Questões Sobre Primeira República - História - concurso

A alternativa correta é letra C) agravou a crise econômica, devido ao alto volume de café estocado e à redução significativa dos mercados estrangeiros para a mercadoria.

Gabarito: Letra C

Agravou a crise econômica, devido ao alto volume de café estocado e à redução significativa dos mercados estrangeiros para a mercadoria.

A política de valorização do café praticada durante a Primeira República foi o chamado Convênio de Taubaté, no qual ficou acordado que o governo federal passaria a comprar os excedentes de café assumindo os prejuízos e garantindo o lucro aos cafeicultores.

O Convênio de Taubaté foi essencial para que, no início da Primeira República – quando começaram as crises de superprodução, resultante do aumento desmedido da produção do café para além da capacidade de consumo – os preços internacionais do produto não caíssem, evitando, assim, o prejuízo dos cafeicultores.

Porém, tal acordo, no longo prazo, resultou no aumento contínuo dos estoques de café pelo governo, que nunca encontrava uma boa oportunidade para vender esse excedente no mercado externo.

Dessa forma, quando estourou a crise econômica internacional de 1929, que reduziu drasticamente as exportações do café brasileiro, já que o principal comprador do produto, os Estados Unidos, reduziram suas importações, o Brasil já possuía uma grande quantidade de café estocado sem um destino específico e não conseguiu evitar o desastre econômico que levou muitos cafeicultores à falência e o país à recessão. Com isso, o impacto da crise de 1929 para o Estado brasileiro foi enorme, porque a cafeicultura era a atividade mais dinâmica da economia brasileira e movimentava as demais, como a indústria, os transportes, a construção de estradas, ferrovias e portos, etc.

Por que as demais estão incorretas?

Letra A: impediu o avanço da produção de cacau, algodão e borracha, devido à concentração de recursos econômicos no Nordeste.

A política de valorização do café durante a Primeira República, não impediu o avanço na produção de cacau, algodão e borracha, produtos também voltados para a exportação nessa época, e não manteve a concentração de recursos econômicos no Nordeste. O café era o líder das exportações nesse período, e sua produção localizava-se na região sudeste do país, sendo nessa região que os recursos obtidos com exportações agrárias se concentravam.

Letra B: facilitou o deslocamento de capitais do setor industrial para o agrário, que aproveitava a estabilidade dos mercados externos para se desenvolver.

Pelo contrário, a política de valorização do café durante a Primeira República facilitou o deslocamento de capitais do setor agrário para o setor industrial, visto que os cafeicultores continuaram plantando café em larga escala e o problema da superprodução de café tornou-se um prejuízo para o governo, que comprava essas sacas de café excedentes, garantindo os lucros dos cafeicultores que passaram a investir no setor industrial.

Letra D: sustentou a hegemonia financeira da região Nordeste, que prolongou sua liderança e comando político por mais duas décadas.
 

A política de valorização do café durante a Primeira República não sustentou uma hegemonia financeira da região nordeste, mas sim da região sudeste. É preciso lembrar que a região nordeste era uma grande produtora de açúcar, que foi o principal produto agrícola brasileiro de exportação durante o período colonial, tendo sustentado essa posição até 1830, momento em que perdeu essa posição tanto pela ascensão da produção do café, quanto pela queda provocada devido à concorrência do açúcar antilhano no mercado internacional.

Letra E: foi compensada pela estratégia governamental de supervalorização do câmbio, o que permitiu o aumento significativo das exportações de café.

Não houve uma estratégia governamental de supervalorização de câmbio que tenha permitido um aumento significativo das exportações de café. As exportações num primeiro momento mantiveram-se estáveis pela compra dos excedentes de café pelo governo, mas não resistiram a crise de 1929 e sua queda levou muitos cafeicultores à falência e o país à recessão

Referências:

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

A alternativa correta é letra C) A descoberta de novos processos produtivos, como o da vulcanização pelo engenheiro norte-americano Charles Goodyear, capazes de produzir borracha sintética.

Gabarito: ALTERNATIVA C

As opções a seguir apresentam as causas do declínio da produção de borracha na Amazônia, no início do século XX, à exceção de uma.

Assinale-a.

• a)  A competição da alta produtividade asiática, graças à abertura de fazendas de seringueiras que foram aclimatadas em países daquele continente.

Sobre esse ponto, é importante que o estudante compreenda as diferenças do modelo de produção de borracha entre o Brasil e a Ásia. Aqui, o modelo coletor era central: as seringueiras estavam dispersas na mata e os coletores as procuravam para extrair o látex. Com a aclimatação da seringueira ao sudeste asiático, os ingleses conseguiram plantar seringais em série, criando fazendas especializadas no cultivo. Com isso, os custos de produção despencaram, abrindo uma nova frente de concorrência internacional devastadora para a produção de borracha no Brasil. Sem erros na alternativa.

• b)  O investimento nas plantations asiáticas por numerosas companhias internacionais, gerando escassez de recursos e fuga de capitais das praças de Manaus e Belém.

Como explicado acima, a produção asiática de borracha era extremamente competitiva nos mercados internacionais. A produtividade alcançada nas fazendas asiáticas era incomparavelmente superior ao caso brasileiro, atraindo novos investimentos ao passo que o modelo desenvolvido em Belém e em Manaus foi perdendo espaço internacionalmente. Inclusive, isso implicou na diminuição dos investimentos. Sem erros na alternativa.

• c)  A descoberta de novos processos produtivos, como o da vulcanização pelo engenheiro norte-americano Charles Goodyear, capazes de produzir borracha sintética.

Em 1839, Goodyear descobriu a vulcanização, processo de produção de uma borracha mais resistente por meio da queima da mistura de látex com enxofre. Esse novo processo produtivo achatava decisivamente os custos de produção e ampliava as possibilidades de uso da borracha em meio à Segunda Revolução Industrial. Ou seja, tratou-se de um avanço tecnológico decisivo para ampliar a demanda internacional do látex, transformando decisivamente a produção e iniciando o que seria o primeiro ciclo da borracha no Brasil. Assim, não se tratou de uma causa do declínio, mas sim do apogeu da produção do látex no Brasil. Por conter erros, esta é a ALTERNATIVA CORRETA.

• d)  A queda dos preços a partir de 1910, aproximadamente, quando o Brasil, em um contexto de aumento da oferta no mercado mundial, perde a primazia na exportação de látex.

Como explicado acima, o desenvolvimento da produção de látex na Ásia em grande escala significou um aumento da oferta mundial com preços mais baixos do que aqueles praticados pelos produtores brasileiros. Com isso, tanto pelos custos quanto pela quantidade produzida, a experiência brasileira perderia espaço muito rapidamente naquele início de século XX. Sem erros na alternativa.

• e)  A intervenção tardia do Governo Federal para estabilizar o preço da borracha, investir na logística da região e incentivar formas racionais de cultivo.

De fato, ainda tentou o governo federal brasileiro tomar medidas que pudessem diminuir os custos de produção e deixar a borracha produzida no país mais competitiva. Quando as medidas foram adotadas, a concorrência asiática já era uma realidade estabelecida e a produção brasileira entraria em franco declínio. Sem erros na alternativa.

Note, por fim, o estudante que várias das alternativas erradas encadeavam um raciocínio em torno da competição asiática, organizando fatos correlacionados. Ou seja, era muito difícil que apenas uma delas pudesse apresentar erros, afinal eram correlacionadas. Era um raciocínio importante para eliminar as alternativas sem erros. Sem mais, a única a conter erros é a ALTERNATIVA C.

A alternativa correta é letra C) Incentivou a construção de uma ferrovia ao longo dos rios Madeira e Mamoré, com o propósito de escoar a borracha e outros produtos amazônicos para os portos do Pacífico.

Gabarito: ALTERNATIVA C

As opções a seguir caracterizam corretamente os impactos da produção de borracha em larga escala na Amazônia, entre 1870 e 1920, à exceção de uma. Assinale-a.

• a)  Impulsionou o surgimento de cidades e povoados e alimentou os processos de urbanização em cidades já existentes, como Belém e Manaus.

O primeiro ciclo da borracha levou grandes possibilidades de crescimento econômico para a região amazônica, atraindo aventureiros e investidores de toda sorte. O comércio da borracha era muito lucrativo e demandava uma quantidade expressiva de mão de obra, o que levava à fundação de novos povoados e ao crescimento de cidades como Belém e Manaus. Os grandes lucros da borracha também permitiam grandes obras públicas, como foi o caso da urbanização de Manaus e, mais especificamente, as grandes reformas urbanas de Belém no período Antônio Lemos. Sem erros na alternativa.

• b)  Atraiu uma migração de nordestinos para extração da borracha, principalmente do Ceará, que sofria as consequências das secas do final do século XIX.

Como explicado acima, a extração da borracha era lucrativa e demandava mão de obra em escala. Lembre-se o estudante de que o modelo de produção era a extração vegetal dentro da floresta, sem o cultivo em série das seringueiras. Com isso, os retirantes nordestinos, acossados pela seca, viram-se atraídos na direção da Amazônia para buscar novas possibilidades. No caso do Ceará, esse movimento foi especialmente forte por conta de um duríssimo ciclo de secas. Sem erros na alternativa.

• c)  Incentivou a construção de uma ferrovia ao longo dos rios Madeira e Mamoré, com o propósito de escoar a borracha e outros produtos amazônicos para os portos do Pacífico.

A Ferrovia Madeira-Mamoré foi construída em decorrência da aquisição brasileira do Acre nos termos do Tratado de Petrópolis (1903). Tratava-se de uma contrapartida à Bolívia, que tinha dificuldades para acessar o Atlântico pela Bacia Amazônica. Ocorre que o melhor acesso era pelo rio Madeira, afluente do Amazonas, mas parte importante do rio não era navegável. A construção da ferrovia tinha como objetivo conectar o rio Mamoré ao trecho navegável do rio Madeira, provendo a Bolívia de um meio mais eficiente de escoar sua produção para o Atlântico pela navegação do Amazonas. Ou seja, sequer se pode dizer que a construção da ferrovia seja uma decorrência do ciclo da borracha em si, mas sim de uma negociação internacional. Por conter erros, esta é a ALTERNATIVA CORRETA.

• d)  Resultou em conflitos e disputas fronteiriças em função da busca, por trabalhadores brasileiros, de novas seringueiras nas florestas do território da Bolívia.

A alternativa faz referência à chamada Questão do Acre. No período, seringueiros brasileiros adentravam na mata em busca de seringueiras para a exploração, mas as possibilidades de localização das fronteiras eram extremamente remotas. Esse avanço se dava às cegas, chegando a criar pequenos vilarejos na região. Com a exploração de borracha na Bolívia, também havia pressão no sentido oposto, criando conflitos entre as partes por conta das disputas fronteiriças. Lembre-se o estudante que chegou a ocorrer um movimento separatista na região do Acre, quando este ainda pertencia à Bolívia; bem como inúmeros conflitos entre seringueiros dos dois lados da fronteira. Sem erros na alternativa.

• e)  Implementou relações de trabalho baseadas na interdependência entre seringueiros, aviadores e casas exportadoras.

Os aviadores eram aqueles responsáveis por anotar as produções dos seringueiros, controlando a remuneração e ordenando a produção. As casas exportadoras eram as responsáveis pelas negociações internacionais do produto. Sem erros na alternativa.

Sem mais, a única a apresentar erros é a ALTERNATIVA C.

A alternativa correta é letra D) V – F – V.

Gabarito: ALTERNATIVA D

A respeito das mudanças ocasionadas pela produção de borracha em larga escala na Amazônia, entre 1870 e 1920, analise as afirmativas a seguir.

• (V) Tornou o Brasil um grande exportador desse produto, no mesmo período em que nascia e se afirmava a indústria automobilística.

A Segunda Revolução Industrial aumentou sobremaneira as possibilidades produtivas, mas ainda não transformaria as suas matérias primas. Isto é, o extrativismo continuava a ser a principal fonte de matérias primas da indústria, uma vez que não existiam substitutos sintéticos. No caso da borracha, a descoberta da vulcanização por meio da mistura de enxofre ao látex, possibilitava novos usos para o produto, que passou a ser empregado em grande escala pela indústria. Com o sucesso da indústria automobilística, a demanda por borracha foi ampliada e se tornou mais constante, num momento em que o Brasil praticamente monopolizava o mercado. A região amazônica era a maior produtora de látex no mundo e, a partir de Belém e de Manaus, a produção brasileira teria grande protagonismo nesse momento. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

• (F) Causou a Guerra da Borracha, em função do desentendimentos entre produtores de látex brasileiros e bolivianos, resultando na anexação brasileira do Acre.

A afirmativa faz referência ao contencioso entre Brasil e Bolívia em torno da Questão do Acre no início do século XX, que foi tratada como grande prioridade pela chancelaria do Barão do Rio Branco. Celebrado entre Bolívia e Brasil em 1903, o Tratado de Petrópolis encerrava a chamada Questão do Acre. Região extremamente sensível para a estabilidade das fronteiras brasileiras e com problemas de integração com a Bolívia, o Acre foi uma prioridade do Barão do Rio Branco por ser a grande chave para a solução definitiva da maioria das questões lindeiras brasileiras. Tratada na perspectiva bilateral entre Brasil e Bolívia, a Questão do Acre foi selada com a compra do território pelo governo brasileiro por meio de uma indenização paga à Bolívia e pela construção da Ferrovia Madeira-Mamoré. Era de grande interesse da Bolívia uma via mais rápida para o trecho navegável do rio Madeira, uma vez que suas exportações eram escoadas pela bacia do Amazonas. Previa-se que a ferrovia permitiria à Bolívia escoar sua produção pelo Amazonas sem as grandes dificuldades de navegação de alguns trechos do rio Madeira. Partindo de um ponto estratégico do Rio Mamoré, a ferrovia chegaria ao Madeira após os trechos encachoeirados, o que permitia o escoamento da produção até o Atlântico na Bacia do Amazonas. Com a garantia da livre navegação comercial por ser um país ribeirinho superior dos afluentes do Amazonas, a Bolívia pretendia baratear e agilizar seus fluxo comerciais por uma via direta entre suas províncias mais ao norte e a melhor opção fluvial para o acesso ao Atlântico. Ou seja, não há que se falar em anexação territorial por parte do Brasil. AFIRMATIVA FALSA.

• (V) Transformou Belém e Manaus em modelos de riqueza e requinte com a abertura de grandes avenidas, a instalação de luz elétrica e do sistema de bondes, por exemplo.

O primeiro ciclo da borracha levou grandes possibilidades de crescimento econômico para a região amazônica, atraindo aventureiros e investidores de toda sorte. O comércio da borracha era muito lucrativo e demandava uma quantidade expressiva de mão de obra, o que levava à fundação de novos povoados e ao crescimento de cidades como Belém e Manaus. Os grandes lucros da borracha também permitiam grandes obras públicas, como foi o caso da urbanização de Manaus e, mais especificamente, as grandes reformas urbanas de Belém no período Antônio Lemos. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

Assim, temos a sequência V - F - V.

Observada a ordem apresentada, as afirmativas são, respectivamente,
a)  F – V – F.
b)  F – V – V.
c)  V – F – F.
d)  V – F – V.
e)  F – F – V.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

A alternativa correta é letra D) V - F - V.

Gabarito: ALTERNATIVA D

Leia as afirmativas a respeito do auge do primeiro ciclo da borracha (1879-1912) e assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

• (V) A partir da segunda metade do século XIX, em função da crescente demanda internacional por borracha, os seringalistas recrutaram grande quantidade de nordestinos para a extração do látex nos Vales do Juruá e Purus, com a ajuda financeira das Casas Aviadoras de Manaus e Belém.

As transformações da Segunda Revolução Industrial em meados do século XIX abriram as possibilidades para novas produções, demandando novas matérias primas. Com isso, a demanda internacional por borracha sofreu uma rápida expansão, num momento em que o Brasil praticamente dominava a oferta internacional do produto, que, até então, tinha aplicações muito limitadas. Frente à nova demanda, foi necessário o recrutamento de novos trabalhadores para extrair o látex na Amazônia, sendo Manaus e Belém os principais polos urbanos a organizar essa demanda. Com o sul-sudeste concentrado na produção cafeeira, foi no Nordeste, que vivia um duro ciclo de secas associado ao declínio da economia açucareira, onde se encontrou mão de obra ociosa para o empreendimento. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

• (F) De 1877 até 1911, houve um aumento considerável na produção da borracha que, devido às técnicas de extração então empregadas, estava associado à expansão do sistema de cultivo intensivo das seringueiras.

Sobre esse tema, é importante que o estudante compreenda o modelo produtivo da borracha no Brasil. Ao contrário do que os ingleses fariam na Ásia, as seringueiras brasileiras não eram cultivadas intensivamente, mas estavam dispersas dentro da mata. Ou seja, o seringueiro percorria grandes distâncias entre as árvores para extrair o látex, o que diminuía sensivelmente a produtividade da atividade econômica. As técnicas de extração praticamente não foram alteradas com a explosão da demanda internacional, o que passou despercebido enquanto o Brasil dominou sozinho o grande mercado da borracha; mas se provaria inviável quando se criou uma competição internacional sobre o produto. AFIRMATIVA FALSA.

• (V) Como a mão de obra disponível na região foi direcionado para a extração do látex, ocorreu uma diminuição da produção agrícola e as Casas Aviadoras passaram a fornecer também gêneros agrícolas.

Como explicado acima, a demanda internacional pela borracha sofreu uma expansão muito veloz num curto período de tempo, tornando o produto muito caro e, consequentemente, muito atrativo para os produtores. Com isso, parte significativa da mão de obra disponível foi direcionada para a extração do látex, afetando todas as cadeias produtivas da região, principalmente a agricultura. Consequentemente, passou a ser necessário que as Casas Aviadoras fornecessem gêneros alimentícios para dar suporte à exploração do látex, uma vez que já não se podia contar com a agricultura local para garantir o abastecimento. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

Assim, temos a sequência V - F - V.

As afirmativas são, respectivamente,

a) V - V - F.

b) V - F - F.

c) F - F - V.

d) V - F - V.

e) F - V - F.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA D.

A alternativa correta é letra C) A incorporação de novas áreas de exploração e a ocupação de parte do território da Bolívia por brasileiros, tensionando a relação entre os dois países.

Gabarito: ALTERNATIVA C

A demanda da borracha nos países industrializados desencadeou o primeiro Ciclo da Borracha, entre 1877 e 1912.

Sobre a expansão da produção gomífera nesse período, assinale a afirmativa correta.

• a) O deslocamento de grande contingente de mão de obra para sua exploração, sobretudo indígenas, por estarem mais aptos para a extração do látex.

As transformações da Segunda Revolução Industrial em meados do século XIX abriram as possibilidades para novas produções, demandando novas matérias primas. Com isso, a demanda internacional por borracha sofreu uma rápida expansão, num momento em que o Brasil praticamente dominava a oferta internacional do produto, que, até então, tinha aplicações muito limitadas. Frente à nova demanda, foi necessário o recrutamento de novos trabalhadores para extrair o látex na Amazônia, sendo Manaus e Belém os principais polos urbanos a organizar essa demanda. Com o sul-sudeste concentrado na produção cafeeira, foi no Nordeste, que vivia um duro ciclo de secas associado ao declínio da economia açucareira, onde se encontrou mão de obra ociosa para o empreendimento. Alternativa errada.

• b) O enriquecimento e as transformações urbanas de Porto Velho, Manaus e Belém, principais portos de exportação do látex para a Europa, a Ásia e os Estados Unidos.

Em primeiro lugar, a Ásia não era um destino da exportação gomífera brasileira. Entenda o estudante que a borracha era comprada para ser empregada em grande escala na indústria, que vivia sua segunda revolução na segunda metade do século XIX. Ou seja, não teria sentido se falar de exportar o produto para uma região não industrializada, como a Ásia do período - consequentemente, os grandes polos de atração eram Estados Unidos e Europa. Por fim, as duas grandes cidades exportadoras de borracha foram Manaus e Belém, cujas reformas urbanas foram financiadas pelos lucros decorrentes da venda do produto. Alternativa errada.

• c) A incorporação de novas áreas de exploração e a ocupação de parte do território da Bolívia por brasileiros, tensionando a relação entre os dois países.

A alternativa faz referência à colonização do Acre. Ocorre que a região era território boliviano praticamente inexplorado, mas com um grande potencial de produção gomífera. Os brasileiros, percorrendo a floresta em busca de seringueiras, acabaram avançando sobre território da Bolívia, gerando conflitos com bolivianos e com o governo boliviano. Passou a ser uma região bastante tensa entre os dois países e o conflito só seria dirimido com o Tratado de Petrópolis (1903), consagrando a compra do território pelo Brasil. ALTERNATIVA CORRETA.

• d) O desenvolvimento do sistema de aviamento, que financiava a compra de terras e de equipamentos para a produção e a exportação da borracha para os seringalistas.

O sistema de aviamento era o adiantamento de mercadorias por crédito. Nesse sistema, as casas de aviamento forneciam a crédito informal bens de consumo e instrumentos de trabalho aos seringalistas para viabilizar a exploração da borracha. O extrativista, posteriormente, pagava seu consumo com parte da sua produção de produtos extraídos na floresta. No entanto, esse sistema de crédito informal data do período colonial e foi apenas consolidado durante o ciclo da borracha. Alternativa errada.

• e) A introdução da monocultura da seringueira, facilitada pela fertilidade do solo e pela abertura de clareiras na floresta, garantindo ao Brasil o monopólio da produção gomífera.

Sobre esse tema, é importante que o estudante compreenda o modelo produtivo da borracha no Brasil. Ao contrário do que os ingleses fariam na Ásia, as seringueiras brasileiras não eram cultivadas intensivamente, mas estavam dispersas dentro da mata. Ou seja, o seringueiro percorria grandes distâncias entre as árvores para extrair o látex, o que diminuía sensivelmente a produtividade da atividade econômica. As técnicas de extração praticamente não foram alteradas com a explosão da demanda internacional, o que passou despercebido enquanto o Brasil dominou sozinho o grande mercado da borracha; mas se provaria inviável quando se criou uma competição internacional sobre o produto. Alternativa errada.

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

A alternativa correta é letra A) O crescimento da indústria em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mesmo adquirindo grande importância para a economia nacional, não evitou que o café continuasse a ser a grande expressão econômica do período.

Gabarito Letra A

O crescimento da indústria em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mesmo adquirindo grande importância para a economia nacional, não evitou que o café continuasse a ser a grande expressão econômica do período.

Durante a República, o processo de industrialização timidamente iniciado durante o período monárquico, começou a dar sinais de crescimento, quando os cafeicultores passaram a aplicar na indústria parte de seus lucros. Das pouco mais de 600 indústrias que existiam em 1889, com seus 54 mil trabalhadores, esse número passa para 13 mil indústrias e 275 mil operários em 1930. Isso sem contar as 233 usinas de açúcar e as 231 salinas que empregavam, respectivamente, 18 mil e 5 mil trabalhadores.

Esse avanço na industrialização transformou a organização política e econômica da sociedade brasileira, ampliando o setor urbano e dando-lhe maior importância e visibilidade. A concentração industrial esteve presente especialmente nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Ao final da Primeira República aumentou-se não somente a capacidade industrial do país, com a renda do setor industrial superando pela primeira vez, em 1928, a renda da agricultura. Contudo, a cafeicultura permaneceu sendo a principal e mais dinâmica atividade econômica do período republicano, em torno dela se desenvolviam todas as demais atividades: sistema de transportes, construção de estradas, ferroviais e portos, atividades industriais etc. Não à toa, quando a economia agroexportadora cafeeira entrou em crise, toda a sociedade brasileira sentiu os efeitos dela.

Por que as demais estão incorretas?

Letra B: O fator decisivo para que as atividades industriais superassem as atividades agrárias do café foi o deslocamento da mão de obra destas últimas para os parques industriais paulistas.

Não ocorreu durante a Primeira República uma superação das atividades da agricultura cafeeira pelas atividades industriais.

Letra C: Apesar da crescente influência política dos grupos de industriais sobre os governos, as atividades industriais não conseguiram hegemonizar a economia, pelo menos até a chamada Revolução de 1930.

Durante a Primeira República quem possuía influência política sobre os governos eram os grupos ligados à economia agrária, especialmente, aquela destinada à exportação, e não grupos de industriais.

Letra D: As grandes lutas políticas da década de 1920 foram o sintoma das divergências profundas entre os setores industriais e as camadas agrárias vinculadas ao café.

As grandes lutas políticas da década de 1920 foram resultados das divergências entre as camadas agrárias ligadas ao café e os setores médios urbanos e militares, vinculados ao tenentismo, descontentes com o tradicional sistema oligárquico que dominava a política brasileira. O tenentismo tinha o apoio de grande parte da classe média suburbana, dos produtores rurais que não participavam do grupo à frente do poder e de alguns empresários da indústria.

Letra E: O crescimento industrial, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, estabeleceu uma camada de industriais influentes e desvinculados politicamente das camadas agrárias, o que foi decisivo para que os governos passassem a adotar políticas de natureza protecionista.

O crescimento industrial brasileiro esteve vinculado às camadas agrárias. Foram os cafeicultores que passaram a aplicar na indústria parte de seus lucros, logo, não formou-se no Brasil, após a Primeira Guerra, uma camada de industriais influentes e desvinculados politicamente das camadas agrárias.

Referências:

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.