Questões Sobre Primeira República - História - concurso
371) “Greve Geral de 1917” é a designação como ficou conhecida a interrupção dos trabalhos industriais e comerciais no Brasil na segunda metade daquele ano por parte dos trabalhadores. Movimento esse fruto da luta e da organização operária. Assinale a alternativa que apresenta sob qual influência deu-se essa movimentação.
- A) Socialismo Científico.
- B) Socialismo Utópico.
- C) Anarcossindicalismo.
- D) Doutrina Social-Cristã.
A alternativa correta é letra C) Anarcossindicalismo.
Gabarito: ALTERNATIVA C
- “Greve Geral de 1917” é a designação como ficou conhecida a interrupção dos trabalhos industriais e comerciais no Brasil na segunda metade daquele ano por parte dos trabalhadores. Movimento esse fruto da luta e da organização operária. Assinale a alternativa que apresenta sob qual influência deu-se essa movimentação.
A Greve de 1917 foi uma greve geral de alcance nacional, paralisando indústrias e comércios em todas as regiões industrializadas do país de maneira coordenada em julho de 1917. Com o mundo tragado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as exportações brasileiras passaram por um período de crescimento ao mesmo tempo que nosso parque industrial deixava de sofrer concorrência das já estabelecidas indústrias europeias, dinamizando de maneira inédita a produção industrial brasileira. Consequentemente, os custos de vida nas cidades brasileiras cresceram de maneira sensível sem que os aumentos salariais conseguissem alcançar os mesmos patamares; agravava-se, portanto, as insatisfações que já vinham se arrastando pelos anos porque, ainda que incipiente, a industrialização brasileira impunha regimes trabalhistas violentíssimos. Deste caldo de cultura, emergiram organizações anarcossindicalistas que levaram a greve a cabo. Nesse contexto, é significativa a participação de trabalhadores imigrantes, principalmente espanhóis e italianos, que já haviam tido contato com o sindicalismo na Europa e trouxeram para o Brasil a sua experiência - mas, aqui, aprofundaram o seu caráter anarquista. Nos anos seguintes, o governo Artur Bernardes (1918-1922) capitanearia uma violenta campanha de perseguição contra os anarquistas, que foram criminalizados, e empreenderia uma longa repressão contra os trabalhadores brasileiros, além de extraditar os imigrantes envolvidos na greve, que gerou importantes repercussões. À luz dessas observações, analisemos as alternativas seguintes.
a) Socialismo Científico.
b) Socialismo Utópico.
c) Anarcossindicalismo.
d) Doutrina Social-Cristã.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
372) Na tela reproduzida a seguir, do início do século XX, o pintor retratou a chegada de um determinado grupo de pessoas.
- A) refere-se a trabalhadores das fábricas, pois nessa época o trabalho nos cafezais era exercido por libertos.
- B) registra a chegada de grupos familiares europeus, enfatizando suas poucas posses.
- C) celebra as boas condições de trabalho e de moradia dos imigrantes italianos no sudeste do Brasil.
- D) descreve as levas de migrantes retirantes da seca, em sua chegada ao porto de Santos (SP).
A alternativa correta é letra B) registra a chegada de grupos familiares europeus, enfatizando suas poucas posses.
Gabarito: Letra B
registra a chegada de grupos familiares europeus, enfatizando suas poucas posses.
De acordo com Gabriela Araújo, a obra Os emigrantes, do artista italiano Antônio Rocco foi pintada em 1910 na Itália e adquirida pela Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1918. O quadro exibe uma família de migrantes pobres em um cenário de deslocamento, provavelmente ao cais de Immacolatella, em Nápoles, um dos principais portos de partidas de navios direcionados à América. Aliás, conforme aponta Gabrieli Simões, o artista faz parte de um grupo de pintores que se dedicou aos temas da imigração e que buscaram tratar esse assunto através de um olhar sensível sobre a pobreza e a incerteza da retirada da sua terra de origem em busca de uma vida melhor do outro lado do Atlântico.
Ainda de acordo com Gabrieli Simões, na cena retratada podemos um ver um grupo errante. Caminham para a mesma direção de frente ao espectador e quase em tamanho real, a composição faz com que não saibamos se o grupo está chegando ou está partindo.
Conforme a autora:
A condição de deslocamento também se manifesta na ausência de paisagem ao fundo. Não sabemosprecisamente para onde o grupo está indo, ou de onde está vindo. Numa situação em que a questão identidade se coloca em evidência, como é a imigração, os limites do próprio reconhecimento são visíveis,tanto para quem observa a cena que não sabe – exceto pelo título da obra – se é o momento da chegada ou da partida, quanto para os próprios personagens.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: refere-se a trabalhadores das fábricas, pois nessa época o trabalho nos cafezais era exercido por libertos.
O quadro não deixa claro quais eram as ocupações dos migrantes e muito menos para qual setor de trabalho estavam sendo destinados. É certo que parte dos imigrantes iria trabalhar nas fábricas da cidade de São Paulo e outra parte iria trabalhar nos cafezais do estado.
Letra C: celebra as boas condições de trabalho e de moradia dos imigrantes italianos no sudeste do Brasil.
O quadro não permite que o observador note as condições de trabalho e de moradia dos imigrantes italianos. O quadro informa apenas que são emigrantes, mas não sabemos muito sobre a origem e o destino deles.
Letra D: descreve as levas de migrantes retirantes da seca, em sua chegada ao porto de Santos (SP).
O porto de Santos foi um dos principais locais de desembarque de imigrantes estrangeiros. Passaram por ali centenas e milhares de migrantes asiáticos e europeus em direção ao sudeste e sul do Brasil.
Referências:
ARAÚJO, Gabriela. Arte migrante: 11 artistas e 11 obras em 2022 - Antônio Rocco. Disponível em: https://museudaimigracao.org.br/en/blog/migracoes-em-debate/arte-migrante-11-artistas-e-11-obras-em-2022-antonio-rocco
SIMÕES, Gabrieli. Antônio Rocco e as representações da imigração. 2017. Disponível em https://www.ifch.unicamp.br/eha/atas/2017/Gabrieli%20Simoes.pdf.
373) Sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
- A) F – V – V.
- B) V – V – V.
- C) F – F – V.
- D) V – V – F.
- E) F – F – F.
A alternativa correta é letra A) F – V – V.
Gabarito: ALTERNATIVA A
Sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a sequência correta.
- (F) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi realizada em São Paulo, visando criticar o nacionalismo exacerbado pós-guerra.
Ainda que esteja correta sobre o local da realização da Semana de Arte Moderna de 1922 (Teatro Municipal de São Paulo), a afirmativa erra ao localizar o nacionalismo como uma força de oposição. Muito pelo contrário, a proposta dos modernistas brasileiros era a construção de uma arte preocupada com as questões brasileiras, exaltando a cultura nacional mas com bases modernas. Ainda que houvesse uma profunda modernização estética, a exaltação dos temas brasileiros foi um passo importantíssimo desse modernismo. Portanto, não se pode falar de crítica ao nacionalismo para uma geração que produziria O Manifesto Pau-Brasil, O abapuru, As bachianas brasileiras e Macunaíma. AFIRMATIVA FALSA.
- (V) Um dos objetivos da Semana de Arte Moderna de 1922 foi renovar o ambiente cultural e artístico de São Paulo e do país.
A lógica das belas artes ainda dominava o cenário artístico brasileiro naquele início do século XX. As grandes transformações estéticas e intelectuais do fin de siècle e as possibilidades daquele início de entreguerras pareciam passar completamente ao largo da vida cultural brasileira, mesmo num centro econômico importante como São Paulo. O esforço daqueles jovens artistas modernistas passava pela proposição de um grande choque estético da cidade para uma renovação geral das artes. Compreender as questões brasileiras em franco diálogo - e não submissão - estético e artístico com as principais vanguardas europeias era uma urgência e, portanto, a organização de uma Semana de Arte capaz de demonstrar várias vertentes desse nascente modernismo brasileiro, como a música, a poesia, a pintura e a escultura. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
- (V) Entre os participantes e propositores da Semana de Arte Moderna de 1922, havia o desejo de repensar o ambiente artístico e cultural do Brasil, desvinculando-o das estéticas europeias.
Apesar de ser um pouco simplista, a afirmativa acaba por expressar uma das tensões fundamentais do modernismo brasileiro: a "antropofagia cultural" do Manifesto não se baseava na negação da existência das vanguardas e das escolas europeias, mas na absorção crítica, seletiva e miscigenada de seus princípios. Isto é, ao mesmo tempo em que se rompia com os modelos estéticos europeus na representação, dialogava-se com suas vanguardas para ajudar a compor uma interpretação terminalmente brasileira sobre as artes e sobre o próprio país. Nesse sentido, Futurismo e Surrealismo foram duas vanguardas importantes no esforço dos modernistas brasileiros para compor esse novo quadro de ruptura e de reinterpretação radical, processo semelhante que ambas as escolas propunham na Europa. A base nacional do modernismo brasileiro, no entanto, impunha-lhe uma dinâmica de assimilação e diálogo muito inovadores para as artes no Brasil. Ou seja, ainda que a redação da afirmativa possa gerar certa confusão, é possível sim ver um esforço modernista de desvinculação da vida cultural brasileira daquela realidade de belas artes europeizadas predominante até então. A antropofagia cultural abriria novas possibilidades de se pensar a cultura brasileira como um todo. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
Desta forma, temos a sequência F - V - V.
a) F – V – V.
b) V – V – V.
c) F – F – V.
d) V – V – F.
e) F – F – F.
Note bem o estudante que, apesar da última afirmativa provocar certa controvérsia por conta da sua redação deficiente, apenas a solução correta das duas primeiras seria mais do que suficiente para se encontrar a alternativa correta, pois apenas ela propunha a sequência iniciada por F - V. Em situações como essa, é importante que o candidato mantenha a calma e perceba que, mesmo quando o avaliador deixa a desejar, é possível encontrar o caminho certo para se superar a questão. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
374) Participaram da Semana de Arte Moderna de 1922, EXCETO
- A) Di Cavalcante.
- B) Anita Malfatti.
- C) Graça Aranha.
- D) Carybé.
- E) Ronald de Carvalho.
A alternativa correta é letra D) Carybé.
Gabarito: ALTERNATIVA D
Participaram da Semana de Arte Moderna de 1922, EXCETO
- a) Di Cavalcante (SIC!).
Contando 25 anos na ocasião, Di Calvancanti foi um dos nomes da modernização das artes plásticas brasileiras. Não só participou da Semana de Arte Moderna de 1922 como foi um dos seus principais idealizadores e organizadores. Além de algumas obras expostas, era da lavra de Di Cavalcanti o cartaz e o programa da Semana de Arte. Sem erros na alternativa.
- b) Anita Malfatti.
Anita Malfatti também foi uma das participantes da Semana de Arte do ramo das artes plásticas. Pintora bastante atenta às vanguardas europeias, Malfatti colaborou com mais de vinte quadros na mostra de 1922. Sem erros na alternativa.
- c) Graça Aranha.
Com 54 anos, Graça Aranha foi um dos membros mais experientes a se envolver com a Semana de Arte Moderna. Àquela altura, já uma figura conhecida das rodas intelectuais brasileiras, Aranha era escritor foi um dos organizadores do evento, no qual declamou "A emoção estética na Arte Moderna". Apesar de já ser um artista bem estabelecido, Graça Aranha empenhou parte significativa do seu prestígio na defesa de uma modernização geral das artes brasileiras. Sem erros na alternativa.
- d) Carybé.
Nascido na Argentina em 1911, Carybé foi um dos nomes mais expressivos das artes desenvolvidas por várias gerações de artistas em torno da Bahia no século XX. Amigo de grandes nomes como Dorival Caymmi e Jorge Amado, Carybé foi um expoente das artes plásticas no Brasil, trabalhando em várias frentes: do muralismo ao apoio cinematográfico. A chegada de Carybé no Brasil, no entanto, deu-se muito depois da Semana de Arte de 1922, instalando-se definitivamente na Bahia em 1950. Por ser a única a apresentar erros, esta é a ALTERNATIVA CORRETA.
- e) Ronald de Carvalho.
Poeta modernista, Ronald de Carvalho foi um dos jovens artistas a integrar a Semana de Arte de 1922, na qual teve participação bastante ativa. Sem erros na alternativa.
Sem mais, a única a apresentar erros é a ALTERNATIVA D.
375) Em 21 de março de 1916, era lançado na Bahia um requerimento ao presidente Venceslau Brás pedindo a abolição dos festejos de Tuiuti e Riachuelo. O texto do requerimento, aqui reproduzido em parte, é o seguinte:
- A) apontar para os riscos do estabelecimento de um culto cívico em uma nação que não reconhece a sua formação étnica-cultural.
- B) substituir o culto da guerra a um povo irmão pela celebração do país das três raças irmanadas, em uma clara disputa pela memória histórica.
- C) criticar o governo republicano pela sua incapacidade em criar comemorações que exaltem o amor à Pátria.
- D) apontar como a nacionalidade brasileira foi forjada por meio de guerra de expansão, caso da Guerra do Paraguai.
- E) destacar o heroísmo do Exército nacional durante a guerra contra os paraguaios na segunda metade do século XIX.
A alternativa correta é letra B) substituir o culto da guerra a um povo irmão pela celebração do país das três raças irmanadas, em uma clara disputa pela memória histórica.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Em 21 de março de 1916, era lançado na Bahia um requerimento ao presidente Venceslau Brás pedindo a abolição dos festejos de Tuiuti e Riachuelo. O texto do requerimento, aqui reproduzido em parte, é o seguinte:
Há mais de nove lustros que o Paraguai e o Brasil mantêm os mais amistosos desígnios nas suas relações internacionais. Relembrar, portanto, em meio de públicas solenidades os atos de guerra havidos entre os dois povos irmãos [...] ofende aos intuitos e destoa dos ditames de uma sã política racional orientada para a confraternização dos povos [...] E, considerando um nobilíssimo dever cívico render homenagens aos que no passado souberam amar e sentir a Pátria Brasileira, quer nos campos de batalha, quer nas outras esferas da atividade humana, pedimos designe o Governo da República um dia para que anualmente se prestem, em todos os recantos do País, públicos preitos de amor e gratidão aos que, na paz e na guerra, honraram o nome brasileiro. Para esse dia de culto cívico lembramos o 26 de janeiro, aniversário da “capitulação da Campina do Taborda”, glorioso epílogo da luta defensiva sustentada durante 24 anos, em prol da integridade do pátrio território, pelos guerreiros heroicos do indígena Felippe Camarão, do negro Henriques Dias e dos brancos André Vidal e Fernandes Vieira. [Francisco Alambert, O Brasil no espelho do Paraguai. Em: Carlos Guilherme Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias (1500-2000)]
- O requerimento revela que seus autores objetivam
Note bem o estudante que esta é uma questão que exige diretamente a capacidade de interpretação de texto por parte do candidato. É fundamental, portanto, uma leitura atenta e embasada do texto proposto no enunciado. Não deveria, portanto, o candidato se perder em digressões e opiniões alheias ao que se coloca objetivamente no texto.
- a) apontar para os riscos do estabelecimento de um culto cívico em uma nação que não reconhece a sua formação étnica-cultural.
O questionamento central dos autores recaía sobre festejos em referência às vitórias brasileiras da Guerra do Paraguai (1864-1870) - a batalha de Tuiuti e a batalha naval do Riachuelo. Para os autores, era equivocado festejar uma vitória sobre um país vizinho com o qual se mantém relações amistosas, uma vez superadas as questões da guerra em si. Alternativa errada.
- b) substituir o culto da guerra a um povo irmão pela celebração do país das três raças irmanadas, em uma clara disputa pela memória histórica.
A alternativa é bastante completa e não tem muito espaço para discussões. Os autores do recurso consideram muito equivocada a medida de comemorar feitos da Guerra do Paraguai uma vez que também marca uma grande derrota do Paraguai, que se tornou um país amigo após o conflito. A proposta de se passar a comemorar a "capitulação da Campina do Taborda" tem em mente um fenômeno profundamente brasileiro, a união de brancos, negros e indígenas (o mito da união irmanada das três raças), a irmandade formando um povo num fenômeno que supera a questão colonial. Sinaliza-se, portanto, pelo fortalecimento da nacionalidade brasileira, e não para a força militar contra uma nação amiga. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) criticar o governo republicano pela sua incapacidade em criar comemorações que exaltem o amor à Pátria.
Não se trata de de uma crítica contra a inexistência de comemorações, mas sim a uma proposta de reformulação das exaltações nacionais. Reconhecia-se a existência, sim, dessas comemorações, porém os autores as consideravam inadequadas para os princípios fundamentais que o país, sob a forma da república, defendia. Alternativa errada.
- d) apontar como a nacionalidade brasileira foi forjada por meio de guerra de expansão, caso da Guerra do Paraguai.
Pelo contrário, o raciocínio dos autores vai no sentido de compreender que a nacionalidade brasileira é muito maior do que uma guerra contra um país vizinho. A nacionalidade brasileira seria algo muito anterior, constituída em seus próprios termos, na confluência das três raças e em processos que remontam à colonização. Ou seja, não caberia à república recém-instalada ficar repisando uma conquista militar do Império. Alternativa errada.
- e) destacar o heroísmo do Exército nacional durante a guerra contra os paraguaios na segunda metade do século XIX.
O trecho é bastante claro quanto a isso: os autores não questionavam a importância da Guerra do Paraguai, mas sim a imensa inconveniência de ficar festejando uma vitória militar contra um país que se tornou uma nação amiga. Portanto, não se negava a glória militar, mas sim a conveniência de se tomar isso uma grande festa nacional. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
376) “No aluir das paredes, no ruir das pedras, no esfarelar do barro, havia um longo gemido. Era o gemido lamentoso do Passado, do Atraso, do Opróbrio. A cidade colonial, imunda, retrógrada, emperrada nas suas velhas tradições, estava soluçando no soluçar daqueles apodrecidos materiais que desabavam. Mas o hino claro das picaretas abafava esse protesto impotente. Com que alegria cantavam elas — as picaretas regeneradoras! E como as almas dos que ali estavam compreendiam bem o que elas diziam, no seu clamor incessante e rítmico, celebrando a vitória da higiene, do bom gosto e da arte!”
- A) com tom ácido, desdenhoso para com os símbolos das mudanças, o escritor carioca Olavo Bilac contrapôs-se à modernidade importada vencedora da Belle Époque Tropical.
- B) Lima Barreto encarava as metamorfoses urbanas com desconfiança, uma vez que percebia a manutenção e o acirramento das desigualdades sociais que essa modernidade acarretava.
- C) o que realmente incomodava o literato Olavo Bilac era a aceleração das mudanças, revelando um turbilhão em meio ao qual os ideais perdiam os seus referenciais e sensos morais mais apurados.
- D) o romancista, poeta, cronista e publicitário Lima Barreto entendia as mudanças da Capital como símbolos de reabilitação moral e material.
- E) Olavo Bilac combateu com devoção a pesada herança colonial de uma sociedade escravocrata, refletida na privação dos direitos dos negros africanos e seus descendentes.
A alternativa correta é letra B) Lima Barreto encarava as metamorfoses urbanas com desconfiança, uma vez que percebia a manutenção e o acirramento das desigualdades sociais que essa modernidade acarretava.
Gabarito: ALTERNATIVA B
“No aluir das paredes, no ruir das pedras, no esfarelar do barro, havia um longo gemido. Era o gemido lamentoso do Passado, do Atraso, do Opróbrio. A cidade colonial, imunda, retrógrada, emperrada nas suas velhas tradições, estava soluçando no soluçar daqueles apodrecidos materiais que desabavam. Mas o hino claro das picaretas abafava esse protesto impotente. Com que alegria cantavam elas — as picaretas regeneradoras! E como as almas dos que ali estavam compreendiam bem o que elas diziam, no seu clamor incessante e rítmico, celebrando a vitória da higiene, do bom gosto e da arte!”
BILAC, Olavo. Crônica. Revista Kosmos, Rio de Janeiro, mar.1904.
“De uma hora pra outra, a antiga cidade desapareceu e outra surgiu como se fosse obtida por uma mutação de teatro. Havia mesmo na cousa muito de cenografia.”
BARRETO, Afonso Henriques de Lima. Os Bruzundangas. São Paulo: Brasiliense, 1956.
Observadores de sua época e partícipes do novo jornalismo que se levantava com toda a força no início do século XX, os cronistas Olavo Bilac e Lima Barreto comentavam a nova era de metamorfoseamento material e imaterial pela qual passava o Rio de Janeiro com posições diametralmente opostas. Quanto as perspectivas adotadas por estes autores, é correto afirmar que
- a) com tom ácido, desdenhoso para com os símbolos das mudanças, o escritor carioca Olavo Bilac contrapôs-se à modernidade importada vencedora da Belle Époque Tropical.
O texto de Olavo Bilac vai exatamente no sentido da exaltação geral das grandes reformas do período. A derrocada da cidade colonial era celebrada pelo poeta como um símbolo maior do rompimento brasileiro com um atraso civilizacional, entregando-se ao afrancesamento da capital brasileira. Para Bilac, a modernização deveria ser baseada integralmente na experiência de Paris, o que se materializaria numa Belle Époque tropical. Alternativa errada.
- b) Lima Barreto encarava as metamorfoses urbanas com desconfiança, uma vez que percebia a manutenção e o acirramento das desigualdades sociais que essa modernidade acarretava.
Autor maior da literatura brasileira no início do século XX, Lima Barreto tinha um olhar muito afiado para as contradições sociais daquele Brasil republicano. Como fica patente no trecho citado, as modernizações urbanísticas eram por ele interpretadas como espaços de exclusão social, higienismo de fundo racista. A acusação sobre as condutas "cenográficas" das reformas urbanísticas ia exatamente nesse sentido: não estavam sendo atacadas as contradições sociais fundamentais da cidade, mas antes aprofundando-as. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) o que realmente incomodava o literato Olavo Bilac era a aceleração das mudanças, revelando um turbilhão em meio ao qual os ideais perdiam os seus referenciais e sensos morais mais apurados.
Ora, o texto de Bilac é muito claro: haveria de se romper integralmente com a ordem anterior com toda a pressa. A cadência acelerada das picaretas deveriam soterrar aquele universo colonial em favor de uma ordem supostamente superior e importada da Europa. Aliás, não há nenhum traço de incômodo no texto de Bilac sobre as transformações cariocas daquele momento. Alternativa errada.
- d) o romancista, poeta, cronista e publicitário Lima Barreto entendia as mudanças da Capital como símbolos de reabilitação moral e material.
A crítica de Lima Barreto às reformas urbanas é de uma ironia muito profunda. Para ele, nada há de reabilitação ou de transformação real da cidade, mas antes uma operação cosmética transformada em grande espetáculo para a manutenção de uma ordem social anterior. Portanto, não se pode falar de uma reabilitação geral da cidade ou coisa que o valha na visão de Lima Barreto. Alternativa errada.
- e) Olavo Bilac combateu com devoção a pesada herança colonial de uma sociedade escravocrata, refletida na privação dos direitos dos negros africanos e seus descendentes.
A questão de Olavo Bilac com o passado colonial brasileiro não se dedicava propriamente à questão da escravidão. Para Bilac, o paradigma por excelência da modernidade era a sociedade europeia do final do século XIX, com importante lugar reservado para a experiência parisiense. As marcas deixadas pela escravidão no país eram, para ele, um problema na exata medida em que distanciavam o país do paradigma europeu. Alternativa errada.
Por fim, note bem o estudante que todas as alternativas erradas poderiam ser descartadas por um simples exercício de interpretação de texto. Os textos do enunciado, ainda que não esclarecessem diretamente a alternativa correta, estavam em claríssimo desacordo com as alternativas erradas, o que era mais do que suficiente para resolver a questão. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
377) (URCA/2019.1) “Alguém que circulasse pelas ruas do Rio de Janeiro no último quartel do século passado não precisaria ser um arguto observador para perceber que um dos mais graves problemas assolavam a cidade na ocasião era o da insalubridade. Centro nervoso do país, o Rio de Janeiro desfrutava à época da condição privilegiada de capital comercial, financeira, política, administrativa e cultural do Brasil. Esta condição, entretanto, se assegurava, por um lado, o direito da cidade proclamar-se vitrina das virtudes nacionais, impunha-lhe, por outro, o epíteto de um dos maiores focos de epidemias do mundo. Na primeira metade dos anos 1890, num cômputo com outros dezenove centros urbanos, o Rio de Janeiro ocupava a incômoda posição de sétima cidade mais insalubre.”
- A) Doenças como a febre amarela e a varíola, entre outras enfermidades que matavam os habitantes do Rio de Janeiro do final do século passado, reduziram sua capacidade de ceifar vidas com o advento da República, pois já na primeira década do novo regime estas doenças tinham sido controladas;
- B) O adensamento populacional e a aglomeração humana geravam como subproduto as enfermidades de massa e as epidemias no Rio de Janeiro, o que não ocorria em outros centros do País, visto que os demais núcleos urbanos seguiam um lento crescimento, ao contrário do Distrito Federal;
- C) Algumas enfermidades que grassavam na Europa, como o tifo e a tuberculose, elegiam como alvo os organismos mais debilitados pelas más condições de trabalho e moradia, enquanto, no Brasil, doenças como a cólera não escolhiam suas vítimas, atacando, também, os setores sociais da elite, exigindo maior atenção da administração pública;
- D) A higienização das cidades da época exigia a adoção de medidas amplas em seu tecido urbanístico, no entanto, para dar cabo das epidemias era suficiente apenas o uso dos conhecimentos dos médicos sanitaristas, o que dispensava os conhecimentos de outros profissionais;
- E) O debate sobre a urbanização se esgotava nas opções apresentadas pelos princípios do capitalismo liberal, uma vez que os valores do socialismo foram suplantados à época pelos liberais ortodoxos com a Proclamação da República.
A alternativa correta é letra C) Algumas enfermidades que grassavam na Europa, como o tifo e a tuberculose, elegiam como alvo os organismos mais debilitados pelas más condições de trabalho e moradia, enquanto, no Brasil, doenças como a cólera não escolhiam suas vítimas, atacando, também, os setores sociais da elite, exigindo maior atenção da administração pública;
Gabarito: Letra C
(Algumas enfermidades que grassavam na Europa, como o tifo e a tuberculose, elegiam como alvo os organismos mais debilitados pelas más condições de trabalho e moradia, enquanto, no Brasil, doenças como a cólera não escolhiam suas vítimas, atacando, também, os setores sociais da elite, exigindo maior atenção da administração pública;)
Trata-se de uma questão específica, construída a partir do texto-base intitulado "A Reforma Urbana e o seu avesso: Algumas considerações a propósito da modernização do Distrito Federal na virada do Século."
De acordo com os autores, algumas doenças que predominaram na Europa, como o tifo e a tuberculose tinham como alvos principais, os organismos mais debilitados em função das más condições de trabalho e moradia, sobretudo, em uma época de intensa industrialização e urbanização.
No Brasil, doenças como a cólera não tinham alvos específicos, atacando as classes mais pobres e as mais ricas. Quando atacavam os setores sociais da elite, a administração pública redobrava a sua atenção.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Doenças como a febre amarela e a varíola, entre outras enfermidades que matavam os habitantes do Rio de Janeiro do final do século passado, reduziram sua capacidade de ceifar vidas com o advento da República, pois já na primeira década do novo regime estas doenças tinham sido controladas;
Na primeira década do novo regime, doenças como febre amarela e a varíola matavam os habitantes do Rio de Janeiro em grande quantidade. Só começaram a ser erradicadas a partir da modernização sanitária empreendida por Oswaldo Cruz.
Letra B: O adensamento populacional e a aglomeração humana geravam como subproduto as enfermidades de massa e as epidemias no Rio de Janeiro, o que não ocorria em outros centros do País, visto que os demais núcleos urbanos seguiam um lento crescimento, ao contrário do Distrito Federal;
Toda cidade que ingressava na modernidade e passava pelo processo de urbanização estava sujeita às moléstias e enfermidades. O Rio de Janeiro não foi o único centro urbano do país a sofrer com epidemias. São Paulo e Santos também passaram por um período em que apresentavam altos índices de doenças.
Letra D: A higienização das cidades da época exigia a adoção de medidas amplas em seu tecido urbanístico, no entanto, para dar cabo das epidemias era suficiente apenas o uso dos conhecimentos dos médicos sanitaristas, o que dispensava os conhecimentos de outros profissionais;
A higienização das cidades dos séculos XIX e XX exigiu a adoção de medidas amplas que envolveram conhecimentos dos médicos sanitaristas, de urbanistas e engenheiros. Não bastava sanear a cidade. Era preciso alterar o espaço urbano sob novas formas de organização.
Letra E: O debate sobre a urbanização se esgotava nas opções apresentadas pelos princípios do capitalismo liberal, uma vez que os valores do socialismo foram suplantados à época pelos liberais ortodoxos com a Proclamação da República.
Os debates sobre a urbanização eram travados pelos defensores do capitalismo, como os liberais progressistas e os ortodoxos e pelos opositores do capitalismo, como os socialistas e os anarquistas. Portanto, as discussões não se esgotavam nas opções apresentadas pelos princípios do capitalismo liberal.
Referências:
:
BENCHIMOL, Jaime Larry. "Reforma urbana e Revolta da Vacina na cidade do Rio de Janeiro". In: DELGADO, Lucília de Almeida Neves e FERREIRA, Jorge (Orgs.) O tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930 – Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
PECHMAN, Sérgio e FRITSCH, Lilian. “A Reforma Urbana e o seu avesso: Algumas considerações a propósito da modernização do Distrito Federal na virada do Século”. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 5, n° 8 e 9, set.1984/abr. 1985.
378) (URCA/2019.1) “A primeira investida da psiquiatria nesse sentido voltou-se para a aquisição de poder político para uma ação profissional dentro e fora do hospício. Esse poder, através de muitas lutas, foi sendo incrementado, e desde o final do século XIX via-se cada vez mais reforçado, à proporção que se sustentava como saber científico, mostrando-se fundamentado n a interação de seu discurso com a medicina.
- A) A partir do século XIX, a medicina deixou de ser considerada uma prática política específica, bem como perdeu o poder especializado para assumir a condição exclusivamente do cuidado dos indivíduos e da população;
- B) No final do século XIX e por todo século XX predominou o princípio médico de que o louco deveria ser retirado do convício social para ser aprisionado nos hospícios de alienados e nas Santas Casas de Misericórdia, prática que somente no início do século XX começou a desaparecer, sendo ainda bastante comum;
- C) Quando da implantação da República Velha houve um processo de rompimento com os projetos de medicalização da sociedade que vinham se instituindo desde o início da segunda metade do século XIX;
- D) Na medida em que a medicina mental penetrou nos diversos setores do espaço social, com seus conceitos e práticas assistencialistas perdeu a função de apoio ao exercício de poder do Estado;
- E) A medicina, ao investir sobre as cidades, no século XIX, passou a disputar um lugar entre as instâncias de controle social, sob a alegação de que possuía o saber sobre a doença e a saúde, a partir do qual procurou catalisar o equilíbrio da estrutura social instaurada;
A alternativa correta é letra E) A medicina, ao investir sobre as cidades, no século XIX, passou a disputar um lugar entre as instâncias de controle social, sob a alegação de que possuía o saber sobre a doença e a saúde, a partir do qual procurou catalisar o equilíbrio da estrutura social instaurada;
Gabarito: Letra E
(A medicina, ao investir sobre as cidades, no século XIX, passou a disputar um lugar entre as instâncias de controle social, sob a alegação de que possuía o saber sobre a doença e a saúde, a partir do qual procurou catalisar o equilíbrio da estrutura social instaurada;)
Trata-se de uma questão específica, baseada na obra de Vera Portocarrero, “Arquivos da Loucura: Juliano Moreira e a descontinuidade histórica da psiquiatria”.
Desde o início da segunda metade do século XIX constituiu-se no Brasil um projeto de medicalização da sociedade e que se aprofundou na implantação da República. A medicina escolheu as cidades como principais locais de penetração e nesses espaços passou a disputar um lugar entre as várias instâncias de controle social (polícia, justiça, governo) alegando que possuía o saber sobre a doença e a saúde.
A medicina buscou agir contra a doença antes mesmo que ela ocorresse, visando a impedir o seu aparecimento. O que implicou tanto na existência de um saber médico sobre a cidade e sua população, elaborado em instituições - faculdades, sociedades de medicina, imprensa médica, etc. - quanto na presença do médico como uma autoridade que intervém na vida social, decidindo, planejando e executando medidas ao mesmo tempo, médicas e políticas.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: A partir do século XIX, a medicina deixou de ser considerada uma prática política específica, bem como perdeu o poder especializado para assumir a condição exclusivamente do cuidado dos indivíduos e da população;
A partir do século XIX, a medicina é considerada uma prática política específica e com poder especializado para assumir o cuidado dos indivíduos e da população. Ou seja, ela não deixou de ser considerada prática política e nem perdeu seu poder especializado para assumir a condição de cuidado.
Letra B: No final do século XIX e por todo século XX predominou o princípio médico de que o louco deveria ser retirado do convício social para ser aprisionado nos hospícios de alienados e nas Santas Casas de Misericórdia, prática que somente no início do século XX começou a desaparecer, sendo ainda bastante comum;
No século XX a visão de isolamento dos loucos foi se modificando e até mesmo rompendo com a prática tradicional de trancafiá-los em hospícios, prisões ou Santas Casas de Misericórdia. A nova mentalidade não se restringiu mais a assistir ao louco, no espaço asilar, mas, ao contrário, procurou ser o mais abrangente possível, tentando criar novas modalidades de assistência para contemplar todos os indivíduos, loucos propriamente ditos, ou que podem se tornar loucos, ou simplesmente anormais. Novas instalações e arquiteturas são realizadas como as colônias agrícolas, o manicômio judiciário e a assistência familiar, além do próprio hospício, que agora rejeita medidas de repressão física, como as grades e os coletes de força.
Letra C: Quando da implantação da República Velha houve um processo de rompimento com os projetos de medicalização da sociedade que vinham se instituindo desde o início da segunda metade do século XIX;
Desde o início da segunda metade do século XIX constituiu-se no Brasil um projeto de medicalização da sociedade e que se aprofundou na implantação da República. Portanto, não houve um rompimento, mas sim um aprofundamento.
Letra D: Na medida em que a medicina mental penetrou nos diversos setores do espaço social, com seus conceitos e práticas assistencialistas perdeu a função de apoio ao exercício de poder do Estado;
A medicina mental começou a participar dos vários setores do espaço social, buscando adquirir apoio junto ao poder público para uma ação profissional dentro e fora do hospício.
Referência:
PORTOCARRERO, Vera. Arquivos da Loucura: Juliano Moreira e a descontinuidade histórica da psiquiatria. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002
379) (URCA/2020.1) “A década de 1890 foi, no Brasil, convulsionada pelo fim da escravidão, a chegada de milhares de imigrantes sem imunidade, as turbulências econômicas e políticas subsequentes à proclamação da República. A febre amarela alastrou-se por diversas cidades do interior, reforçando o partido dos que julgavam contagiosa, capaz de viajar longas distâncias em navios e trens. O caso exemplar desse modo de ver foi o do presidente da província do Ceará, Antonio Caio da Silva Prado, que teria sido fulminado pela febre amarela em 25 de maio de 1889, depois de abrir cartas e jornais vindo de Campinas, onde grassava uma epidemia”
- A) A abolição da escravidão e, consequentemente, a migração dos “novos livres”, mas infectados, ampliou o alastramento da febre amarela, uma vez que é transmitida de pessoa para pessoa, de forma direta;
- B) Os imigrantes europeus vindos, principalmente de regiões ricas, industrializadas, desenvolvidas e com amplo emprego, se tornaram presa fácil da febre amarela, uma vez que os mosquitos transmissores da doença tinham sido plenamente eliminados no velho continente desde o fim da epidemia do início do século XIX;
- C) Os antigos escravos e seus descentes e os imigrantes pobres das grandes cidades, principalmente Rio de Janeiro, no final do século XIX, dificilmente eram acometidos pela febre amarela uma vez que a República, com as reformas urbanas, melhorou suas condições de vida, principalmente de moradia;
- D) Na mesma época dos acontecimentos narrados, estava em curso a partilha da África e a formação dos modernos impérios europeus onde a malária, doença do sono e outras patologias ameaçavam a sobrevivência dos colonizadores e nativos;
- E) A narrativa da morte do presidente da província do Ceará não condiz com a verdade, uma vez que o Ceará não sofreu as agruras de febre amarela, no final do século XIX, uma vez ser a doença típica das grandes florestas, como a da Tijuca, no Rio de Janeiro, de Mata Atlântica;
A alternativa correta é letra D) Na mesma época dos acontecimentos narrados, estava em curso a partilha da África e a formação dos modernos impérios europeus onde a malária, doença do sono e outras patologias ameaçavam a sobrevivência dos colonizadores e nativos;
Gabarito: Letra D
(Na mesma época dos acontecimentos narrados, estava em curso a partilha da África e a formação dos modernos impérios europeus onde a malária, doença do sono e outras patologias ameaçavam a sobrevivência dos colonizadores e nativos;)
Do lado de cá do Oceano Atlântico, o Brasil começava a estruturar o novo regime republicano, recém saído da escravidão e da monarquia, enfrentava um surto de febre amarela que aparecia outras vezes ainda nas primeiras duas décadas republicanas.
Do lado de lá do Oceano Atlântico, o continente africano lidava com a incursão dos europeus em seu território feitas através de exploradores e missionários, que muitas vezes morriam vítimas das doenças tropicais como a doença do sono e a malária, dos diversos acordos entre os governos europeus sobre os limites e fronteiras da África, bem como os acordos entre os europeus e os governantes locais.
Para termos uma noção, seis ou cinco anos antes da Proclamação da República, os europeus se reuniram em uma conferência na cidade de Berlim para organizar o livre comércio e trânsito na Bacia do rio Congo. Essa reunião serviu também para organizar as ocupações do continente no futuro.
Inclusive, uma das formas dos europeus penetrarem no continente foi a invenção de remédios contra as doenças tropicais, por exemplo, o quinino, contra a malária.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: A abolição da escravidão e, consequentemente, a migração dos “novos livres”, mas infectados, ampliou o alastramento da febre amarela, uma vez que é transmitida de pessoa para pessoa, de forma direta;
A febre amarela só pode ser transmitida através da picada do mosquito Aedes aegypti, portanto, não é transmissível de pessoa para pessoa.
Letra B: Os imigrantes europeus vindos, principalmente de regiões ricas, industrializadas, desenvolvidas e com amplo emprego, se tornaram presa fácil da febre amarela, uma vez que os mosquitos transmissores da doença tinham sido plenamente eliminados no velho continente desde o fim da epidemia do início do século XIX;
Os imigrantes europeus que vieram ao Brasil no contexto da transição da mão de obra escrava para a livre e assalariada não eram de regiões ricas e industrializadas, mas sim de regiões afetadas pelas escassez de terras, pois estas haviam sido incorporadas ao grande capital. Quem não tinha terras optava por trabalhar para um grande latifundiário ou buscava outra solução. Os imigrantes vieram para recomeçar sua vida em um momento de construção nacional, no caso da Itália e da Alemanha, que acabou excluindo boa parcela do campesinato da economia capitalista.
Letra C: Os antigos escravos e seus descentes e os imigrantes pobres das grandes cidades, principalmente Rio de Janeiro, no final do século XIX, dificilmente eram acometidos pela febre amarela uma vez que a República, com as reformas urbanas, melhorou suas condições de vida, principalmente de moradia;
Os antigos escravos e seus descendentes e os imigrantes pobres das grandes cidades eram acometidos pela febre amarela, pois esta era uma dentre as várias doenças que afetaram as populações dessas cidades. As reformas urbano-sanitárias procuraram erradicar doenças como varíola e a febre amarela, removendo locais que eram possíveis focos de transmissão. Para aquelas populações, essas mudanças na fisionomia da cidade não melhoraram as condições de vida, mas foram prejudiciais, como, por exemplo, ao remover moradias consideradas inadequadas pelo poder público sem oferecer outro tipo de habitação
Letra E: A narrativa da morte do presidente da província do Ceará não condiz com a verdade, uma vez que o Ceará não sofreu as agruras de febre amarela, no final do século XIX, uma vez ser a doença típica das grandes florestas, como a da Tijuca, no Rio de Janeiro, de Mata Atlântica;
A epidemia de febre amarela atacou o Ceará por diversas vezes no século XIX, não sendo uma exclusividade de áreas de floresta. Sabemos que o transmissor é um mosquito e que ele necessita de água parada para continuar com o seu ciclo de vida. Acontece que não havendo condições sanitárias adequadas, ausência de políticas de combate aos mosquitos e a permanência dos locais de habitação e reprodução do vetor, a doença tende a aparecer e se tornar uma epidemia.
Referências:
BENCHIMOL, Jaime Larry. Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. Rio de Janeiro : Editora FIOCRUZ, 2001.
FIOCRUZ. Febre amarela: sintomas, transmissão e prevenção. Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/febre-amarela-sintomas-transmissao-e-prevencao. Acesso: 21 abr. 2021.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.
380) O tropeirismo teve seu auge entre o século XVIII e XIX, e utilizou algumas rotas cujos caminhos das tropas tornaram-se sedes para futuras vilas e cidades, que cresceram em pontos de pouso e da chamada “invernada” para engorda do gado antes de chegar à feira de Sorocaba. Entre as rotas utilizadas pelos tropeiros, destacam-se duas estradas ou caminhos. Quais são? Assinale a alternativa correta:
- A) Estrada da Mata/Caminho do Viamão, e a Estrada das Missões/Caminho de Palmas.
- B) Estrada da Mata/Caminho de Vacaria, e a Estrada dos Saltos/Caminho da Lapa.
- C) Estrada dos Saltos/Caminho da Lapa, e Caminho do Viamão/Estrada de Vacaria.
- D) Estrada da Lapa/Caminho de Castro, e Caminho do Viamão/Estrada de Vacaria.
- E) Estrada dos Saltos/Caminho do Viamão, e a Estrada das Missões/Caminho de Castro.
A alternativa correta é letra A) Estrada da Mata/Caminho do Viamão, e a Estrada das Missões/Caminho de Palmas.
O tropeirismo foi uma atividade econômica importante no Brasil colonial e imperial, que consistia no transporte de gado e mercadorias entre as regiões Sul e Sudeste do país. Durante o século XVIII e XIX, os tropeiros utilizaram rotas específicas para conduzir o gado até a feira de Sorocaba, que era um importante centro de comércio de gado na época.
Dentre as rotas utilizadas pelos tropeiros, destacam-se a Estrada da Mata, também conhecida como Caminho do Viamão, e a Estrada das Missões, também conhecida como Caminho de Palmas. A Estrada da Mata ligava a região de Viamão, no Rio Grande do Sul, à região de Sorocaba, em São Paulo, enquanto a Estrada das Missões ligava a região das Missões, no Rio Grande do Sul, à região de Sorocaba.
Essas rotas tornaram-se importantes vias de comunicação e contribuíram para o crescimento de vilas e cidades ao longo do caminho, que se desenvolveram em torno dos pontos de pouso e da "invernada" para engorda do gado antes de chegar à feira de Sorocaba.