Logo do Site - Banco de Questões

Questões Sobre Primeira República - História - concurso

Continua após a publicidade..

191) Em 1910, um motim tomou o comando dos dois principais navios de guerra da marinha brasileira, o São Paulo e o Minas Gerais. Sobre o episódio conhecido como a Revolta da Chibata, liderada por João Candido, Francisco Dias e o cabo Gregório, podemos afirmar que:

  • A) a Revolta teve motivos exclusivamente econômicos. Os baixíssimos salários recebidos pelos marinheiros, um dos mais baixos de todas as Forças Armadas, causaram a revolta e mobilizaram a opinião pública em favor dos amotinados.

  • B) foi motivada pela perseguição que os capoeiristas sofriam da cidade do Rio de Janeiro, uma vez que grande parte dos membros das famílias dos marinheiros estavam presos por se envolverem com rodas de capoeira.

  • C) os motins foram motivados por um grupo de marinheiros monarquistas que desejavam a derrubada do recém- constituído regime republicano e o retorno do modelo monárquico no Brasil.

  • D) trouxe à tona a discriminação racial e o conflito de classes no interior da Marinha: enquanto os marinheiros eram negros e provinham de classes humildes, os oficiais eram membros de famílias ricas que no passado tinham a seu serviço negros ou mestiços na condição de escravos ou libertos.

  • E) os marinheiros foram mobilizados por líderes políticos e militares que faziam ferrenha oposição ao governo do presidente Hermes da Fonseca. Este por sua vez, cortou verbas da marinha para estrangular financeiramente os seus adversários políticos.

FAZER COMENTÁRIO
$@$v=v1.13-rv2$@$

Resposta Correta: D) trouxe à tona a discriminação racial e o conflito de classes no interior da Marinha

A Revolta da Chibata, liderada por João Candido, Francisco Dias e o cabo Gregório, em 1910, foi um episódio que trouxe à tona a discriminação racial e o conflito de classes no interior da Marinha brasileira.

Os marinheiros, em sua maioria negros e provenientes de classes humildes, sofriam com a discriminação racial e social por parte dos oficiais, que eram membros de famílias ricas e tinham uma história de exploração de negros e mestiços como escravos ou libertos.

A revolta foi motivada por essa discriminação e pelo tratamento desigual que os marinheiros recebiam em comparação aos oficiais. Além disso, a chibata, um instrumento de punição física, era frequentemente usada contra os marinheiros, o que agravava a situação de opressão.

Portanto, a alternativa D) é a correta, pois a Revolta da Chibata foi motivada pela discriminação racial e o conflito de classes no interior da Marinha.

192) Sobre a Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado e as Revoltas da Vacina e da Chibata, é correto afirmar que

  • A) foram movimentos que pleiteavam a adoção do socialismo como sistema político e econômico, pondo fim ao poder de burgueses e latifundiários.
  • B) foram eventos que mostraram como as revoltas sociais no campo e na cidade eram tratadas como casos de polícia durante a República Velha.
  • C) foram movimentos organizados pelas elites agrárias para impedir que o governo republicano realizasse a divisão social da terra, o que daria origem ao seu poder.
  • D) ocorreram devido à resistência da maior parte da população às transformações ocorridas no final do império, sobretudo o fim do sistema escravista.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra B) foram eventos que mostraram como as revoltas sociais no campo e na cidade eram tratadas como casos de polícia durante a República Velha.

Gabarito: ALTERNATIVA B

 
  • Sobre a Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado e as Revoltas da Vacina e da Chibata, é correto afirmar que

A Guerra de Canudos se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semiárido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população. Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular.

 

A Guerra do Contestado (1912-1916) se desenrolou no interior dos estados de Santa Catarina e do Paraná durante os governos de Hermes da Fonseca e de Venceslau Brás. O conflito em si foi deflagrada pelo processo de desalojamento de grande número de famílias camponesas resultante da construção de uma estrada de ferro entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Sob a liderança do monge José Maria, essas famílias se organizaram sob um poderoso aparato religioso contra a República, identificando na nova forma de governo a raiz de todas as suas mazelas. A região do Oeste catarinense e paranaense vinha se transformando rapidamente com a expansão ferroviária e a instalação de madeireiras, alterando profundamente a vida daqueles camponeses. Ainda que não houvesse uma motivação política claramente organizada, todas as insatisfações se voltaram contra o símbolo da República.

 

Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. No entanto, ao fundo de todas essas medidas, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias.

 

Assim, observemos as alternativas propostas.

 
  • a)  foram movimentos que pleiteavam a adoção do socialismo como sistema político e econômico, pondo fim ao poder de burgueses e latifundiários.

Em primeiro lugar, as três revoltas acabariam derrotadas pelo poder central. Além disso, não havia nenhuma tonalidade socialista em nenhum dos movimentos. Alternativa errada.

 
  • b)  foram eventos que mostraram como as revoltas sociais no campo e na cidade eram tratadas como casos de polícia durante a República Velha.

As três revoltas foram duramente reprimidas pelas forças policiais sem qualquer margem de negociação pelo poder central da Primeira República. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • c)  foram movimentos organizados pelas elites agrárias para impedir que o governo republicano realizasse a divisão social da terra, o que daria origem ao seu poder.

Os três movimentos foram de corte popular; ou seja, não faz sentido associar as elites agrárias aos movimentos em questão. Alternativa errada.

 
  • d)  ocorreram devido à resistência da maior parte da população às transformações ocorridas no final do império, sobretudo o fim do sistema escravista.

Foram movimentos que se levantaram contra a República e suas transformações. Ou seja, não faz sentido localizá-las ainda no final do Império. Alternativa errada.

   

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

193) A Revolta da Vacina foi uma rebelião popular contra a vacina:

  • A) antitetânica, ocorrida, no Paraná, em novembro de 1804.
  • B) antipoliomielite, ocorrida, em São Paulo, em novembro de 1804.
  • C) antivaríola, ocorrida, no Rio de Janeiro, em novembro de 1904.
  • D) Nenhuma das alternativas.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) antivaríola, ocorrida, no Rio de Janeiro, em novembro de 1904.

Vamos analisar cada alternativa para identificar a correta:

 

A) antitetânica, ocorrida, no Paraná, em novembro de 1804.

INCORRETO. A Revolta da Vacina foi contra a vacinação obrigatória da varíola, e não do tétano. Além disso, ocorreu no Rio de Janeiro, não no Paraná. A data também está errada, pois a revolta ocorreu em 1904, e não em 1804. Portanto, todos os elementos dessa alternativa estão incorretos.

 

B) antipoliomielite, ocorrida, em São Paulo, em novembro de 1804.

INCORRETO. A Revolta da Vacina não foi contra a vacinação da poliomielite, mas sim da varíola. Além disso, ocorreu no Rio de Janeiro, e não em São Paulo. A data também está errada, pois a revolta ocorreu em 1904, e não em 1804. Portanto, todos os elementos dessa alternativa estão incorretos.

 

C) antivaríola, ocorrida, no Rio de Janeiro, em novembro de 1904.

CORRETO. A Revolta da Vacina foi uma rebelião popular ocorrida no Rio de Janeiro em novembro de 1904, contra a campanha de vacinação obrigatória da varíola. A população, desinformada sobre os benefícios da vacina, revoltou-se contra o que considerava uma invasão de sua privacidade e uma violação de seus direitos individuais. A revolta foi tão violenta que o governo teve que suspender a vacinação obrigatória.

 

D) Nenhuma das alternativas.

INCORRETO. A alternativa C está correta, portanto, a alternativa "Nenhuma das alternativas" está incorreta.

 

Portanto, a alternativa correta é a LETRA C.

194) Nas primeiras duas décadas do século XX, surgiram diversos movimentos populares que uniam mística religiosa à revolta de pessoas empobrecidas devido à estrutura agrária brasileira. A respeito desses movimentos, julgue o item seguinte.

  • A) Certo
  • B) Errado
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra B) Errado

Gabarito: ERRADO

   

 

    A Guerra de Canudos se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semiárido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população. Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular. Portanto, item ERRADO.

    195) A República procurou converter Canudos num grande exemplo: um exemplo da barbárie contra a civilização; do atraso contra a modernidade. […] Havia mesmo um abismo entre as diferentes partes do país, e era premente o alerta para que as elites intelectuais e políticas olhassem, finalmente, para seu interior.

    • A) abolição da escravidão, que unia a defesa do retorno da monarquia ao esforço de aumentar a exportação do açúcar nordestino.
    • B) valorização do bom selvagem, que unia elementos da ideologia positivista a princípios do pensamento iluminista.
    • C) eliminação da influência política da Igreja católica, que unia crenças milenaristas à recusa da institucionalização das religiões.
    • D) luta pela terra, que se unia ao misticismo, à mobilização social e à rejeição ao caráter oficialmente laico da República brasileira.
    • E) tradição cultural brasileira, que unia a intolerância às ideologias estrangeiras à valorização das manifestações culturais indígenas.

    FAZER COMENTÁRIO

    A alternativa correta é letra D) luta pela terra, que se unia ao misticismo, à mobilização social e à rejeição ao caráter oficialmente laico da República brasileira.

    Gabarito: Letra D

     

    Luta pela terra, que se unia ao misticismo, à mobilização social e à rejeição ao caráter oficialmente laico da República brasileira.

     

    O arraial de Canudos, localizado no interior da Bahia, às margens do rio Vaza-Barris, reuniu em torno do líder religioso Antônio Conselheiro, nordestinos do semiárido que viviam, ao tempo da presidência de Prudente de Morais (1894-1898), uma vida miserável agravada por uma série de condições:

    • Declínio da produção açucareira;
    • Constantes secas;
    • Prepotência dos coronéis/fazendeiros;
    • A instalação de uma República que não trouxe qualquer benefício para essa população.
     

    Diante desse quadro, a fundação da comunidade de Belo Monte por Conselheiro, para onde milhares de pessoas se mudaram, chegando a cerca de 20 a 30 mil habitantes, significava para essa população a busca por um pedaço de terra onde pudessem viver em paz e superar a situação de fome e seca que viviam no sertão. Para isso, na comunidade, praticava-se o sistema comunitário, em que as colheitas, os rebanhos e o fruto do trabalho eram repartidos e o excedente vendido ou trocado com os povoados vizinhos; não havia cobrança de tributos; eram proibidas a prostituição e a venda de bebidas alcóolicas; e o povoado possuía normas, representando uma alternativa de sociedade para os sertanejos que buscavam escapar da lógica de dominação dos coronéis da região.

     

    A comunidade de Canudos, pelo seu crescimento e organização, pela mobilização gerada, pela luta da terra que representava e pelo seu caráter de organização própria independente da República, acabou assustando as elites baianas e os governos estaduais e federal que passaram a combate-la sob a justificativa de que se tratava de uma comunidade monarquista que ameaçava a República, quando não passava de uma comunidade religiosa messiânica, que buscava desenvolver um modo de vida próprio capaz de suprir as necessidades materiais e morais/espirituais de seus habitantes.

     

    Por que as demais estão incorretas?

     

    Letra A: abolição da escravidão, que unia a defesa do retorno da monarquia ao esforço de aumentar a exportação do açúcar nordestino.
     

    O movimento de Canudos não estava relacionado à abolição da escravidão e não tinha por finalidade a luta pelo aumento da exportação do açúcar nordestino. A comunidade de Canudos visava suprir as necessidades materiais de seus próprios habitantes e organizou um sistema comunitário com normas próprias para esse fim.

     

    Letra B: valorização do bom selvagem, que unia elementos da ideologia positivista a princípios do pensamento iluminista.

     

    O movimento de Canudos não estava relacionado à valorização do bom selvagem e também não unia elementos da ideologia positivista e do pensamento iluminista. A religião católica era o ideal por trás da formação dessa comunidade, que buscou consolidar um estilo próprio de vida visando o bem-estar de seus habitantes.


    Letra C: eliminação da influência política da Igreja católica, que unia crenças milenaristas à recusa da institucionalização das religiões.
     

    O movimento de Canudos não tinha por finalidade a eliminação da influência da Igreja Católica. A Igreja Católica considerava os principais líderes de Canudos perigosos porque, ao seu ver, desviavam os fiéis dessa instituição e da “verdadeira fé”.

     

    Letra E: tradição cultural brasileira, que unia a intolerância às ideologias estrangeiras à valorização das manifestações culturais indígenas.

     

    O movimento de Canudos não representou uma tradição cultural brasileira que unia intolerância às ideologias estrangeiras e valorização das manifestações indígenas. Era apenas uma comunidade religiosa, que buscava desenvolver um modo de vida próprio capaz de suprir as necessidades materiais e morais/espirituais de seus habitantes.

     

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

    196) As imagens a seguir retratam a história da consolidação do programa de vacinação brasileira ao longo de mais de 100 anos e testemunham a história da virologia e da luta dos cientistas para a erradicação de moléstias no Brasil.

    • A) A atitude antivacina acompanhou essa trajetória como, por exemplo, na Revolta da Vacina de 1904, motivada pela indignação popular diante do descaso governamental em relação à difusão da febre amarela e da varíola no Rio de Janeiro.
    • B) O Instituto Butantan e a Fiocruz foram pioneiros nos trabalhos de microbiologia, tendo se desenvolvido em um contexto de urbanização e imigração crescentes, no início do século XX, e lideram hoje a produção nacional de vacinas.
    • C) O desenvolvimento científico contou com médicos, sanitaristas e microbiologistas como Adolpho Lutz, Vital Brazil, Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, que pesquisaram como combater doenças tropicais e produzir soros contra a toxina de animais peçonhentos.
    • D) A associação entre pesquisa cientifica e trabalho de campo permitiu o desenvolvimento, a partir dos anos 1970, das campanhas de vacinação em grande escala, no contexto do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
    • E) As altas coberturas vacinais alcançadas até o final do século XX permitiram erradicar a varíola e a poliomielite (paralisia infantil), colocando o país no rol das nações bem-sucedidas na extinção de doenças - que, no entanto, voltaram a incidir.

    FAZER COMENTÁRIO

    A alternativa correta é letra A) A atitude antivacina acompanhou essa trajetória como, por exemplo, na Revolta da Vacina de 1904, motivada pela indignação popular diante do descaso governamental em relação à difusão da febre amarela e da varíola no Rio de Janeiro.

    Gabarito: LETRA A

          

    A respeito da trajetória da vacinação no Brasil, as afirmativas a seguir estão corretas, à exceção de uma. Assinale-a.

    • a)  A atitude antivacina acompanhou essa trajetória como, por exemplo, na Revolta da Vacina de 1904, motivada pela indignação popular diante do descaso governamental em relação à difusão da febre amarela e da varíola no Rio de Janeiro.

    De fato, em 1904, ocorreu a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro. Naquele momento, a capital federal estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. No entanto, ao fundo de todas essas medidas, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias. Por conter erros, esta é a ALTERNATIVA INCORRETA.

     
    • b)  O Instituto Butantan e a Fiocruz foram pioneiros nos trabalhos de microbiologia, tendo se desenvolvido em um contexto de urbanização e imigração crescentes, no início do século XX, e lideram hoje a produção nacional de vacinas.

    Sob a liderança de Vital Brazil, o Instituto Butantan surgiu em 1899 sob o escopo do Instituto Adolfo Lutz para produzir soro antipestoso para o enfrentamento paulista a um grave surto de peste bubônica ocorrido no porto de Santos naquele momento. Tornando-se autônomo em 1901, o Instituto Butantan se consolidou na área de microbiologia no Brasil, concentrando-se em áreas como soro antiofídico e vacinas. Já a Fundação Instituto Oswaldo Cruz foi criada em 1900 como Instituto Soroterápico Federal, concentrando o esforço do governo central para o desenvolvimento e a fabricação de soros e de vacinas. Tal como o Butantan, a Fiocruz teve como primeira missão o enfrentamento à epidemia de peste bubônica e, posteriormente, consolidou seu lugar dentro do sanitarismo brasileiro e dos grandes esforços de vacinação. Ainda que com avanços e retrocessos, ambas as instituições chegaram ao final do século XX como as maiores referências da área no Brasil e com respeitáveis reputações internacionais. Sem erros na alternativa.

     
    • c)  O desenvolvimento científico contou com médicos, sanitaristas e microbiologistas como Adolpho Lutz, Vital Brazil, Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, que pesquisaram como combater doenças tropicais e produzir soros contra a toxina de animais peçonhentos.

    O Brasil contou com gerações de sanitaristas do mais alto nível no início do século XX. Os nomes citados são absolutas referências internacionais em medicina tropical e em sanitarismo e lideraram grandes e complexos esforços nacionais para o enfrentamento de doenças endêmicas que arrasavam as cidades. Ainda que sob as graves contradições brasileiras, foram figuras centrais para consolidação da cultura de imunização e de enfrentamento às doenças tropicais. Ainda se pode destacar a importante tradição de produção de soros antiofídicos no Brasil, produto exportado para vários países com reconhecida excelência da produção nacional. Sem erros na alternativa.

     
    • d)  A associação entre pesquisa cientifica e trabalho de campo permitiu o desenvolvimento, a partir dos anos 1970, das campanhas de vacinação em grande escala, no contexto do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

    Um dos maiores sucessos da saúde pública brasileira, o Programa Nacional de Imunizações foi responsável pelo enfrentamento sistemático a grandes mazelas sanitárias do país. Se já havia programas anteriores, o PNI significou um salto definitivo do país na erradicação de doenças como a varíola, a poliomielite e, no final do século, o sarampo. Tratou-se de um esforço de grandes proporções que seria mantido com a redemocratização, tornando-se uma importante especialidade do serviço público de saúde do Brasil. Sem erros na alternativa.

     
    • e)  As altas coberturas vacinais alcançadas até o final do século XX permitiram erradicar a varíola e a poliomielite (paralisia infantil), colocando o país no rol das nações bem-sucedidas na extinção de doenças - que, no entanto, voltaram a incidir.

    Como apontado acima, o PNI foi responsável pelo triunfo brasileiro sobre doenças epidêmicas que significaram o flagelo de várias gerações. Com campanhas de imunização em massa e com o estabelecimento de um calendário vacinal para crianças, o país conseguiu atingir patamares excelentes de imunização coletiva, implicando na erradicação de várias doenças como o sarampo, a varíola e a poliomielite. No entanto, na década de 2010, o sistema passou a sofrer graves desafios: ampliação do movimento anti-vacina e introdução de novos patógenos pelos fluxos migratórios. Séries de boatos animaram setores da população à recusa vacinal num contexto de gravíssima polarização política agravada pelo negacionismo, o que fragilizou a imunidade coletiva do país. Por outro lado, as crises na Venezuela e no Haiti importaram na entrada de contingentes de refugiados oriundos de países em situação bastante frágil e sem a mesma capacidade de imunização do Brasil. Consequentemente, vírus outrora erradicados voltaram a circular no país e encontraram parte da população descoberta pela recusa à vacinação, o que permitiu o surgimento de novos casos de sarampo, por exemplo, após longos anos sem nenhum caso registrado no Brasil. Sem erros na alternativa.

     

    Sem mais, a única a apresentar erros é a ALTERNATIVA A.

    197) “Se difere de Canudos em seus aspectos bélicos, a campanha do Contestado se lhe equipara como fenômeno histórico. Ambas foram rebeliões sertanejas, em áreas afastadas do poder central e por ele desassistidas. Ambas levantaram o problema da busca de melhores fórmulas de integração nacional”.

    • A) racismo estrutural.
    • B) corrupção sistêmica.
    • C) ideologia subversiva.
    • D) messianismo religioso.

    • E) exclusão social.

    FAZER COMENTÁRIO

    A alternativa correta é letra E) exclusão social.

    Gabarito: ALTERNATIVA E

    (Disponível em: www.eb.mil.br. Acessado em 08 mai. 2020.)

    Comparando as guerras de Canudos e do Contestado, o texto relaciona o emprego da força militar a conflitos desencadeados pela(o):

    Note o estudante o que solicita o enunciado: uma interpretação sobre o texto proposto. Ou seja, não cabem aqui discussões mais amplas sobre os dois fenômenos, mas sim apenas a identificação de quais as causas atribuídas pelo autor ao levantes de Canudos e Contestado. E, sobre isso, o texto é bastante claro: ambas estavam relacionadas com o afastamento do poder central e com populações desassistidas pelo poder público. Ou seja, deveria o candidato procurar a alternativa que mais se aproximasse com essas características. Assim, observemos as possibilidades:

    a)  racismo estrutural.
    b)  corrupção sistêmica.
    c)  ideologia subversiva.
    d)  messianismo religioso.

    e)  exclusão social.

    A única possibilidade de correlação aqui é entre a "exclusão social" e a existência de populações desassistidas pelo poder central, o que nos indica que é correta a ALTERNATIVA E.

    No entanto, note o estudante que há outras similitudes entre Canudos e Contestado. Em ambos os casos, havia, sim, uma grande força de elementos religiosos. Tratava-se de lideranças francamente ligadas ao discurso religioso: o beato Antônio Conselheiro, na Bahia, e a presença mística de José Maria de Santo Agostinho a partir de Santa Catarina. No caso de Canudos, a liderança de Conselheiro formando um arraial a partir de uma igreja deu a força para a resistência absoluta frente a quatro expedições do Exército para aniquilar os revoltosos - e sua presença profética, consta, foi fundamental até nos últimos dias de resistência, mesmo frente à fome e à assimetria absoluta de recursos. No Contestado, José Maria teve sua morte precoce em combate amalgamada com suas profecias para transformar o movimento numa expressão de guerra santa para os insurrectos, o que foi fundamental para prolongar o conflito por quase quatro anos. Ou seja, havia lideranças messiânicas nos dois casos, mas não é um ponto levantado no texto proposto no enunciado.

    Não sem razão, poderia algum candidato argumentar que havia duas respostas corretas sobre as revoltas; considerando, neste caso, o conhecimento sobre o todo. No entanto, a banca solicitou apenas que se reproduzisse a causa identificada pelo autor no texto citado, o que só é possível na ALTERNATIVA E.

    198) As organizações sociais e políticas são resultado de um processo histórico, de convivências, sistematizando essências de arquétipos ideológicos, que no cotidiano e no mundo da “mídia” ouvimos as expressões: “lulismo” “bolsonarismo”, “esquerdopatas” “fascismo”, “comunismo”. Ora, apesar da relação íntima com os termos na sociedade, é papel do professor de história postular a desmistificação dos conceitos, substancializando com propriedade histórica, criando debates críticos e conscientes, quebrando as tendências interpretativas de “viés ideológico”, relacionando dentro de um processo configurativo da historiografia. Portanto, com base na reflexão contextual e no processo historiográfico, da história do Brasil entre o período de 1920 e 1934, assinale a alternativa que representa conceitualmente o movimento político que tinha as seguintes características: defendia a doutrina nacionalista, estabelecendo um conteúdo com cunho mais cultural e menos econômico; “combatia o capitalismo financeiro, objetivando o controle do Estado sobre a economia; porém, sua essência maior era na tomada de consciência do valor espiritual da nação, como o lema “Deus, pátria e família”.

    • A) Coronelismo.
    • B) Tenentismo.
    • C) O integralismo.
    • D) Coluna-Costa Prestes.

    FAZER COMENTÁRIO

    A alternativa correta é letra C) O integralismo.

    Gabarito: ALTERNATIVA C

     

    As organizações sociais e políticas são resultado de um processo histórico, de convivências, sistematizando essências de arquétipos ideológicos, que no cotidiano e no mundo da “mídia” ouvimos as expressões: “lulismo” “bolsonarismo”, “esquerdopatas” “fascismo”, “comunismo”. Ora, apesar da relação íntima com os termos na sociedade, é papel do professor de história postular a desmistificação dos conceitos, substancializando com propriedade histórica, criando debates críticos e conscientes, quebrando as tendências interpretativas de “viés ideológico”, relacionando dentro de um processo configurativo da historiografia. Portanto, com base na reflexão contextual e no processo historiográfico, da história do Brasil entre o período de 1920 e 1934, assinale a alternativa que representa conceitualmente o movimento político que tinha as seguintes características: defendia a doutrina nacionalista, estabelecendo um conteúdo com cunho mais cultural e menos econômico; “combatia o capitalismo financeiro, objetivando o controle do Estado sobre a economia; porém, sua essência maior era na tomada de consciência do valor espiritual da nação, como o lema “Deus, pátria e família”.

    • a)  Coronelismo.

    O termo "coronel" tem de ser entendido como a denominação atribuída às lideranças oligárquicas municipais características dos interiores brasileiros do século XIX e da primeira metade do século XX. Trata-se de um sistema oligárquico mantido fundamentalmente pelo processo de alienação e controle direto sobre seu reduto eleitoral, estabelecendo uma confusão imediata entre o Estado e a figura poderosa do oligarca. Em certo sentido, o coronel é capaz de sequestrar para a sua vontade o controle do Estado no âmbito local, criando uma relação de distribuição de benesses e de obediência pessoal diretamente com a população de seu alcance político. Por outro lado, a prominência econômica lhe dá tal grau assimétrico de ascensão sobre o restante da população que esta lhe fica refém economicamente; além de haver um domínio sobre o uso da violência para manter a ordem e a conservação dos interesses da oligarquia naquele espaço. No contexto da República Velha (1889-1930) e da Política dos Governadores, esses líderes tinham o papel importante de controlar diretamente os eleitores, bem como de restringir o acesso dos candidatos às suas áreas de domínio. Em contrapartida, aqueles que eram eleitos para os cargos estaduais e federais tinham por dever a manutenção dessas estruturas locais de poder, fazendo afluir para lá os recursos necessários para a manutenção política dessas oligarquias menores. No entanto, o funcionamento do sistema poderia colocar em rota de colisão esses coronéis com as ascendentes classes urbanas, cujos interesses sobre as reformas administrativas enfraqueciam diretamente as relações de dependências que mantinham esse coronelato. É importante destacar que essas classes urbanas tinham cada vez mais capacidade de articulação e de pressão direta sobre governadores, dificultando em muito a vida política nas cidades. Ao mesmo tempo, a orientação agroexportadora das oligarquias centrais (com destaque para mineiros e paulistas) também pouco dialogava com o cotidiano de lenta decadência econômica de muitos desses coronéis, o que dificultava algumas negociações com o poder central. Alternativa errada.

     

    • b)  Tenentismo.

    O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira. Com os levantes armados de São Paulo (Revolta Paulista de 1924) e do Rio de Janeiro (Revolta dos 18 do Forte de 1922), o tenentismo, ainda que não tenha ameaçado de fato o governo central no campo de batalha, marcou uma posição importante na vida brasileira e abriu um ciclo de revoltas que marcaria a década de 1920. Entre 1925 e 1927, a Coluna Miguel Costa-Prestes percorreria todo o país sob esse horizonte positivista e com a vontade de superação do atraso estrutural brasileiro que era mantido pela República Velha. Desse caldo de cultura, Getúlio Vargas - claro herdeiro do positivismo gaúcho - disputaria as eleições presidenciais de 1930 com grandes chances de vitória após a cisão entre as oligarquias mineira e paulista. Sua candidatura contava com o apoio de elites descontentes com o governo central e dos dissidentes mineiros, que romperam com os paulistas após estes romperem os acordos de sucessão presidencial. Alternativa errada.

     

    • c)  O integralismo.

    Liderado por Plínio Salgado, o Integralismo foi a expressão brasileira do nazifascismo. Utilizando-se de símbolos e de um discurso francamente totalitário, a Ação Integralista Brasileira (AIB) lançava mão de um arcabouço conceitual extremamente rígido, com um Estado muito fortalecido e capaz de tragar para si as relações sociais e econômicas sob um discurso de partido único. Os lemas integralistas remetiam à propriedade privada e a um discurso de ordem (Deus, pátria e família) e de radical defesa da propriedade privada. A liberdade econômica do capitalismo, por sua vez, era entendida como a resultante de conspirações internacionais contra o progresso nacional, sendo necessário colocar o Estado no centro do sistema para ordenar as relações econômicas, ainda que sem ameaçar a propriedade privada. ALTERNATIVA CORRETA.

     

    • d)  Coluna-Costa Prestes.

    O impopularíssimo governo de Arthur Bernardes concentrou vários dos principais movimentos tenentistas, o que o levou a governar durante praticamente todo o tempo sob estado de sítio. Partindo do Rio Grande do Sul, Luís Carlos Prestes foi um dos grandes líderes dessa expressão tenentista preocupada com as questões sociais, que eram claramente menosprezadas pelas oligarquias que controlavam o governo. Como já explicado, esse sentimento ebulia a partir das insatisfações e das expectativas positivistas frustradas dentro das Forças Armadas. Reunindo em seu auge cerca de 1500 homens e percorrendo 25 mil quilômetros pelo território brasileiro, o movimento tanto se aproximou das populações mais desassistidas para criar consciência contra as elites agrárias quanto enfrentou tropas regulares e até mesmo o cangaço em combates campais. Jamais tendo sido de fato derrotada em campo, a coluna se internaria no sentido Leste até se dissolver na Bolívia em 1927. Alternativa errada.

     

     

    Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

    199)   Texto associado

    • A) à Revolta da Chibata.
    • B) à Revolta da Armada.
    • C) ao Cangaço.
    • D) ao Abolicionismo.
    • E) ao Tenentismo.

    FAZER COMENTÁRIO

    A alternativa correta é letra E) ao Tenentismo.

    Gabarito: ALTERNATIVA E

    Para responder a questão, leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

    Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada, ninguém me caça. Da vida pouco me resta — só o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de São João Branco, um homem andava falando: — “A pátria não pode nada com a velhice...” Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos sem valor, as pedras retiradas — ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico... Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.

    • O evento histórico mencionado no texto está relacionado

    O texto faz referência à Coluna Prestes, um dos vários movimentos tenentistas ocorrido na década de 1920. O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira.

    Com os levantes armados de São Paulo (Revolta Paulista de 1924) e do Rio de Janeiro (Revolta dos 18 do Forte de 1922), o tenentismo, ainda que não tenha ameaçado de fato o governo central no campo de batalha, marcou uma posição importante na vida brasileira e abriu um ciclo de revoltas que marcaria a década de 1920. Entre 1925 e 1927, a Coluna Miguel Costa-Prestes percorreria todo o país sob esse horizonte positivista e com a vontade de superação do atraso estrutural brasileiro que era mantido pela República Velha. Desse caldo de cultura, Getúlio Vargas - claro herdeiro do positivismo gaúcho - disputaria as eleições presidenciais de 1930 com grandes chances de vitória após a cisão entre as oligarquias mineira e paulista. Sua candidatura contava com o apoio de elites descontentes com o governo central e dos dissidentes mineiros, que romperam com os paulistas após estes romperem os acordos de sucessão presidencial.

    O movimento de 1930 marcou a chegada do tenentismo/positivismo ao poder sob um acordo com algumas elites, de forma que o projeto de ruptura de estruturas e de modernização do país passaria por alguma instância de negociação com esses poderes estaduais. Paralelamente, uma outra versão desse tenentismo entendia que apenas uma ruptura total com as oligarquias poderia levar à verdadeira superação das mazelas brasileiras e acabou por, já na década de 1930, aproximar-se do comunismo sob a liderança de Luís Carlos Prestes. Essa nova identidade ideológica não se verificava nas manifestações originais do tenentismo, mas ganhou certa expressão entre os positivistas descontentes com Vargas e com as composições conservadoras do novo desenvolvimentismo e entrou em rota de colisão frontal com o governo resultante do movimento de 1930.

    a)  à Revolta da Chibata.
    b)  à Revolta da Armada.
    c)  ao Cangaço.
    d)  ao Abolicionismo.
    e)  ao Tenentismo.

    Assim, está correta a ALTERNATIVA E.

    Continua após a publicidade..

    200) “Finda a sessão no Centro das Classes Operárias, a massa popular que saiu daquele Centro juntou-se à que estacionava nas suas imediações e assim formando um numeroso grupo de cerca de 2 mil pessoas, marchou pela Praça da República, Rua do Theatro, Largo de S. Francisco e Rua do Ouvidor. Pelo caminho levantavam gritos contra a vacina e os seus defensores e a polícia. Em frente às redações dos jornais davam palmas e aclamações a uns e vaias a outros (…). Correram com insistência boatos de manifestações de desagrado aos jornais. O Dr. Chefe de Polícia mandou que imediatamente partisse para a Rua do Ouvidor uma força de 60 praças de cavalaria, a garantir os jornais, dos quais dois aceitaram essa medida de prevenção, os nossos colegas do Jornal do Commercio e O Paiz. Alguns grupos, de fato, passaram em vozeria pela Rua do Ouvidor, mas nenhum desacato grave foi praticado.”Gazeta de Notícias, em 13 de novembro de 1904 (Adaptado).

    • A) Do Liberalismo, defendido por Adam Smith;

    • B) Da Democracia; propagado por Alexis de Tocqueville;

    • C) Do Socialismo, defendido por Lênin;

    • D) Do Positivismo, criado por Auguste Comte;

    • E) Do Higienismo, defendido por Louis Pasteur.

    FAZER COMENTÁRIO

    A alternativa correta é letra E) Do Higienismo, defendido por Louis Pasteur.

    Gabarito: ALTERNATIVA E

      A Revolta da Vacina teve como estopim a imposição da vacinação, que, não raro, se dava com emprego da violência nas áreas mais pobres. No entanto, como pano de fundo, havia um denso projeto civilizacional baseado na repressão policial e na exclusão dos mais pobres da cidadania. Naquele período, o Rio de Janeiro vivera graves reformas urbanas, com o desalojamento de muitas famílias e a demolição de prédios para a modernização do centro da cidade. Excluídos e lançados à irregularidade fundiária, essas pessoas passaram a viver em "cidadania restringida", distante da cidade e desassistida dos direitos mais básicos. A modernização das cidades brasileiras, portanto, entendia como necessária a exclusão social dos mais pobres, impondo-lhes vontades e processos. Desse caldo de cultura, a insatisfação difusa encontrou na vacinação sua energia de ativação necessária para a eclosão de uma revolta generalizada, que, como apontado pelo texto, teve um efeito de progressão geométrica com o tempo. Há de se considerar, também, que, mesmo nas cidades, o analfabetismo era uma inegável realidade brasileira, dificultando o acesso a e a compreensão do que significava a vacinação. Juntamente com Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz levava a cabo a reurbanização e a sanitarização da capital e lançou mão da vacinação obrigatória para garantir a máxima eficiência da vacina no combate à varíola; já que deixar uma parcela da população sem a imunização poderia significar o desenvolvimento de cepas resistentes à vacina. Seu pensamento era profundamente influenciado pelo sanitarismo francês, que tinha em Louis Pasteur o seu maior nome. É importante que o estudante tenha em mente que, naquele início de século XX, o Brasil concentrou alguns dos mais importantes médicos sanitaristas da história mundial, estando todos muito influenciados pela experiência francesa liderada por Pasteur. Dentre eles, podemos citar Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Vital Brazil, Emílio Ribas e Adolfo Lutz. Assim, observemos as alternativas propostas.

      a)  Do Liberalismo, defendido por Adam Smith;

      b)  Da Democracia; propagado por Alexis de Tocqueville;

      c)  Do Socialismo, defendido por Lênin;

      d)  Do Positivismo, criado por Auguste Comte;

      e)  Do Higienismo, defendido por Louis Pasteur.

      Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

      1 18 19 20 21 22 94