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Questões Sobre Primeira República - História - concurso

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11) No Brasil, na década de 1890, eclodiu um movimento social no campo que se tornou conhecido por Revolta de Canudos. Considere as afirmações associadas a essa Revolta.

  • A) I e II.
  • B) I e III.
  • C) II e III.
  • D) II e IV.
  • E) III e IV.

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A alternativa correta é letra B) I e III.

Gabarito: Letra B


De acordo com Walnice Galvão dois grupos se opuseram ao crescimento do Arraial de Canudos: proprietários de terras e a Igreja Católica.


O primeiro grupo porque perdia mão de obra, uma vez que boa parte dos trabalhadores empregados em suas fazendas fugiam ou migravam para o Arraial de Canudos. Além do mais, os fazendeiros temiam que suas propriedades viessem a ser invadidas pelos canudistas devido ao seu grande contingente de moradores.


Em relação à Igreja, alguns sacerdotes até chegaram a apoiar Antônio Conselheiro sobretudo porque ele conseguia fazer com que os habitantes do Arraial trabalhassem na construção de igrejas e cemitérios em um momento em que a igreja não tinha recursos para tal. Porém, boa parte do clero sertanejo era contrária à presença do Conselheiro e dos canudistas, pois o beato era visto como um importante líder religioso pelos habitantes do Sertão, mais até do que os padres.


A Igreja temia que Antônio Conselheiro pudesse fundar uma nova ordem na região que rivalizasse com o catolicismo e assim atraísse mais fiéis para o Arraial e habitações vizinhas.


As assertivas II e IV estão incorretas, pois embora alguns proprietários defendessem o Conselheiro, os mais poderosos “queriam a sua cabeça” pelo receio de perderem mais mão de obra, e consequentemente, eleitores, e também pelo medo de terem as suas propriedades invadidas. Os fazendeiros não forneciam abrigos aos habitantes durante a Guerra de Canudos para que pudessem combater as tropas militares. Pelo contrário, solicitaram intervenção do governo federal republicano para pôr fim ao Arraial que estava incomodando seus negócios.


Os combatentes canudenses moravam no Arraial e lutaram pelo Arraial, vendo suas habitações serem destruídas pelo exército republicano.

 

Resposta baseada na fonte:
GALVÃO, Walnice Nogueira. O Império de Belo Monte: vida e morte de Canudos. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, 2001.

 

12) Sobre a Revolta de Canudos, assinale a alternativa INCORRETA.

  • A) O seu principal líder foi Antônio Conselheiro.
  • B) Os sertanejos de Canudos lutavam contra a injustiça e a miséria, que afetavam o povo sertanejo.
  • C) Caracterizou-se como um movimento de caráter messiânico.
  • D) A Guerra de Canudos foi tema do livro “Os Sertões”, do escritor e jornalista Euclides da Cunha.
  • E) Os revoltosos de Canudos receberam apoio incondicional do Padre Cícero.

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Resposta

A alternativa correta é letra E) Os revoltosos de Canudos receberam apoio incondicional do Padre Cícero.

Explicação

O Padre Cícero Romão Batista era um sacerdote católico que exercia grande influência sobre os sertanejos de Canudos. Embora tenha sido um aliado de Antônio Conselheiro, o líder da Revolta de Canudos, não é correto afirmar que os revoltosos receberam apoio incondicional do Padre Cícero. O Padre Cícero tentou mediar o conflito entre os sertanejos e o governo, mas não apoiou explicitamente a revolta.

As outras alternativas estão corretas:

  • A) Antônio Conselheiro foi o principal líder da Revolta de Canudos.
  • B) Os sertanejos de Canudos lutavam contra a injustiça e a miséria que afetavam o povo sertanejo.
  • C) A Revolta de Canudos caracterizou-se como um movimento de caráter messiânico, pois Antônio Conselheiro acreditava ser um messias que iria salvar o povo.
  • D) A Guerra de Canudos foi tema do livro "Os Sertões", do escritor e jornalista Euclides da Cunha.

13) Sobre o tenentismo, considere as seguintes proposições:

  • A) somente I, II e III.

  • B) somente I, III e IV.

  • C) somente II, III e IV.

  • D) somente III e IV.

  • E) I, II, III e IV.

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Alternativa correta: letra E) I, II, III e IV.

Explicação: Todas as proposições estão corretas. O tenentismo foi um movimento político-militar liderado por jovens oficiais das forças armadas, principalmente tenentes, que buscavam conquistar o poder pela luta armada e promover reformas na Primeira República. Suas propostas contavam com a simpatia de grande parte das classes médias urbanas, de produtores rurais não ligados ao grupo dominante e alguns empresários da indústria. Além disso, o tenentismo pregava a moralização da política, a adoção do voto secreto, o fortalecimento do poder da República sobre os poderes estaduais e tinha um projeto nacionalista. No entanto, o movimento não defendia a igualdade social, o que mostra que não tinha um caráter democrático nesse aspecto.

14) A Revolta da Chibata foi

  • A) “Levante da marinha, liderado pelo marujo João Cândido, contra a penalização com castigos corporais aos marinheiros que cometiam indisciplinas”.

  • B) “A mais violenta rebelião messiânica ocorrida no sertão da Bahia, durante a República Velha”.

  • C) “Revolta popular, ocorrida na Província do Maranhão, que envolveu um grande número de sertanejos”.

  • D) “Conflito ocorrido no Juazeiro do Norte (CE), que revelava a miséria dos sertanejos liderados por Padre Cícero”.

  • E) “Movimento Milenarista contrário à união entre o Estado e a Igreja, que condenava a parcela da sociedade possuída pela maldade”.

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A resposta correta é a letra A) "Levante da marinha, liderado pelo marujo João Cândido, contra a penalização com castigos corporais aos marinheiros que cometiam indisciplinas".

A Revolta da Chibata foi um movimento de protesto ocorrido em 1910, liderado pelo marujo João Cândido, que se opunha à prática de castigos corporais, como chicotadas, aplicados aos marinheiros que cometiam indisciplinas. Essa prática era comum na Marinha Brasileira na época e foi considerada humilhante e desumana pelos marinheiros.

A revolta começou em 22 de novembro de 1910, quando João Cândido e outros marinheiros se amotinaram contra os oficiais que aplicavam esses castigos. O movimento rapidamente se espalhou por outros navios e bases navais, e o governo foi forçado a intervir para restabelecer a ordem.

A Revolta da Chibata foi um importante marco na luta contra a opressão e a violência na Marinha Brasileira, e contribuiu para a abolição dos castigos corporais na instituição.

15) Um livro fundamental para analisar as contradições presentes nos primeiros anos da República é Os Sertões, publicado em 1902 por Euclides da Cunha, obra primordial para o conhecimento do Brasil. Assinale a alternativa que identifica o episódio da História que é apresentado no livro.

  • A) Guerra de Canudos .

  • B) Revolta da Chibata.

  • C) Revolta da Vacina.

  • D) Guerra do Contestado.

  • E) Revolta dos Tenentes .

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A alternativa correta é letra A) Guerra de Canudos .

Gabarito: ALTERNATIVA A

  
  • Um livro fundamental para analisar as contradições presentes nos primeiros anos da República é Os Sertões, publicado em 1902 por Euclides da Cunha, obra primordial para o conhecimento do Brasil. Assinale a alternativa que identifica o episódio da História que é apresentado no livro.

Euclides da Cunha foi o enviado do jornal "O Estado de S. Paulo" para cobrir a Guerra de Canudos, que se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semi-árido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população.

 

Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular.

 

"Os Sertões", além de uma importantíssima obra da literatura brasileira, converteu-se num dos maiores documentos sobre o as quatro expedições militares que se abateram sobre Canudos até a sua destruição completa. Entre o cientificismo típico do período e reflexões argutas sobre os acontecimentos, Euclides da Cunha elaborou um dos livros mais importantes já escritos no Brasil, saudado tanto como arte quanto como registro de uma realidade brasileira invisível para os principais centros urbanos naquele início do século XX.

 

a)  Guerra de Canudos.

  • b)  Revolta da Chibata.

Ocorrida em 1910, tratou-se de um motim naval liderado pelo marinheiro João Cândido. Tomando de assalto uma embarcação, os revoltosos expunham o racismo estrutural da Marinha do Brasil, que mantinha os castigos físicos como instrumento de disciplina, o que dava vazão a um profundo racismo dentro do serviço naval. Alternativa errada.

 
  • c)  Revolta da Vacina.

Motim popular ocorrido no Rio de Janeiro em 1904. Em meio às grandes reformas urbanísticas e sanitárias da capital federal naquele início do século, governo decretara a obrigatoriedade da vacina contra a varíola sem antes organizar nenhuma forma de conscientização e de abordagem de saúde pública. As violações contra a individualidade e o sistemático desrespeito contra as classes mais baixas geraram uma gravíssima tensão na cidade, que foi traduzida num levante generalizado e desorganizado da população. Alternativa errada.

 
  • d)  Guerra do Contestado.

Ocorrida na faixa oeste entre Santa Catarina e Paraná, a Guerra do Contestado unia a profunda insatisfação de pequenos proprietários contra violações à propriedade durante obras de expansão da malha ferroviária na região com um profundo sentimento religioso de ordem messiânica. Interpretando aquelas formas de progresso e de desenvolvimento levadas pelos governos feral e estaduais como manifestações do mal, essas populações arrastaram uma guerra civil na região entre 1912 e 1916. Alternativa errada.

 
  • e)  Revolta dos Tenentes.

O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira. Alternativa errada.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.

16) Leia o texto abaixo para responder a questão.

  • A) o Arraial de Canudos significou tranqüilidade para os fazendeiros por agrupar os trabalhadores para depois distribuí-los nas fazendas da região. Por isso, os coronéis disputavam o apoio do beato Antonio Conselheiro.

  • B) o Arraial de Canudos vivia isolado de outros lugarejos do sertão, sem manter relações comerciais ou políticas, porque sua orientação religiosa era o catolicismo romano, que apoiava as práticas religiosas populares independentes.

  • C) as primeiras expedições das forças republicanas encarregadas de lutar contra Canudos sofreram derrotas humilhantes, pois, entre outras razões, desconheciam a topografia do sertão, ou seja, não conheciam a região e sua natureza.

  • D) Canudos era organizado e suas atividades cotidianas eram bem planejadas, era realmente um arraial ordeiro, sem violência. Antonio Conselheiro pregava a moral republicana, aceitando o casamento civil e a laicização dos cemitérios.

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A alternativa correta é letra C) as primeiras expedições das forças republicanas encarregadas de lutar contra Canudos sofreram derrotas humilhantes, pois, entre outras razões, desconheciam a topografia do sertão, ou seja, não conheciam a região e sua natureza.

Gabarito: Letra C

 

O Arraial de Canudos se instalou no sertão baiano a partir de 1893 e Antônio Conselheiro e os canudenses passaram a tirar o sossego de alguns políticos, fazendeiros e clérigos locais. 

 

Até 1896 só havia receio sobre a instalação do povoado na região. A escalada do conflito começa com um incidente que mudaria os relacionamentos, pois comerciantes de Juazeiro, que já comercializavam com os canudenses, desistiram de entregar um carregamento de madeira que havia sido solicitado para a construção de uma nova igreja no arraial.

 

O governador baiano Luís Viana aproveitou o acontecimento para enviar uma expedição que foi derrotada.

 

Uma segunda expedição militar foi enviada novamente pelo governador, mas também foi derrotada.

 

Ambas expedições foram derrotadas por não conhecerem o território em que estavam lutando, pelo erro de estratégia de condução das tropas, pelos desentendimentos entre o governador e o general comandante das tropas.

 

Foram necessárias mais duas expedições, sendo a última, a responsável por arrasar o povoado de Canudos.

 

Por que as demais estão incorretas?


Letra A: O Arraial de Canudos significou para alguns fazendeiros uma ameaça, pois atraía muitos trabalhadores para o povoado, já que fugiam das condições de exploração nas propriedades do sertão. Enquanto alguns coronéis fizeram alianças com o Conselheiro, outros desejavam que ele fosse derrotado para recuperar a paz no sertão.


Letra B: O Arraial possuía relações comerciais e políticas com outras vilas e povoados sertanejos. Por exemplo, antes do episódio de 1896, fazia comércio com Juazeiro. Além do mais, os trabalhadores do Arraial eram conhecidos por repararem ou construírem igrejas e cemitérios em vilas vizinhas ao povoado.


Letra D: Antônio Conselheiro não aceitava as leis republicanas, sendo contrário, por exemplo ao casamento civil. No entender do Conselheiro, o casamento deixou de ser algo sagrado para se tornar um mero contrato.

 

Resposta baseada na fonte:

 

GALVÃO, Walnice Nogueira. O Império do Belo Monte: vida e morte de Canudos. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001.

17) Leia o texto abaixo para responder a questão.

  • A) uma de suas características eram as relações de compadrio, clientelismo e troca de favores entre os coronéis e seus afilhados, compadres, simpatizantes e aliados políticos, pois, quanto mais pessoas sob a sua influência, maior o seu poder político. Por isso, os dois coronéis disputavam o apoio de Antonio Conselheiro.

  • B) os coronéis, geralmente, eram modestos proprietários de terras com pouca influência na política local e na máquina administrativa dos municípios, o que os levava a disputar entre si o apoio de pessoas com prestígio, como o beato Antonio Conselheiro.

  • C) os coronéis procuravam manter uma relação de rivalidade com o governo estadual, por isso o coronel baiano José Gonçalves fazia oposição ao governador da Bahia, eleito pelo voto secreto, com o apoio de Antonio Conselheiro.

  • D) foi um fenômeno restrito às cidades, onde os políticos mais influentes disputavam o apoio político de pessoas que tinham a simpatia do povo; por isso o governador da Bahia protegia o pregador Antonio Conselheiro.

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A alternativa correta é letra A) uma de suas características eram as relações de compadrio, clientelismo e troca de favores entre os coronéis e seus afilhados, compadres, simpatizantes e aliados políticos, pois, quanto mais pessoas sob a sua influência, maior o seu poder político. Por isso, os dois coronéis disputavam o apoio de Antonio Conselheiro.

Gabarito: Letra A

 

A letra A seria a menos incorreta, pois não entendo que havia uma disputa por apoio do Arraial de Canudos. 

 

Embora existisse uma rivalidade entre duas oligarquias no sertão baiano, formada pelos vianistas e pelos gonçalvistas, a presença de Canudos incitava uma guerra de acusações entre os dois grupos, com trocas de denúncias e notícias dizendo que ora Luís Viana dava apoio ao Conselheiro, ora era José Gonçalves que protegia os canudenses.

 

O que a Guerra de Canudos permite revelar é a organização coronelista no sertão, isso porque nessa guerra de informações, havia uma disputa entre os membros dessas oligarquias pelos cargos na administração estadual e municipal. E para permanecer ou derrubar alguém no cargo, acusavam-se de serem apoiadores do Conselheiro. 

 

Poderia ser anulada?

 

Difícil dizer, pois precisaríamos ver se há alguma coisa da letra A mencionada na referência bibiliográfica trazida pela banca. Eu usei outra bibliografia que não diz nada sobre o apoio dessas oligarquias ao Conselheiro. 

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra B: Os coronéis eram grandes proprietários de terras com muita influência política local e municipal. Para exemplificarmos, um dos principais coronéis da região, chamado de barão do Jeremoabo tinha mais de 60 propriedades vizinhas ao Arraial e era um dos que desejava o fim do povoado.

 

Letra C: O governador não foi eleito por voto secreto, pois as eleições eram abertas na Primeira República, ou seja, o voto não era secreto.

 

Letra D: O coronelismo era menor nas cidades e muito mais presente nas relações rurais.

 

Resposta baseada na fonte:

 

GALVÃO, Walnice Nogueira. O Império do Belo Monte: vida e morte de Canudos. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001.

18) Foram revoltas ocorridas no Brasil durante a República Velha e que tiveram sua origem em movimentos sociais de cunho religioso:

  • A) Revolta de Canudos e a Guerra do Contestado

  • B) Revolta de Canudos e Revolução Federalista

  • C) Guerra do Contestado e Revolta da Chibata

  • D) Revolução Federalista e Revolta da Vacina

  • E) Revolta da Chibata e Revolta de Canudos.

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A alternativa correta é letra A) Revolta de Canudos e a Guerra do Contestado

Gabarito: ALTERNATIVA A

   

  • a)  Revolta de Canudos e a Guerra do Contestado

O arraial de Canudos foi erguido sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro no sertão da Bahia. Com causas difusas e certas acusações gerais contra a república, Conselheiro atraía multidões de sertanejos desvalidos, que acabaram formando um maciço arraial em torno da igreja de Conselheiro. O poder central via nisso uma explosiva configuração de resistência popular ao poder republicano e ordenou a destruição do arraial, que demandou o envio de quatro expedições do Exército para Canudos entre 1896 e 1897. A Guerra do Contestado (1912-1916) se desenrolou no interior dos estados de Santa Catarina e do Paraná durante os governos de Hermes da Fonseca e de Venceslau Brás. Deflagrada pelo processo de desalojamento de grande número de famílias camponesas resultante da construção de uma estrada de ferro entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, a Guerra do Contestado tinha claro recorte messiânico. Sob a liderança do monge José Maria, essas famílias se organizaram sob um poderoso aparato religioso contra a República, identificando na nova forma de governo a raiz de todas as suas mazelas. A região do Oeste catarinense e paranaense vinha se transformando rapidamente com a expansão ferroviária e a instalação de madeireiras, alterando profundamente a vida daqueles camponeses. Ainda que não houvesse uma motivação política claramente organizada, todas as insatisfações se voltaram contra o símbolo da República. Seriam, no entanto, duramente reprimidos pelas forças legalistas, resultando em pesadas baixas civis e na vitória do poder central contra os revoltosos. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • b)  Revolta de Canudos e Revolução Federalista

A Revolução Federalista foi uma guerra civil originada no Rio Grande do Sul que se irradiou por Santa Catarina e Paraná entre 1893 e 1895. Na oportunidade, havia uma grave cisão política dentro do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) por conta da crise de liderança do positivista Júlio de Castilhos, até aquele momento o principal nome republicano do estado. Castilhos se manteve fiel a Deodoro da Fonseca e a Floriano Peixoto mesmo com as claras sinalizações de ambos os presidentes na direção de um regime de corte autoritário. O fechamento do Parlamento em 1892 e a Revolta da Armada aprofundaram decisivamente as divisões internas do PRR, enfraquecendo decisivamente a posição de Castilhos e fazendo surgir o Partido Republicano Federal sob a liderança de Gaspar Silveira Martins. O PRF entendia que era necessária uma reforma institucional para corrigir alguns vícios da República, que, na sua visão, havia se distanciado de suas bases positivistas. Para esses federalistas (que compunham desde velhos monarquistas até republicanos desiludidos), era necessário se instituir um parlamentarismo e forçar uma reforma geral das Constituições estaduais em favor do fortalecimento da União federal. Alternativa errada.

 
  • c)  Guerra do Contestado e Revolta da Chibata

A Revolta dos Marinheiros de 1910 (também conhecida como Revolta da Chibata) foi um levante de quatro dias ocorrido em novembro daquele ano sob a liderança de João Cândido. Naquele momento, a Marinha estava sendo modernizada ao mesmo tempo em que mantinha práticas de disciplina e de controle sobre os subalternos bastante atrasadas. Na prática, isso implicava em restringir a participação negra aos postos mais baixos da hierarquia ao mesmo tempo em que essa mesma hierarquia permitia que os oficiais (praticamente todos brancos) pudessem usar de castigos físicos contra os subalternos mesmo para transgressões leves. O plano dos amotinados foi assumir o controle dos dois modernos couraçados recém-adquiridos pela Marinha além de algumas outras embarcações centrais para o funcionamento da Força. Com os marinheiros no controle dos navios sem a possibilidade de resposta violenta livre grandes prejuízos para o Estado, o governo foi forçado a negociar e o Parlamento agiu para aprovar leis que flexibilizassem as relações entre os marinheiros negros e a Marinha e que proibiam o açoite como medida disciplinar. Ainda que os revoltosos tenham sido anistiados num primeiro momento, acabaram sendo perseguidos e expulsos da carreira militar nos meses seguintes. Alternativa errada.

 
  • d)  Revolução Federalista e Revolta da Vacina.

Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. No entanto, ao fundo de todas essas medidas, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias. Alternativa errada.

 
  • e)  Revolta da Chibata e Revolta de Canudos.

Como já explicado, a Revolta da Chibata não tinha nenhuma característica religiosa. Alternativa errada.

   

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.

19) Considere as seguintes afirmações a respeito de movimentos ocorridos no nordeste do Brasil, nas três primeiras décadas do século XX.

  • A) As afirmações constantes dos itens I, II e III estão CORRETAS.
  • B) Apenas a afirmação constante do item I está CORRETA.
  • C) Apenas as afirmações constantes dos itens I e II estão CORRETAS.
  • D) Apenas as afirmações constantes dos itens I e III estão CORRETAS.
  • E) Apenas as afirmações constantes dos itens II e III estão CORRETAS.

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A alternativa correta é letra A) As afirmações constantes dos itens I, II e III estão CORRETAS.

Gabarito: ALTERNATIVA A

    A Guerra de Canudos se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semi-árido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população.

    Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular. Assim, observemos as afirmativas propostas.

      A Guerra de Canudos se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semi-árido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população. Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular. Assim, observemos as afirmativas propostas. É um pouco complicado resumir o argumento de Euclides da Cunha, que narrou a Guerra de Canudos (1896-1897) em seu clássico Os Sertões. De fato, o autor entendia o arraial de Canudos como uma síntese do mundo sertanejo, aquele Brasil em plena dependência dos fatores naturais e distante da racionalidade moderna, antes concentrado nos discursos míticos de um líder messiânico. O choque com as forças regulares, nesse sentido, também simbolizava o atrito com o Brasil que se abria para a modernização nos termos do republicanismo positivista recém instalada. Aquela intervenção das armas não suportava o discurso repleto de ideias transcendentais e aguerrido pelo pertencimento religioso, uma vez que se baseava nos princípios racionais-legais de um república. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

        Como explicado acima, a liderança de Antônio Conselheiro propunha uma direção explicativa para todas as mazelas que afligiam aqueles sertanejos: a ordem política estava errada e era necessário um auto de fé para restabelecer a ordem divina sobre a realidade. Ou seja, as respostas que eram negadas de várias formas àquelas pessoas pelo Estado e pelos poderosos eram construídas de maneira inteligível naquele universo simbólico pelo discurso messiânico. Na década de 1930, entre o sertão de Bahia, Ceará e Pernambuco, um movimento milenarista e messiânico se organizou em torno da figura do beato José Senhorinho. Com uma narrativa bastante agressiva, o beato apregoava que todos os suplícios daquela massa de desvalidos eram sinais inequívocos do fim próximo, sendo necessário o fanatismo religioso para a superação das difíceis provações. Duramente atacados pelas forças pernambucanas, os fanáticos do Movimento de Pau de Colher resistiram aos ataques de maneira muito forte, sendo massacrados. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

          Em 1914, em franco enfrentamento às oligarquias cearenses, o governo federal, sob a presidência de Hermes da Fonseca, nomeou Marcos Franco Rabelo como interventor sobre o estado. A chegada de Hermes da Fonseca à presidência em si mesma já havia sido um certo sobressalto da Política dos Governadores, em que as oligarquias, em concerto com o governo central, dispunham de ampla autonomia para dominar a estrutura estatal nos governos. Com o estabelecimento de Rabelo como interventor, as oligarquias chegaram a um consenso no interior do estado a favor de um levante para depor o novo governo estadual e afirmar a autonomia cearense. Padre Cícero Romão Batista, liderança religiosa maior, acabou por ser responsável pela articulação final do movimento, organizando os oligarcas e mobilizando as massas - principalmente a população camponesa - para uma marcha contra as forças regulares até Fortaleza. Com os revoltosos tendo tomado a capital estadual, Rabelo acabaria deposto e a oligarquia Acioly subiria o poder. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

          Assim, são verdadeiras as afirmativas I, II e III.

          a)  As afirmações constantes dos itens I, II e III estão CORRETAS. b)  Apenas a afirmação constante do item está CORRETA. c)  Apenas as afirmações constantes dos itens I e II estão CORRETAS. d)  Apenas as afirmações constantes dos itens I e III estão CORRETAS. e)  Apenas as afirmações constantes dos itens II e III estão CORRETAS.

          Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.

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          20) Antônio Conselheiro declarava em 1896 que havia rebanhos mil a correr da praia para o sertão e que o sertão viraria praia e a praia viraria sertão.

          • A) A implantação do regime republicano, em 1889, modificou de forma substantiva as condições de vida dos fazendeiros e camponeses do interior do país.
          • B) Os sentimentos de isolamento e abandono, fortes na história sertaneja, aguçaram a esperança e o desespero dos nordestinos rurais daquela quadra histórica.
          • C) A saga de Canudos, na memória nacional, representa a reação ao padecimento social gerado pela modernização conservadora que se operou nas economias rurais nordestinas no final do século XIX.
          • D) A vida política e social que levou camponeses a acompanhar Antônio Conselheiro nos sertões do Nordeste do Brasil era sustentada por níveis elevados de formação doutrinal na religião católica.

          FAZER COMENTÁRIO

          A alternativa correta é letra B) Os sentimentos de isolamento e abandono, fortes na história sertaneja, aguçaram a esperança e o desespero dos nordestinos rurais daquela quadra histórica.

          Gabarito: Letra B

          Os sentimentos de isolamento e abandono, fortes na história sertaneja, aguçaram a esperança e o desespero dos nordestinos rurais daquela quadra histórica.

           

          A vida de miséria que envolvia a população das regiões semiáridas do nordeste brasileiro, sujeita às condições da região, como as constantes secas, o declínio da produção açucareira, a prepotência dos coronéis e o abandono do poder público, levou milhares de pessoas a mudarem-se para Canudos em busca de paz e justiça em meio a fome e a seca do sertão. Canudos representava uma esperança e a busca desesperada por uma nova vida que permitisse aos sertanejos escapar da fome e da violência da região.

           

          Por que as demais estão incorretas?

           

          Letra A: A implantação do regime republicano, em 1889, modificou de forma substantiva as condições de vida dos fazendeiros e camponeses do interior do país.  

          A implantação do regime republicano, em 1889, não modificou de forma substantiva as condições de vida dos fazendeiros e camponeses do interior do país. A população nordestina do semiárido, que já vivia uma vida miserável, não tiveram qualquer benefício com a mudança do regime monárquico para o regime republicano.

          Letra C: A saga de Canudos, na memória nacional, representa a reação ao padecimento social gerado pela modernização conservadora que se operou nas economias rurais nordestinas no final do século XIX.

           

          Durante muito tempo, predominou na memória nacional uma visão sobre a saga de Canudos que relacionava os sertanejos que ali viviam apenas como fanáticos, loucos e monarquistas. Essa versão, que predominou na época, serviu para mobilizar a sociedade urbana contra a comunidade e acabou sendo reproduzida como verdade única, não considerando que a comunidade de Canudos era resultado da necessidade dos sertanejos de escapar da fome e da violência e que o messianismo foi a maneira encontrada pelos mesmos para expressar a vontade que tinham de construir uma ordem social diferente, mais igualitária.

          Letra D: A vida política e social que levou camponeses a acompanhar Antônio Conselheiro nos sertões do Nordeste do Brasil era sustentada por níveis elevados de formação doutrinal na religião católica.

           

          A vida política e social que levou camponeses a acompanhar Antônio Conselheiro nos sertões do Nordeste brasileiro não era sustentada por níveis elevados de formação doutrinal na religião católica. O modo de vida da população de Canudos era baseado no sistema comunitário com repartição das colheitas, rebanhos e outros frutos do trabalho, sendo o excedente vendido ou trocado com os povoados vizinhos; não havia cobrança de tributos e eram proibidas a prostituição e a venda de bebidas alcóolicas. Dessa forma, o povoado tinha normas próprias representando uma alternativa de sociedade para os sertanejos que fugiam da dominação dos coronéis da região. A comunidade não era vista com bons olhos por alguns membros da Igreja católica que viam em Antônio Conselheiro e seus seguidores um perigo para a instituição por desviar os fiéis da “verdadeira fé”.

           

          Referências:

           

          COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

           

          VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

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