Questões Sobre Primeira República - História - concurso
451) É correto afirmar que o ano de 1929 foi de grande dificuldade para os cafeicultores no Brasil, pois, embora a produção naquele ano tenha sido de 21 milhões de sacas, as exportações foram apenas de 14 milhões de sacas. As causas desta queda tão brusca estavam relacionadas à
- A) grave crise econômica causada, principalmente, pela superprodução da indústria norte-americana, tendo como grande marco a queda das ações das grandes empresas na Bolsa de Valores de Nova York.
- B) grave crise política ocorrida logo após o término da primeira Guerra Mundial, ocasionada, principalmente, pelo Tratado de Versalhes que aumentou as desigualdades econômicas entre as potências européias.
- C) corrida imperialista na África e Ásia que originou novos mercados consumidores e fornecedores os quais passaram a competir com a produção brasileira, superando-a em qualidade e preço.
- D) ascensão do café colombiano o qual, a partir de 1925, passou a ter a preferência dos mercados consumidores da Europa e dos Estados Unidos devido à qualidade superior dele e, principalmente, a proximidade com estes mercados consumidores.
- E) instabilidade política em andamento no país motivada, principalmente, pelo movimento Tenentista que possuía um projeto ideológico que tinha por base o incentivo à produção industrial, entrando em confronto com o modelo agro-exportador do país.
A alternativa correta é letra A) grave crise econômica causada, principalmente, pela superprodução da indústria norte-americana, tendo como grande marco a queda das ações das grandes empresas na Bolsa de Valores de Nova York.
Em 1929, o Brasil enfrentou uma grande dificuldade para os cafeicultores devido à queda brusca nas exportações de café. Embora a produção tenha sido de 21 milhões de sacas, as exportações ficaram limitadas a apenas 14 milhões de sacas.
Essa queda significativa nas exportações estava relacionada à grave crise econômica ocorrida naquele ano. A crise foi causada, principalmente, pela superprodução da indústria norte-americana, que resultou na redução do consumo e na queda das ações das grandes empresas na Bolsa de Valores de Nova York.
Com a crise nos Estados Unidos, houve uma diminuição na demanda internacional por café brasileiro, afetando diretamente os cafeicultores. A queda nas exportações reflete a redução da procura pelo produto no mercado externo, consequência direta da crise econômica global.
452) Em seu primeiro governo (1930-1945), Getúlio Vargas concebeu o desenvolvimento do Brasil pela via da industrialização. Acerca desse assunto, julgue (C ou E) o próximo item.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
Em seu primeiro governo (1930-1945), Getúlio Vargas concebeu o desenvolvimento do Brasil pela via da industrialização. Acerca desse assunto, julgue (C ou E) o próximo item.
- A resistência à mudança econômica provinha dos militares, porque ainda estavam ligados às elites fundiárias da Primeira República.
Esse item exige que o estudante se remeta ao tenentismo, que teve importante ação na política brasileira na década de 1920. É mister recordar que, de fato, a república brasileira foi proclamada em 1889 por um movimento militar, que contava tanto com apoio de parte das oligarquias cafeicultoras e das classes médias urbanas. No entanto, há de se diferenciar que esses grupos tinham interesses diferentes na transição para a república. Ao passo que os cafeicultores paulistas entendiam que as estruturas político-representativas do Império não comportaria a suas demandas, os militares, profundamente influenciados pelo positivismo, entendiam que o apenas a república permitiria o desenvolvimento e a modernização geral do país. Nessa leitura, o modelo agroexportador estava intimamente ligado com as estruturas da monarquia, sendo que apenas as virtudes republicanas conseguiriam ampliar as noções do interesse nacional para além das oligarquias, promovendo uma nova cidadania enquadrada na modernização positivista.
Ainda que os militares tenham sido responsáveis pelo golpe de Estado que deu origem à república, as oligarquias agroexportadoras acabaram assumindo o centro do poder republicano já nos primeiros anos de vida "democrática" no Brasil: lembre-se que a Primeira República (1889-1930) ficaria conhecida pelo predomínio do "teatro das oligarquias" e da "política dos governadores", amplos pactos oligárquicos que monopolizavam a administração pública e a política. Na prática, essa configuração significou o sequestro da máquina pública pelos interesses oligárquicos ligados à agroexportação, principalmente a produção cafeeira; afastando decisivamente o Brasil dos projetos modernizadores do positivismo que fundara a república - o que incluiu esforços para sabotar qualquer política industrialista mais robusta.
A irrupção do tenentismo na década de 1920 está diretamente ligado a esse descompasso. Novamente influenciados por uma geração positivista, os jovens oficiais brasileiros entendiam que o predomínio oligárquico na política corrompera os ideais fundadores da república, sendo necessário debelar a ordem estabelecida para devolver o país para um caminho de progresso. Ainda que houvesse diferenças importantes entre os tenentistas, há de se observar que o diagnóstico sobre o atraso brasileiro era unânime e as tensões com as elites fundiárias aumentaram com o comprometimento dos militares com a alteração da ordem econômica brasileira. Portanto, item ERRADO.
453) Leia atentamente o texto abaixo:
- A) diversas relações sociais foram construídas no mundo do trabalho dos seringais; o traço comum a essas relações era o conflito: no ambiente hostil em que viviam, os seringueiros tinham um convívio marcado por permanente tensão, inexistindo laços de solidariedade entre eles.
- B) as “tigelas de seringa” eram usadas na coleta do látex: o seringueiro, enfrentando as dificuldades da floresta, sangrava as árvores de seringa e colocava a tigela para recolher o látex, para posterior coagulação pelo processo de defumação.
- C) Manoel e seu compadre eram “sócios numa estrada de seringa”, além de “antigos camaradas”: na exploração da borracha, o seringalista era o homem que ocupava a posição mais inferior, pois, além da extrair o látex, adentrava as matas abrindo estradas (entre as árvores), nas quais cultivava as héveas.
- D) os seringueiros eram trabalhadores cuja rotina diária consistia em construir seu tapiri, abrir estradas de seringueiras, sangrar as árvores e recolher o látex, líquido que, uma vez coagulado sem impurezas ou imperfeições, formava a borracha classificada como cernambi.
A alternativa correta é letra B) as “tigelas de seringa” eram usadas na coleta do látex: o seringueiro, enfrentando as dificuldades da floresta, sangrava as árvores de seringa e colocava a tigela para recolher o látex, para posterior coagulação pelo processo de defumação.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Leia atentamente o texto abaixo:
“No dia 29/10/1904 o seringueiro Manoel Lourenço da Silva viajava, por volta de duas horas da tarde, em uma canoa de Belém para a ilha das Onças, com José Brauguinho, outro seringueiro, com quem se desentendeu. O motivo do desentendimento, segundo Manoel, foi o fato de ele ‘querer comprar umas tigelas de seringa, mediante certo prazo’, o que foi recusado por Brauguinho. Além da recusa, Brauguinho desfechou três facadas em Manoel, o qual ficou assustado com a reação do companheiro, pois eram ‘compadres de São João e sócios numa estrada de seringa’ além de ‘antigos camaradas’”.
Auto de diligências policiais para registrar ferimentos leves sofridos por Manoel Lourenço da Silva, causados por José Brauguinho de Araújo (LACERDA, Franciane. A vida e o trabalho nos seringais. Adaptação. In: FONTES, Edilza. Contando a história do Pará: da conquista à sociedade da borracha (séc.XVI-XIX). Belém: E.Motion, 2002, v. 1, p.295-296).
Com base na leitura do texto acima e nos estudos históricos acerca da sociedade da borracha no Pará, é possível afirmar que
- a) diversas relações sociais foram construídas no mundo do trabalho dos seringais; o traço comum a essas relações era o conflito: no ambiente hostil em que viviam, os seringueiros tinham um convívio marcado por permanente tensão, inexistindo laços de solidariedade entre eles.
A primeira parte da alternativa é de uma obviedade aberrante; afinal, toda forma de produção enseja novas relações sociais. E num universo tão fechado pelas distâncias e pelas exigências da lida como o trabalho nos seringais, nada mais natural do que o surgimento de várias relações sociais, inclusive algumas conflituosas. No entanto, a segunda metade cai num erro muito óbvio, uma vez que se choca diretamente com o próprio enunciado. O trecho reproduzido é muito claro ao registrar que as relações entre os dois seringueiros, até a data do incidente, era de grande camaradagem, além de sociedade nos negócios e de serem compadres de São João. Portanto, não é cabível se resumir todas as relações dessas trocas num universo de hostilidades e de conflitos. Alternativa errada.
- b) as “tigelas de seringa” eram usadas na coleta do látex: o seringueiro, enfrentando as dificuldades da floresta, sangrava as árvores de seringa e colocava a tigela para recolher o látex, para posterior coagulação pelo processo de defumação.
Esta é a descrição básica da extração do látex no Brasil, onde não se conseguiu organizar formas de cultivo das árvores de seringa. Embrenhando-se na floresta, os seringueiros identificavam as árvores e realizavam a coleta do látex com cortes diagonais no tronco de modo a fazer a seiva escorrer para dentro de um tigela. Uma vez coletada o látex, ainda cabia ao seringueiro o trabalho de coagular e defumar aquela seiva para ficar pronta para o comércio da borracha. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) Manoel e seu compadre eram “sócios numa estrada de seringa”, além de “antigos camaradas”: na exploração da borracha, o seringalista era o homem que ocupava a posição mais inferior, pois, além da extrair o látex, adentrava as matas abrindo estradas (entre as árvores), nas quais cultivava as héveas.
De fato, cabia aos seringalistas o trabalho mais pesado na produção da borracha, adentrando a mata e extraindo o látex manualmente. No entanto, há uma confusão sobre a expressão "estrada de seringa", que não se tratava do plantio e do cultivo sistemático de seringueiras. As chamadas estradas de seringa eram os caminhos estabelecidos pelos seringueiros dentro da mata para extrair o látex de diversas árvores. Com cerca de dez quilômetros de percurso, cada estrada de seringa costumava passar por cerca de duzentas árvores dentro da mata, compondo um itinerário percorrido por um seringueiro. Dado que, no Brasil, as seringueiras não foram plantadas em escala, mas sim exploradas dentro das matas, o trabalho de extração do látex tinha de seguir o curso quase que aleatório das árvores dentro da mata fechada. Como podia levar horas no processo de sangrar o tronco, cada estrada de seringa estabelecia um circuito de árvores que estavam sendo sangradas por um seringueiro. Alternativa errada.
- d) os seringueiros eram trabalhadores cuja rotina diária consistia em construir seu tapiri, abrir estradas de seringueiras, sangrar as árvores e recolher o látex, líquido que, uma vez coagulado sem impurezas ou imperfeições, formava a borracha classificada como cernambi.
A alternativa deixa de fazer referência à prensagem do cernambi, resultante da coagulação do látex puro. Uma vez prensado para perder água, o cernambi aumenta seu grau de pureza da borracha, mas ainda precisa passar pelo processo de defumação pelos seringueiros para formar bobinas maiores e serem enviadas para o comércio. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
454) Sobre a economia brasileira durante a Primeira República, é possível destacar os seguintes elementos:
- A) exportações dirigidas aos mercados europeus e asiáticos e crescimento da pecuária no Nordeste.
- B) investimentos britânicos no setor de serviços e produção de bens primários para a exportação.
- C) protecionismo alfandegário para estimular a indústria e notável ampliação do mercado interno.
- D) aplicação de capital estrangeiro na indústria e consolidação do café como único produto de exportação.
- E) integração regional e plano federal de defesa da comercialização da borracha na Amazônia.
A alternativa correta é letra B) investimentos britânicos no setor de serviços e produção de bens primários para a exportação.
Durante a Primeira República, a economia brasileira era fortemente dependente da exportação de bens primários, como o café. Houve significativos investimentos britânicos no setor de serviços, especialmente em infraestrutura ferroviária e portuária, para facilitar a exportação desses produtos. Outras opções não refletem adequadamente as principais características econômicas do período.
455) As estradas de ferro paulistas dos séculos XIX e XX dirigiam-se para as regiões do interior do estado. Sua importância para o complexo econômico cafeeiro e para o desenvolvimento de São Paulo pode ser vista sob múltiplos aspectos. O cultivo do café e as ferrovias provocaram mudanças ambientais em várias regiões paulistas, porque
- A) as estradas de ferro formavam redes no interior das matas e permitiam o acesso do capital norte-americano à exploração e à exportação de madeiras para o mercado europeu.
- B) a economia cafeeira foi responsável pela predomínio da agricultura de subsistência sobre as áreas florestais e as locomotivas levaram à exploração do carvão mineral no planalto paulista.
- C) o emprego nos cafezais de defensivos agrícolas contaminava as nascentes de água e as ferrovias favoreciam a fixação de pequenas propriedades nas áreas agrestes.
- D) as locomotivas eram movidas a vapor, cujo combustível era a madeira, e os cafezais, por esgotarem o solo, exigiam a incorporação de novas terras para o plantio.
- E) a expansão da frente pioneira devastava as matas e abria grandes reservas de territórios e de terras agricultáveis para os indígenas.
A alternativa correta é letra D) as locomotivas eram movidas a vapor, cujo combustível era a madeira, e os cafezais, por esgotarem o solo, exigiam a incorporação de novas terras para o plantio.
As locomotivas a vapor utilizavam a madeira como combustível, o que contribuiu para a devastação das matas. Além disso, os cafezais, ao esgotarem o solo, demandavam a incorporação de novas terras para o cultivo, resultando em mudanças ambientais significativas nas regiões paulistas.
456) A greve [de 1917] está generalizada em toda a cidade. O comércio fechou, as ruas do centro estão desertas (…) Há tiroteios em todos os bairros proletários, desde o Brás até a Lapa. O delegado geral distribuiu aos jornais um boletim pedindo “ao povo pacífico se recolher a suas residências, pois vai manter a ordem, mesmo à custa de meios os mais enérgicos”. O movimento das ruas é, mesmo assim, enorme, pois toda a população se mistura, quer saber o que vai suceder nos bairros fabris do Brás, da Mooca, do Cambuci, do Bom Retiro, da Barra Funda, da Água Branca, da Lapa.
- A) os trabalhadores recebiam salários compatíveis com o aumento do custo de vida, o que explica a fraca ação operária nas primeiras décadas do século XX em São Paulo.
- B) as reivindicações dos trabalhadores tinham apoio do Estado, garantindo a livre expressão e a liberdade de reunião nas associações de classe e nos congressos operários.
- C) a greve dos trabalhadores aparecia como um movimento isolado, sem repercussões nos jornais e sem ameaçar a ordem pública, revelando a fragilidade dos sindicatos.
- D) no Brasil dos anos 1910, havia leis de proteção ao trabalho e de assistência social, em especial para mulheres e crianças, o que enfraquece o movimento operário.
- E) o barateamento da mão-de-obra aprofundou as diferenças sociais que moviam as freqüentes greves de inspiração anarquista nos inícios do século XX.
A alternativa correta é letra E) o barateamento da mão-de-obra aprofundou as diferenças sociais que moviam as frequentes greves de inspiração anarquista nos inícios do século XX.
A greve de 1917 em São Paulo foi um dos maiores movimentos operários da Primeira República, resultante das péssimas condições de trabalho e dos baixos salários que não acompanhavam o aumento do custo de vida. O texto menciona a generalização da greve, com comércio fechado e tiroteios, indicando a grave situação social. A resposta correta destaca como o barateamento da mão-de-obra aprofundou as desigualdades sociais, levando a frequentes greves inspiradas pelo anarquismo, uma característica marcante do movimento operário no início do século XX no Brasil.
457) Analise as afirmativas sobre o processo de industrialização no Brasil durante a Primeira República e, a seguir, assinale a alternativa correta.
- A) Somente I está correta.
- B) Somente I e III estão corretas.
- C) Somente II está correta.
- D) Somente III está correta.
- E) Somente II e III estão corretas.
A alternativa correta é letra A) Somente I está correta.
A afirmativa I está correta, pois a instalação de fábricas de pequeno e médio porte voltadas para a produção de bens de consumo deu início ao processo de industrialização no Brasil durante a Primeira República. No entanto, a atração de investidores da indústria automobilística norte-americana, como a Ford e a General Motors, para a cidade de São Paulo ocorreu posteriormente, nos anos 20 do século passado, consolidando o avanço industrial. As afirmativas II e III apresentam informações incorretas, tornando as outras alternativas incorretas.
458) A história da Primeira República, ou República Velha, no Brasil, foi marcada por tensões políticas e econômicas relevantes para o entendimento da Revolução de 1930. A respeito desse período e de suas contradições, julgue (C ou E) o item a seguir.Na República Velha, a economia agroexportadora, tecnologicamente moderna, apresentou elevada produtividade e introduziu as bases sustentáveis para o amplo processo de industrialização iniciado pelos próprios agroexportadores nessa fase histórica.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: Errado
A afirmativa está errada por supervalorizar a economia agroexportadora brasileira desse período e afirmar ter sido ela a base para o desenvolvimento de um amplo processo de industrialização.
Se por um lado está correto que durante a Primeira República a economia brasileira esteve baseada na produção de matérias primas e gêneros tropicais voltados para a exportação, por outro, isso não significou a ausência de crises e uma dinâmica de equilíbrio sustentável durante todo o período.
A economia agroexportadora brasileira tinha como seus principais produtos para o mercado industrial o açúcar, o algodão, a borracha, o cacau e o café. Contudo, a dura concorrência sofrida pelos quatro primeiros no mercado internacional desse período, fez com que as exportações brasileiras acabassem se concentrando no café.
O café representou mais de 50% do valor das exportações brasileiras durante quase todo o período da Primeira República, chegando a abastecer dois terços do mercado mundial. Os lucros propiciados pelo produto e a chegada de mão de obra imigrante ao Brasil durante essa época, fez com que os cafeicultores aumentassem sobremaneira as plantações gerando uma crise de superprodução (com oferta de café maior que a procura). Assim, não fosse as medidas adotadas pelo Convênio de Taubaté, entre elas, a compra e estoque dos excedentes pelo governo federal a partir de empréstimos do exterior, a economia cafeeira não se sustentaria.
Dessa forma, é necessário apontar que:
- A alta produtividade do café, principal produto voltado para o mercado exterior, decorreu da grande utilização de mão de obra estrangeira no processo de sua produção, e não do emprego de uma tecnologia moderna.
- Essa mesma produtividade não significou um equilíbrio ou estabilidade para a economia agroexportadora brasileira, visto que levou a uma crise de superprodução que foi solucionada gra3ças à intervenção do governo federal, que assumiu os prejuízos.
- A crise de 1929, atingiu em cheio a economia agroexportadora brasileira, demonstrando a fragilidade da mesma, não sendo possível, portanto, falar que ela introduziu as bases sustentáveis para o amplo processo de industrialização.
Na verdade, a Primeira República assistiu sim a um impulso na industrialização. Porém, o mesmo foi fruto da expansão dos cafezais e das crises de superprodução do café, já que os lucros obtidos com a venda dos excedentes para o governo federal puderam ser revertidos, pelos cafeicultores, para a aplicação na indústria.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
459) Tradicionalmente, o extrativismo sempre foi a atividade econômica de maior destaque em Rondônia. A procura por produtos da floresta marcou o início da ocupação nessa região. A extração do látex se iniciou em meados do século XIX, sendo a seringueira, alvo dos exploradores. A produção do látex serviu para:
- A) obedecer às necessidades dos mercados internacionais, devido a crescente indústria de pneus e automóveis norte-americana e europeia.
- B) suprir as necessidades da produção nacional de borracha, devido ao “boom” industrial brasileiro deste período, baseado na Segunda Revolução Industrial.
- C) quebrar com a concorrência de países, como a Malásia, na produção de látex para toda a Ásia.
- D) suprir a demanda do mercado internacional, com vistas à produção de bens de primeira necessidade, baseados na produção tradicional.
- E) acabar com a situação de dependência nacional frente a grande importação de borracha feita pelo Brasil neste período.
A alternativa correta é letra A) obedecer às necessidades dos mercados internacionais, devido a crescente indústria de pneus e automóveis norte-americana e europeia.
Gabarito: Letra A
Obedecer às necessidades dos mercados internacionais, devido a crescente indústria de pneus e automóveis norte-americana e europeia.
De 1840 a 1920, a borracha, produzida com o látex extraído de seringueiras originárias da Amazônia, tornou-se um produto cada vez mais procurado por países industrializados, servindo de matéria prima para a fabricação de pneus, primeiramente de bicicletas e depois de automóveis.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: suprir as necessidades da produção nacional de borracha, devido ao “boom” industrial brasileiro deste período, baseado na Segunda Revolução Industrial.
Não houve um boom industrial no Brasil durante esse período (meados do século XIX. A produção industrial brasileira começou a crescer apenas durante a Primeira República, mas dedicava-se principalmente a fabricação de tecidos de algodão, calçados, materiais de construção, móveis e produção de alimentos.
Letra C: quebrar com a concorrência de países, como a Malásia, na produção de látex para toda a Ásia.
De 1840 a 1920, o Brasil progressivamente passou a suprir quase toda a demanda mundial de borracha, dessa forma, inicialmente não havia nenhuma necessidade de “quebrar com a concorrência”, pois não existia essa concorrência. Contudo, após algum tempo, a produção brasileira acabou tornando-se insuficiente para atender toda a demanda do mercado internacional, fazendo com que produtores de países europeus investissem no cultivo de seringais em áreas de dominação colonial de suas nações (Malásia, Ceilão e Indonésia) para atender às necessidades de suas industrias. A partir desse momento a borracha brasileira entrou em declínio no mercado internacional.
Letra D: suprir a demanda do mercado internacional, com vistas à produção de bens de primeira necessidade, baseados na produção tradicional.
O látex e a borracha produzida a partir dele passaram a suprir a demanda do mercado internacional por borracha, não para a produção de bens de primeira necessidade, mas sim para a produção de bens de consumo duráveis.
Letra E: acabar com a situação de dependência nacional frente a grande importação de borracha feita pelo Brasil neste período.
A importação de borracha feita pelo Brasil de 1840 a 1920, não serviu para acabar com a dependência nacional, visto que o Brasil ainda permaneceu por bastante tempo um país agroexportador, dependente da exportação de seus produtos, especialmente o café. Somente na Era Vargas começa a se investir na industrialização brasileira visando superar essa dependência.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
460) Sobre o Plano de Defesa da Borracha são feitas as seguintes afirmações:
- A) I e II, apenas
- B) I, II e III
- C) I e III, apenas
- D) II e III, apenas
A alternativa correta é letra B) I, II e III
Gabarito: Letra B
As afirmativas corretas são I, II e III
Vamos analisar as proposições
I- Foi um programa encampado pelo governo federal, em 1912, por sugestão dos governos do Pará e Amazonas. (CORRETA)
O Plano de Defesa da Borracha ou de Valorização da Borracha foi um plano organizado pelo governo federal a partir de 1912 com o intuito de auxiliar a economia local num momento de crescente concorrência internacional. Ele foi criado após solicitações dos governos do Pará e do Amazonas para que o governo federal interviesse no mercado da borracha, assim como já havia feito no setor cafeeiro, seis anos antes.
II- O plano destina-se não somente à área da Amazônia, mas também aos estados onde a produção de goma elástica não era importante, como Minas Gerais, Bahia e Paraná. (CORRETA)
O Plano de Defesa da Borracha determinou uma série de medidas com o objetivo de desenvolver a cultura da seringueira, do caucho, da maniçoba e da mangabeira, e a coleta e beneficiamento da borracha extraída dessas árvores não apenas no Território do Acre e nos estados do Amazonas e do Pará, mas, também, em Mato Grosso, Maranhão, Piauí, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Paraná, pois estes locais também eram produtores de borracha.
III- A falta de gente e de capital, somada a metas muito ambiciosas desse plano, fizeram com que ele fosse abandonado, após um ano de funcionamento. (CORRETA)
O plano foi apresentado como um grande projeto de transformação da região, de metas muito ambiciosas, envolvendo investimentos em transporte, redução de impostos, imigração, educação, saúde entre outros setores, mas que não se efetivou. Um ano após a promulgação do plano, ele foi descartado devido à falta de apoio do governo federal, deixando as despesas por conta dos estados produtores, pela falta de mão de obra para a região amazônica e pela queda do preço da borracha brasileira em relação à borracha da Ásia, muito mais barata e de produção rápida.
Referências:
CAMARGO, Angélica Ricci. "Superintendência da Defesa da Borracha". Disponível em: http://mapa.an.gov.br/index.php/dicionario-primeira-republica/597-superintendencia-da-defesa-da-borracha
FEITOSA, Orange Matos; SAES, Alexandre Macchione. O plano de defesa da borracha: entre o desenvolvimentismo e a negligência política ao Norte do Brasil, 1900-1915. Am. Lat. Hist. Econ, México , v. 20, n. 3, p. 138-168.