Questões Sobre Primeira República - História - concurso
281) No que tange ao contexto da chamada Revolução de 1930 e ao início da Era Vargas, julgue o item a seguir.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
No que tange ao contexto da chamada Revolução de 1930 e ao início da Era Vargas, julgue o item a seguir.
- A “Aliança Liberal” propôs uma série de reformas destinadas a rever os direitos sociais, como instituição da jornada de trabalho de oito horas, férias, direito ao voto secreto, entre outras. O grupo não recorreu às formas tradicionais de fraude eleitoral, o que se revelou um dos principais fatores da respectiva derrota nas urnas.
A Aliança Liberal foi a grande frente oposicionista formada para as eleições de 1930 em torno da candidatura de Getúlio Vargas. Naquele momento, havia uma clara desarticulação do sistema de alianças políticas da Primeira República, emergindo setores oligárquicos desconectados dos acordos anteriores da política dos governadores. Ao mesmo tempo, importantes setores das sociedades urbanas exibiam seu cansaço contra o regime instituído, compreendendo-o como uma perversão contra o pensamento republicano e positivista que animou a própria Proclamação da República.
Nesse sentido, o tenentismo foi uma das expressões urbanas mais profundas desse descontentamento, mas seu absoluto fracasso pela via armada deixava clara a necessidade de uma articulação mais complexa. A Aliança Liberal foi criada justamente para organizar esse sentimento e dar sentido a reformas profundas da república brasileira. Dentro do programa elementar dessa frente, de fato, havia um compromisso profundo com reformas institucionais para dar força à democracia e à modernização geral do país. Assim, havia um compromisso com o combate às fraudes e a criação de um código eleitoral federal, que deveria disciplinar a vida democrática brasileira como um todo. Nesse plano, havia grande insistência na direção das liberdades individuais, da anistia aos tenentistas revoltosos e da reforma política.
O programa eleitoral da Aliança Liberal tinha, assim, duas frentes fundamentais de atuação: as oligarquias não associadas ao governo federal e a classe média urbana. Nesse sentido, defendia a ampliação da base produtiva brasileira a partir do desmonte dos mecanismos de proteção ao café ao mesmo tempo em que avançava para uma agenda social, que era entendida por Washington Luís como assunto policial. Defendendo a regulamentação do trabalho urbano, a ampliação previdenciária, a disciplina das jornadas de trabalho e a aplicação da lei de férias, a Aliança Liberal organizava um discurso para a vida urbana também.
No entanto, as instituições eleitorais viciadas da Primeira República atuaram fartamente nas eleições de 1930 para ambos os candidatos. Com a responsabilidade recaindo sobre mesas municipais e estaduais, o processo de votação era todo manipulado pelas máquinas governamentais e tomado por fraudes graves. Se a vitória do governista Júlio Prestes foi claro resultado da manipulação das urnas e do processo, também houve evidentes movimentações para favorecer a candidatura de Getúlio Vargas. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a Aliança Liberal supostamente recebeu cerca de 99,2% dos votos válidos para a presidência. Ou seja, não se pode colocar o grupo como algo absolutamente alheio às fraudes eleitorais, ainda que tenham sido fervorosos defensores das reformas democráticas. Sem mais, item ERRADO.
282) Analise com atenção o texto do telegrama abaixo:
- A) As províncias passaram a ser estados e seus presidentes foram substituídos por interventores.
- B) Getúlio Vargas liderou a Revolução de 1930.
- C) Júlio Prestes foi eleito presidente da república, mas não chegou a assumir o cargo.
- D) O “café com leite”, revezamento político entre Minas Gerais e São Paulo continuou a vigorar no Brasil.
- E) Washington Luiz foi deposto da presidência da república.
A resposta correta desta questão é:
ESTA QUESTÃO FOI ANULADA, NÃO POSSUI ALTERNATIVA CORRETA
283) No ano de 1930, foi rompido o acordo da política do café com leite, isto é, o desentendimento entre os partidários do Partido Republicano Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM). Nesse contexto histórico, que agitou a cena política nacional, nasceu a Aliança Liberal (AL), um agrupamento político que reunia líderes dos estados:
- A) do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e da Paraíba.
- B) de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
- C) de São Paulo, da Bahia e de Pernambuco.
- D) do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e da Bahia.
- E) de Minas Gerais, do Mato Grosso e do Ceará.
A alternativa correta é letra A) do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e da Paraíba.
Gabarito: ALTERNATIVA A
- No ano de 1930, foi rompido o acordo da política do café com leite, isto é, o desentendimento entre os partidários do Partido Republicano Paulista (PRP) e do Partido Republicano Mineiro (PRM). Nesse contexto histórico, que agitou a cena política nacional, nasceu a Aliança Liberal (AL), um agrupamento político que reunia líderes dos estados:
Há de se lembrar o estudante que a Primeira República (1889-1930) era francamente marcada pela chamada "política do café com leite", em que as oligarquias de Minas Gerais e de São Paulo controlavam o centro do poder e se sucediam na presidência com os Partidos Republicano Paulista (PRP) e Republicano Mineiro (PRM). A morte prematura de Rodrigues Alves (PRP), no entanto, estabeleceu um hiato na alternância, porque lhe sucederam Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, ambos do PRM. Washington Luís, paulista apoiado pelo PRM em 1926, reconduziu o PRP ao poder e restabeleceu a prática, mas entendeu que era direito dos paulistas ter um presidente consecutivo a exemplo do que fizeram os mineiros, que argumentavam que o período Pessoa-Bernardes se dera por uma exceção. Nesse momento, o pacto das oligarquias se fraturou decisivamente, com o presidente Washington Luís insistindo em fazer do paulista Júlio Prestes o seu sucessor. Ao mesmo tempo, no Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas lançava a sua Aliança Liberal (AL) argumentando que o pacto oligárquico havia traído os princípios republicanos e positivistas, sendo necessária uma renovação geral da política para modernização do país. Com o rompimento com São Paulo, parte importante da elite mineira se alinharia a Vargas para reforçar a AL. Por fim, o governador da Paraíba, João Pessoa, negar-se-ia a dar apoio à candidatura de Júlio Prestes e se tornaria vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, levando consigo parte importante de uma renovadora oligarquia paraibana. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e da Paraíba.
b) de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
c) de São Paulo, da Bahia e de Pernambuco.
d) do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e da Bahia.
e) de Minas Gerais, do Mato Grosso e do Ceará.
Note o estudante que as alternativas B e C deveriam ser imediatamente descartadas; afinal, a AL se colocava contra a sucessão paulista de Júlio Prestes. Ou seja, não faz sentido associar a oligarquia paulista a essas forças de oposição. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
284) “Os anos que antecederam o Estado Novo foram de efervescência e disputa política. Essa situação tinha a ver com a diversidade das forças que se haviam aglutinado em torno da Aliança Liberal, a coligação partidária oposicionista que em 1929 lançou a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República. Enquanto alguns dos que aderiram à Aliança Liberal faziam oposição sistemática ao regime, outros ali ingressaram apenas por discordarem do encaminhamento dado pelo então presidente Washington Luís à sucessão presidencial”. (PANDOLFI, D. Os anos 1930: as incertezas do regime. In FERREIRA, J, NEVE, L. O Brasil Republicano vol.2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, p. 15).
- A) defendendo a educação pública obrigatória, a reforma agrária, a adoção do voto secreto, os tenentes se definiam como antioligárquicos e propunham um novo lugar para o Exército na sociedade brasileira.
- B) a despeito da sua heterogeneidade, no ideário da Aliança Liberal estavam presentes temas relacionados com justiça social e liberdade política.
- C) propunham também a diversificação da economia, com a defesa de outros produtos agrícolas além do café, e diminuição das disparidades regionais.
- D) cedo começaram os embates entre os diversos grupos que tinham participado da Aliança Liberal. Uma das principais divergências foi sobre o tempo de duração do Governo Provisório.
- E) a mudança no quadro político provocada pela Revolução de 30, eliminou a força dos estados mais poderosos do Centro-sul.
A alternativa correta é letra E) a mudança no quadro político provocada pela Revolução de 30, eliminou a força dos estados mais poderosos do Centro-sul.
Gabarito: ALTERNATIVA E
“Os anos que antecederam o Estado Novo foram de efervescência e disputa política. Essa situação tinha a ver com a diversidade das forças que se haviam aglutinado em torno da Aliança Liberal, a coligação partidária oposicionista que em 1929 lançou a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência da República. Enquanto alguns dos que aderiram à Aliança Liberal faziam oposição sistemática ao regime, outros ali ingressaram apenas por discordarem do encaminhamento dado pelo então presidente Washington Luís à sucessão presidencial”. (PANDOLFI, D. Os anos 1930: as incertezas do regime. In FERREIRA, J, NEVE, L. O Brasil Republicano vol.2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, p. 15).
A revolução de 1930 foi um divisor de águas na política brasileira no século XX. Sobre ele é INCORRETO afirmar que:
- a) defendendo a educação pública obrigatória, a reforma agrária, a adoção do voto secreto, os tenentes se definiam como antioligárquicos e propunham um novo lugar para o Exército na sociedade brasileira.
O tenentismo se configurou como uma importante força política no Brasil ao longo da década de 1920, que foi marcada no país pelos levantes liderados pelos jovens oficiais do Exército. Esses militares entendiam que o esforço positivista dos militares que implantaram a República no país foi traído pela ascensão oligárquica, que consagrou seus redutos de poder à custa do aprofundamento do subdesenvolvimento e do enfraquecimento do Estado. Esse setor, portanto, defendia uma modernização geral do Estado como indutora da transformação social, o que passaria diretamente pelo reforço do projeto republicano original, profundamente marcado pelo pensamento positivista. Assim, era profundo o sentimento antioligárquico entre esse jovem oficialato, que mirava nas bases dessas elites para iniciar a transformação do Estado e da sociedade. Consequentemente, não é uma surpresa que o tenentismo defendesse a reforma agrária, a modernização geral da economia e o voto secreto (o que, consequentemente, implodiria o voto de cabresto). Como parte da modernização, estava o esforço educacional baseado no Positivismo, exigindo a instrução pública obrigatória e expandida para o interior do país. Num Brasil em que mais de 80% da população morava na zona rural, o analfabetismo era uma realidade estabelecida e o domínio agroexportador um dado concreto e cotidiano da realidade. Sem erros na alternativa.
- b) a despeito da sua heterogeneidade, no ideário da Aliança Liberal estavam presentes temas relacionados com justiça social e liberdade política.
Como fica muito claro no texto citado no enunciado, a Aliança Liberal tinha uma composição, sim, muito heterogênea, estabelecendo um arco desde as classes médias urbanas até elites agrárias insatisfeitas com a oligarquia paulista. Com diferentes interpretações e tonalidades, justiça social e liberdade política eram, de fato, pautas comuns aos correligionários da Aliança Liberal. A liberdade política emergia por se tratar de uma frente comum contra o controle oligárquico da política do café com leite e, principalmente, os desmandos da oligarquia cafeeira e de seus aliados com as práticas eleitorais. As recorrentes fraudes - que também ocorriam entre membros da AL - eram uma marca forte da Primeira República, além de toda a fragilidade institucional da jovem democracia brasileira. A justiça social, então, era um conceito vago e de muitas colorações dentro desse entendimento, entretanto, havia uma preocupação com o sistemático e estrutural atraso brasileiro. Sem erros na alternativa.
- c) propunham também a diversificação da economia, com a defesa de outros produtos agrícolas além do café, e diminuição das disparidades regionais.
A dependência da agroexportação era diagnosticada como um problema pelo grupo da Aliança Liberal, entre outros motivos, porque o protagonismo do café era crucial para a estruturação do poder das oligarquias dominantes. Além disso, a política dos governadores era responsável por congelar a configuração política local, alçando ao domínio os aliados locais. A diversificação econômica e a redução das assimetrias de desenvolvimento internas eram uma preocupação para implodir todo esse sistema de poder. Sem erros na alternativa.
- d) cedo começaram os embates entre os diversos grupos que tinham participado da Aliança Liberal. Uma das principais divergências foi sobre o tempo de duração do Governo Provisório.
Uma vez que chegou ao poder por meio de um processo revolucionário, Getúlio Vargas passou a se equilibrar num delicado jogo político com seus aliados anteriores. Com o Governo Provisório, a Constituição de 1891 estava revogada e o país vivia um vácuo institucional com um presidente extremamente centralizador com poderes discricionários. Isso causava repulsa na parte mais aferrada ao pensamento democrático e liberal dos aliados originais; afinal, era necessário reformar o Estado, garantir as instituições fundamentais para a República e devolver o país a uma vivência democrática revigorada. Alguns grupos, logo no início, passaram a se distanciar da Aliança Liberal, com Vargas criando uma nova configuração de forças ao seu redor, o que lhe garantiria longos quinze anos no poder. Sem erros na alternativa.
- e) a mudança no quadro político provocada pela Revolução de 30, eliminou a força dos estados mais poderosos do Centro-sul.
A Revolução de 30 ainda que tenha enfraquecido decisivamente a oligarquia paulista, mostrou a força e a aliança de outras oligarquias do Centro-Sul, especialmente a gaúcha e a mineira. Com o esgarçamento final do pacto oligárquico da política do café com leite, os oligarcas gaúchos viabilizaram uma nova via de governabilidade com um entendimento de alto nível com a ascendente oligarquia do Rio Grande do Sul. Nos centros tradicionais do Nordeste, haveria uma nova acomodação, emergindo outras forças políticas com outras bases e empurrando posições tradicionais para fora do centro do poder durante alguns anos. De toda forma, é descabido falar que o processo revolucionário, liderado por um oligarca gaúcho, implodiu o poder de todos os estados mais poderosos do Centro-sul. Por apresentar erro, está é a ALTERNATIVA CORRETA.
Sem mais, a única a apresentar erro é a ALTERNATIVA E.
285) Faz referência correta ao contexto histórico que marcou o fim da Primeira República no Brasil o:
- A) crescimento do movimento operário, a crise e o fim da Política do café com leite
- B) fortalecimento do movimento socialista tenentista e a crise da República Oligárquica
- C) fim da Política do Café com Leite e a ascensão das oligarquias rurais paulistas e sulistas
- D) fortalecimento do movimento operário e a consolidação das oligarquias cafeeiras paulistas
A alternativa correta é letra A) crescimento do movimento operário, a crise e o fim da Política do café com leite
Vamos analisar cada alternativa, para identificar a que faz referência correta ao contexto histórico que marcou o fim da Primeira República no Brasil:
A) crescimento do movimento operário, a crise e o fim da Política do café com leite
CORRETO. A Primeira República, também conhecida como República Velha (1889-1930), foi um período marcado pela política do café com leite, uma expressão que faz referência à alternância de poder entre os estados de São Paulo (produtor de café) e Minas Gerais (produtor de leite). Essa política, que favorecia as elites desses estados, entrou em crise e teve seu fim com a Revolução de 1930. O movimento operário também cresceu durante esse período, especialmente na década de 1920, com as greves gerais que ocorreram em várias cidades brasileiras. Portanto, essa alternativa está correta.
B) fortalecimento do movimento socialista tenentista e a crise da República Oligárquica
INCORRETO. Apesar de o movimento tenentista ter sido um dos fatores que contribuíram para a crise da República Oligárquica, ele não era socialista. O tenentismo foi um movimento político-militar que ocorreu na década de 1920, liderado por jovens oficiais do Exército (os tenentes), que se rebelaram contra a política do café com leite e o coronelismo. Eles defendiam reformas políticas, sociais e econômicas, mas não necessariamente o socialismo. Portanto, essa alternativa está incorreta.
C) fim da Política do Café com Leite e a ascensão das oligarquias rurais paulistas e sulistas
INCORRETO. O fim da Política do Café com Leite de fato marcou o fim da Primeira República. No entanto, a ascensão das oligarquias rurais paulistas e sulistas não é correta. As oligarquias rurais paulistas já estavam no poder durante a Primeira República, e não houve uma ascensão das oligarquias rurais sulistas nesse período. Portanto, essa alternativa está incorreta.
D) fortalecimento do movimento operário e a consolidação das oligarquias cafeeiras paulistas
INCORRETO. Apesar de o movimento operário ter se fortalecido durante a Primeira República, a consolidação das oligarquias cafeeiras paulistas não marcou o fim desse período. As oligarquias cafeeiras paulistas já estavam consolidadas durante a Primeira República, e o que marcou o fim desse período foi a crise e o fim da Política do café com leite. Portanto, essa alternativa está incorreta.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA A.
286) Um importante revolta ocorreu nos primeiros anos da República brasileira, tendo à frente um líder messiânico e tornou-se tema do consagrado livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Estamos falando:
- A) da Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, ocorrida no Rio de Janeiro.
- B) da Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro, no interior baiano.
- C) da Sedição de Juazeiro, chefiada por um sacerdote, o Padre Cícero, no sul do Estado do Ceará.
- D) da Guerra do Contestado, em que religiosos exerceram influência entre os rebeldes, ocorrida no Planalto Catarinense.
A alternativa correta é letra B) da Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro, no interior baiano.
Gabarito: Letra B
Da Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro, no interior baiano.
Euclides da Cunha retratou em seu livro "Os Sertões" a Guerra de Canudos, ocorrida entre novembro de 1896 e outubro de 1897, como tendo sido provocada pelo próprio governo (estadual e federal) que via em Canudos uma ameaça já que a comunidade vivia segundo leis próprias. Foram atacados sob a justificativa de que a comunidade era fanática religiosa e monarquista, enquanto não passava de uma sociedade alternativa que oportunizava a seu povoado a paz e a justiça que o Estado Republicano não se preocupou em oferecer.
De caráter messiânico a revolta tinha como liderança Antônio Conselheiro, líder da comunidade criada às margens do Rio Vaza-Barris, chamada por Conselheiro de Belo Monte.
Publicado em 1902, o livro teve grande repercussão e tornando- se um clássico e consagrando o seu autor como um dos mais importantes ensaístas brasileiros.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: da Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, ocorrida no Rio de Janeiro.
A Revolta da Chibata foi uma revolta urbana e não messiânica e não é ela que está retratada na obra “Os Sertões”. Ocorrida em 22 de novembro de 1910 (após a publicação do livro de Euclides), na cidade do Rio de Janeiro, levou aproximadamente dois mil marinheiros, liderados pelo marinheiro João Cândido, a rebelarem-se contra os castigos físicos que recebiam na Marinha do Brasil, mas também contra a má alimentação e os baixos salários.
Letra C: da Sedição de Juazeiro, chefiada por um sacerdote, o Padre Cícero, no sul do Estado do Ceará.
A Sedição ou Revolta de Juazeiro, foi um movimento ocorrido no povoado de Juazeiro do Norte, sul do Estado do Ceará, em fins do século XIX e início do século XX, quando fiéis se mobilizaram em defesa do Padre Cícero e da veracidade do milagre ocorrido em uma missa celebrada pelo mesmo no ano de 1889. O livro “Os Sertões” não trata dessa Sedição e sim da Revolta de Canudos.
Letra D: da Guerra do Contestado, em que religiosos exerceram influência entre os rebeldes, ocorrida no Planalto Catarinense.
A Guerra do Contestado foi um conflito messiânico, porém não é ela que está retratada na obra “Os Sertões”. A Guerra do Contestado ocorreu entre 1912 e 1916 (ou seja, após a publicação do livro), durante os governos de Hermes da Fonseca (1910-1914) e Venceslau Brás (1914-1918), e foi o combate a um movimento messiânico que ocorreu na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, em uma região contestada (disputada) pelos dois estados, que por isso ficou conhecida como Contestado. Apesar das inúmeras investidas dos governos estadual e federal contra o povoado estabelecido nessa região sob a liderança do monge José Maria, somente em janeiro de 1916, o último líder dos sertanejos foi preso e a Guerra do Contestado chegou ao fim.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
287) Nossa aventura histórica é singular. Por isso e por realizar-se nos trópicos, ela é inteiramente nova. Se nossas classes dominantes se revelam infecundas, o mesmo não se passa com o povo, no seu processo de autocriação. E é com essa vantagem de sermos mestiços, que vamos chegar ao futuro.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: Errado
A Belle Époque (Época Bela) diz respeito ao período compreendido entre as últimas décadas do século XIX e os primeiros anos do século XX, anos marcados por grande entusiasmo com a prosperidade econômica e sociabilidade da época, fruto da segunda revolução industrial. Paris foi o palco central desse período de euforia com as descobertas científicas que alimentaram a ideia de que a humanidade estava construindo um futuro melhor no qual seus problemas seriam resolvidos.
No Brasil a Belle Époque se configurou como um período de grandes transformações urbanas, sobretudo na capital da República, que segundo seus dirigentes políticos precisava modernizar-se, civilizar-se. Porém, essa tentativa de apresentar um país próspero e moderno não se fez acompanhar de uma desconcentração de renda e nem ampliou politicamente os níveis de participação da sociedade. Pelo contrário, as reformas urbanas expulsaram as populações humildes da área central, visto que essas tiveram suas moradias derrubadas em nome da “higienização” e “civilização” da cidade.
Além disso, uma série de restrições e práticas excludentes impediam que a maioria da população tivesse acesso a direitos políticos, civis ou sociais. Com as restrições ao voto, calcula-se que, em 1894, apenas 2,2% da população brasileira tinha direito ao voto, e ainda assim, um voto sujeito a manipulação política dos coronéis já que era aberto e impedia o pleno exercício dos direitos políticos. Os direitos civis por sua vez, eram privilégio das classes dominantes e camadas ricas da população, visto que o poder dos coronéis impossibilitava seu exercício ao violarem garantias como o direito à vida e à liberdade, bem como da inviolabilidade do lar e integridade física que podiam ser desrespeitadas a qualquer momento por esses coronéis. Sem garantir minimamente nem mesmo os direitos políticos ou civis, a população também não possuía acesso a direitos sociais. A Constituição de 1891 nem fazia referência a eles e trabalhadores não possuíam leis sociais ou trabalhistas, nem acesso a redes de saúde ou educação pública ou a um sistema público de pensões e aposentadorias.
Referências:
AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o longo século XIX, volume 2. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
288) Quando comparadas as instituições imperiais (1824-1889) e republicanas (1889-1930), no que diz respeito à conquista da cidadania, tomando como marco final da perspectiva comparativa o ano de 1930, é CORRETO afirmar:
- A) Tanto na República quanto no Império há um alheamento do povo na política, posto que os partidos expressavam os interesses de proprietários rurais e de comerciantes em um sistema em que o voto estava sob controle das oligarquias.
- B) Na República, os partidos políticos organizavam-se com base na representação das distintas classes sociais que disputavam o voto universal por meio de escrutínio secreto, enquanto no Império o monarca escolhia, solitariamente, deputados e senadores.
- C) O alheamento do povo na política expressa a incapacidade de organização popular, o que pode ser demonstrado pela ausência de movimentos de contestação à ordem política e social, tanto no Império como na República.
- D) A crise do Império em 1889 e a da 1a República em 1930 podem ser comparadas na medida em que resultaram de uma articulação política liderada pelos setores populares descontentes com o lugar subalterno que o povo ocupava na política.
A alternativa correta é letra A) Tanto na República quanto no Império há um alheamento do povo na política, posto que os partidos expressavam os interesses de proprietários rurais e de comerciantes em um sistema em que o voto estava sob controle das oligarquias.
Gabarito: Letra A
Na Primeira República e no Império há exclusões do povo em relação a muitos direitos, dentre eles, o político.
Os partidos do Império representavam os comerciantes, proprietários de terras e funcionários brasileiros ou portugueses.
Na Primeira República a situação não se modificou. Mesmo que houvesse mais partidos, as figuras políticas eram as mesmas do período imperial.
Os dois períodos foram marcados por fraudes e violências eleitorais contra a população que estava apta a votar.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: O erro da alternativa é dizer que o voto na primeira república era universal. Mulheres e analfabetos não podiam votar nas eleições, mesmo que em alguns estados tenha ocorrido voto e eleição de mulheres para cargos políticos.
Letra C: Essa alternativa apresenta vários erros. A falta de participação do povo na política não se dá em função de uma incapacidade de se organizar, mas pelo próprio sistema político que não permitia possibilidade de mudança, mesmo que houvesse iniciativas populares para reformar as leis eleitorais. Além do mais, tanto no Império quanto na República ocorreram movimentos de contestação à ordem ou determinações do governo. Cita-se no Império a revolta do Quebra-Quilos, do Vintém, do Ronco da Abelha. Na República, Canudos, Revolta da Vacina, Contestado, Revolta da Chibata.
Letra D: A “proclamação” da República e o golpe de 1930 foram articulações de militares. Em 1889, da mocidade de militares da Escola Militar da Praia Vermelha, e em 1930, dos tenentes que participaram do tenentismo entre 1922 e 1928.
Resposta baseada na fonte:
NICOLAU, Jairo. História do voto no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
289) O Modernismo foi o principal movimento cultural ocorrido na Velha República. Em 1922, a Semana de Arte Moderna anunciava para um público restrito as novidades estéticas que mais tarde se transformariam em referência para a cultura brasileira.
- A) A recepção dos padrões estéticos europeus foi adaptada às circunstâncias nacionais; portanto, os modernos também foram estudiosos, por exemplo, do folclore brasileiro, Mario de Andrade.
- B) O Modernismo foi a expressão do desenvolvimento industrial brasileiro. A modernização econômica iniciada com o café ganhou impulso com a industrialização nas primeiras décadas do século XX e encontrou nesse movimento sua expressão estética.
- C) A Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo teve na imitação dos padrões europeus sua principal novidade, o que indica uma clara rejeição à cultura e aos valores nacionais pela elite paulista.
- D) Olavo Bilac e Monteiro Lobato foram expressões de destaque no movimento modernista. Bilac, na poesia, valorizou a forma enxuta e a irreverência com a qual os poetas modernistas tratavam a língua, e Lobato especializou-se nos estudos folclóricos, com a pesquisa acerca do saci.
A alternativa correta é letra A) A recepção dos padrões estéticos europeus foi adaptada às circunstâncias nacionais; portanto, os modernos também foram estudiosos, por exemplo, do folclore brasileiro, Mario de Andrade.
Gabarito: Letra A
A recepção dos padrões estéticos europeus foi adaptada às circunstâncias nacionais; portanto, os modernos também foram estudiosos, por exemplo, do folclore brasileiro, Mario de Andrade.
Nos primeiros vinte e cinco anos do século XX, vemos surgir o que ficou conhecido como movimento modernista, que impactou o cenário nacional com novas linguagens estéticas e ideias inovadoras.
O movimento modernista teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, realizada na cidade de São Paulo entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922. Tendo como palco o Teatro Municipal de São Paulo, a Semana contou com recitais de poesia, exposições de pintura e escultura, festivais de música e conferências sobre arte. Os nomes que mais se destacaram foram os dos escritores Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho e Oswaldo de Andrade; dos músicos Heitor Villa-Lobos e Ernani Braga; e dos artistas plásticos Emiliano Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret.
Um dos principais objetivos do movimento modernista foi a reação crítica contra os padrões considerados arcaicos de nossa arte (pintura, escultura, literatura) e contra a invasão cultural estrangeira, que despersonalizava a expressão artística no Brasil.
Dessa forma, o escritor Mario de Andrade, autor de Macunaíma, apontava a necessidade de aprofundar o terreno nacional, superando o sentimento de inferioridade dos brasileiros em relação aos europeus. De acordo com escritor o passado e as tradições deveriam servir à compreensão do presente, sendo importante, portanto, compreendê-lo. O passado, a memória nacional e as raízes culturais brasileiras (entre as quais encontra-se o folclore) deveriam ser valorizados e estudados.
Os modernistas de 1922 criticavam o comodismo cultural de uma produção transplantada da Europa. O Manifesto Antropofágico, escrito por Oswaldo de Andrade, publicado em 1928, nos dá uma melhor ideia de como os modernistas entendiam que deveria ser a arte brasileira. O autor propunha a deglutição (aproveitamento de tudo que fosse útil) da cultura europeia, que seria remodelada pelas entranhas (a realidade) das terras brasileiras.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: O Modernismo foi a expressão do desenvolvimento industrial brasileiro. A modernização econômica iniciada com o café ganhou impulso com a industrialização nas primeiras décadas do século XX e encontrou nesse movimento sua expressão estética.
O modernismo foi expressão das mudanças por quais passava a sociedade brasileira no início da Primeira República, o espírito de mudança e contestação que atingiu a sociedade brasileira, a partir das obras de modernização da capital e dos movimentos contestatórios também levaram a contestação do universo cultural brasileiro. Portanto, não surgiu com o café ou a sociedade do café, principal produto de exportação brasileira desde o século XIX.
Letra C: A Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo teve na imitação dos padrões europeus sua principal novidade, o que indica uma clara rejeição à cultura e aos valores nacionais pela elite paulista.
O movimento modernista criticava a imitação dos padrões europeus e valorizava as raízes culturais e as memórias nacionais.
Letra D: Olavo Bilac e Monteiro Lobato foram expressões de destaque no movimento modernista. Bilac, na poesia, valorizou a forma enxuta e a irreverência com a qual os poetas modernistas tratavam a língua, e Lobato especializou-se nos estudos folclóricos, com a pesquisa acerca do saci.
Olavo Bilac morreu em 1918, antes do movimento modernista e foi um dos representantes do Parnasianismo (bem influenciado pelos padrões europeus), contra o qual os modernistas buscaram reagir. Já Monteiro Lobato (nacionalista convicto) foi um dos críticos do movimento modernista devido ao que entendia como reprodução acrítica de valores estéticos das vanguardas europeias, ou seja, a crítica era voltada para o estrangeirismo, observado por ele nas obras de Anita Malfatti. Portanto, nem Monteiro Lobato nem Olavo Bilac foram expressões de destaque no movimento modernista.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
NASSIF, Luis. “Monteiro Lobato e os modernistas”. Jornal GGN, 14 de fev. 2012. Disponível em: https://jornalggn.com.br/cultura/monteiro-lobato-e-os-modernistas/#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20historiador,inaugurada%20em%20dezembro%20de%201917. Acesso em 22 de jun. de 2020.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
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- A) se constituiu numa manifestação isolada, não podendo ser associada a outras mudanças da cultura brasileira do período.
- B) representou a subordinação, sem criatividade, dos padrões da pintura brasileira às imposições das correntes internacionais.
- C) estava relacionado a uma visão mais ampla de nacionalização das formas de expressão cultural, inclusive da pintura.
- D) foi vaiado, na sua primeira exposição, porque a artista pintou uma mulher negra nua, em desacordo com os padrões morais da época.
- E) demonstrou o isolamento do Brasil em relação à produção artística da América Latina, que não passara por inovações.
A alternativa correta é letra C) estava relacionado a uma visão mais ampla de nacionalização das formas de expressão cultural, inclusive da pintura.
A obra "A Negra" de Tarsila do Amaral, pintada em 1923, é um exemplo da busca por uma identidade cultural brasileira, característica do Modernismo brasileiro. Este movimento artístico e literário, que surgiu na década de 1920, buscava valorizar a cultura popular e as tradições nacionais, rompendo com a influência europeia que predominava na arte brasileira até então.
A pintura "A Negra" é uma representação dessa busca por nacionalização, pois apresenta uma mulher negra como tema central, o que era inédito na arte brasileira da época. Além disso, a obra também apresenta influências da arte popular e da cultura afro-brasileira, o que a torna um exemplo da valorização da diversidade cultural brasileira.