Questões Sobre Primeira República - História - concurso

A alternativa correta é letra A)  redenção cristã e cultura cívica.

Gabarito: ALTERNATIVA A

O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos.

ASSIS, M. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892.

No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa

• a)  redenção cristã e cultura cívica.

Os elementos da redenção cristã estão mais do que evidentes no texto de Machado de Assis. A execução de Tiradentes por enforcamento e subsequente esquartejamento foi usado pelo autor como um paralelo ao sacrifício purificador típico do Cristianismo: uma forma de martírio absoluto em nome de uma causa maior, tal como Jesus Cristo oferecera o seu suplício e a sua morte como forma de redimir toda a humanidade dos erros cometidos. A ideia do cordeiro redentor é muito forte na cultura cristã e foi usada para elevar Tiradentes, o único inconfidente mineiro condenado à morte, à condição de mártir da pátria. E um mártir é um ponto de confluência importantíssimo para a construção de uma cultura cívica, uma forma de monumento inconteste para onde todos os cidadãos devem se dirigir como um exemplo maior. A glória do mártir não pode ser objeto de investigação ou de questionamento, tornando-se um dever cívico reverenciá-la sempre. E o republicanismo brasileiro, em grande medida, buscou a criação desses heróis maiores como uma forma de criar uma nova visão sobre o próprio país: novos heróis para criar uma nova narrativa sobre o processo histórico brasileiro. ALTERNATIVA CORRETA.

• b)  veneração aos santos e radicalismo militar.

O radicalismo militar não se manifesta no trecho citado de Machado de Assis, mas sim um apego aos valores dos novos tempos, uma forma de exaltação cívica do passado brasileiro. Além disso, não se trata propriamente de uma veneração de santos, mas sim de uma estrutura do cristianismo sendo acionada para exaltar ao extremo a figura do inconfidente que oferecera a sua morte em nome da causa nacional - criava-se, portanto, um herói que dialogava com as bases civilizacionais brasileiras. Alternativa errada.

• c)  apologia aos protestantes e culto ufanista.

A questão religiosa se desdobra sobre o cristianismo como um todo, sem se dedicar propriamente ao grupo dos protestantes ou dos católicos. Além disso, não se trata exatamente de uma exaltação ufanista, mas sim de afirmação de possíveis valores e heróis nacionais num momento de consolidação republicana. Alternativa errada.

• d)  tradição messiânica e tendência regionalista.

Tiradentes não é apresentado como um messias por Machado de Assis, mas como aquele disposto a todos os sacrifícios e ao desapego pessoal absoluto em nome de uma certa causa maior. Além disso, a temática machadiana pretende ter um alcance nacional, e não algo regionalista: Tiradentes é tratado como um herói brasileiro, e não como uma personagem circunscrita à vida colonial das Minas Gerais. Alternativa errada.

• e)  representação eclesiástica e dogmatismo ideológico.

A representação eclesiástica pressupõe o apelo às figuras do clero, o que não se verifica no texto machadiano de maneira alguma - como já explicado, trata-se da evocação maior da redenção cristã, e não do apego a uma ou outra prática religiosa. Além disso, o discurso se coloca acima das questões ideológicas, vislumbrando a formação de uma identidade nacional cívica. Ou seja, uma reflexão que se pretende mais elevada do que o partidarismo imediato ou as formas dogmáticas. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.

A alternativa correta é letra A)  disciplinar o trabalhador e evitar sua participação em movimentos políticos contrários ao governo.

Gabarito: ALTERNATIVA A

BRASIL. Lei 1.641, de 7 de janeiro de 1907. Disponível em: www2.camara.leg.br. Acesso em: 29 ago. 2012 (adaptado).

• a)  disciplinar o trabalhador e evitar sua participação em movimentos políticos contrários ao governo.

A transição brasileira para o trabalho livre entre o final do século XIX e o início do seguinte foi marcada pela entrada de imigrantes para compor a mão de obra tanto urbana quanto rural. Nesse sentido, havia uma preocupação de que esse novo contingente populacional aderisse adequadamente a uma ideia de ordem e de controle social de um país em transformação. Nesse sentido, observava o Estado brasileiro que era necessário criar mecanismos para disciplinar o trabalhador ao mesmo tempo em que desencorajava e isolava movimentos de contestação. Criar uma legislação como a citada era uma forma de poder expulsar elementos que causassem distúrbios à ordem estabelecida ou que procurassem mobilizar os novos trabalhadores livres fora do projeto de disciplina estabelecido por meio da expulsão de estrangeiros considerados nocivos à ordem. Naquele momento, havia o crescimento do anarcossindicalismo italiano e de toda sorte de organização trabalhista no sentido de contestar as formas vigentes e o Estado brasileiro tentou criar uma legislação capaz de, sempre que necessário, dar capacidades discricionárias de expulsar lideranças imigrantes que insuflassem esse tipo de contestação no país. ALTERNATIVA CORRETA.

• b)  estabelecer as condições para a vinda dos imigrantes e definir as regiões que seriam ocupadas.

O caminho mais fácil para a eliminação desta alternativa seria observar que não há nenhuma referência na lei sobre a priorização das regiões ocupadas pelos imigrantes. Era, antes, uma preocupação de disciplinar esse processo e de organizar a nova sociedade em termos do trabalho livre sem que o Estado perdesse a capacidade de reprimir focos de tensão dentro do novo trabalhismo brasileiro. Alternativa errada.

• c)  demonstrar preocupação com as condições de trabalho e favorecer a organização sindical.

A organização sindical era um dos grandes pavores da vida política brasileira no início do século XX. Ter sindicatos fortes poderia implicar em pouco tempo em questionamentos severos contra a ordem instituída. A legislação apresentada era uma forma que o Estado encontrou de vigiar e reprimir lideranças que, por ventura, surgissem entre os imigrantes, que tendiam a ser mais politizados e organizados do que os trabalhadores brasileiros. De qualquer forma, basta notar que não existe nenhuma preocupação, na lei apresentada, sobre as condições de trabalho, mas sim meios de repressão contra imigrantes considerados indesejados no Brasil. Alternativa errada.

• d)  criar condições políticas para a imigração e isolar os imigrantes socialmente indesejáveis.

O erro mais elementar desta alternativa está na noção de "isolar os imigrantes socialmente indesejáveis", já que o texto da lei é muito claro sobre o destino que seria dado a esses indivíduos: a expulsão do Brasil. Tratava-se, portanto, de uma capacidade discricionária de deportação de todo imigrante socialmente indesejável, o que seria orientado diretamente por uma noção de controle e de ordem sobre o trabalho livre. As condições políticas para a imigração, no entanto, já estava estabelecidas desde meados do Segundo Reinado (1840-1889), quando se organizaram os primeiros esforços de atrair imigrantes europeus para o Brasil. Alternativa errada.

• e)  estimular o trabalho urbano e disciplinar as famílias estrangeiras nas fábricas.

Mais uma vez, temos de destacar que não há nenhuma linha, na lei, sobre estímulo ao trabalho urbano ou à melhora das suas condições, mas apenas maneira de disciplinar a vida dos estrangeiros no país, principalmente dentro da vida urbana. As famílias estrangeiras, estas sim, estavam sob as preocupações da lei, que objetivava dar ao Estado maior capacidade de controle sobre as transformações do trabalho livre no Brasil. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.

A alternativa correta é letra A)  exploração burguesa.

Gabarito: ALTERNATIVA A

CARONE, E. Movimento operário no Brasil. São Paulo: Difel, 1979.

• Essas condições de trabalho, próprias de uma sociedade em processo de industrialização como a brasileira do início do século XX, indicam a

Como é comuníssimo na prova do ENEM, nessa questão, a banca não quer outra coisa que não uma interpretação básica do texto proposto no enunciado. Aqui, é necessário expressar em termos abstratos a realidade operária brasileira descrita no texto de Edgar Carone, que se debruça sobre a gravíssima piora da vida dos operários brasileiros no início do século XX durante os primeiros esforços industrialistas ocorridos na história republicana do Brasil. Assim, observemos as alternativas que seguem.

• a)  exploração burguesa.

A exploração da mão-de-obra dos operários pela burguesia brasileira é o epicentro da narrativa desenvolvida por Carone nesse excerto do seu texto. Fica batente a constante desvalorização do trabalho pela depressão dos salários e o aumento do custo de vida capitaneado pelos próprios patrões. Portanto, a exploração burguesa sobre o proletariado em busca da máxima expansão dos lucros numa política amoral é o principal fenômeno que é enfocado no trecho. ALTERNATIVA CORRETA.

• b)  organização dos sindicatos.

Não há nenhum traço de organização sindical nesse trecho da descrição feita por Carone da vida do proletariado brasileiro. Pelo contrário, aparenta antes ser uma vida pouco articulada por conta das esmagadoras pressões da busca pela sobrevivência num contexto de gravíssima carestia. Alternativa errada.

• c)  ausência de especialização.

No trecho proposto no enunciado, não há nenhuma referência sobre o cotidiano do trabalho em si, tampouco sobre a organização do trabalho dentro das fábricas. O que se descreve é a vida econômica do proletariado brasileiro no início do século XX, e não a sua atividade laboral em si. Alternativa errada.

• d)  industrialização acelerada.

Novamente, a questão do desenvolvimento da indústria brasileira não é o que se impõe no trecho citado. Ainda que a industrialização acelerada e a urbanização desordenada possam ser causas auxiliares dos fenômenos descritos, não se pode dizer que o que está em tela no trabalho de Carone seja a questão do desenvolvimento industrial no Brasil. Alternativa errada.

• e)  alta de preços.

Talvez fosse esta a alternativa errada mais difícil de ser descartada, no entanto, é importante que o estudante não se deixe levar por esse tido de nuance. Ainda que, de fato, seja registrada uma alta nos preços, a preocupação do autor não é com a inflação, mas sim com as dinâmicas de exploração e de opressão sobre os operários da tecelagem como forma de pensar as relações capitalistas naquele momento do Brasil. Ou seja, a inflação é muito mais parte auxiliar da descrição do que realmente o seu objeto central e o estudante precisa desenvolver esse tipo de cuidado de análise para não perder pontos fáceis numa questão como esta, que exige apenas a interpretação de um texto. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.

A alternativa correta é letra C) alusão ao ideário republicano presente em episódios anteriores ao grito do Ipiranga

Gabarito: Letra C

Alusão ao ideário republicano presente em episódios anteriores ao grito do Ipiranga

Tanto a Conjuração Mineira (1789) quanto a Revolução Pernambucana (1817), revoltas ocorridas antes da proclamação da independência do Brasil (1822), possuíam inspiração independentistas e republicanas, motivo pelo qual foram incluídos no Monumento à Independência construído durante a Primeira República Brasileira.

Vale destacar aqui que somente durante a República tais acontecimentos foram valorizados, sendo considerados importantes para a história brasileira. Durante a Primeira República, a Conjuração Mineira passou a ser considerada o primeiro movimento a lutar pela independência e Tiradentes foi transformado em herói nacional, tornando-se o dia 21 de abril, data de sua execução, feriado nacional.

Por que as demais estão incorretas?

Letra A: reconhecimento da liderança de D. Pedro nas lutas pela autonomia.

O reconhecimento da liderança de D. Pedro nas lutas pela autonomia do país já estariam impressas na parte frontal do monumento, as mudanças no projeto original do monumento visaram reconhecer outras iniciativas para além da ação de D. Pedro.

Letra B: culto à identidade nacional instituída pela centralização monárquica.  

Durante a época republicana, quando foi construído o Monumento à Independência, combatia-se a ideia de uma centralização monárquica, logo, as mudanças realizadas no projeto original do monumento não visaram o culto a uma identidade nacional baseada em uma centralização monárquica.

Letra D: valorização da participação popular no processo de separação entre Brasil e Portugal

As alterações no projeto do monumento visaram valorizar dois eventos anteriores a proclamação da República e não a participação popular nesse processo.

Referências:

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 2. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

A alternativa correta é letra C) Antes de serem grupos de desordeiros que buscavam desestabilizar a república no Brasil, a parcela da população que aderiu a esses movimentos geralmente lutava por condições de vida mais dignas.

Gabarito: ALTERNATIVA C

Segundo Alfredo Boulos Júnior, “Nas últimas décadas do século XIX, a concentração de terras nas mãos de poucos, o desemprego, as disputas entre as famílias de grandes fazendeiros e as secas constantes tornavam a vida da maioria dos habitantes do sertão nordestino quase insuportável.” Apesar de Boulos tratar, nesse trecho, do sertão nordestino, a situação não era muito diversa nas outras áreas do país. Um contexto de forte degradação social unia as camadas mais pobres da população brasileira.

Em relação aos movimentos de resistência a esse contexto de opressão, assinale a alternativa CORRETA.

• a) Insatisfeitos com as novas políticas republicanas adotadas e com o desejo de restaurar a monarquia no Brasil, Antônio Conselheiro arregimentou, pelo sertão nordestino, um grupo de monarquistas fanáticos que deveriam garantir a volta de Dom Pedro II.

Ocorrido entre 1893 e 1897, o Arraial de Canudos foi liderado por Antônio Conselheiro, fanático religioso de discurso multifacetado e com grande preferência pela monarquia. No entanto, o que galvanizou a população paupérrima de Canudos não foi necessariamente a repulsa religiosa contra a república, mas sim a miséria e as agruras do sertão. Ainda que houvesse um inegável fator religioso associado ao movimento, os rebeldes de Canudos obedeciam às visões de Conselheiro também como forma de garantir aquela sociedade, que, em alguma medida, representava um alento para vidas tão marcadas pela miséria.

• b) Na região do Contestado, entre os Estados do Maranhão e Piauí, eclodiu um dos maiores conflitos populares do Brasil, ficando conhecido por Guerra do Contestado. Os habitantes desse local, influenciados pelas ideias marxistas, visavam instituir o modelo comunista no Brasil.

A Guerra do Constestado (1912-1916) ocorreu no Oeste de Santa Catarina e no Sudoeste do Paraná envolvendo posseiros e pequenos proprietários que foram expulsos de suas terras para a construção da ferrovia ligando o Rio Grande do Sul a São Paulo. Vítimas de um avanço violento das empresas na construção da linha férrea e animados por um fervor religioso fanático, esses pequenos agricultores se levantaram contra os governos estaduais e federal para contestar suas políticas de desenvolvimento forçado da região. Em meio a grandes problemas sociais desencadeados pela expansão da ferrovia e pela violência, a revolta ganhou força e mobilizou várias cidades da região numa resistência que custou muitas vidas, mas que não tinha um plano mais bem elaborado de ação política. Alternativa errada.

• c) Antes de serem grupos de desordeiros que buscavam desestabilizar a república no Brasil, a parcela da população que aderiu a esses movimentos geralmente lutava por condições de vida mais dignas.

Ainda que o governo central muitas vezes tenha se esforçado para criar narrativas que reduzam movimento de luta social à pura desordem pública, o estudante não pode confundir as duas classes de fenômenos. O processo histórico brasileiro foi marcado por sérias violências, desigualdades e desamparo nos quais o Estado, não raro, desempenhou papel central. As massas brasileiras muitas vezes foram relegadas à própria sorte enquanto o Estado, estruturalmente anêmico, privilegiou alguns setores das elites rurais e das classes altas urbanas. Esses movimentos de resistência e de revolta acabaram por eclodir dentro de um caldo social de grande tensão e de profundas desigualdades. ALTERNATIVA CORRETA.

• d) Portadores naturais de doenças, as camadas mais pobre da população, foram o alvo da política de higienização idealizada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos. Aqueles que resistissem à vacinação deveriam ser obrigados a tomá-la, o que desencadeou uma grande revolta, conhecida por “Revolta da Vacina”

A Revolta da Vacina (1904) ocorreu no Rio de Janeiro no âmbito das chamadas Reformas Pereira Passos, que, misturando sanitarismo e higienismo urbano, procurou sanear a capital brasileira durante seu período como prefeito (1902-1906). Com o apoio do presidente Rodrigues Alves, Pereira Passos empreendeu uma série de medidas para modernizar e sanear a cidade, processo no qual os mais atingidos foram os mais pobres, justamente por estarem nas áreas centrais mais atingidas pelas medidas. A extinção dos cortiços cariocas e a reurbanização do centro da cidade orientada pelo higienismo social foram essenciais para que os mais pobres fossem deslocados para fora do centro urbano e lançados à própria sorte. Buscando erradicar doenças perniciosas, Pereira Passos e Oswaldo Cruz (grande sanitarista que orientou o processo) empreenderam uma campanha de vacinação obrigatória em toda a cidade (e não apenas entre os mais pobres), usando inclusive as Forças Armadas para garantir a imunização total da população. No entanto, as estratégias de comunicação da campanha foram bastante falhas e cresceu entre massas o boato de malefícios provocados pelas vacinas e eclodiu uma série de distúrbios graves contra a vacinação. No que ficou convencionado chamar como Revolta da Vacina, a população, já cansada da penúria urbana continuada e agora apavorada com a vacinação, desestabilizou de maneira grave a capital brasileira, oferecendo risco à continuidade do próprio governo - um momento grave que redundou em centenas de prisões e algumas dezenas de mortes. Alternativa errada.

• e) O fato de o Brasil, no início do século XX, ser um país pouco industrializado, fez com que não existisse um movimento operário que reivindicasse melhores condições de trabalho e vida. Esse tipo de cobrança só começou a existir após 1950.

A industrialização brasileira mais robusta foi iniciada apenas na década de 1930, no entanto já havia uma clara mobilização trabalhista nos grandes centros urbanos desde o início do século XX. Em 1917, ocorreria uma grande greve geral que afetou capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, numa ação coordenada por sindicatos e por movimentos trabalhistas diversos. Naquela altura, ficava clara a participação de lideranças trabalhistas de orientação anarquista e socialista - principalmente de trabalhadores de origem italiana - em São Paulo e Rio de Janeiro. Durante a década de 1920, outras ações assim se repetiriam; mas a ditadura Vargas (1930-1945) implementou uma série de medidas para organizar e cooptar o trabalhismo brasileiro, que passou a reivindicar de maneira bastante clara e organizada suas pautas já no início da década de 1940. Há de se observar, por exemplo, que o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) já era uma das três maiores forças eleitorais em 1945, ano da redemocratização. Alternativa errada.

Portanto, está correta a ALTERNATIVA C.

A alternativa correta é letra B) a expulsão do território brasileiro dos estrangeiros que perturbassem a segurança nacional e a tranquilidade pública, e residissem no país há menos de dois anos.

Vamos analisar cada alternativa, para identificar o que estava previsto no Decreto-Lei nº 1.641, de 1907, conhecido como “Lei Adolfo Gordo”.

A) a deportação de trabalhadores e sindicalistas reconhecidos pela polícia como anarquistas e comunistas, mesmo se naturalizados brasileiros.

INCORRETO. O Decreto-Lei nº 1.641, de 1907, não previa a deportação de trabalhadores e sindicalistas reconhecidos pela polícia como anarquistas e comunistas, mesmo se naturalizados brasileiros. Essa lei, conhecida como "Lei Adolfo Gordo", visava a expulsão de estrangeiros que pudessem perturbar a segurança nacional ou a tranquilidade pública. A especificação de anarquistas e comunistas, bem como a inclusão de pessoas já naturalizadas como brasileiras, não consta no texto da lei.

B) a expulsão do território brasileiro dos estrangeiros que perturbassem a segurança nacional e a tranquilidade pública, e residissem no país há menos de dois anos.

CORRETO. A "Lei Adolfo Gordo", de fato, previa a expulsão do território brasileiro dos estrangeiros que perturbassem a segurança nacional e a tranquilidade pública, e residissem no país há menos de dois anos. Essa lei foi uma resposta do governo brasileiro à crescente onda de greves e manifestações operárias, muitas vezes lideradas por imigrantes europeus, que ocorreram no início do século XX.

C) o exílio forçoso de operários estrangeiros que organizassem greves, enviados a seus países de origem junto com suas famílias, mesmo que seus filhos tivessem nascido no Brasil.

INCORRETO. Embora a lei visasse a expulsão de estrangeiros que perturbassem a segurança nacional e a tranquilidade pública, ela não especificava a organização de greves como motivo para a expulsão. Além disso, a lei não fazia menção à deportação de famílias ou de filhos de estrangeiros nascidos no Brasil.

D) o degredo para a Amazônia de imigrantes que fossem considerados uma ameaça à segurança nacional ao defenderem publicamente ideologias contrárias ao capitalismo.

INCORRETO. A "Lei Adolfo Gordo" não previa o degredo para a Amazônia de imigrantes que fossem considerados uma ameaça à segurança nacional ao defenderem publicamente ideologias contrárias ao capitalismo. A lei visava a expulsão do território brasileiro desses estrangeiros, mas não especificava um lugar para onde deveriam ser enviados.

E) a prisão e entrega à justiça de seu país de origem, de estrangeiros que cometessem crimes contra a ordem pública e se encontrassem na condição de ilegalidade no Brasil.

INCORRETO. A "Lei Adolfo Gordo" previa a expulsão do território brasileiro de estrangeiros que perturbassem a segurança nacional e a tranquilidade pública, mas não mencionava a prisão e entrega à justiça do país de origem desses estrangeiros.

Portanto, a alternativa correta é a LETRA B.

A alternativa correta é letra E) o fim do Estado e a disseminação de greves gerais revolucionárias, lideradas por sindicatos de trabalhadores.

A) a criação de um Estado socialista e a formação de movimentos de guerrilha armada no campo, organizados pelos partidos comunistas.

INCORRETO. A corrente anarco-sindicalista do movimento operário brasileiro durante a Primeira República não defendia a criação de um Estado socialista. Na verdade, os anarco-sindicalistas acreditavam na abolição do Estado e na autogestão dos trabalhadores. Além disso, a estratégia de formação de movimentos de guerrilha armada no campo, organizados por partidos comunistas, não é característica do anarco-sindicalismo, mas sim de correntes marxistas-leninistas. Portanto, essa alternativa está incorreta.

B) a autogestão como forma ideal de governo e a formação, com a ajuda Igreja, de um amplo partido de trabalhadores.

INCORRETO. A primeira parte da alternativa está correta, pois a autogestão é um princípio fundamental do anarco-sindicalismo. No entanto, a segunda parte está incorreta, pois a formação de partidos políticos e a colaboração com a Igreja não eram estratégias adotadas pelos anarco-sindicalistas. Eles acreditavam na ação direta e na independência dos sindicatos em relação a partidos e instituições religiosas.

C) a defesa de um sistema econômico centralizado e a criação de uma força militar internacional revolucionária.

INCORRETO. Os anarco-sindicalistas não defendiam um sistema econômico centralizado, mas sim a autogestão dos trabalhadores e a abolição do Estado. Além disso, a criação de uma força militar internacional revolucionária não é uma estratégia característica do anarco-sindicalismo.

D) a repulsa às ideologias internacionalistas e a organização de colônias comunitárias e independentes, governadas pelos sindicatos.

INCORRETO. A primeira parte da alternativa está incorreta, pois o anarco-sindicalismo é uma corrente internacionalista. Eles acreditavam na solidariedade entre os trabalhadores de todos os países e na luta global contra o capitalismo. A segunda parte da alternativa também está incorreta, pois a organização de colônias comunitárias e independentes não era uma estratégia típica do anarco-sindicalismo.

E) o fim do Estado e a disseminação de greves gerais revolucionárias, lideradas por sindicatos de trabalhadores.

CORRETO. Esta alternativa está correta. Os anarco-sindicalistas defendiam o fim do Estado e a autogestão dos trabalhadores. Eles acreditavam que a revolução social seria alcançada através da ação direta e da organização dos trabalhadores em sindicatos independentes. A disseminação de greves gerais revolucionárias era uma das principais estratégias utilizadas por eles para alcançar seus objetivos.

Portanto, a alternativa correta é a LETRA E.

A alternativa correta é letra E) o fortalecimento do movimento operário, fator que indiretamente contribuiu para a fundação do partido comunista brasileiro.

Gabarito: ALTERNATIVA E

• É parte das consequências da histórica Greve de 1917 ocorrida em São Paulo, relembrada no ano de 2017 por seu centenário:

Ao contrário do que a banca coloca, a Greve de 1917 foi uma greve geral de alcance nacional, paralisando indústrias e comércios em todas as regiões industrializadas do país de maneira coordenada em julho de 1917. Com o mundo tragado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as exportações brasileiras passaram por um período de crescimento ao mesmo tempo que nosso parque industrial deixava de sofrer concorrência das já estabelecidas  indústrias europeias, dinamizando de maneira inédita a produção industrial brasileira. Consequentemente, os custos de vida nas cidades brasileiras cresceram de maneira sensível sem que os aumentos salariais conseguissem alcançar os mesmos patamares; agravava-se, portanto, as insatisfações que já vinham se arrastando pelos anos porque, ainda que incipiente, a industrialização brasileira impunha regimes trabalhistas violentíssimos. Deste caldo de cultura, emergiram organizações anarco-sindicalistas que levaram a greve a cabo. Nos anos seguintes, o governo Artur Bernardes (1918-1922) capitanearia uma violenta campanha de perseguição contra os anarquistas, que foram criminalizados, e empreenderia uma longa repressão contra os trabalhadores brasileiros, além de extraditar os imigrantes envolvidos na greve, que gerou importantes repercussões. À luz dessas observações, analisemos as alternativas seguintes.

• a)  a formação de contingentes de voluntários que partiram para a I guerra a fim de combater ao lado da URSS.

A alternativa gera um paradoxo e um erro historiográfico grave. Primeiro, com a Revolução Russa (1917), a Rússia se retirou da guerra para combater a revolta interna. A União Soviética, por seu turno, emergiria da vitória bolchevique na Guerra Civil Russa em 1922; ou seja, quatro anos após o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Portanto, não houve envolvimento do exército vermelho da Primeira Guerra Mundial. Além disso, não haveria o menor sentido que os operários brasileiros (com amplas influências do anarquismo e do comunismo) se aliassem ao expansionismo imperialista da Alemanha para combater as tropas bolcheviques. Portanto, alternativa errada.

• b)  a dissolução dos sindicatos, associações trabalhistas e a repressão violenta aos líderes grevistas.

Esta era a alternativa errada mais difícil da questão. Como já apontado, o governo de Artur Bernardes lançou mão de uma ampla repressão às lideranças da Greve de 1917, criminalizando o anarquismo, extraditando líderes anarquistas que eram trabalhadores imigrantes, prendendo e torturando lideranças brasileiras. De fato, havia uma disposição de debelar as organizações anarco-sindicalistas, mas uma dissolução geral das federações e dos sindicatos resultaria em uma nova paralisação generalizada, sendo que, em 1917, os grevistas contaram com a adesão de importante setores das classes médias e baixas urbanas. Ou seja, os sindicatos já haviam provado seu poder de organização e de mobilização sob a simpatia popular e o governo oligárquico da República Velha teria grandes dificuldades de lhes impor uma dissolução. Na prática, apesar das perseguições, os sindicatos saíram mais fortes da greve, apesar de terem visto seus esforços se diluírem ao longo das décadas seguintes. Alternativa errada.

• c)  o surgimento de grandes centrais sindicais de trabalhadores na região industrial conhecida como ABC.

A região do ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul) é, de fato, uma tradicional e importante região industrial do estado de São Paulo, abrigando atualmente muitos dos maiores sindicatos e centrais sindicais do país. No entanto, esta região só passou pelo grande adensamento industrial nas décadas de 1960 e 1970, com a instalação da indústria automobilística na região; portanto, um processo muito posterior à questão que temos em tela. Além disso, é importante destacar que estes municípios só alcançaram sua emancipação já nas décadas de 1930 e 1940, vinte anos depois da Greve de 1917. Alternativa errada.

• d)  a garantia governamental do pagamento do salário mínimo e o respeito à jornada de 8 horas diárias.

As grandes conquistas trabalhistas do salário mínimo e da jornada de trabalho de oito horas diárias só viriam com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) de 1º de maio de 1943, já durante a Era Vargas (1930-1945). Até então, não havia imposição legal para regular nenhum dos temas. Ainda que tenham mostrado sua força de organização, os grevistas de 1917 não conseguiram reverter de fato muitos dos problemas que eram reivindicados; principalmente após a instauração da perseguição aberta às suas lideranças. Alternativa errada.

• e)  o fortalecimento do movimento operário, fator que indiretamente contribuiu para a fundação do partido comunista brasileiro.

Ainda que a greve não tenha alcançado seus objetivos primários, o movimento operário estava claramente fortalecido, já que havia sido criada uma certa percepção coletiva em torno das necessidades e capacidades do operariado. Com a perseguição do Estado contra os anarquistas, que, na prática, eram os principais líderes do movimento, coube aos comunistas o movimento de reorganização do operariado. Com o adensamento de forças e de adesões em torno das lideranças comunistas, a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi viabilizada em 1922, num momento em que a presença do anarquismo já estava bastante enfraquecida. Portanto, ainda que por caminhos tortuosos e indiretos, a Greve de 1917 ajudou a viabilizar a fundação do PCB. ALTERNATIVA CORRETA.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

A alternativa correta é letra C) foi realizada por Pedro Bruno, durante a República Velha, e representa o amor da família brasileira ao seu maior símbolo nacional.

Gabarito: Letra C

A questão já apontava para o nosso gabarito.

O que podemos observar na pintura?

Mulheres bordando e costurando uma grande bandeira nacional, o que pode representar o amor da família brasileira pelo maior símbolo da pátria.

Não é por acaso que o título do quadro é “A Pátria”.

Além do mais, a imagem traz como referência uma parte do nome do autor.

Esse quadro foi finalizado em 1919, no período da República Velha, posterior à proclamação da República. Foi apresentado em um concurso cujo prêmio era uma viagem artística, vencida pelo autor Pedro Bruno.

Resposta baseada na fonte:

CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

PORTELLA, Isabel Sanson. "A Pátria". Disponível em: http://museudarepublica.museus.gov.br/a-patria/. Acesso: 26 out. 2019.

TADDEI, Ângela Maria Soares Mendes. Notas sobre a obra A Pátria (1919), de Pedro Bruno. Revista CPC, n. 10, p. 193-205, 1 out. 2010.