Questões Sobre Primeira República - História - concurso
411) O Tratado de Petrópolis, assinado em 1903, graças à brilhante atuação do Barão do Rio Branco, está relacionado à Questão:
- A) da Colônia do Sacramento, com a Argentina.
- B) do Amapá, com a França.
- C) da Ilha de Trindade, com a Inglaterra.
- D) dos Sete Povos das Missões, com a Argentina.
- E) do Acre, com a Bolívia.
Resposta
A alternativa correta é letra E) do Acre, com a Bolívia.
Explicação
O Tratado de Petrópolis foi assinado em 1903 entre o Brasil e a Bolívia, estabelecendo a fronteira entre os dois países e resolvendo a Questão do Acre, que era uma região disputada entre os dois países. O tratado foi negociado pelo Barão do Rio Branco, que foi um diplomata brasileiro brilhante.
O Tratado de Petrópolis não está relacionado às outras opções:
- A) Colônia do Sacramento: foi uma disputa territorial entre o Brasil e a Argentina no século XVIII.
- B) Amapá: foi uma disputa territorial entre o Brasil e a França no século XIX.
- C) Ilha de Trindade: é uma ilha brasileira no Oceano Atlântico, e não está relacionada a nenhuma disputa territorial com a Inglaterra.
- D) Sete Povos das Missões: foi uma disputa territorial entre o Brasil e a Argentina no século XIX.
412) No final do século XIX, o Brasil e a França envolveram-se numa disputa com relação à demarcação dos limites entre o Amapá e a Guiana Francesa – a chamada Questão do Amapá. A argumentação brasileira estava centralizada na localização de um rio e no texto de um tratado.
- A) Calçoene e Westfália.
- B) Oiapoque e Utrecht.
- C) Araguari e Madrid.
- D) Oiapoque e Santo Ildefonso.
- E) Caciporé e Westfália.
A alternativa correta é letra B) Oiapoque e Utrecht.
Gabarito: ALTERNATIVA B
- O rio e o tratado são, respectivamente:
A fronteira entre Brasil e Guiana Francesa era alvo de tratados internacionais desde 1713, quando o Tratado de Utrecht estabeleceu os limites entre as posses de França e Portugal na América do Sul. No entanto, as guerras napoleônicas voltariam a afetar as fronteiras com a agressão portuguesa à região. Em 1814, o Tratado de Paris voltaria a estabelecer a ordem na região, mas durante o restante do século tensões aumentaram e diminuíram ao sabor dos acontecimentos. No entanto, na década de 1890, a descoberta de ouro da região elevara as tensões sobremaneira, com invasões de garimpeiros brasileiros e respostas armadas do governo colonial francês. O principal ponto de discussão entre o Brasil independente e a administração colonial francesa se dava sobre o "rio Japoc", que servia como marco fronteiriço entre as áreas desde o Tratado de Utrecht.
A solução encontrada foi o acionamento do mecanismo de arbitragem, atribuindo à Confederação Suíça o papel de árbitro na disputa. Pelo lado da jovem república brasileira, foi destacado o experiente Barão do Rio Branco para preparar a argumentação brasileira, lançando mão dos tratados do período colonial e de minuciosa análise histórica sobre o tema. Apresentadas em 1899, As argumentações francesas se baseavam numa revisão cartográfica segundo a qual o rio Japoc deveria ser, na verdade, o rio Araguari, deslocando para o sul a fronteira. Em dezembro de 1900, a decisão do presidente suíço deu ganho de causa à argumentação brasileira, consolidando a Serra do Tumucumaque e o rio Oiapoque como as fronteiras entre Brasil e Guiana Francesa; favorecendo, portanto, o entendimento do Barão do Rio Branco de que as fronteiras coloniais deveriam ser observadas e que o rio Oiapoque sempre fora o limite mais amplamente aceito para delimitar a região. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) Calçoene e Westfália.
b) Oiapoque e Utrecht.
c) Araguari e Madrid.
d) Oiapoque e Santo Ildefonso.
e) Caciporé e Westfália.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
413) Com relação ao período da Primeira República brasileira, que vigorou até 1930, julgue C ou E.No que se refere à política externa, ao longo de todo esse período, prevaleceram as relações econômicas e financeiras com a Europa, em detrimento de uma possível opção americanista.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
Com relação ao período da Primeira República brasileira, que vigorou até 1930, julgue C ou E.
- No que se refere à política externa, ao longo de todo esse período, prevaleceram as relações econômicas e financeiras com a Europa, em detrimento de uma possível opção americanista.
Para a resolução deste item, dois caminhos eram os mais fáceis para o acerto. Primeiro, há de se lembrar o estudante que a política externa da Primeira República ficaria profundamente marcada pelo período do Barão do Rio Branco à frente da chancelaria (1902-1912). Um dos principais pontos de formulação da política externa do período seria o reconhecimento sistemático sobre a ascensão dos Estados Unidos como grande potência continental. Entendia Rio Branco que, naquele início de século XX, a posição americana já demonstrava assimetrias muito profundas e que a inserção internacional brasileira deveria perceber esse quadro como alheio às suas vontades, buscando relações especiais com os EUA mas sem que isso resultasse na subserviência nacional. Isto é, a liderança americana era reconhecida como um fato estabelecido e, portanto, deveria o Brasil entender as janelas de oportunidade que essa transformação político-econômica forneceria. O aprofundamento crítico das relações com os Estados Unidos passaria tanto por aproximações políticas quanto pela dinamização da pauta comercial. A chamada opção americanista de Rio Branco dizia mais respeito a uma leitura complexa do sistema internacional do que propriamente a uma preferência do chanceler pelos Estados Unidos, entendendo haver uma janela de oportunidade para que a autonomia brasileira fosse articulada na região em detrimento das tradicionais potências europeias.
Numa outra frente, deveria o candidato se recordar de que, no início do século XX, os Estados Unidos despontavam como a maior potencia industrial do mundo, ainda que o Reino Unido se mantivesse como principal centro financeiro e grande fonte de investimentos internacionais. Com a desorganização internacional decorrente da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as principais economias europeias entraram numa fase especialmente delicada, aproximando as exportações brasileiras do mercado americano, que se mantinha relativamente estável. Na década de 1920, ainda que os investimentos ingleses continuassem sendo muito expressivos na realidade brasileira, a parceria econômica com os Estados Unidos já gozava de importante protagonismo. Configuração esta que importaria em grandes dificuldades para a economia brasileira após a grave crise internacional em 1929.
Cumpre ainda destacar que, no período imediatamente após a Proclamação da República (1889), o Brasil procurou, sem formulações adequadas, um profundo alinhamento com a grande república norte-americana. Vocalizando esperanças republicanas difusas, o início desse período significou para o Brasil uma formulação internacional pensada a partir do continente americano, tentando abandonar a vinculação direta com as dinâmicas europeias. Nesse momento, há de se lembrar, o país foi grande entusiasta do pan-americanismo. Portanto, item ERRADO.
414) Com relação ao período da Primeira República brasileira, que vigorou até 1930, julgue C ou E.Durante a gestão do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores, todas as disputas fronteiriças herdadas do Império foram definidas favoravelmente ao Brasil.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
Com relação ao período da Primeira República brasileira, que vigorou até 1930, julgue C ou E.
- Durante a gestão do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores, todas as disputas fronteiriças herdadas do Império foram definidas favoravelmente ao Brasil.
De fato, o período da chancelaria do Barão do Rio Branco (1902-1912) seria marcado pela consolidação da grande maioria das fronteiras brasileiras, que foi adotada como grande prioridade pelo chanceler. Elaborando toda uma nova sistemática de resolução das questões lindeiras, Rio Branco alcançaria bastante sucesso na sua atuação, sendo a Questão do Acre o seu ponto mais agudo; mas não se pode dizer que todas as disputas foram definidas a favor do Brasil.
No Prata, apesar de ter alcançado histórica vitória sobre a Argentina na Questão de Palmas ainda no Império, o Barão do Rio Branco optou por um gesto de boa vontade e de aproximação amistosa para toda a América Latina. As disputas territoriais com o Uruguai em torno da Lagoa Mirim e do Rio Jaguarão seriam solucionadas por iniciativa brasileira em 1909, cedendo territórios até mesmo além das reivindicações uruguaias originais. Num enquadramento mais amplo, tratava-se de esterilizar as acusações argentinas a respeito de um possível imperialismo brasileiro e de colocar o país como uma fonte de estabilidade na América do Sul.
No Norte, as disputas entre o Brasil e a Guiana Inglesa se arrastaram durante o século XIX sem que nenhuma resolução efetiva fosse alcançada, mesmo com as ofertas de partição elaboradas de cada um dos lados. Em 1901, ou seja, ainda antes do período Rio Branco, as partes pactuaram a solução pela arbitragem internacional, que seria depositada no rei Vitório Emanuel III de Itália. Rio Branco chanceler, foi destacado para a argumentação brasileira junto ao rei italiano o experiente Joaquim Nabuco, que entregaria extensa documentação à apreciação da arbitragem. No entanto, em 1904, a arbitragem faria prevalecer o entendimento de que a bipartição territorial seria a medida mais adequada, resultando para o Brasil uma área inferior até mesmo àquela que havia sido oferecida pelo governo britânico no século XIX. Tratou-se de uma das mais expressivas derrotas da política externa brasileira sob o comando do Barão do Rio Branco. Além disso, o Tratado Geral de Limites só seria celebrado entre Brasil e Reino Unido em 1924; bem como outras disputas menores com a Bolívia e com o Peru só seriam plenamente equacionadas já na Era Vargas (1930-1945) Portanto, item ERRADO.
415) Considere o seguinte texto que apresenta o compromisso do governo brasileiro para a construção da ferrovia Madeira-Mamoré:Artigo VIIOs Estados Unidos do Brasil obrigam-se a construir em território brasileiro, por si ou por empresa particular, uma ferrovia desde o porto de Santo Antônio, no rio Madeira, até Guajará-Mirim, no Mamoré, com um ramal que, passando por Vila-Murtinho ou em outro ponto próximo (Estado de Mato-Grosso), chegue a Villa-Bella (Bolívia), na confluência do Beni e do Mamoré. Dessa ferrovia, que o Brasil se esforçará por concluir no prazo de quatro anos, usarão ambos os países com direito às mesmas franquezas e tarifas.
- A) Santo Ildefonso, de 1894.
- B) Petrópolis, de 1915.
- C) Badajoz, de 1907.
- D) Petrópolis, de 1903.
- E) Santo Ildefonso, de 1905.
A alternativa correta é letra D) Petrópolis, de 1903.
Vamos analisar cada alternativa, para identificar qual o Tratado que contém o artigo mencionado.
A) Santo Ildefonso, de 1894.
INCORRETO. O Tratado de Santo Ildefonso foi assinado em 1777 entre Portugal e Espanha, portanto, não se encaixa no contexto da questão. Alternativa errada.
B) Petrópolis, de 1915.
INCORRETO. O Tratado de Petrópolis foi assinado em 1903 entre o Brasil e a Bolívia, não em 1915. Alternativa errada.
C) Badajoz, de 1907.
INCORRETO. O Tratado de Badajoz foi assinado em 1801 entre Portugal e Espanha, portanto, não se encaixa no contexto da questão. Alternativa errada.
D) Petrópolis, de 1903.
CORRETO. O Tratado de Petrópolis foi assinado em 1903 entre o Brasil e a Bolívia. Este tratado estabeleceu a construção da ferrovia Madeira-Mamoré como compromisso do governo brasileiro, conforme o artigo mencionado na questão. Alternativa correta.
E) Santo Ildefonso, de 1905.
INCORRETO. O Tratado de Santo Ildefonso foi assinado em 1777 entre Portugal e Espanha, portanto, não se encaixa no contexto da questão. Alternativa errada.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA D.
416) As secas e o apelo econômico da borracha — produto que no final do século XIX alcançava preços altos nos mercados internacionais — motivaram a movimentação de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para o Acre. Entretanto, até o início do século XX, essa região pertencia à Bolívia, embora a maioria da sua população fosse brasileira e não obedecesse à autoridade boliviana. Para reagir à presença de brasileiros, o governo de La Paz negociou o arrendamento da região a uma entidade internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil comprou o território por 2 milhões de libras esterlinas.
- A) pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava o Brasil pela sua anexação.
- B) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes brasileiros na região.
- C) devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os seringais.
- D) em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros na região.
- E) pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à Bolívia.
A alternativa correta é letra C) devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os seringais.
Gabarito: Letra C (devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os seringais.)
O Acre antes de ingressar como território federal era uma área pertencente em parte à Bolívia e ao Peru.
A partir de 1850, essa área que contava com a ocupação de populações indígenas passou a receber frentes de trabalhadores, patrões, comerciantes, mascates e aventureiros em busca do látex dos seringais.
Esse aumento populacional dará origem a uma série de disputas entre populações locais e governos de Brasil, Bolívia e Peru.
Uma primeira tentativa de delimitar fronteiras entre Brasil e Bolívia foi a assinatura do Tratado de Ayacucho em 1867.
Em função da Segunda Revolução Industrial que fez surgir a indústria automobilística, a borracha passou a ser um produto bastante procurado no mercado internacional, uma vez que era utilizada para fabricar os pneus dos veículos. Essa procura fez com que as definições do tratado de 1867 não fossem respeitadas por causa de outra enorme migração de brasileiros que se estabeleceram no Acre em busca do látex.
Em 1899 estourou um conflito entre brasileiros e o governo boliviano, episódio conhecido como Revolução Acreana ou Guerra do Acre. O estopim do movimento foi a instalação de uma alfândega boliviana para cobrar impostos na região. Isso foi sentido pelos seringalistas, pelo governo do Amazonas e pelo governo federal como uma ameaça ao comércio brasileiro da borracha.
De 1899 a 1903 uma série de conflitos envolvendo seringalistas e tropas armadas por eles contra o governo boliviano fez com que o governo brasileiro tivesse a necessidade de intervir na região, assinando um novo tratado com o governo boliviano definindo o Acre como território brasileiro.
As fronteiras com a Bolívia só seriam definidas em 1903 pelo Tratado de Petrópolis que anexou o Acre ao Brasil.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava o Brasil pela sua anexação.
O Tratado de Petrópolis assinado em 1903 entre Brasil e Bolívia indenizou o governo boliviano pela compra do Acre. O governo brasileiro pagou a quantia de 2 milhões de libras esterlinas.
Letra B: por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes brasileiros na região.
Bolivian Syndicate era uma empresa estadunidense que ganhou a concessão do governo boliviano para explorar o látex no Acre. Entretanto, essa empresa entrou em conflito por diversas vezes com os seringueiros e seringalistas brasileiros que concorriam na exploração do látex.
Letra D: em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros na região.
A maioria dos imigrantes estrangeiros na região era formada por brasileiros.
Letra E: pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à Bolívia.
Quem pagou indenização foi o governo brasileiro e não os emigrantes. O Brasil pagou 2 milhões de libras ao governo boliviano para comprar o Acre e indenizar a Bolívia pela perda do território.
Referências:
CAMPOS, Gislane Azevedo e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.
PONTES, Carlos José Farias de. O “El-Dourado Verde”: A Guerra do Acre. SOUTH AMERICAN Journal of Education, Technical and Technological. Vol.3 n.1 2016.
417) No início da República, os principais problemas de fronteira, na Região Norte, encontravam-se nos dissídios com a França e a Inglaterra, em função dos limites com as Guianas, e com a Bolívia e o Peru, em razão do Acre. Na solução da questão do Acre, graças à assinatura do Tratado de Petrópolis, a diplomacia brasileira baseou-se no seguinte princípio:
- A) recorrer à arbitragem internacional como forma eficaz de estabelecer a posse;
- B) levantar a nacionalidade dos cidadãos que habitavam a área para definir a posse;
- C) marcar um plebiscito para que a população da área em litígio definisse a posse;
- D) avaliar a superioridade étnica e econômica dos brasileiros para definir a posse.
A alternativa correta é letra B) levantar a nacionalidade dos cidadãos que habitavam a área para definir a posse;
Gabarito: Letra B
O tratado de Petrópolis assinado em 1903 por Bolívia e Brasil resolveu em parte a questão do Acre, que havia começado décadas antes, quando houve uma tentativa de independência da região.
Nessa negociação destacou-se a figura do ministro das Relações Exteriores, o Barão do Rio Branco.
O Barão defendeu que os fatores primordiais para a anexação do Acre eram de ordem moral e política, derivados da existência de milhares de brasileiros habitando aquela região desde tempos imemoriais e, portanto, da necessidade de o Governo brasileiro proteger seus cidadãos.
Por isso, fez um levantamento do número de brasileiros existentes na região para fundamentar a sua defesa da incorporação.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Essa era uma das ideias de Rui Barbosa para resolver o conflito entre Brasil e Bolívia, mas não foi levada em conta pelo Barão do Rio Branco.
Letra C: A solução apresentada pelo Barão do Rio Branco passava pelo acordo com a Bolívia, isso porque o Brasil já havia assinado com este país um tratado de fronteiras. Portanto, a ideia era aprofundar o tratado anterior. Marcar um plebiscito não respeitaria essa proposição de acordo diplomático.
Letra D: O Barão desejava resolver a disputa a favor do Brasil usando o princípio de ocupação do território. Não levou em conta fatores econômicos para definir a posse, mas os fatores sociais prevaleceram. O Barão, em sua exposição, refutou a ideia de que a incorporação do Acre interessaria ao Brasil pelos benefícios materiais proporcionados pelos recursos naturais das terras acreanas, em especial, o látex.
Resposta baseada na fonte:
ANDRADE, José H. Fischel de; LIMOEIRO, Danilo. Rui Barbosa e a política externa brasileira: considerações sobre a Questão Acreana e o Tratado de Petrópolis (1903). Rev. bras. polít. int., Brasília , v. 46, n. 1, p. 94-117, June 2003 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292003000100005&lng=en&nrm=iso. Acesso: 17 Dez. 2019.
418) Antes de tomar posse no seu cargo, ainda na Europa, Rio Branco agira no sentido de afastar o perigo imediato do Bolivian Syndicate, empresa estadunidense, e propusera a compra do território do Acre. Recusada essa ideia, propôs o Governo brasileiro a troca de territórios e ofereceu compensação, como a de favorecer, por uma estrada de ferro, o tráfego comercial pelo rio Madeira, entendendo-se diretamente com o Bolivian Syndicate.
- A) proteção à população indígena.
- B) consolidação das guerras de conquista.
- C) implementação da indústria de borracha.
- D) negociação com seringueiros organizados.
- E) preocupação com intervenção imperialista.
A alternativa correta é letra E) preocupação com intervenção imperialista.
Gabarito: Letra E
(preocupação com intervenção imperialista.)
O Barão do Rio Branco assumiu o cargo de Ministro das Relações Exteriores durante o governo Rodrigues Alves e ficou quatro mandatos como ministro (1902 a 1912). Ele foi o grande responsável pela resolução de limites e fronteiras do Brasil com os países vizinhos: Guiana, Peru e Bolívia.
Segundo Francisco Doratioto, a sua experiência como cônsul e embaixador na Europa imperialista serviu de alerta para que o barão adotasse uma preocupação grande em relação a possíveis ocupações estrangeiras de territórios vazios do país. A conquista da Ásia e da África trouxe uma visão de que nas relações internacionais os Estados competem entre si e suas soberanias se fundamentam no poder nacional de cada um.
Embora se fale de uma “aliança não escrita” entre Brasil e EUA, no sentido de reconhecer o governo estadunidense como uma potência econômica e militar, o barão enxergava os EUA como imperialistas e assim todo cuidado era necessário.
A questão do Acre foi uma disputa entre governo brasileiro, boliviano e a Bolivian Syndicate, uma empresa privada com capitais ingleses e estadunidenses que atuava na exploração dos seringais e do látex. O Acre não existia. Era um território pertencente à Bolívia e era importante pelos vastos seringais. No final do século XIX, essa área começou a receber muitos brasileiros para trabalhar na extração do látex, matéria-prima para fabricar a borracha.
O governo boliviano entregou o território acreano ao Bolivian Syndicate e os brasileiros protestaram contra essa ação proclamando a independência do Acre. Para resolver o impasse, o Barão negociou a cessão do Acre com as duas partes envolvidas: a empresa privada e o governo boliviano. As negociações envolveram dinheiro e entrega de territórios para que o Brasil ficasse em definitivo com o Acre.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: proteção à população indígena.
O objetivo do governo brasileiro não era garantir a proteção da população indígena, mas a proteção de empresas e trabalhadores brasileiros ligados a extração do látex.
Letra B: consolidação das guerras de conquista.
O Barão do Rio Branco era um pacifista. Não acreditava que as negociações poderiam ser feitas pelas armas, e sim pela diplomacia.
Letra C: implementação da indústria de borracha.
A indústria bem como uma cultura da borracha já existia no território do Acre, tanto que essa região foi alvo de disputa entre seringueiros brasileiros, bolivianos e empresas de extração de látex internacionais.
Letra D: negociação com seringueiros organizados
A negociação foi feita entre o governo brasileiro tendo como representante o Barão do Rio Branco e uma empresa privada. Não foi feita com seringueiros organizados em associações ou sindicatos.
Referência:
DORATIOTO, Francisco. “O Brasil no mundo/idealismos, novos paradigmas e voluntarismo”. In: SCHWARCZ, Lilia M. (Org.) História do Brasil Nação 1808-2010. A abertura para o mundo 1889-1930. Volume 3. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
419) Na disputa final pela posse do território que mais tarde comporia o estado do Amapá, em 1899, teve grande importância a argumentação apresentada
- A) por Francisco Xavier da Veiga Cabral.
- B) pelo senador Candido Mendes Ferreira.
- C) por Joaquim Caetano da Silva.
- D) pelo Barão do Rio Branco.
- E) por João Severiano Maciel.
A alternativa correta é letra D) pelo Barão do Rio Branco.
Vamos analisar cada alternativa, para identificar quem teve grande importância na argumentação apresentada na disputa final pela posse do território que mais tarde comporia o estado do Amapá, em 1899.
A) Francisco Xavier da Veiga Cabral.
INCORRETO. Apesar de Francisco Xavier da Veiga Cabral, conhecido como Cabralzinho, ter sido uma figura importante na história do Amapá, sua atuação se deu em um período anterior, na defesa do território contra a invasão francesa na região de Oiapoque, no século XVIII. Portanto, ele não teve participação na disputa final em 1899. Alternativa errada.
B) Senador Candido Mendes Ferreira.
INCORRETO. O senador Candido Mendes Ferreira, apesar de ter sido uma figura proeminente na política brasileira, não tem seu nome associado à disputa pelo território do Amapá. Alternativa errada.
C) Joaquim Caetano da Silva.
INCORRETO. Joaquim Caetano da Silva foi um importante líder político e militar no Pará, mas não teve uma participação significativa na disputa pelo território do Amapá em 1899. Alternativa errada.
D) Barão do Rio Branco.
CORRETO. O Barão do Rio Branco, cujo nome verdadeiro era José Maria da Silva Paranhos Júnior, foi o responsável pela argumentação que levou à vitória do Brasil na disputa pelo território do Amapá. Como Ministro das Relações Exteriores, ele liderou as negociações diplomáticas que resultaram na assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, que definiu as fronteiras entre Brasil e França na região do Amapá. Alternativa correta.
E) João Severiano Maciel.
INCORRETO. João Severiano Maciel foi um importante político e militar brasileiro, mas não teve participação na disputa pelo território do Amapá. Alternativa errada.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA D.
420) Julgue (C ou E) o próximo item, relativo à formação histórica do território brasileiro.No início do século XX, o governo brasileiro assegurou a posse de novas terras por meio de acordos diplomáticos que envolveram questões fronteiriças com a Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru e Suriname, nos quais se destacou a figura do Barão do Rio Branco.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: Errada
A questão está incorreta, pois o Brasil não garantiu territórios através de negociações com Argentina durante a gestão do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores, que começa a partir de 1902.
O Barão do Rio Branco, quando foi ministro das Relações Exteriores foi o responsável pelas negociações de fronteiras do Brasil com a Bolívia, onde incorporou o Acre através do Tratado de Petrópolis, assinado em 1903.
Para se chegar a um acordo, o Brasil pagou à Bolívia 2 milhões de libras esterlinas e cedeu lhe pouco mais de 2 mil quilômetros quadrados, entre os rios Abunã e Madeira, o que permitiria aos bolivianos acessar o rio Amazonas e, assim, alcançar o Atlântico, e, para viabilizar esse acesso, o governo brasileiro comprometeu-se a construir uma ferrovia entre os rios Madeira e Mamoré. Outra pequena concessão territorial brasileira à altura da Bahia Negra permitiria o acesso boliviano ao Atlântico também pelo Rio da Prata, por meio da navegação dos rios Paraguai e Paraná.
Ainda durante a gestão do Barão, o Brasil negociou com a Guiana Holandesa (atual Suriname), Colômbia e com o Peru limites e fronteiras ao norte do país, incorporando áreas da Amazônia. Em 1906, o Brasil negociou com a Guiana Holandesa, em 1907 com o governo colombiano territórios pelo Tratado de Bogotá e em 1909 com o governo peruano novas áreas fronteiriças próximas ao Acre, o que foi aceito pelo Peru no Tratado do Rio de Janeiro.
Referência:
VIDIGAL, Carlos Eduardo e DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva. História das relações internacionais do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.