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Questões Sobre Primeira República - História - concurso

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201) O estudo das memórias dos sobreviventes dos redutos rebeldes e seus descendentes envolvidos no movimento do Contestado (1912-1916) leva à reflexão sobre alguns aspectos marcantes e dolorosos das experiências dessas pessoas. É evidente que, devido à envergadura do movimento, não há um só tipo predominante de memória das experiências da guerra. As pessoas foram atraídas aos redutos rebeldes, as chamadas cidades santas, por diferentes razões e dentro de distintos contextos regionais e de diferentes fases do conflito. Entre os que se dirigiram a Taquaruçu, Caraguatá, Bom Sossego, Santa Maria, Perdizes, Pedra Branca, São Pedro e outros redutos e vilas dos seguidores do monge José Maria, havia um grupo inicial de seus devotos. Eles reelaboraram sua trajetória anterior, de práticas de curas até o combate do Irani, quando uma importante expedição do Regimento de Segurança do Paraná entrou em confronto com os caboclos, o que resultou na derrota da força policial e, entre os sertanejos, na morte de José Maria. Um ano após esse combate, os seguidores de José Maria voltaram a reunir-se em Taquaruçu, em torno da menina Teodora, que relatava seus sonhos, afirmando que José Maria ordenava a seus seguidores que retornassem a Taquaruçu para seguir sua santa religião.

  • A) Esse conflito foi uma guerra civil que se iniciou no Rio Grande do Sul e que se espalhou pelos outros estados da região Sul.
  • B) A maior parte das áreas contestadas, que ficaram por décadas sob o poder da justiça, acabaram doadas aos republicanos e laicos camponeses locais.
  • C) A construção da estrada de ferro que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul foi fator determinante para dificultar os acordos sobre os limites de fronteira entre Paraná e Santa Catarina.
  • D) A região contestada possuía uma estreita área, pouco devoluta, na qual se explorava carvão mineral.

  • E) Taquaruçu tinha como um de seus líderes religiosos o monge Antônio Conselheiro, morto no confronto entre o Regimento de Segurança do Paraná e os caboclos ali assentados.

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A alternativa correta é letra C) A construção da estrada de ferro que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul foi fator determinante para dificultar os acordos sobre os limites de fronteira entre Paraná e Santa Catarina.

Gabarito: ALTERNATIVA C

   

 

Paulo Pinheiro Machado. Guerra, cerco, fome e epidemias: memórias e experiências dos sertanejos do Contestado. Topoi, v. 12, n.º 22, jan.-jun./2011 (com adaptações).

 

    A Guerra do Contestado (1912-1916) se desenrolou no interior dos estados de Santa Catarina e do Paraná durante os governos de Hermes da Fonseca e de Venceslau Brás. Deflagrada pelo processo de desalojamento de grande número de famílias camponesas resultante da construção de uma estrada de ferro entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, a Guerra do Contestado tinha claro recorte messiânico. Sob a liderança do monge José Maria, essas famílias se organizaram sob um poderoso aparato religioso contra a República, identificando na nova forma de governo a raiz de todas as suas mazelas. A região do Oeste catarinense e paranaense vinha se transformando rapidamente com a expansão ferroviária e a instalação de madeireiras, alterando profundamente a vida daqueles camponeses. Ainda que não houvesse uma motivação política claramente organizada, todas as insatisfações se voltaram contra o símbolo da República. Seriam, no entanto, duramente reprimidos pelas forças legalistas, resultando em pesadas baixas civis e na vitória do poder central contra os revoltosos. Assim, observemos as alternativas propostas.

     
    • a) Esse conflito foi uma guerra civil que se iniciou no Rio Grande do Sul e que se espalhou pelos outros estados da região Sul.

    A alternativa faz referência à Revolução Federalista, que afetou o Rio Grande do Sul entre 1893 e 1895. A questão do Constetado estava em outra realidade bastante distinta. Alternativa errada.

     
    • b) A maior parte das áreas contestadas, que ficaram por décadas sob o poder da justiça, acabaram doadas aos republicanos e laicos camponeses locais.

    Com a vitória das tropas federais, a construção da ferrovia foi levada a cabo com pesados custos humanos para a sua organização. Alternativa errada.

     
    • c) A construção da estrada de ferro que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul foi fator determinante para dificultar os acordos sobre os limites de fronteira entre Paraná e Santa Catarina.

    ALTERNATIVA CORRETA.

     
    • d) A região contestada possuía uma estreita área, pouco devoluta, na qual se explorava carvão mineral.

    Ora, não faria sentido passar uma estrada de ferro de maneira a comprometer a exploração de carvão mineral. Fato era que, no final do século XIX, havia pouquíssima exploração de carvão mineral no Brasil e aquela região era habitada por pequenos agricultores. Alternativa errada.

     
    • e) Taquaruçu tinha como um de seus líderes religiosos o monge Antônio Conselheiro, morto no confronto entre o Regimento de Segurança do Paraná e os caboclos ali assentados.

    Antônio Conselheiro foi a liderança messiânica do Arraial de Canudos, movimento ocorrido no sertão baiano na década de 1890. Alternativa errada.

       

    Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

    202) Pelo artigo 24 da Nova Constituição de 1891, o vice-presidente só poderia assumir o cargo se tivessem passados dois anos de governo. Com isso, Floriano Peixoto descumpriu a Carta Magna da Nação. Tal fato levou a um ambiente de grande disputa política e rebeliões que ameaçavam a República. Entre as rebeliões ocorridas nesta época do governo de Floriano, podemos destacar a:

    • A) Federalista e a Guerra do Paraguai.
    • B) Guerra de Canudos e Federalista
    • C) Federalista e a 2ª Revolta da Armada.
    • D) Guerra de Canudos e Manifesto dos 13 generais.
    • E) A 1ª Revolta da Armada e a greve dos ferroviários da Central do Brasil.

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    A alternativa correta é letra C) Federalista e a 2ª Revolta da Armada.

    Gabarito: ALTERNATIVA C

     

    Pelo artigo 24 da Nova Constituição de 1891, o vice-presidente só poderia assumir o cargo se tivessem passados dois anos de governo. Com isso, Floriano Peixoto descumpriu a Carta Magna da Nação. Tal fato levou a um ambiente de grande disputa política e rebeliões que ameaçavam a República. Entre as rebeliões ocorridas nesta época do governo de Floriano, podemos destacar a:

    • a)  Federalista e a Guerra do Paraguai.

    A Guerra do Paraguai, que opôs a Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai) contra o Paraguai, ocorreu de 1864 a 1870. Ou seja, trata-se de um evento ocorrido durante o Segundo Reinado (1840-1889). Alternativa errada.

     
    • b)  Guerra de Canudos e Federalista

    A Guerra de Canudos, levante popular do sertão baiano, ocorreu entre 1896 e 1897, durante o governo de Prudente de Morais. Alternativa errada.

     
    • c)  Federalista e a 2ª Revolta da Armada.

    A Revolução Federalista foi uma guerra civil originada no Rio Grande do Sul que se irradiou por Santa Catarina e Paraná entre 1893 e 1895. Na oportunidade, havia uma grave cisão política dentro do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) por conta da crise de liderança do positivista Júlio de Castilhos, até aquele momento o principal nome republicano do estado. Castilhos se manteve fiel a Deodoro da Fonseca e a Floriano Peixoto mesmo com as claras sinalizações de ambos os presidentes na direção de um regime de corte autoritário. O fechamento do Parlamento em 1892 e a Revolta da Armada aprofundaram decisivamente as divisões internas do PRR, enfraquecendo decisivamente a posição de Castilhos e fazendo surgir o Partido Republicano Federal sob a liderança de Gaspar Silveira Martins. O PRF entendia que era necessária uma reforma institucional para corrigir alguns vícios da República, que, na sua visão, havia se distanciado de suas bases positivistas. Para esses federalistas (que compunham desde velhos monarquistas até republicanos desiludidos), era necessário se instituir um parlamentarismo e forçar uma reforma geral das Constituições estaduais em favor do fortalecimento da União federal. Por outro lado, os republicanos castilhistas insistiam no presidencialismo calcado nas oligarquias estaduais fortalecidas, inclusive com limitações às liberdades individuais sob o mote de "ordem e progresso". A debandada dos amotinados da Revolta da Armada em direção ao sul e o agravamento da crise política gaúcha precipitaram o início da guerra civil, quando, em fevereiro de 1893, uma força paramilitar dos federalistas invadiu o Rio Grande do Sul pelo Uruguai em ações rápidas e efetivas, que se espalhariam por Santa Catarina e Paraná em combates sangrentos, que custaram cerca de dez mil vidas. Em socorro a Júlio de Castilhos e aos republicanos gaúchos, partiriam tanto tropas federais quanto auxílios materiais paulistas, o que agravaria as assimetrias de forças da guerra civil, comprometendo os planos dos federalistas. No caso paranaense, especificamente, os ataques federalistas seguiam a lógica rápida e devastadoras das outras regiões, mas sofreram um revés gravíssimo em 1894 na cidade da Lapa, a sessenta quilômetros da capital estadual. Estabelecido o Cerco da Lapa, os federalistas foram forçados a uma debandada desorganizada de volta para o Sul, enquanto as forças regulares atacavam suas posições em Santa Catarina sob ordens de Floriano Peixoto. Portanto, o Cerco da Lapa marcou a grande derrota federalista no Paraná, livrando o estado da guerra civil e selando parte da sorte dos revoltosos. Ocorrida entre 1893 e 1894, a Revolta da Armada foi o levante de unidades da Marinha do Brasil contra o governo de Floriano Peixoto, que vinha tomando ares ditatoriais. Desprestigiada com a queda da monarquia, a Marinha olhava com muitas reservas o rumo da vida republicana brasileira sob o controle dos marechais e sob grande influência do Exército. Desde o fechamento do Parlamento por Deodoro da Fonseca em 1891, a possibilidade de o sonho republicano se converter numa ditadura militar era uma realidade gravíssima no país. As unidades rebeldes chegaram a bombardear fortes do Exército na costa fluminense, o que prenunciava uma guerra civil, que acabaria sendo debelada por Floriano Peixoto. No entanto, nenhum dos acontecimentos têm uma ligação direta com o Paraná. ALTERNATIVA CORRETA.

     
    • d)  Guerra de Canudos e Manifesto dos 13 generais.

    Publicado em 1892, o Manifesto dos Treze Generais foi um documento de contestação à legitimidade do governo de Floriano Peixoto, que assumia a presidência depois da renúncia de Deodoro da Fonseca. No entanto, como já explicado, a Guerra de Canudos não tem relação com o seu governo. Alternativa errada.

     
    • e)  A 1ª Revolta da Armada e a greve dos ferroviários da Central do Brasil.

    A Greve dos Ferroviários da Central do Brasil ocorreu em 1906; ou seja, durante o governo de Rodrigues Alves. Alternativa errada.

       

    Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

    203) Analise os fatores abaixo:

    • A) A Guerra dos Muckers
    • B) Guerra dos Canudos
    • C) Guerra do Contestado
    • D) Revolução Federalista
    • E) Revolução Farroupilha

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    A alternativa correta é letra C) Guerra do Contestado

    Gabarito Letra C

     

    Guerra do Contestado

     

    Foi a Guerra do Contestado que apresentou os três fatores expostos pela questão.

     

    A Guerra do Contestado foi um conflito ocorrido entre 1912 e 1916, durante os governos de Hermes da Fonseca (1910-1914) e Venceslau Brás (1914-1918), no qual o governo buscou combater um movimento rural estabelecido na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, em uma região contestada (disputada) pelos dois estados, que por isso ficou conhecida como Contestado.

    No Contestado, os sertanejos começaram a se organizar sob a liderança do “monge” João Maria e após a sua morte assumiu a liderança outro monge que ficou conhecido como José Maria. Em torno desse líder agruparam-se posseiros expulsos de suas terras, devido à construção de uma ferrovia, estrada de ferro São Paulo – Rio Grande, e à ação dos coronéis locais, bem como os trabalhadores desempregados após o término da construção da ferrovia. Marginalizados e empobrecidos, esses sertanejos perambularam por localidades disputadas por catarinenses e paranaenses até reunirem-se sob a liderança de José Maria que com eles fundou a chamada “Monarquia Celeste”. Com governo próprio e normas igualitárias, a comunidade divergia das ordens das autoridades da República.

    Apesar das inúmeras investidas dos governos estadual e federal contra o povoado estabelecido nessa região, somente em janeiro de 1916, o último líder dos sertanejos foi preso e a Guerra do Contestado chegou ao fim.

     

    Por que as demais estão incorretas?

     

    Letra A: A Guerra dos Muckers

     

    Conflito ocorrido entre 1873 e 1874, na colônia de São Leopoldo, localizada na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, relacionado diretamente com o processo de imigração empreendido pelo Império e a adaptação dos imigrantes a nova realidade social.


    Letra B: Guerra dos Canudos

     

    Outra revolta rural, mas ocorrida em outra região. Localizada no arraial de Canudos, no interior da Bahia, às margens do rio Vaza-Barris, as pessoas que se reuniram em torno do líder Antônio Conselheiro fundaram uma comunidade chamada de Belo Monte, que reunia cerca de 20 a 30 mil habitantes e possuía as seguintes características: praticava-se o sistema comunitário, em que as colheitas, os rebanhos e o fruto do trabalho eram repartidos e o excedente vendido ou trocado com os povoados vizinhos; não havia cobrança de tributos; eram proibidas a prostituição e a venda de bebidas alcóolicas.

    A comunidade de Canudos, pelo seu crescimento e organização acabou assustando as elites baianas e os governos estaduais e federal que passaram a combate-la sob a justificativa de que se tratava de uma comunidade monarquista que ameaçava a República.

     

    Letra D: Revolução Federalista

     

    Ocorrida em 1893, durante a presidência de Floriano Peixoto, no Rio Grande do Sul. A Revolução Federalista foi um violento conflito entre dois grupos políticos locais: o Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e o Partido Federalista.

    Ambos defendiam a forma de governo republicana, no entanto divergiam quanto ao tipo de sistema, enquanto o PRR defendia o sistema presidencialista, o Partido Federalista advogava em nome do parlamentarismo.

     

    Letra E: Revolução Farroupilha

     

    Também chamada de Guerra dos Farrapos, a Revolução Farroupilha foi a mais longa revolta da história do Brasil, ocorrendo no Rio Grande do Sul, durou dez anos, de 1835 a 1845. Os problemas econômicos dos produtores rurais gaúchos estão entre as suas principais causas.

       

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 2. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o longo século XIX, volume 2. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

    204) Sobre o movimento tenentista, marque com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.

    • A) V – V – F – F
    • B) F – F – V – V
    • C) V – F – V – F
    • D) F – V – F – V

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    A alternativa correta é letra D) F – V – F – V

    Gabarito: Letra D

     

    A sequência correta é: F – V – F – V

     

    Vamos analisar as proposições:

     

    (F) A Coluna Prestes realizou uma marcha que percorreu 24 mil quilômetros pelo interior do Brasil entre 1930 e 1932.

     

    A Coluna Prestes (ou Coluna Prestes-Miguel Costa) reuniu forças tenentistas de São Paulo e Rio Grande do Sul, em Foz do Iguaçu, Paraná, para juntas percorrerem mais de 24 km visando arregimentar o apoio da população para o início de novas revoltas contra o governo e as oligarquias. Teve como líderes Carlos Prestes e Miguel Costa e ocorreu entre os anos de 1924 e 1927. 

     

    (V) A Revolta do Forte de Copacabana foi motivada pela repressão ao Clube Militar pelo governo federal e eclodiu em 5 de julho de 1922 

     

    A Revolta do Forte de Copacabana faz parte do movimento Tenentista e ocorreu em 05 de julho de 1922, tendo como líder o tenente-coronel Euclides Hermes da Fonseca, filho do Marechal Hermes da Fonseca. Tudo começou com a luta armada que eclodiu no Recife entre seguidores de Artur Bernardes e de Nilo Peçanha (que haviam concorrido as eleições de 1922). Presidente do Clube Militar, o marechal e ex-presidente Hermes da Fonseca apoiou os partidários de Nilo Peçanha. Em represália, o governo de Artur Bernardes fechou o Clube Militar e mandou prender o marechal. Devido a esse ato o filho do Marechal buscou organizar uma revolta com o objetivo de impedir a posse do presidente Artur Bernardes, plano que foi acelerado no momento em que o governo buscou trocar o comando do Forte de Copacabana.

     

    (F) O tenentismo foi um movimento associado principalmente à Marinha, embora também tenha tido alguma ressonância menos expressiva no Exército.

     

    O tenentismo foi um movimento principalmente associado ao Exército. Era composto por jovens oficiais das Forças Armadas, especialmente tenentes. Formado por uma série de rebeliões, o movimento político-militar, que ficou conhecido como tenentismo, pretendia conquistar o poder através da luta armada e promover reformas na Primeira República.

     

    (V) O movimento que foi chamada de Segundo Cinco de Julho aconteceu em São Paulo, em 1924, e tinha como objetivo derrubar o governo do presidente Artur Bernardes.

     

    Dois anos após a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 5 de julho de 1924, novas rebeliões tenentistas eclodiram na cidade de São Paulo visando a derrubada do governo de Artur Bernardes, essa revolta ficou conhecida também pelo nome de Segundo Cinco de Julho.

     

    Referências:

     

    AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.

     

    CAMPOS, Flavio de. A escrita da história: ensino médio: volume único. 1ª ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

    205) Assinale a alternativa correta que completa as lacunas da frase a seguir.

    • A) 22 de novembro de 1910 - Revolta da Chibata - João Cândido - o fim dos castigos físicos impostos aos marinheiros da Marinha Brasileira
    • B) 5 de julho de 1922 - Revolta do Forte de Copacabana - Miguel Costa - a deposição do presidente Washington Luís
    • C) 22 de novembro de 1910 - Coluna Prestes - Luís Carlos Prestes - arregimentar apoio da população rural para a realização de uma revolução cunho popular
    • D) 5 de julho de 1922 - Revolta do Encouraçado São Paulo - Hercolino Cascardo - a deposição do presidente Artur Bernardes

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    A alternativa correta é letra A) 22 de novembro de 1910 - Revolta da Chibata - João Cândido - o fim dos castigos físicos impostos aos marinheiros da Marinha Brasileira

    Gabarito: Letra A

     

    22 de novembro de 1910 - Revolta da Chibata - João Cândido - o fim dos castigos físicos impostos aos marinheiros da Marinha Brasileira

     

    Iniciada em 22 de novembro de 1910, na cidade do Rio de Janeiro, a Revolta da Chibata levou aproximadamente dois mil marinheiros, liderados pelo marinheiro João Cândido, a rebelarem-se contra os castigos físicos que recebiam na Marinha do Brasil, mas também contra a má alimentação e os baixos salários.

    Isso porque, no início do século XX a Marinha do Brasil ainda mantinha um código disciplinar com normas estabelecidas nos séculos XVIII e XIX, entre as quais constava a punição de marinheiros, por faltas graves, com 25 chibatadas, punição a que todos os demais marinheiros eram obrigados a assistir.

    O estopim para a revolta foi a punição aplicada a um marujo do encouraçado Minas Gerais, que recebeu 250 chibatadas, quantidade dez vezes superior ao limite estabelecido.

     

    Por que as demais estão incorretas?

     

    Letra B: 5 de julho de 1922 - Revolta do Forte de Copacabana - Miguel Costa - a deposição do presidente Washington Luís.

     

    A Revolta do Forte de Copacabana faz parte do movimento Tenentista e ocorreu em 05 de julho de 1922, tendo como líder o tenente-coronel Euclides Hermes da Fonseca, filho do Marechal Hermes da Fonseca. O objetivo dessa revolta era impedir a posse do presidente Artur Bernardes.

     

    Letra C: 22 de novembro de 1910 - Coluna Prestes - Luís Carlos Prestes - arregimentar apoio da população rural para a realização de uma revolução cunho popular.

     

    A Coluna Prestes (ou Coluna Prestes-Miguel Costa) reuniu forças tenentistas de São Paulo e Rio Grande do Sul, no Foz do Iguaçu, Paraná, para juntas percorrerem mais de 24 km visando arregimentar o apoio da população para o início de novas revoltas contra o governo e as oligarquias. Teve como líderes Carlos Prestes e Miguel Costa e ocorreu entre os anos de 1924 e 1927.

     

    Letra D: 5 de julho de 1922 - Revolta do Encouraçado São Paulo - Hercolino Cascardo - a deposição do presidente Artur Bernardes.

     

    Ocorrida em novembro de 1924, a Revolta do Encouraçado São Paulo, tinha como líder Hercolino Cascardo e intencionava a deposição do presidente Artur Bernardes.

     

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    Verbete: Cascardo, Herculino. CPDOC/FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/cascardo-herculino Acesso em 30 de junho de 2022.

    206) Referente à questão da vacina no Brasil, assinale a alternativa correta.

    • A) A Revolta da Vacina foi de motivação popular, ocorrida em 1904 na cidade do Rio de Janeiro. Seu pretexto imediato foi uma lei que determinava a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, mas também é associada a outras causas, como as reformas urbanas que estavam sendo realizadas pelo prefeito Pereira Passos e as campanhas de saneamento lideradas pelo médico Oswaldo Cruz.
    • B) Na Revolta da Vacina de 1904, o povo se indignou devido à falta de vacina para a varíola, já que a vacinação era obrigatória. Os protestos passaram a se dirigir aos serviços públicos em geral e aos representantes do governo, por não promoverem a vacinação.
    • C) Desde as políticas públicas iniciadas em 1904 no Rio de Janeiro, que se estenderam a todo território nacional, conseguimos erradicar várias doenças, inclusive a varíola, o sarampo e a febre amarela.
    • D) Doenças como rubéola, sarampo e caxumba podem ser vistas como comuns durante a infância e não causam complicações sérias em crianças e adultos. Por isso mesmo não é estritamente necessário tomar vacinas para tais doenças na atualidade como era no início do século XX.
    • E) A Revolta da Vacina foi pertinente no começo do século passado e também é na atualidade, pois deve ser da opção dos pais que os filhos tomem vacina em uma sociedade democrática, até porque já foi comprovado que algumas vacinas podem provocar autismo.

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    A alternativa correta é letra A) A Revolta da Vacina foi de motivação popular, ocorrida em 1904 na cidade do Rio de Janeiro. Seu pretexto imediato foi uma lei que determinava a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, mas também é associada a outras causas, como as reformas urbanas que estavam sendo realizadas pelo prefeito Pereira Passos e as campanhas de saneamento lideradas pelo médico Oswaldo Cruz.

    Gabarito: Letra A

     

    A Revolta da Vacina foi de motivação popular, ocorrida em 1904 na cidade do Rio de Janeiro. Seu pretexto imediato foi uma lei que determinava a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, mas também é associada a outras causas, como as reformas urbanas que estavam sendo realizadas pelo prefeito Pereira Passos e as campanhas de saneamento lideradas pelo médico Oswaldo Cruz.
     

    A Revolta da Vacina ocorreu no contexto das obras de modernização e saneamento da cidade do Rio de Janeiro durante o governo do presidente Rodrigues Alves.

    Rodrigues Alves assumiu a presidência, em 1902, determinado a realizar obras de reforma e modernização da cidade do Rio de Janeiro que incluíam: o alargamento das principais ruas do centro, a construção da Avenida Central (Av. Rio Branco), a ampliação da rede de água e esgotos e a remodelação do porto.

    Essa modernização, contudo, atingiu em cheio as populações mais pobres que viviam nas áreas centrais e foram desalojadas, passando a viver em barracos nos centros ou subúrbios.

    Enfrentando uma série de problemas sociais (pobreza, demolição de cortiços, elevado número de desemprego), de saneamento (presença de mangues, lixo amontoado nas ruas, transmissão de doenças através de ratos e mosquitos) e de epidemias (febre amarela, peste bubônica e varíola) a população do Rio de Janeiro reagiu, entre 10 e 15 de novembro de 1904, ao autoritarismo do governo na condução das reformas e da vacinação.

    A população revoltou-se contra a obrigatoriedade da vacina. A lei de vacinação obrigatória da varíola foi aprovada e introduzida sem a conscientização da população acerca dos benefícios da vacinação, conhecimento que ficou restrito a médicos e autoridades. Além de muitos não compreenderem como a introdução do vírus no organismo poderia evitar o contágio da doença, a lei de vacinação obrigatória esbarrava ainda nos valores morais da época, a partir dos quais a população entendia ser imoral que homens estranhos entrassem em suas casas e tocassem no corpo de suas mulheres e filhas.

     

    Por que as demais estão incorretas?

     

    Letra B: Na Revolta da Vacina de 1904, o povo se indignou devido à falta de vacina para a varíola, já que a vacinação era obrigatória. Os protestos passaram a se dirigir aos serviços públicos em geral e aos representantes do governo, por não promoverem a vacinação.

     

    Na Revolta da Vacina de 1904 o povo se indignou devido à obrigatoriedade, e não à falta, da vacinação para a varíola.


    Letra C: Desde as políticas públicas iniciadas em 1904 no Rio de Janeiro, que se estenderam a todo território nacional, conseguimos erradicar várias doenças, inclusive a varíola, o sarampo e a febre amarela.
     

    Doenças como a varíola, o sarampo e a febre amarela, não foram erradicadas do Brasil devido as políticas públicas iniciadas em 1904. De janeiro de 2018 a janeiro de 2019, por exemplo, o Brasil registrou 10.274 casos confirmados de sarampo, demonstrando que essas doenças ainda marcam presença nos dias atuais.

     

    Letra D: Doenças como rubéola, sarampo e caxumba podem ser vistas como comuns durante a infância e não causam complicações sérias em crianças e adultos. Por isso mesmo não é estritamente necessário tomar vacinas para tais doenças na atualidade como era no início do século XX.
     

    Doenças como rubéola, sarampo e caxumba são comuns durante a infância e podem sim causar complicações sérias em crianças e adultos, por isso, a importância de se manter a vacinação em dia.

     

    Letra E: A Revolta da Vacina foi pertinente no começo do século passado e também é na atualidade, pois deve ser da opção dos pais que os filhos tomem vacina em uma sociedade democrática, até porque já foi comprovado que algumas vacinas podem provocar autismo.

     

    A Revolta da Vacina no começo do século passado baseou-se num desconhecimento da população sobre como funcionava o processo de vacinação e hoje em meio a tanta possibilidade de informação não tem razão para existir.  A vacinação deve ser obrigatória por uma questão de saúde pública, visto que a falta de vacinação pode trazer vários riscos individuais como coletivo (como, por exemplo, epidemias devido à falta de vacinação geral da população). Além disso, a democracia é sobre coletividade e não apenas sobre uma vontade individual e a ideia de que as vacinas podem provocar autismo não passa de mito e desinformação, não tendo nenhuma comprovação científica.

     

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    LABOISSIÉRE, Paula. "Brasil tem 10.274 casos confirmados de sarampo". Agência Brasil EBC. Publicado em 10 de janeiro de 2019. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-01/brasil-tem-10274-casos-confirmados-de-sarampo  Acesso em: 30 de jun. de 2022.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

    207) O tenentismo foi um movimento de inspiração militar que aconteceu entre 1920 e meados de 1930. No início de 1922, os tenentistas planejavam a derrubada do presidente Epitácio Pessoa, em virtude da indicação de Arthur Bernardes para ocupar o cargo de Ministro da Guerra, para suceder o civil Pandiá Calógeras. A respeito desse movimento e da tomada do Forte de Copacabana, analise as assertivas abaixo:

    • A) Apenas I.
    • B) Apenas I e II.
    • C) Apenas I e III.
    • D) Apenas II e III.
    • E) I, II e III.

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    A alternativa correta é letra B) Apenas I e II.

    Gabarito: Letra B

     

    Estão corretas apenas I e II.

     

    Vamos analisar as proposições.

     

    I. Os integrantes do movimento tenentista eram oficiais de baixa patente, sobretudo tenentes, mas alguns civis também participaram. Eram críticos dos padrões políticos da Primeira República e contavam com o apoio das classes médias urbanas. (correta)

     

    O clima de descontentamento com o sistema oligárquico que dominou a política durante a Primeira República atingiu também jovens oficiais das forças armadas, a maioria tenentes, que acabaram liderando uma série de rebeliões no movimento político-militar que ficou conhecido como tenentismo. O movimento tenentista (1922-1926) objetivava a conquista do poder através da luta armada a fim de promover reformas na República brasileira. Foi bastante apoiado pelas classes médias urbanas.

     

    II. Em meados de 1922, o Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi tomado e tiros de canhão foram ouvidos. Tropas fiéis ao governo cercaram o forte e, no dia seguinte, os encouraçados Minas Gerais e São Paulo trocaram tiros com os revoltosos. Acuados, os líderes rebeldes liberaram os homens que não quisessem resistir e muitos abandonaram o local. (correta)

     

    A Revolta do Forte de Copacabana ocorreu em 5 de julho de 1922, sob o comando do capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca, que havia sido preso pelo presidente Epitácio Pessoa por excitar o comandante da 7ª Região Militar a resistir à intervenção do governo federal na política pernambucana.

    A decisão de revoltar-se contra a prisão do pai e contra a atuação do governo federal foi tomada em 3 de julho, mas postergada, diante da indecisão do marechal Hermes.

    Desconfiando de possíveis articulações no Forte de Copacabana o ministro da Guerra enviou ao forte o capitão José da Silva Barbosa para assumir o posto de comando até então pertencente ao capitão Euclides Hermes da Fonseca, o que precipitou o levante. 

    Diante da resistência do Forte de Copacabana, tropas do governo se posicionaram para o ataque, porém antes mesmo dos rebeldes do forte serem atacados pelo mar, um comunicado do ministro da Guerra garantindo a vida dos que abandonassem o forte, provocou muitas deserções.

     

    III. O grupo de 18 revoltosos que resistiram (três oficiais e quinze praças) deixou o forte com armas em punho para combater até a morte. Oito foram mortos e um dos líderes foi gravemente ferido, preso e exilou-se no Uruguai. (Incorreta)

     

    O grupo de 18 revoltosos que resistiram (17 tenentes e um civil que se juntou ao grupo) saíram à rua para combate corpo a corpo com as tropas opositoras. Apenas dois revoltosos saíram com vida desse episódio, os tenentes Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

     

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    Verbete: Fonseca, Euclides Hermes da. CPDOC/FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/fonseca-euclides-hermes-da Acesso em 30 de jun. de 2022.

    208)   Texto associado

    • A) de rebelião dos sertanejos e fanáticos liderados pelo padre Cícero, que enfrentou as tropas dos governos estaduais e federal
    • B) que, apesar de ameaçarem o poder republicano que se consolidava, os rebelados de Canudos não manifestavam crenças religiosas
    • C) de resistência da população sertaneja e oprimida, seja contra o poder dos latifundiários, seja contra as ações repressivas do governo
    • D) de rebelião dos fanáticos religiosos liderados por Antônio Conselheiro, que defendia alianças com os grandes fazendeiros da região baiana

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    A alternativa correta é letra C) de resistência da população sertaneja e oprimida, seja contra o poder dos latifundiários, seja contra as ações repressivas do governo

    Gabarito: Letra C

     

    De resistência da população sertaneja e oprimida, seja contra o poder dos latifundiários, seja contra as ações repressivas do governo.

     

    Euclides da Cunha retratou em seu livro "Os Sertões" a Guerra de Canudos, ocorrida entre novembro de 1896 e outubro de 1897. Essa guerra teria sido provocada pelo próprio governo (estadual e federal) que via em Canudos uma ameaça já que a comunidade vivia segundo leis próprias.

    A comunidade de Canudos, pelo seu crescimento e organização acabou assustando as elites baianas e os governos estaduais e federal que passaram a combate-la sob a justificativa de que a comunidade era fanática religiosa e monarquista, ameaçando a República, quando na verdade, não passava de uma sociedade alternativa que oportunizava a seu povoado a paz e a justiça que o Estado Republicano não se preocupou em oferecer.

    De caráter messiânico a revolta tinha como liderança Antônio Conselheiro, líder da comunidade criada às margens do Rio Vaza-Barris, chamada por Conselheiro de Belo Monte.

    Publicado em 1902, o livro teve grande repercussão, tornando- se um clássico e consagrando o seu autor como um dos mais importantes ensaístas brasileiros.

     

    Por que as demais estão incorretas?

     

    Letra A: de rebelião dos sertanejos e fanáticos liderados pelo padre Cícero, que enfrentou as tropas dos governos estaduais e federal região baiana.

     

    A revolta de Canudos foi liderada por Antônio Conselheiro e não por padre Cícero. Além disso, não foi uma rebelião de sertanejos fanáticos, chamá-los de fanáticos foi a forma que o governo encontrou de desmerecer a comunidade e poder legitimar, perante a sociedade, o ataque a mesma.

     

    Letra B: que, apesar de ameaçarem o poder republicano que se consolidava, os rebelados de Canudos não manifestavam crenças religiosas.

     

    Os rebelados de Canudos manifestavam sim crenças religiosas e não ameaçavam o poder republicano que se consolidava, apesar dessa ter sido uma das maneiras que o governo encontrou para deslegitimar a comunidade e legitimar, perante a sociedade, o ataque a mesma.

     

    Letra D: de rebelião dos fanáticos religiosos liderados por Antônio Conselheiro, que defendia alianças com os grandes fazendeiros da região baiana.

     

    A revolta de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro, não foi uma rebelião de sertanejos fanáticos, chamá-los de fanáticos foi a forma que o governo encontrou de desmerecer a comunidade e poder legitimar, perante a sociedade, o ataque a mesma. Além disso, essa comunidade não defendia alianças com grandes fazendeiros da região baiana, sendo até mesmo perseguida por tais fazendeiros.

     

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

    209) Com direitos civis, mas sem direitos políticos, além das mulheres, milhões de camponeses iletrados, em sua maioria não brancos, num contexto altamente racista e racializado, milhares de imigrantes estrangeiros recém-chegados e de ex-escravos recém-libertos não deixaram, apesar disso, de agir politicamente e de influir decisivamente no devir da república em formação.

    • A) prática do sufrágio livre e universal.
    • B) programa de democratização do ensino.
    • C) aliança de oligarquias partidárias estaduais.
    • D)  irrupção de levantes populares espontâneos.
    • E) discurso de inspiração social-darwinista e eugenista

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    A alternativa correta é letra D)  irrupção de levantes populares espontâneos.

    Gabarito: ALTERNATIVA D

       

    MATTOS, H. A vida política. 1n: SCHWARCZ, L. M. (Org.). A abertura para o mundo: 1889-1930. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

     

    Um meio pelo qual esses grupos exerceram a cidadania, nas primeiras décadas do regime político mencionado, foi o(a)

    • a) prática do sufrágio livre e universal.

    Ora, o próprio texto é bastante claro ao falar da exclusão sistemática da maior parte da população da vida eleitoral com o advento da República em 1889. A Constituição de 1891 vedaria o voto aos analfabetos, o que excluía a maioria do campesinato num país marcadamente rural. Ao mesmo tempo, estavam as mulheres excluídas do alistamento eleitoral, direito que só alcançariam em 1932. Por sua vez, os analfabetos só seriam alistáveis a partir da Constituição de 1988. Alternativa errada.

     
    • b) programa de democratização do ensino.

    Novamente, a alternativa está em desacordo com o que é colocado no enunciado. O país era marcadamente analfabeto naquele final de século XIX e essa situação se arrastaria até meados do século XX. A massificação do ensino público brasileiro teria uma longa trajetória na experiência republicana brasileira e só seria uma realidade mais clara já na segunda metade do último século. Portanto, não há que se falar de democratização do ensino por ocasião da Proclamação da República. Alternativa errada.

     
    • c) aliança de oligarquias partidárias estaduais.

    O texto citado no enunciado trata das classes menos privilegiadas, os excluídos da vida eleitoral e política brasileira. O pacto entre as oligarquias estaduais foi a maneira como o sistema de governabilidade se estabeleceu na Primeira República (1889-1930), e não passava pelas grandes massas. Alternativa errada.

     
    • d)  irrupção de levantes populares espontâneos.

    Ao longo da Primeira República, uma série de levantes populares eclodiu por todo o país. De Canudos, no sertão baiano, até os movimentos tenentistas em São Paulo e Rio de Janeiro, os excluídos da vida política se organizaram em armas para questionar o poder central. Ainda que nenhum desses levantes tenha tido sucesso até a Revolução de 1930, é inegável o desgaste do poder central com a necessidade de campanhas militares em conflitos com civis armados. ALTERNATIVA CORRETA.

     
    • e) discurso de inspiração social-darwinista e eugenista

    O discurso eugenista se baseava em pressupostos racistas sobre a superioridade racial e sobre uma forma de engenharia social baseada em ideias de perfeição genética. Tratava-se de um discurso profundamente elitista e excludente, no qual a miscigenação brasileira era sempre compreendida como um problema, como uma fonte de corrupção da sociedade brasileira. Portanto, não faz sentido associar esse tipo de discurso aos desvalidos da Primeira República. Alternativa errada.

       

    Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

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    210) Antônio Vicente Mendes Maciel, Conselheiro de alcunha, (…) era cearense e nasceu (…) a 13 de março de 1830. (…) Aprendeu a ler, escrever e contar. (…) Andou estudando latim, enxertando frases da língua de Horácio nos seus longos “conselhos”, geralmente baseados na Bíblia sagrada, que conhecia razoavelmente. (…) Era apenas um peregrino, acompanhado de numeroso séquito; pequenos agricultores, negros 13 de Maio, caboclos de aldeamentos, gente sem recursos, doentes.

    • A) representou a luta da Igreja Católica contra o regime republicano recém-instaurado no Brasil.
    • B) fez uso da sua educação formal para colocar em xeque os dogmas do catolicismo no Brasil.
    • C) defendeu a restauração da Monarquia por identificar-se com os interesses políticos e patrimoniais das elites locais.
    • D) atraiu pessoas pobres do sertão nordestino com mensagens de fé e de acolhimento na comunidade.
    • E) liderou uma insurreição contra as estruturas sociais e políticas implementadas pela República.

    FAZER COMENTÁRIO

    A alternativa correta é letra D) atraiu pessoas pobres do sertão nordestino com mensagens de fé e de acolhimento na comunidade.

    Gabarito: ALTERNATIVA D

       

      

    De vários pontos do sertão apareciam os conselheiristas (...). Caminhavam para lá movidos pela fé. Queriam morar ali, sem pensar em conquistar novas terras. Nem restaurar a monarquia. Cá de fora, não entenderam assim. Interesses políticos e patrimoniais deram novos rumos e destino sangrento ao sertão do Conselheiro. (...)

     

    José Calazans. “O Bom Jesus do sertão”. Caderno Mais, Folha de S. Paulo. São Paulo, 21/09/1997.

     
    • O texto sugere que Antonio Conselheiro

    Note bem o estudante que o enunciado pede apenas um esforço de interpretação de texto. Ou seja, deveria o candidato assinalar a alternativa que reproduza as informações do texto. Assim, observemos as alternativas propostas.

     
    • a)  representou a luta da Igreja Católica contra o regime republicano recém-instaurado no Brasil.

    Antônio Conselheiro, conforme aponta o texto, "era apenas um peregrino". Ou seja, não havia nenhum vínculo formal entre ele e a Igreja Católica. Além disso, não havia uma luta da Igreja contra a República brasileira. Alternativa errada.

     
    • b)  fez uso da sua educação formal para colocar em xeque os dogmas do catolicismo no Brasil.

    O texto é muito claro ao apontar que Antônio Conselheiro tinha apenas rudimentos de instrução formal. Além disso, não há qualquer informação de contestação aos dogmas católicos na pregação do beato. Alternativa errada.

     
    • c)  defendeu a restauração da Monarquia por identificar-se com os interesses políticos e patrimoniais das elites locais.

    O movimento de Canudos, fica claro no texto, tinha um corte popular e era ligado à questão agrária. Ou seja, não se pode falar em associação com as elites locais, cujos interesses, pelo contrário, estavam sendo contrariados. Alternativa errada.

     
    • d)  atraiu pessoas pobres do sertão nordestino com mensagens de fé e de acolhimento na comunidade.

    A alternativa praticamente repete o texto proposto no enunciado. O corte social era fundamentalmente as pessoas pobres do sertão baiano, que estavam atraídos pelo discurso de fé e pelo sentimento de comunidade gerado pelo arraial. ALTERNATIVA CORRETA.

     
    • e)  liderou uma insurreição contra as estruturas sociais e políticas implementadas pela República.

    Como fica claro no texto, o arraial de Canudos não tinha um perfil revolucionário, mas sim um movimento espontâneo. Alternativa errada.

       

    Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

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