a depredação de edifícios e ataques a agentes higienistas. O governo reagiu com violência e decretou estado de sítio.
De acordo com Lilia M. Schwarcz, a manifestação de 1904 foi deflagrada contra a operação liderada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz foi resultado da má informação. Durante uma semana houve quebra de meios de transporte, depredação de edifícios e ataques a agentes higienistas. O governo por sua vez reagiu à violência popular com mais violência, decretando estado de sítio, suspendendo direitos constitucionais, prendendo líderes do movimento e os deportando para o Acre.
Letra D: Naquele contexto, a mestiçagem era considerada um grande mal, visto que, de acordo com o darwinismo racial e a antropologia criminal de Cesare Lombroso, os mestiços eram passíveis de todo o tipo de degeneração hereditária: eles estariam mais propensos à criminalidade, à loucura e outros estigmas.
Nos debates promovidos por intelectuais, políticos, médicos, a mestiçagem era vista como um mal. Teorias como darwinismo racial e a antropologia criminal de Cesare Lombroso faziam sucesso no país. Os argumentos usados à época defendiam que os mestiços estariam mais propensos à criminalidade, à loucura e a outros estigmas próprios de seu grupo racial.
Letra E: O cenário das epidemias da cólera, febre amarela, varíola e peste bubônica era agravado pelo predomínio de habitações populares que eram chamadas de choças. Eram feitas de barro, o habitat natural para o inseto barbeiro, transmissor da doença de Chagas.
Com um quadro grave de doenças, ainda havia locais considerados como propagadores ou mesmo como foco dessas doenças. As autoridades sanitárias tinham como principal alvo as casas populares chamadas de choças, que eram feitas de barro. O barro é um importante esconderijo para o inseto chamado de barbeiro, transmissor da doença de Chagas.
Referência:
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
185) A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Sobre o referido conflito, assinale a alternativa CORRETA:
- A) Um dos motivos do conflito foi a construção da estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul, que estava sendo construída por uma empresa inglesa, sem o apoio dos coronéis da região e do governo.
- B) Para a construção da estrada de ferro, milhares de famílias de camponeses perderam suas terras. Mesmo indenizados pela construtora, o fato gerou muito desemprego na região, uma vez que ficaram sem terras para trabalhar.
- C) Na área do Contestado, diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar.
- D) Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo do Império, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem da região.
- E) A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam sempre perfilados à população mais pobre.
A alternativa correta é letra C) Na área do Contestado, diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar.
Gabarito: Letra C
A Guerra do Contestado foi um conflito armado que opôs forças do governo (federal e estadual) e camponeses que viviam na região disputada pelos estados de Santa Catarina e do Paraná. Estendeu-se por 4 anos, até 1916, e estima-se que tenha deixado mais de 10 mil mortos.
Nessa região contestada havia um grande número de camponeses que participavam da economia da erva-mate, extração da madeira e da criação de gado. Esse modo de vida passou a ser modificado com a introdução do capitalismo na região com a chegada da ferrovia que ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul, muitos deles foram desalojados dessas terras, outros passaram a trabalhar para as empresas do setor ferroviário.
Os problemas sociais e a disputa pela terra se agravaram quando a Brazil Railway, empresa estadunidense contratada para concluir a ferrovia recrutou trabalhadores de outras regiões do Brasil, pagando um salário menor, demitindo os trabalhadores locais que haviam sido contratados.
Sem terra, trabalho e alimentos, os sertanejos começaram a se organizar em torno da figura de um líder religioso chamado José Maria, que pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. Essas ideias foram entendidas como opositoras do progresso e da República. Assim, o contestado foi lido pelas elites políticas como um movimento de lunáticos, fanáticos e monarquistas.
O conflito só chegou ao fim em 1916 com a utilização de artilharia pesada pelas tropas federais.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Um dos motivos do conflito foi a construção da estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul, que estava sendo construída por uma empresa inglesa, sem o apoio dos coronéis da região e do governo.
Alternativa incorreta porque a empresa que estava construindo a estrada de ferro era estadunidense, com apoio dos coronéis e do governo.
Letra B: Para a construção da estrada de ferro, milhares de famílias de camponeses perderam suas terras. Mesmo indenizados pela construtora, o fato gerou muito desemprego na região, uma vez que ficaram sem terras para trabalhar.
Não houve indenização pela expulsão dos camponeses.
Letra D: Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo do Império, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem da região.
Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo da República e que era um monarquista e assim queria desestruturar o governo e a ordem da região.
Letra E: A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam sempre perfilados à população mais pobre.
A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais pobre.
Referência:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. São Paulo: saraiva, 2010.
186) Sobre a Guerra do Contestado, que ocorreu entre 1912 e 1916, assinale a alternativa CORRETA:
- A) O monge João Maria foi o responsável por organizar e treinar, militarmente, jagunços da região para lutar contra a tirania dos coronéis locais, e restaurar o regime monárquico no Planalto Catarinense.
- B) Apesar do cunho contestatório, a simpatia para com a República é uma característica continuamente presente no movimento do Contestado.
- C) No final do século XIX, apoiado oficialmente pela Igreja Católica, Antônio Conselheiro liderou sertanejos do interior da Bahia em um movimento pela defesa do retorno da Monarquia e pela pacificação dos conflitos no sertão nordestino.
- D) A área do Contestado, rica em madeira e erva mate, era disputada, desde o século XIX, entre Paraná e Santa Catarina, litígio que só foi encerrado após o fim do embate e a assinatura de um acordo entre as partes.
- E) A Guerra do Contestado pode ser explicada pelo messianismo, com a liderança de “monges” e “virgens”, que transformou sertanejos comuns em fanáticos dispostos a matar e morrer pelas crenças religiosas.
A alternativa correta é letra D) A área do Contestado, rica em madeira e erva mate, era disputada, desde o século XIX, entre Paraná e Santa Catarina, litígio que só foi encerrado após o fim do embate e a assinatura de um acordo entre as partes.
Gabarito: Letra D
De acordo com Paulo Pinheiro Machado, o território onde se desenrolou o conflito do Contestado era uma antiga região disputada, inicialmente entre Brasil e Argentina sobre os Campos de Palmas, porção de mais de 30 mil km² localizada entre os rios Uruguai e Iguaçu. Em 1895, através da arbitragem do Presidente Cleveland, dos Estados Unidos, o Brasil venceu esta questão.
Localmente, permanecia a disputa dos Campos de Palmas entre os Estados de Santa Catarina e Paraná. Os catarinenses se baseavam em documentos judiciários e militares do período colonial. Já os paranaenses argumentavam usando o princípio do uti possidetis, já que foram os paulistas que haviam estabelecido as primeiras fazendas e os primeiros núcleos urbanos e como o Paraná foi desmembrado de São Paulo, herdariam essa área.
No início da República os catarinenses ingressaram com uma ação no Supremo Tribunal Federal e, em 1904, conseguiram uma sentença favorável aos limites pleiteados junto ao Estado do Paraná. Os paranaenses entraram com recursos e embargos, mas nos anos de 1909 e 1910 Santa Catarina teve sua sentença favorável confirmada pelo STF. Apesar da vitória na justiça, o governo paranaense não se submeteu ao resultado, arguindo a inconstitucionalidade da decisão e colocando todo o peso político do Estado para evitar a execução da sentença. Permanecia o impasse sobre a jurisdição sobre os territórios contestados.
Em 1916, após o fim da guerra do Contestado, os Estados de Santa Catarina e Paraná assinaram um acordo de limites sob a direção do Presidente Wenceslau Brás.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: O monge João Maria foi o responsável por organizar e treinar, militarmente, jagunços da região para lutar contra a tirania dos coronéis locais, e restaurar o regime monárquico no Planalto Catarinense.
O monge João Maria morreu antes dos combates da Guerra do Contestado. Para alguns historiadores, José Maria, liderança religiosa que sucedeu João Maria, havia sido o responsável por organizar e treinar os habitantes da região, formando uma espécie de milícia para a defesa da área habitada pelos camponeses.
Letra B: Apesar do cunho contestatório, a simpatia para com a República é uma característica continuamente presente no movimento do Contestado.
Segundo Paulo Pinheiro Machado, o regime vigente no Contestado era a Monarquia Celeste, cujo Rei, José Maria, havia “se passado” para o lado do “exército encantado de São Sebastião”. Desta maneira, não se tratava de um monarquismo político-institucional, não defendiam o retorno dos Bragança ao trono no Brasil, era uma espécie de Monarquia sem Rei, que abria o caminho à ascensão de diversas lideranças populares.
Letra C: No final do século XIX, apoiado oficialmente pela Igreja Católica, Antônio Conselheiro liderou sertanejos do interior da Bahia em um movimento pela defesa do retorno da Monarquia e pela pacificação dos conflitos no sertão nordestino.
Essa alternativa fala de Canudos e não do Contestado.
Letra E: A Guerra do Contestado pode ser explicada pelo messianismo, com a liderança de “monges” e “virgens”, que transformou sertanejos comuns em fanáticos dispostos a matar e morrer pelas crenças religiosas.
Essa era uma visão que explicava as causas da Guerra do Contestado e que foi revista pela historiografia nas décadas de 1980 e 1990. Hoje destacam-se como razões do conflito a luta pela terra, a resistência ao Coronelismo e a reação ao deslocamento compulsório de populações nacionais pela construção de uma linha férrea
Referência:
MACHADO, Paulo Pinheiro. A aventura cabocla do Contestado: o conflito e seu desfecho. Disponível em: http://querepublicaeessa.an.gov.br/temas/97-tema-contestado.html. Acesso: 27 jul. 2020.
187) Há uma história do tenentismo antes e depois de 1930. Os dois períodos dividem-se por uma diferença essencial.
- A) esteve vinculado às ideias antiliberais dos anos 1920, o que explica a defesa de uma radical legislação de proteção ao trabalho; fez forte oposição ao Governo Provisório porque discordava da postura de Vargas em protelar a volta da constitucionalidade do país.
- B) organizava-se nacionalmente e teve participação central na eleição de Washington Luís em 1926; desprestigiado pela ordem surgida com a Revolução de 1930, agrupou-se no Partido Democrático, ficando sua força política restrita aos estados mais pobres do país.
- C) propunha uma reordenação política da nação por meio de um sistema eleitoral censitário; defendeu as políticas oriundas das forças oligárquicas alijadas do poder por meio da Revolução de 1930, o que justifica o apoio às forças paulistas no movimento de 1932.
- D) rebelou-se contra o Estado oligárquico, caso da Revolução de 1924, que tinha o objetivo de derrubar Artur Bernardes; teve participação no governo, com os “tenentes” assumindo interventorias nos estados, principalmente no Nordeste.
- E) demarcava com os princípios econômicos da socialdemocracia e tinha bastante clareza ideológica; participava ativamente da política até a instauração do Estado Novo e defendia que o Estado não deveria interferir na atividade econômica.
A alternativa correta é letra D) rebelou-se contra o Estado oligárquico, caso da Revolução de 1924, que tinha o objetivo de derrubar Artur Bernardes; teve participação no governo, com os “tenentes” assumindo interventorias nos estados, principalmente no Nordeste.
Gabarito: ALTERNATIVA D
Há uma história do tenentismo antes e depois de 1930. Os dois períodos dividem-se por uma diferença essencial.
(Boris Fausto. História do Brasil. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo/Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 2000)
- O tenentismo, antes e depois de 1930, respectivamente,
O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira. Assim, observemos as alternativas propostas.
- a) esteve vinculado às ideias antiliberais dos anos 1920, o que explica a defesa de uma radical legislação de proteção ao trabalho; fez forte oposição ao Governo Provisório porque discordava da postura de Vargas em protelar a volta da constitucionalidade do país.
É incorreto dizer que o tenentismo na década de 1920 fosse antiliberal. Em primeiro lugar, não havia uma expressão unificada desses movimentos, mas sim alguns elementos em comum: todos defendiam uma retomada dos princípios positivistas para guiar a vida republicana e uma modernização geral do país. Ao mesmo tempo em que havia, sim, aqueles que defendiam a transformação pela via autoritária, não se pode desconsiderar que muitos daqueles defendiam uma democracia séria com uma cidadania robusta. Quanto ao Governo Provisório (1930-1934), há de se entender que o próprio Vargas e a Revolução de 1930 são parte desse tenentismo, mas não podem ser tomados como o seu todo. As expressões mais alinhadas com o programa autoritário acabariam, sim, compondo forças com Vargas, ao passo que os liberais se distanciariam e formariam certa oposição frente à postura reticente sobre o restabalecimento da ordem constitucional. Alternativa errada.
- b) organizava-se nacionalmente e teve participação central na eleição de Washington Luís em 1926; desprestigiado pela ordem surgida com a Revolução de 1930, agrupou-se no Partido Democrático, ficando sua força política restrita aos estados mais pobres do país.
A alternativa é completamente despropositada. Washington Luís seria eleito em 1926 pelo Partido Republicano Paulista (PRP), que representava o centro do teatro das oligarquias - ou seja, era o símbolo maior do atraso e da traição aos princípios republicanos na ótica dos tenentistas. A expressão política tenentista seria organizada em torno da Aliança Liberal de 1930, sob a figura de Getúlio Vargas e com certo apoio das oligarquias dissidentes pelo país. Mas não se pode identificar o apoio à AL aos estados mais pobres do país. Alternativa errada.
- c) propunha uma reordenação política da nação por meio de um sistema eleitoral censitário; defendeu as políticas oriundas das forças oligárquicas alijadas do poder por meio da Revolução de 1930, o que justifica o apoio às forças paulistas no movimento de 1932.
Novamente, o avaliador equipara os interesses dos tenentistas com os seus maiores adversários: as oligarquias dominantes da Primeira República. O modelo republicano defendido pressupunha o fim dos cortes censitários de votação, respeitando os princípios fundamentais da cidadania e dos direitos individuais. Além disso, era a base do tenentismo alijar aquelas elites do poder, não fazendo sentido se falar numa luta para restabelecê-las. Alternativa errada.
- d) rebelou-se contra o Estado oligárquico, caso da Revolução de 1924, que tinha o objetivo de derrubar Artur Bernardes; teve participação no governo, com os “tenentes” assumindo interventorias nos estados, principalmente no Nordeste.
Com os levantes armados de São Paulo (Revolta Paulista de 1924) e do Rio de Janeiro (Revolta dos 18 do Forte de 1922), o tenentismo, ainda que não tenha ameaçado de fato o governo central no campo de batalha, marcou uma posição importante na vida brasileira e abriu um ciclo de revoltas que marcaria a década de 1920. Entre 1925 e 1927, a Coluna Miguel Costa-Prestes percorreria todo o país sob esse horizonte positivista e com a vontade de superação do atraso estrutural brasileiro que era mantido pela República Velha. Desse caldo de cultura, Getúlio Vargas - claro herdeiro do positivismo gaúcho - disputaria as eleições presidenciais de 1930 com grandes chances de vitória após a cisão entre as oligarquias mineira e paulista. Sua candidatura contava com o apoio de elites descontentes com o governo central e dos dissidentes mineiros, que romperam com os paulistas após estes romperem os acordos de sucessão presidencial. O movimento de 1930 marcou a chegada do tenentismo/positivismo ao poder sob um acordo com algumas elites, de forma que o projeto de ruptura de estruturas e de modernização do país passaria por alguma instância de negociação com esses poderes estaduais. Paralelamente, uma outra versão desse tenentismo entendia que apenas uma ruptura total com as oligarquias poderia levar à verdadeira superação das mazelas brasileiras e acabou por, já na década de 1930, aproximar-se do comunismo sob a liderança de Luís Carlos Prestes. Essa nova identidade ideológica não se verificava nas manifestações originais do tenentismo, mas ganhou certa expressão entre os positivistas descontentes com Vargas e com as composições conservadoras do novo desenvolvimentismo e entrou em rota de colisão frontal com o governo resultante do movimento de 1930. Ou seja, ainda que houvesse uma cisão dentro do tenentismo, não se pode esquecer que vários dos seus maiores entusiastas tiveram destacada atuação na Era Vargas (1930-1945). Amparado na justificativa da instabilidade decorrente dos movimentos tenentistas Artur Bernardes governou o país sob estado de sítio em praticamente todo o seu mandato (1922-1926). Além da excepcionalidade legal, Bernardes foi responsável pela ampliação de várias medidas de repressão e de perseguição contra opositores, o que agravou enormemente a crise em torno da sua presidência. ALTERNATIVA CORRETA.
- e) demarcava com os princípios econômicos da socialdemocracia e tinha bastante clareza ideológica; participava ativamente da política até a instauração do Estado Novo e defendia que o Estado não deveria interferir na atividade econômica.
A alternativa é um contrassenso em seus próprios termos: o Estado Novo tinha inspirações totalitárias, o que o levava a intervir na vida econômica com certa frequência. Além disso, como exposto acima, o tenentismo nunca teve clareza ideológica, ainda que se possa identificá-lo com a luta contra o domínio oligárquico na Primeira República. Por fim, a socialdemocracia jamais figurou nas defesas de nenhum movimento tenentista, que não tinham propriamente uma compreensão sofisticada da economia. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.
188) Esta charge histórica, que estampou as páginas da revista O Malho, em 1904, simboliza um evento importante na história do Brasil. Observe:
- A) A Revolta da Chibata, momento em que muitos exescravizados se reuniram para punir casos de escravização que permaneciam no país, mesmo após a abolição da escravatura assinada algumas décadas antes, elegendo a Princesa Isabel como símbolo permanente de luta.
- B) A Rebelião Fluminense, um grande motim popular que exigia melhores condições de habitação em um Rio de Janeiro em vias de modernização urbana.
- C) A Revolta da Cabanagem, quando se juntaram grupos indígenas e grupos de ex-escravizados para buscar vingança contra os atos nefastos de brancos portugueses, recuperando a liderança de Zumbi dos Palmares e Jaguaranho.
- D) A Revolta da Vacina, quando a população se recusou a tomar a vacina contra varíola e enfrentou o aparelho repressivo do estado, vindo a posteriormente impor-se sobre a população revoltosa, consagrando o médico sanitarista Oswaldo Cruz.
Assinale a alternativa que melhor endossa a qual evento a charge se refere, a qual causa ele está relacionado e qual sua principal consequência, respectivamente:
- A) A Revolta da Chibata, momento em que muitos ex-escravizados se reuniram para punir casos de escravização que permaneciam no país, mesmo após a abolição da escravatura assinada algumas décadas antes, elegendo a Princesa Isabel como símbolo permanente de luta.
- B) A Rebelião Fluminense, um grande motim popular que exigia melhores condições de habitação em um Rio de Janeiro em vias de modernização urbana.
- C) A Revolta da Cabanagem, quando se juntaram grupos indígenas e grupos de ex-escravizados para buscar vingança contra os atos nefastos de brancos portugueses, recuperando a liderança de Zumbi dos Palmares e Jaguaranho.
- D) A Revolta da Vacina, quando a população se recusou a tomar a vacina contra varíola e enfrentou o aparelho repressivo do estado, vindo a posteriormente impor-se sobre a população revoltosa, consagrando o médico sanitarista Oswaldo Cruz.
A alternativa correta é letra D) A Revolta da Vacina, quando a população se recusou a tomar a vacina contra varíola e enfrentou o aparelho repressivo do estado, vindo a posteriormente impor-se sobre a população revoltosa, consagrando o médico sanitarista Oswaldo Cruz.
A Revolta da Vacina ocorreu em 1904, no Rio de Janeiro, e foi resultado da insatisfação popular com a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola implementada pelo governo de Rodrigues Alves, sob a direção do médico sanitarista Oswaldo Cruz. A campanha foi mal comunicada e executada de forma autoritária, gerando revolta entre a população, que temia os efeitos da vacina e se ressentia das invasões domiciliares realizadas pelas autoridades sanitárias. A revolta resultou em intensos confrontos e, após ser sufocada, consolidou a figura de Oswaldo Cruz como um importante nome da saúde pública no Brasil.
189) O tenentismo veio preencher um espaço: o vazio deixado pela falta de lideranças civis aptas a conduzirem o processo revolucionário brasileiro que começava a sacudir as já caducas instituições políticas da República Velha. Os “tenentes” substituíram os inexistentes partidos políticos de oposição aos governos de Epitácio Pessoa e de Artur Bernardes.
- A) unificar as Forças Armadas pelo comando do Exército nacional.
- B) combater a corrupção eleitoral perpetrada pelas oligarquias regionais.
- C) restaurar a segurança das fronteiras negligenciadas pelo governo central.
- D) organizar as frentes camponesas envolvidas na luta pela reforma agrária.
- E) pacificar os movimentos operários radicalizados pelo anarco-sindicalismo.
A alternativa correta é letra B) combater a corrupção eleitoral perpetrada pelas oligarquias regionais.
Gabarito: LETRA B
O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira. Ou seja, na visão daqueles movimentos, era necessário implodir as estruturas oligárquicas e reforçar uma noção de cidadania republicana. Com os levantes armados de São Paulo (Revolta Paulista de 1924) e do Rio de Janeiro (Revolta dos 18 do Forte de 1922), o tenentismo, ainda que não tenha ameaçado de fato o governo central no campo de batalha, marcou uma posição importante na vida brasileira e abriu um ciclo de revoltas que marcaria a década de 1920. Entre 1925 e 1927, a Coluna Miguel Costa-Prestes percorreria todo o país sob esse horizonte positivista e com a vontade de superação do atraso estrutural brasileiro que era mantido pela República Velha. Desse caldo de cultura, Getúlio Vargas - claro herdeiro do positivismo gaúcho - disputaria as eleições presidenciais de 1930 com grandes chances de vitória após a cisão entre as oligarquias mineira e paulista. Sua candidatura contava com o apoio de elites descontentes com o governo central e dos dissidentes mineiros, que romperam com os paulistas após estes romperem os acordos de sucessão presidencial. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) unificar as Forças Armadas pelo comando do Exército nacional.
b) combater a corrupção eleitoral perpetrada pelas oligarquias regionais.
c) restaurar a segurança das fronteiras negligenciadas pelo governo central.
d) organizar as frentes camponesas envolvidas na luta pela reforma agrária.
e) pacificar os movimentos operários radicalizados pelo anarco-sindicalismo.
Portanto, a única alternativa que reflete qualquer elemento do tenentismo é a ALTERNATIVA B.
190) Chamando o repórter de “cidadão”, em 1904, o preto acapoeirado justificava a revolta: era para “não andarem dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando é bom a negrada mostrar que sabe morrer como homem!”. Para ele, a vacinação em si não era importante — embora não admitisse de modo algum deixar os homens da higiene meter o tal ferro em suas virilhas. O mais importante era “mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”.
- A) agitação incentivada pelos médicos.
- B) atitude de resistência dos populares.
- C) estratégia elaborada pelos operários.
- D) tática de sobrevivência dos imigrantes.
- E) ação de insurgência dos comerciantes.
A alternativa correta é letra B) atitude de resistência dos populares.
Gabarito: LETRA B
CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado).
Ocorrida entre 10 e 15 de novembro de 1904 (durante o governo Rodrigues Alves), a Revolta da Vacina ocorreu no Rio de Janeiro e teve como seu estopim a imposição da vacinação obrigatória contra varíola para toda a população da cidade. Tratava-se de uma política geral de urbanização e higienização da cidade, num contexto de reformas sanitaristas para o desenvolvimento urbano adequado. Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. No entanto, ao fundo de todas essas medidas, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) agitação incentivada pelos médicos.
b) atitude de resistência dos populares.
c) estratégia elaborada pelos operários.
d) tática de sobrevivência dos imigrantes.
e) ação de insurgência dos comerciantes.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.