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Questões Sobre Primeira República - História - concurso

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311) O Manifesto Antropofágico, escrito por Oswald de Andrade, publicado em maio de 1928, representa a continuidade do Movimento Modernista, iniciado no início da década de 1920. Esse movimento configurou-se como fundamental para a história e para arte brasileira. Sobre as propostas do Manifesto Antropofágico, leia as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:

  • A) III e IV, apenas.
  • B) II e III, apenas.
  • C) I e IV, apenas.
  • D) I e II, apenas.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra A) III e IV, apenas.

Gabarito: ALTERNATIVA A

  

O Manifesto Antropofágico, escrito por Oswald de Andrade, publicado em maio de 1928, representa a continuidade do Movimento Modernista, iniciado no início da década de 1920. Esse movimento configurou-se como fundamental para a história e para arte brasileira. Sobre as propostas do Manifesto Antropofágico, leia as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:

 
  • I. A retomada de costumes indígenas, em que o canibalismo era essencial para a formação de uma identidade genuinamente brasileira, livre de influências de outrem;

Chega a ser risível a ideia de quem, em 1928, Oswald de Andrade estava propondo o canibalismo como marca distintiva e decisiva da identidade nacional. O Manisfesto Antropofágico se debruçava sobre o aspecto cultural: imbuídos das tradições e das raízes profundas do Brasil (imaginado, principalmente, sob o mito das três raças), lançar-nos-íamos à incorporação das melhores influências internacionais para produzir uma real expressão moderna brasileira: devoraríamos (e daí o jogo de palavras com a antropofagia) as influências internacionais para mesclá-las à verdade cultural brasileira anterior e profunda, afirmando, aí sim, um modernismo brasileiro. Era a antropofagia cultural sonhada pelos modernistas brasileiros. Afirmativa falsa.

 
  • II. Ironizar costumes indígenas, tido como selvagem, por uma forma misturada e brasileira de composição da arte, fundamentada pela apropriação teórica marxista da história e da arte surrealista;

Ainda que se tivesse certa percepção preconceituosa quanto às culturas indígenas, os modernistas tinham um plano de valorizá-las como parte integrante (e distante) da formação brasileira. Atrair para a cultura a ideia de antropofagia era, também, uma forma de afirmar um suposto passado indígena mesmo no aspecto que mais aterrorizava os conquistadores europeus no século XVI. Os temas indígenas eram parte do elemento distintivo da arte brasileira dentro do modernismo em termos mundiais e a afirmação desse singularismo local era importante para aqueles artistas. Portanto, estamos longe de se falar de uma apropriação teórica ou de uma alienação cultural, mas sim uma tentativa de amalgamar profundamente as experiências locais com as vanguardas europeias. Afirmativa falsa.

 
  • III. Retomada do fundamento antropofágico, no sentido de apropriação do outro, de elementos culturais, das técnicas importadas como surrealismo, para reelaborando-as com autonomia autoral;

Estas são características essenciais da antropofagia cultural: a autonomia autoral de bases (e, principalmente, temas) profundamente brasileiras em franco diálogo com as transformações culturais das principais vanguardas num momento de grande efervescência cultural. Devorar, nesse sentido, rememorava a lógica do canibalismo indígena: comer para tomar para si as forças e as virtudes do inimigo vencido. No caso da cultura, fazer uma importação crítica e amalgamada de técnicas e de elementos culturais para se pensar um modernismo brasileiro. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

 
  • IV. Entre as diversas influências filosóficas, o materialismo histórico e a psicanálise freudiana, destacam-se.

Sobre as influências do modernismo brasileiro, há de se ter claro que praticamente todos os expoentes da nossa arte nesse período tinha formação na Europa. Ou seja, tiveram contato com as vanguardas intelectuais que fervilhavam no Velho Mundo no início do século XX, que assistia tanto a ascensão da psicanálise freudiana quanto expressões mais avançadas do materialismo histórico inspirado na teoria marxista. Consta no período, por exemplo, a formação dos chamados romances ideológicos, que abriam mão de aspectos estéticos para privilegiar a demonstração de teorias em favor de ideologias. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

  

Assim, estão corretas as afirmativas III e IV.


É correto o que se afirma em:
a)  III e IV, apenas.
b)  II e III, apenas.
c)  I e IV, apenas.
d)  I e II, apenas.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.

312) A partir de 1890, quando a capoeira foi criminalizada, através do artigo 402 do Código Penal, como atividade proibida (com pena que poderia levar de dois a seis meses de reclusão), a repressão policial abateu-se duramente sobre seus praticantes. Os capoeiristas eram considerados por muitos como “mendigos ou vagabundos”. Outras práticas afro-brasileiras, como o samba e os candomblés, foram igualmente perseguidas.

  • A) à política de valorização da diversidade promovida pela República, desde que não fossem práticas imorais.
  • B) à dificuldade das autoridades da época de combaterem a malandragem e a prostituição sem o apoio da lei.
  • C) à intenção da elite da República Velha de civilizar o país, reprimindo aspectos de uma cultura selvagem e primitiva.
  • D) à iniciativa do poder público de proteger a população de práticas historicamente ligadas à vadiagem e à criminalidade.
  • E) às marcas do racismo e da discriminação da cultura afro-brasileira, mesmo após a abolição da escravidão.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) às marcas do racismo e da discriminação da cultura afro-brasileira, mesmo após a abolição da escravidão.

 

Gabarito: Letra E

 

O grande marco histórico da prática da capoeira no período republicano é um marco negativo, pois a prática foi considerada crime pelo Código Penal de 1890.

 

O artigo 402 proibia que se fizessem nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denominação de "capoeiragem", e ainda incluía agravantes no caso de os praticantes portarem armas, ou andarem em correria promovendo tumulto ou desordem.

 

A inserção da capoeira nas normas penais republicanas foi uma resposta à ameaça da segurança física dos demais cidadãos e está atrelada à continuação das marcas da escravidão, do racismo e da discriminação da cultura afro-brasileira.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: A Primeira República tratou de desvalorizar qualquer prática e cultura diferente dos modelos europeus e dos valores de modernidade.

 

Letra B: Essa alternativa fala da prostituição, mas o trecho do texto não faz referência a essa atividade.

 

Letra C: Em certo ponto a ideia de civilizar o país era correta, dando à sociedade brasileira ares de modernidade. A capoeira era uma atividade que representa a liberdade, mas os políticos republicanos acreditavam que era uma prática violenta em um período em que a proteção da integridade do corpo era supervalorizada. A capoeira era um elemento que remetia ao passado, não necessariamente primitivo e selvagem. Um passado imperial que não teria vez na modernidade republicana.

 

Letra D: A intenção era garantir a manutenção da ordem republicana, protegendo a integridade física dos cidadãos e a segurança nacional, uma vez que era considerada uma prática com potencial subversivo, violento e propagadora da vadiagem em um regime que se pautava pela modernidade e inserido na lógica produtiva do capitalismo.

 

Resposta baseada nas fontes:

 

PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões e SOARES, Carlos Eugênio Líbano. "Capoeira na escravidão e no pós-abolição". In: GOMES, Flávio e SCHWARCZ, Lilia (Orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos críticos. 1ª ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

 

SANTOS, Myrian Sepúlveda dos Santos. A prisão dos ébrios, capoeiras e vagabundos no início da Era Republicana. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/topoi/v5n8/2237-101X-topoi-5-08-00138.pdf. Acesso: 25 abr. 2020.

313) Em 1924, no Brasil, o Movimento Antropofágico foi inaugurado com a publicação da obra “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade. Sobre esse Movimento é correto afirmar que:

  • A) De modo geral buscava retratar em afrescos a cultura brasileira, assim, como os trabalhadores, porém, ansiava especificamente por evitar à alusão a beleza divina da alma.

  • B) Sobre uma esfera, almejava retomar a cultura iluminista, retratando o homem e sua forma física, de outra, ressaltava a necessidade em negar a estética do corpo, em detrimento da alma.

  • C) De um lado procurava negar a tradição romântica oitocentista europeia, pautada no romance romântico, e, de outro lado, registrar o amor das obras literárias, da pintura e da escultura da mesma época.

  • D) Na medida em que defendiam o impressionismo, para exaltar as formas do corpo e do trabalho das mulheres brasileiras, desejava reproduzir o modelo expressionista, por meio da cultura brasileira.

  • E) Da mesma forma que se desejava romper com modelos estéticos importados da Europa, aspirava-se por seguir os padrões ditados pelas vanguardas modernistas europeias, tais como o Futurismo e Surrealismo.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) Da mesma forma que se desejava romper com modelos estéticos importados da Europa, aspirava-se por seguir os padrões ditados pelas vanguardas modernistas europeias, tais como o Futurismo e Surrealismo.

Gabarito: ALTERNATIVA E

  
  • Em 1924, no Brasil, o Movimento Antropofágico foi inaugurado com a publicação da obra “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade. Sobre esse Movimento é correto afirmar que:

O enunciado faz referência ao momento do Modernismo das artes brasileiras, que teve seu marco fundador na Semana de Arte Moderna de 1922. À época, buscava-se uma nova expressão artística brasileira em diversos campos com a participação de jovens artistas e intelectuais, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade, Victor Brecheret, Manuel Bandeira e Oswald de Andrade. O "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" dava densidade a muitos dos princípios artísticos e estéticos que orientavam aquela geração. A partir dessa base, analisemos as alternativas que se seguem.

 
  • a) De modo geral buscava retratar em afrescos a cultura brasileira, assim, como os trabalhadores, porém, ansiava especificamente por evitar à alusão a beleza divina da alma.

A redação da alternativa é bastante confusa, mas sua refutação é relativamente simples. A pintura em afrescos (técnica pictórica sobre paredes) estava muito distante do esforço modernista brasileiro, que pretendia se afastar das discussões das estéticas sacras e institucionais que marcaram profundamente o passado das artes plásticas brasileiras. Procurando uma estética urbana e moderna e causando grandes controvérsias com os setores mais conservadores, as artes plásticas do movimento modernista não dispunham, via de regra, de grandes espaços públicos; tornando a pintura sobre tela um de seus grandes recursos. Os modernistas brasileiros também se debruçariam sobre algumas possibilidades de revistas de arte e de escultura, mas sua maior expressão plástica foi a pintura sobre tela com temas urbanos e em diálogo com um passado mítico e rural. De arte sacra, o momento mais alto do Modernismo brasileiro ocorreria quinze anos após o Manifesto, com os azulejos da Igreja da Pampulha (Belo Horizonte) de Cândido Portinari. Alternativa errada.

 
  • b) Sobre uma esfera, almejava retomar a cultura iluminista, retratando o homem e sua forma física, de outra, ressaltava a necessidade em negar a estética do corpo, em detrimento da alma.

Mais uma alternativa de redação um tanto confusa, o que facilita que o candidato mais atento a descarte em seu julgamento. Ora, como poderia haver uma negação da estética do corpo e um prejuízo para a exaltação da alma concomitantemente? Ora, se corpo e alma são depreciados, o que sobraria para os modernistas? Percebe, portanto, que o avaliador criou uma alternativa absurda, que não merece maiores atenções por parte do candidato. De qualquer maneira, cabe destacar que a proposta do Manifesto não se desenvolvia no sentido de retomar ou de recriar acriticamente qualquer um dos paradigmas europeus; mas antes estabelecer diálogos complexos entre as forças brasileiras e as correntes filosóficas e artísticas do mundo. Alternativa errada.

 
  • c) De um lado procurava negar a tradição romântica oitocentista europeia, pautada no romance romântico, e, de outro lado, registrar o amor das obras literárias, da pintura e da escultura da mesma época.

Seria uma redução muito agressiva falar que o Modernismo se dedicava simplesmente à negação do Romantismo do século XIX, ainda que houvesse uma clara oposição e um aprofundamento dos questionamento do Realismo/Naturalismo. Muito além de negar ou se contrapor, a opção moderna se lançava sobre a construção de um ponto de vista eminentemente brasileiro sobre o mundo em meio a uma profunda investigação sobre o que era o Brasil de fato. Ainda que o amor pudesse ser um elemento de criação, seu registro era absolutamente secundário, uma vez que os artistas do período se lançaram a pensar o que era o Brasil profundo e desconhecido, procurando compor algo de inédito no mundo ao mesclar as tradições europeias com o singularismo nacional. Portanto, os maiores temas e preocupações dos modernistas estava em torno da construção do Brasil em interpretações originais e modernas, fazendo uma nova estética em franco (e altivo) diálogo entre o local e o internacional. Alternativa errada.

 
  • d) Na medida em que defendiam o impressionismo, para exaltar as formas do corpo e do trabalho das mulheres brasileiras, desejava reproduzir o modelo expressionista, por meio da cultura brasileira.

Nas duas primeiras décadas do século XX, o impressionismo já era uma escola pictórica decadente na Europa e considerada insuficiente para a realidade brasileira. Além disso, é absurdo falar que o impressionismo - que pressupunha a ultravalorização da luz e da sublimação das formas geométricas - pudesse servir de base a para a valorização das formas femininas. Da mesma maneira, não se pode falar que o Manifesto defendesse a reprodução de qualquer modelo europeu, já que, antes de mais nada, buscava uma conjugação revolucionária das escolas europeias com a verdade brasileira, sem adesão acrítica a modelos artísticos. O corpo e o trabalho femininos estiveram, sim, presentes na arte modernista, mas em cores brasileiras e com novas técnicas de representação, sem uma clara filiação ao expressionismo. Alternativa errada.

 
  • e) Da mesma forma que se desejava romper com modelos estéticos importados da Europa, aspirava-se por seguir os padrões ditados pelas vanguardas modernistas europeias, tais como o Futurismo e Surrealismo.

De maneira bastante simplista, a alternativa acaba por expressar uma das tensões fundamentais do modernismo brasileiro: a "antropofagia cultural" do Manifesto não se baseava na negação da existência das vanguardas e das escolas europeias, mas na absorção crítica, seletiva e miscigenada de seus princípios. Isto é, ao mesmo tempo em que se rompia com os modelos estéticos europeus na representação, dialogava-se com suas vanguardas para ajudar a compor uma interpretação terminalmente brasileira sobre as artes e sobre o próprio país. Nesse sentido, Futurismo e Surrealismo foram duas vanguardas importantes no esforço dos modernistas brasileiros para compor esse novo quadro de ruptura e de reinterpretação radical, processo semelhante que ambas as escolas propunham na Europa. A base nacional do modernismo brasileiro, no entanto, impunha-lhe uma dinâmica de assimilação e diálogo muito inovadores para as artes no Brasil. Portanto, é esta a ALTERNATIVA CORRETA.

  

Note bem o estudante que duas das alternativas poderiam ser eliminadas de antemão por não apresentarem a mínima coerência em seus próprios termos, num ato de claro descuido do avaliador. Este tipo de oportunidade não pode ser desprezado mesmo quando o candidato não tem conhecimento sobre o tema da questão. Portanto, compreender o quão descuidada foi a banca na construção da prova pode ser uma peça fundamental para que o candidato possa ganhar pontos mesmo em situações adversas aos seus conhecimentos. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

314) “A cidade passa a ditar modas, a difundir ideias, a alterar a própria sensibilidade social cada vez mais voltada para o novo, para o moderno, para o artificial, para o não-familiar”. (ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Nordestino: uma invenção do falo. Maceió: Catavento, 2003, p. 101). De acordo com a problematização exposta por Durval Muniz, é correto afirmar que:

  • A) Os nivelamentos sociais urbanos, expressos na abolição da escravatura, na presença do estrangeiro, na proposta comunista, nos distanciamentos e disputas entre patrões e empregados, entre outros, viabilizaram o cosmopolitismo.

  • B) A urbanização promove uma acentuação nos antigos processos de masculinização entre os homens e de feminização para as mulheres, assegurando a divisão social dos papeis sociais de acordo com o sexo sem gerar grandes conflitos.

  • C) As cidades permitiram a ascensão de novos perfis sociais amplamente aceitos. Enquanto a mulher moderna estava expressa na figura da “melindrosa” ou da “cocote”, o homem era representado na imagem asséptica do “almofadinha”.

  • D) A horizontalização proposta pelas mulheres era um reforço na manutenção das desigualdades entre os sexos. Assim, a luta do movimento feminista de primeira onda contribuiu para dilapidar as heranças do patriarcalismo defendido por Gilberto Freyre.

  • E) O advento da República e a intensificação dos processos de urbanização podem ser interpretados como a feminização da sociedade, o que desagradou e foi combatido pelos defensores do patriarcalismo tradicional, do mundo rural e dos aspectos coloniais.

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A alternativa correta é letra E) O advento da República e a intensificação dos processos de urbanização podem ser interpretados como a feminização da sociedade, o que desagradou e foi combatido pelos defensores do patriarcalismo tradicional, do mundo rural e dos aspectos coloniais.

Gabarito: ALTERNATIVA E

  

“A cidade passa a ditar modas, a difundir ideias, a alterar a própria sensibilidade social cada vez mais voltada para o novo, para o moderno, para o artificial, para o não-familiar”. (ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Nordestino: uma invenção do falo. Maceió: Catavento, 2003, p. 101). De acordo com a problematização exposta por Durval Muniz, é correto afirmar que:

 
  • a) Os nivelamentos sociais urbanos, expressos na abolição da escravatura, na presença do estrangeiro, na proposta comunista, nos distanciamentos e disputas entre patrões e empregados, entre outros, viabilizaram o cosmopolitismo.

A alternativa apresenta vários erros, facilitando muito o trabalho do candidato. Primeiro, nem a abolição da escravatura nem as ondas imigratórias representaram, de fato, um "nivelamento social urbano". A Lei Áurea (1888), apesar de toda sua importância, não moveu nenhum esforço efetivo para a inserção social dos escravos libertos, que, em sua maioria, ficaram relegados aos subúrbios sem qualquer tipo de política reparatória que promovesse o tal nivelamento. No caso dos imigrantes, uma parte significativa foi deslocada para as zonas rurais; e aqueles que foram para as cidades também foram marginalizados, tornando-se operários e vivendo em cortiços, além de toda sorte de preconceitos por parte da elite estabelecida. As propostas comunistas e as lutas de classe no Brasil eram, antes, ecos esparsos e mal elaborados durante o Modernismo brasileiro; ainda que houvesse um ou outro ponto mais agudo nessas relações, essa modernização pouco dialogou com elas. O cosmopolitismo que começou a germinar no país antes resultou do retorno da Europa dos filhos das elites brasileiras, principalmente na década de 1920. Impressionados com a ebulição político-cultural europeia do início do século, esses jovens voltaram ao país dispostos a fazer esforços por sua modernização. Alternativa errada.

 
  • b) A urbanização promove uma acentuação nos antigos processos de masculinização entre os homens e de feminização para as mulheres, assegurando a divisão social dos papeis sociais de acordo com o sexo sem gerar grandes conflitos.

A urbanização brasileira teve grande impacto nas questões de gênero em nossa sociedade. Além da psiquê da grande cidade, a vida material impunha dinâmicas muito diferentes daquela verificada no campo. Paupérrimos, esses novos citadinos são forçados a encontrar moradia em cortiços e subúrbios de toda sorte sob uma carestia severa, o que abriu espaço para um aumento no engajamento feminino no mercado de trabalho, o que era visto como impossível numa divisão social anterior. Além disso, surgia uma demanda relevante em novos postos de trabalho considerados "femininos", ampliando a possibilidade de participação das mulheres. Nas classes mais altas, a urbanização as colocou em contato com as questões europeias de maneira decisiva, fazendo surgir movimentos pelo sufrágio feminino e criando um nova cultura no qual o papel da mulher também estava sendo rediscutido. Por óbvio, essas acomodações sociais foram seguidas por conflitos, mas as mulheres foram conquistando postos de destaque em vários pontos da sociedade. Alternativa errada.

 
  • c) As cidades permitiram a ascensão de novos perfis sociais amplamente aceitos. Enquanto a mulher moderna estava expressa na figura da “melindrosa” ou da “cocote”, o homem era representado na imagem asséptica do “almofadinha”.

O primeiro erro grave presente na alternativa é falar em "novos perfis sociais amplamente aceitos". Essas transformações foram vividas num ambiente de grandes atritos sociais, com grande resistência nas classes sociais mais elevadas e nos meios mais antigos no nosso processo de urbanização. A nova figura feminina, disposta ao mercado de trabalho, engajada nas artes e nos debates intelectuais, ruborizava setores mais conservadores e foram poucas as mulheres que conseguiram de fato se inserir nesse momento, ainda que tenham sido preciosas pioneiras. Por exemplo, as atrizes brasileiras da época tinham de emitir, junto à Polícia Federal, uma carteira de trabalho especial (de cor rosa) para que pudessem trabalhar profissionalmente: no entanto, era a mesma classe de registro destino às prostitutas. Melindrosa e cocote eram apenas dois dos muitos retratos disponíveis à época para as mulheres, que também eram confundidas em muitos outros preconceitos; mas poucos papéis eram de fato aceitos socialmente sem algum grau de disputa. Aos novos homens urbanos, a figura do "almofadinha" era uma das disponíveis, mas também visto com grandes reservas. O novo intelectual brasileiro também flertava com essa configuração: o rapaz bem nascido, formado em Direito e versado em artes na Europa; mas tampouco era facilmente aceito. Alternativa errada.

 
  • d) A horizontalização proposta pelas mulheres era um reforço na manutenção das desigualdades entre os sexos. Assim, a luta do movimento feminista de primeira onda contribuiu para dilapidar as heranças do patriarcalismo defendido por Gilberto Freyre.

O chamado "feminismo de primeira onda" defendeu antes direitos individuais elementares para as mulheres na primeira metade do século XX brasileiro. Entre as lutas no campo dos direitos civis, podemos elencar a questão do sufrágio feminino, o divórcio, a capacidade jurídica de tomar algumas decisões e o acesso a lugares públicos tidos como tipicamente masculinos. Portanto, era uma questão muito mais ligada a direitos elementares do que qualquer enfrentamento mais direto ao patriarcado. Alternativa errada.

 
  • e) O advento da República e a intensificação dos processos de urbanização podem ser interpretados como a feminização da sociedade, o que desagradou e foi combatido pelos defensores do patriarcalismo tradicional, do mundo rural e dos aspectos coloniais.

Concomitante às primeiras décadas da República, o brasil viveu seu primeiro processo de urbanização mais robusto. Entre a industrialização, o êxodo rural e o florescimento do setor de serviços, a economia brasileira tracionava no sentido da urbanização e a sociedade se transformava junto com isso. Como já comentado, as questões de gênero ebuliram numa disputa bastante significativa e gerou reações de setores mais conservadores da sociedade. Numa República dominada pelas oligarquias agroexportadoras, o patriarcalismo brasileiro teve grandes tribunas para combater o avanço da feminização da sociedade. Mas, ainda assim, as mulheres conseguiram marcar posições importantes e definitivas nesse processo da sociedade brasileira. ALTERNATIVA CORRETA.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

315) De acordo com Sidney Chalhoub, em seu livro “Trabalho, lar e botequim”, o Rio Janeiro de 1906 era a única cidade brasileira com mais de 500 mil habitantes. Esta população, extremamente heterogênea, contava com 34% de pretos e mulatos e 34% de imigrantes, dentre os quais 20% eram portugueses. Todos eles engrossavam as fileiras do “trabalho livre”. (CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque. São Paulo: Unicamp, 2008). Sobre esse contexto histórico, é correto afirmar:

  • A) Representa a descontinuidade, nos espaços urbanos e rurais, dos projetos mais amplos de dominação social e cultural oriundos do século XIX.

  • B) Trata-se do período de implementação e imposição de uma ordem capitalista alicerçada na positivação da ideia de trabalho observada nas mudanças das relações “senhor-escravo” para as do “burguês-proletário”.

  • C) Ascende um projeto de expropriação do trabalhador expresso na manutenção de antigas ideologias de trabalho e no relaxamento das formas de repressão.

  • D) Trata-se de um momento inaudito na História do Brasil República em que as rivalidades étnicas e nacionais são superadas pelo interesse comum dos trabalhadores dentro dos movimentos organizados.

  • E) Refere-se a um recorte temporal e espacial em que o “mundo do trabalho” é deslocado do “mundo da ordem” por afetar negativamente o princípio de propriedade.

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A alternativa correta é letra B) Trata-se do período de implementação e imposição de uma ordem capitalista alicerçada na positivação da ideia de trabalho observada nas mudanças das relações “senhor-escravo” para as do “burguês-proletário”.

Gabarito: ALTERNATIVA B

  

De acordo com Sidney Chalhoub, em seu livro “Trabalho, lar e botequim”, o Rio Janeiro de 1906 era a única cidade brasileira com mais de 500 mil habitantes. Esta população, extremamente heterogênea, contava com 34% de pretos e mulatos e 34% de imigrantes, dentre os quais 20% eram portugueses. Todos eles engrossavam as fileiras do “trabalho livre”. (CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque. São Paulo: Unicamp, 2008). Sobre esse contexto histórico, é correto afirmar:

 
  • a) Representa a descontinuidade, nos espaços urbanos e rurais, dos projetos mais amplos de dominação social e cultural oriundos do século XIX.

É difícil de imaginar o que a banca quis dizer nesta alternativa. O fato de a população carioca ser extremamente heterogênea no início do século XX não significa uma ruptura com os projetos do século XIX, mas sim um corolário de suas crises, dificuldades e transformações. O trabalho livre, há de ser observado, era uma realidade em plena mutação naquele contexto, já que a escravidão fora abolida em 1888, reconfigurando a força de trabalho livre. Havia sim uma ruptura da ordem monárquica e escravocrata, mas isso não implica dizer que não havia qualquer tipo de continuidade de projetos e de composições sociais. Alternativa errada.

 
  • b) Trata-se do período de implementação e imposição de uma ordem capitalista alicerçada na positivação da ideia de trabalho observada nas mudanças das relações “senhor-escravo” para as do “burguês-proletário”.

As estruturas de dominação que marcaram praticamente todo o período monárquico brasileiro (1822-1889) pressupunham o mando e a obediência da relação senhor-escravo numa dinâmica em que apenas uma fração da população gozava plenamente de direitos e de vida econômica. Com o fim da escravidão em 1888, as forças econômicas estavam sendo reorganizadas e reassentadas, principalmente nos espaços urbanos, decorrendo novas relações de trabalho e de economia. A queda da monarquia, por seu turno, também encerrava um ciclo de organização social baseada na aristocracia e nos privilégios inatos. Desta forma, as classes sociais se reorganizavam sob a vida republicana em novas dinâmicas, o que a leitura marxista prefere apontar como uma nova fase capitalista em que burgueses e proletários se contrapõem. No entanto, há de ser observado que a economia brasileira era profundamente agrícola e as nossas cidades conheciam rarefeitos esforços industriais: isto é, ainda não se pode falar na formação de um proletariado mais complexo no início do século XX a ponto de caracterizar toda a sociedade. Nossa burguesia, por seu turno, era composta de profissionais liberais e de comerciantes de grosso trato, ainda distante da realidade industrial da leitura marxista. Ainda que não apresente erros graves, a alternativa sofre de uma imprecisão muito profunda que merece mais atenção, mesmo que seja apontada como correta. Portanto, sob protestos, esta é a ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • c) Ascende um projeto de expropriação do trabalhador expresso na manutenção de antigas ideologias de trabalho e no relaxamento das formas de repressão.

A nova composição do trabalho livre no começo do século XX demonstra de maneira significativa que houve uma superação das formas de trabalho do século anterior nas cidades brasileiras. Por outro lado, o impulso urbano de criar uma vida republicana e moderna pressionou para um aumento da complexidade das formas de repressão, que redundou numa política higienista das cidades brasileiras. O processo urbano brasileiro foi imposto por meio da força e da truculência policial, excluindo boa parte dessa nova classe do trabalho livre para áreas distantes, mesmo em meio à superação da escravidão como forma de trabalho. O paradoxo brasileiro sobre a questão se arrastaria ao longo das década seguintes, exaltando os mais pobres ao trabalho ao mesmo tempo que o Estado o exclui na luta por direitos. Alternativa errada.

 
  • d) Trata-se de um momento inaudito na História do Brasil República em que as rivalidades étnicas e nacionais são superadas pelo interesse comum dos trabalhadores dentro dos movimentos organizados.

Essa nova classe de trabalhadores livres se confundiu em processos sociais no início do século XX, inclusive ocupando os mesmos espaços de moradia e de trabalho dentro das cidades. No entanto, apenas na década seguinte os trabalhadores industrias conseguiriam demonstrar um grau importante de organização para a luta por direitos, o que culminaria nas greves gerais de 1917. As classes mais baixas do início da República ficaram confinadas num espaço reativo e de difícil organização frente ao aumento significativo da repressão e o controle do aparato estatal pelas novas oligarquias num contexto democrático fragilíssimo. Há de ser observado, por exemplo, que os analfabetos - que eram franca maioria entre esses trabalhadores - estavam completamente alijados do processo eleitoral. Alternativa errada.

 
  • e) Refere-se a um recorte temporal e espacial em que o “mundo do trabalho” é deslocado do “mundo da ordem” por afetar negativamente o princípio de propriedade.

A redação da alternativa é extremamente confusa. De qualquer maneira, o princípio da propriedade privada estava muito bem protegido durante a República Velha (1889-1930), durante o qual as oligarquias agrárias de Minas Gerais e de São Paulo dominavam o poder central e os postos mais altos do jogo político-eleitoral. As organizações operárias de cunho anarquista que surgiram nas décadas de 1910 e 1920 foram severamente reprimidas e o mundo do trabalho sempre foi mantido sob severo controle, sendo as classes trabalhadoras constantemente submetidas à repressão e alijadas do processo decisório central.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.

316) No final do século XIX, as Grandes Sociedades carnavalescas alcançaram ampla popularidade entre os foliões cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso objetivo em relação à comemoração carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de carros enfeitados pelas principais ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo (brincadeira que consistia em jogar água nos foliões) e outras práticas difundidas entre a população desde os tempos coloniais, substituindo-os por formas de diversão que consideravam mais civilizadas, inspiradas nos carnavais de Veneza. Contudo, ninguém parecia disposto a abrir mão de suas diversões para assistir ao carnaval das sociedades. O entrudo, na visão dos seus animados praticantes, poderia coexistir perfeitamente com os desfiles.

  • A)  distinções sociais eram deixadas de lado em nome da celebração.

  • B)  aspirações cosmopolitas da elite impediam a realização da festa fora dos clubes.

  • C)  liberdades individuais eram extintas pelas regras das autoridades públicas.

  • D)  tradições populares se transformavam em matéria de disputas sociais.

  • E)  perseguições policiais tinham caráter xenófobo por repudiarem tradições estrangeiras.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D)  tradições populares se transformavam em matéria de disputas sociais.

Gabarito: Letra D
 
Podemos notar no carnaval carioca do século XIX e início do século XX, a existência de várias formas de diversão, com destaque para as Grandes Sociedades carnavalescas e os entrudos.
 
As Grandes Sociedades tentaram implantar um modelo civilizado de Carnaval no Rio de Janeiro, inspirado nos modelos europeus, sobretudo, o de Veneza. Elas costumavam realizar bailes particulares e desfiles de carros alegóricos. 
 
Os entrudos eram festividades mais populares onde existiam práticas de se jogarem líquidos e outros gêneros alimentícios nas pessoas, como, por exemplo, suco de limão, café, urina, farinha e ovos.
 
Entretanto, essa tentativa de “civilizar” uma festa profana, acabou gerando conflitos, principalmente de gênero, uma vez que as Grandes Sociedades eram formadas apenas por homens, que apresentavam um discurso de impedir que as mulheres da fina flor da sociedade carioca participassem dos entrudos para não serem associadas a prostitutas. Curiosamente, as prostitutas participavam dos bailes privados das Grandes Sociedades destinados exclusivamente aos homens e estavam nos carros alegóricos representando figuras femininas como a liberdade, a igualdade, deusas gregas e romanas.
 
Por detrás, a tentativa de manter o poder patriarcal sobre as mulheres, demarcando os espaços sociais de cada mulher nesses momentos de diversão, por exemplo, as senhoras e moças da fina flor deveriam ficar nas sacadas ou escoltadas para assistir aos desfiles das Grandes Sociedades. Jamais deveriam participar dos entrudos. As prostitutas poderiam participar dos bailes privados e dos desfiles, pois eram outro tipo de mulher. 
 
Além disso, determinados temas desfilados pelas Grandes Sociedades tinham por objetivo criticar a inversão de papéis ocorrida naqueles tempos. Por exemplo, uma Grande Sociedade no desfile de 1889 “homenageava”  em um dos seus carros,uma mulher que se formou em medicina. Nos outros carros, traziam homens exercendo funções femininas, como cozinhar ou costurar.
 
Por que as demais estão incorretas?
 
Letra A: distinções sociais eram deixadas de lado em nome da celebração.
 
Conforme visto, distinções sociais não eram deixadas de lado nas festividades. Havia uma clara tentativa de confinar os espaços das mulheres nos carnavais.
 
Letra B: aspirações cosmopolitas da elite impediam a realização da festa fora dos clubes.
 
Verificamos que as Grandes Sociedades realizavam bailes privados para os seus sócios e desfiles de carros pelas ruas da Corte.
 
Letra C: liberdades individuais eram extintas pelas regras das autoridades públicas.
 
As liberdades individuais só existiam para os homens da sociedade. As mulheres tentavam ser confinadas em espaços próprios, longe dos entrudos e ao participarem dos desfiles das Grandes Sociedades deveriam ficar das sacadas das janelas olhando a festividade.
 
Letra E: perseguições policiais tinham caráter xenófobo por repudiarem tradições estrangeiras.
 

Os policiais reprimiram as manifestações do entrudo, consideradas imorais e violentas.
 
 
Referência:
 
PEREIRA, Cristiana Schettini.  “Os senhores da alegria: a presença das mulheres nas Grandes Sociedades carnavalescas cariocas em fins do século XIX”. In: CUNHA, Maria  Clementina Pereira (Org.) Carnavais e outras f(r)estas: ensaios de história social da cultura. Campinas: Unicamp; Cecult, 2002.

317) No alvorecer do século XX, o Rio de Janeiro sofreu, de fato, uma intervenção que alterou profundamente sua fisionomia e estrutura, e que repercutiu como um terremoto nas condições de vida da população.

  • A) Cobrança de impostos — ocupação da periferia.

  • B) Destruição de cortiços — revolta da população pobre.

  • C) Criação do transporte de massa — ampliação das favelas.

  • D) Construção de hospitais públicos — insatisfação da elite urbana.

  • E) Edificação de novas moradias — concentração de trabalhadores.

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A alternativa correta é letra B) Destruição de cortiços — revolta da população pobre.

 

Gabarito: Letra B

 

Destruição de cortiços — revolta da população pobre.

  

O texto refere-se ao contexto das reformas ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil até 1960. É uma questão de causa e consequência.

 

As reformas na capital se concentraram em três pontos: na modernização do porto do Rio de Janeiro, nas melhorias na higiene da cidade e na remodelação do espaço urbano, com a construção de avenidas e ruas e derrubada de cortiços, de lojas de comércio e de outras moradias na área central da capital. 

 

Mais conhecida pelo nome de Reforma Pereira Passos, pois um dos principais nomes ligados a esses eventos foi o prefeito da capital, Francisco Pereira Passos, esse conjunto de reformas afetou grande parte da população urbana, sobretudo os mais pobres. 

 

Como consequência desse contexto de mudanças, podemos destacar um conjunto de protestos que culminaram na revolta da Vacina, uma revolta popular contra a política higienista e sanitarista promovida pelo governo federal, que tinha como representante da área da saúde, o médico Oswaldo Cruz. A revolta era contra a vacinação obrigatória da varíola tornada lei pelo congresso nacional. Cabe salientar que o governo federal não fez nenhum trabalho de conscientização e esclarecimento sobre essa vacinação, não fez por exemplo nenhuma campanha de orientação da população.

 

Além disso, a população se revoltou também devido às reformas na cidade que tinham pretextos “modernizadores e embelezadores” promovida pelos executivos federal e municipal, na pessoa de Rodrigues Alves e Pereira Passos respectivamente. Essas reformas abriram ruas, avenidas, parques e derrubaram cortiços, outras moradias habitacionais, fecharam quiosques e casas de comércio, além de derrubarem parte de morros, como o Morro do Castelo, acabaram expulsando a população para outros morros do centro da capital e para o subúrbio.

 

A revolta contra a vacina também era uma resistência na mentalidade cultural da população que não desejava ser vacinada, muitos maridos não queriam ver suas esposas sendo “espetadas” por outros homens como se dizia na época. 

 

Para a população que seguia as tradições africanas, a vacinação impedia a ação do orixá Omolu, que tinha o poder de espalhar a doença e, ao mesmo tempo, ser o único capaz de proteger esse grupo social.

  

Por que as demais estão incorretas?

  

Letra A: Cobrança de impostos — ocupação da periferia.

 

A cobrança de impostos não foi suficiente para alterar a fisionomia e estrutura da cidade do Rio de Janeiro. 

  

Letra C: Criação do transporte de massa — ampliação das favelas.

 

A criação do transporte de massa certamente altera a fisionomia e estrutura da cidade do Rio de Janeiro, porém essa condição não ocorreu no início do século XX, mas a partir da segunda metade do século XX. Além disso, a criação de transporte de massa por si seria uma medida que beneficiaria a população sem provocar um terremoto como diz o trecho da questão.

  

Letra D: Construção de hospitais públicos — insatisfação da elite urbana.

 

A construção de hospitais públicos não altera a fisionomia e estrutura da cidade do Rio de Janeiro, talvez apenas na localidade onde esses hospitais foram construídos. Além disso, a construção de hospitais por si seria uma medida que beneficiaria a população sem provocar um terremoto como diz o trecho da questão.

  

Letra E: Edificação de novas moradias — concentração de trabalhadores.

 

Pelo contrário, houve derrubada de moradias e não a construção de novas moradias.

  

Referência:

 

BENCHIMOL, Jaime Larry. “Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro”. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930 – Primeira República (1889-1930). Volume 1 Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

318) Assinale a alternativa que NÃO apresenta três integrantes de alguma das fases do Movimento Modernista brasileiro.

  • A) Jorge Amado, Eça de Queiroz, Paulo Leminski.
  • B) Mário de Andrade, Oscar Niemayer, Tarsila do Amaral.
  • C) Di Cavalcanti, Villa Lobos, Oswald de Andrade.
  • D) Cândido Portinari, Cecília Meireles, Victor Brecheret.
  • E) Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes.

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A alternativa correta é letra A) Jorge Amado, Eça de Queiroz, Paulo Leminski.

Gabarito: Letra A

 

(Jorge Amado, Eça de Queiroz, Paulo Leminski.)

 


 
A questão quer saber qual alternativa NÃO apresenta três integrantes de alguma das fases do modernismo brasileiro.
 
O modernismo brasileiro ficou cristalizado na historiografia das disciplinas de História e Literatura como um movimento estético, artístico e cultural, uma reação contra os valores da arte tradicional, de influência europeia ou dos EUA.
 
A historiografia aponta o modernismo como tendo marco inicial a década de 1920. A primeira geração se encerraria em 1930, dando lugar a uma segunda geração que se estendeu até 1945.
 
Após 1945 podemos elencar uma terceira geração de artistas modernistas que se encerrou na década de 1970.
 
O movimento foi plural e apresentou várias vertentes e expressões do moderno que revelaram ritmos distintos, concepções próprias e regionalismos.
 
A Letra A cita o autor português Eça de Queiroz como sendo um integrante do modernismo brasileiro. Eça de Queiroz foi um importante escritor do realismo português, foi contemporâneo de Machado de Assis, representante do realismo brasileiro.
 
Jorge Amado pode ser considerado um autor integrante do modernismo de segunda geração e há quem classifique Paulo Leminski como sendo da terceira geração ou mesmo um pós-moderno.
 
 
As demais estão corretas, pois:
 
 
Letra B: Mário de Andrade, Oscar Niemayer, Tarsila do Amaral.
 
Todos podem ser considerados como pertencentes ao modernismo brasileiro. Mário de Andrade foi um importante escritor, Oscar Niemeyer foi um importante arquiteto e Tarsila do Amaral foi pintora.

 

 
Letra C: Di Cavalcanti, Villa Lobos, Oswald de Andrade.
 
Todos podem ser considerados como pertencentes ao modernismo brasileiro. Di Cavalcanti foi um importante pintor, Villa Lobos foi um importante músico e Oswald de Andrade um escritor.
 
 
Letra D: Cândido Portinari, Cecília Meireles, Victor Brecheret.
 
Todos podem ser considerados como pertencentes ao modernismo brasileiro. Cândido Portinari foi um importante pintor, Cecília Meireles foi uma importante escritora e Victor Brecheret um escultor.
 
 
Letra E: Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes.
 
Todos podem ser considerados como pertencentes ao modernismo brasileiro. Guimarães Rosa foi um importante escritor, assim como Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes, que também era músico. 
 
 
Referências:


 
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral: volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
 
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 1995.

 

319) Com base na leitura da obra A cidade e as serras, de Eça de Queirós, publicada originalmente em 1901, é correto concluir que, nela, encontra-se

  • A) o prenúncio de uma consciência ecológica que iria eclodir com força somente em finais do século XX, mas que, nessa obra, já mostrava um sentido visionário, inspirado pela invenção dos motores a vapor.

  • B)  uma concepção de hierarquia civilizacional entre as regiões do mundo, na qual, a Europa representaria a modernidade e um modelo a seguir, e a América, o atraso e um modelo a ser evitado.

  • C)  a construção de uma associação entre indivíduo e divindade, já que, no livro, a natureza é, fundamentalmente, símbolo de uma condição interior a ser alcançada por meio de resignação e penitência.

  • D)  a manifestação de um clima de forte otimismo, decorrente do fim do ciclo bélico mundial do século XIX, que trouxe à tona um anseio de modernização de sociedades em vários continentes.

  • E)  uma valorização do meio rural e de modos de vida a ele associados, nostalgia típica de um momento da história marcado pela consolidação da industrialização e da concentração da maior parte da população em áreas urbanas.

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A alternativa correta é letra E) uma valorização do meio rural e de modos de vida a ele associados, nostalgia típica de um momento da história marcado pela consolidação da industrialização e da concentração da maior parte da população em áreas urbanas.

A obra "A cidade e as serras" de Eça de Queirós, publicada em 1901, apresenta uma crítica à urbanização e à industrialização que estava ocorrendo na época. O autor valoriza o meio rural e os modos de vida tradicionais, expressando uma nostalgia pela perda da simplicidade e da pureza da vida rural em face do progresso e da modernização.

Essa obra é um reflexo da época em que foi escrita, quando a industrialização e a urbanização estavam transformando a sociedade, e muitos autores e intelectuais estavam questionando os valores e os efeitos dessas mudanças.

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320) Os caminhões rodando, as carroças rodando, Rápidas as ruas se desenrolando, Rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos… E o largo coro de ouro das sacas de café!…

  • A) o desinteresse dos cafeicultores em controlar o preço do café no mercado internacional.
  • B) o limitado crescimento econômico, que eliminou o peso e a influência da capital paulista nas decisões do governo federal.
  • C) a harmonização social, após o período de revoltas sociais do início da República.
  • D) a hegemonia do capital estrangeiro, que impedia o crescimento da burguesia nacional.
  • E) a persistência de aspectos tradicionais durante o processo de modernização e reurbanização.

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Resposta

A alternativa correta é E) a persistência de aspectos tradicionais durante o processo de modernização e reurbanização.

Explicação

O poema de Mário de Andrade, escrito em 1922, descreve a cidade de São Paulo em um momento de transformação. A presença de caminhões e carroças, ao lado do grito inglês da São Paulo Railway, sugere a coexistência de elementos modernos e tradicionais.

A menção às sacas de café e à baixa do café também destaca a importância da economia cafeeira na época. No entanto, o poema não apresenta indícios de desinteresse dos cafeicultores em controlar o preço do café (A), nem de limitado crescimento econômico (B) ou harmonização social (C). Além disso, não há menção à hegemonia do capital estrangeiro (D).

Portanto, a alternativa correta é a letra E, que destaca a persistência de aspectos tradicionais durante o processo de modernização e reurbanização da cidade de São Paulo.

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