Questões Sobre Primeira República - História - concurso
671) É o nome que se dá ao processo de alternância de poder entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, que ocorreu durante a chamada “República Oligárquica”, a fase da “República Velha” (1889-1930) que teve início em 1898, sob a presidência de Campos Sales. Trata-se da:
- A) Política dos Grãos.
- B) Política Estatal do Sudeste.
- C) Ditadura Militar.
- D) Política do Café com Leite.
A alternativa correta é letra D) Política do Café com Leite.
A Política do Café com Leite foi um acordo político entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, que ocorreu durante a República Oligárquica (1898-1930), fase da República Velha. Este acordo estabelecia que os presidentes da República seriam alternadamente escolhidos entre os políticos mineiros e paulistas, garantindo assim a hegemonia desses dois estados na política nacional.
672) Na República Velha, foi reeleito presidente, mas faleceu antes de tomar posse do cargo. Foi substituído pelo vice-presidente Delfim Moreira:
- A) Epitácio Pessoa.
- B) Washington Luís.
- C) Rodrigues Alves.
- D) Artur Bernardes.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) Rodrigues Alves.
Explicação:
Rodrigues Alves foi eleito presidente da República em 1918, mas faleceu em 16 de janeiro de 1919, antes de tomar posse do cargo. Ele foi substituído pelo vice-presidente Delfim Moreira.
673) A palavra “república”, segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, significa “forma de governo em que o Estado se constitui de modo a atender ao interesse geral dos cidadãos”. O Brasil, contudo, teve várias repúblicas, que nem sempre honraram tal definição. A primeira delas, instituída entre 1889 e 1930, ficou conhecida como república “oligárquica” e o principal pacto formulado por sua política instituiu um revezamento no principal poder executivo, conhecido como política “café com leite”, na qual se revezavam na presidência da República
- A) paulistas (cafeicultores) e mineiros (produtores de leite), de forma que o poder das elites oligárquicas se mantivessem na cabeça da República.
- B) paulista e baianos, maiores representantes de ingleses e americanos, grandes compradores de café e leite, produtos mais exportados pelo Brasil.
- C) mineiros (café) e paulistas (leite), interessados no aumento dos privilégios políticos e econômicos de suas culturas para a exportação.
- D) mineiro (café) e goianos (leite) interessados na manutenção dos privilégios e da perpetuação do grupo oligárquico ruralista no poder.
A resposta correta é A) paulistas (cafeicultores) e mineiros (produtores de leite), de forma que o poder das elites oligárquicas se mantivessem na cabeça da República.
A política "café com leite" foi um acordo político entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, que se revezavam na presidência da República, garantindo o poder das elites oligárquicas. Os paulistas, cafeicultores, e os mineiros, produtores de leite, eram os principais produtores de commodities do Brasil na época e exerciam grande influência política e econômica.
674) Leia o trecho abaixo e complete a lacuna:
- A) São Paulo e Minas Gerais
- B) Paraná e Mato Grosso
- C) Paraná e São Paulo
- D) Nenhuma das alternativas.
A alternativa correta é letra A) São Paulo e Minas Gerais
Gabarito: A
O período que vai de 1894 a 1930 é apelidado de "República do Café-com-Leite" em função da grande força econômica que os estados de São Paulo e Minas Gerais tinham.
São Paulo era a região onde se plantava o café para a exportação e Minas Gerais a principal região criadora de gado e produtora de leite e derivados.
Além disso, eram os dois estados mais populosos do Brasil, portanto, com o maior número de eleitores. Assim, com a força econômica e populacional, os principais políticos e oligarcas se aliaram para escolher seus candidatos políticos.
Essa aliança vai permitir uma rotatividade eleitoral, candidatos escolhidos por São Paulo, depois por Minas, como pode ser observado abaixo:
- Campos Sales (1898-1902) - Partido Republicano Paulista (PRP)
- Rodrigues Alves (1902-1906) - Partido Republicano Paulista (PRP)
- Afonso Pena (1906-1909) - Partido Republicano Mineiro (PRM)
- Venceslau Brás (1914-1918) - Partido Republicano Mineiro (PRM)
- Delfim Moreira (1918-1919) - Partido Republicano Mineiro (PRM)
- Epitácio Pessoa (1919-1922) - Partido Republicano Mineiro (PRM)
- Artur Bernardes (1922-1926) - Partido Republicano Mineiro (PRM)
- Washington Luís (1926-1930) - Partido Republicano Paulista (PRP)
- Júlio Prestes (Eleito, não assumiu em razão da Revolução de 1930 ) - Partido Republicano Paulista (PRP)
Fonte: VICENTINO, Cláudio. Teláris História, 9º ano: ensino fundamental. São Paulo, Ed. Ática, 2018, p.57
Lista de presidentes do Brasil: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_presidentes_do_Brasil
675) […] Conforme desenvolveram Ângela de Castro Gomes e Martha Abreu em dossiê sobre política e cultura na Primeira República brasileira: “[…] a realização de eleições cumpria um papel-chave no sistema político de então. De um lado, porque eram fundamentais para uma relativa, mas estratégica, circulação de elites, introduzindo na cena política um mínimo de competição e renovação. De outro, porque eram responsáveis por uma incipiente, porém pedagógica, mobilização dos eleitores, o que ocorria de formas muito diversas, fundamentando um aprendizado político constante pela realização sistemática dos pleitos”.
- A) A educação primária, que tomou feição central em vários estados durante a Primeira República, e as campanhas pela alfabetização, que ganharam força, mesmo restritas às maiores vilas e cidades.
- B) A manutenção da noção de direitos civis reclamada no século XIX, eliminando completamente da vida cidadã na República quaisquer resquícios da escravidão, como os castigos físicos.
- C) O controle por parte de políticos / coronéis, como Pinheiro Machado, da comissão de reconhecimento dos mandatos, garantindo-lhes permanência e nenhuma rotatividade entre os membros do senado federal.
- D) O surgimento de partidos operários no Rio de Janeiro e em São Paulo, que tiveram importante papel no sentido de fortalecer, junto à classe operária, os princípios de cidadania conforme estabelecidos na Constituição.
A alternativa correta é letra A) A educação primária, que tomou feição central em vários estados durante a Primeira República, e as campanhas pela alfabetização, que ganharam força, mesmo restritas às maiores vilas e cidades.
Como eu chego à resposta?
Entendendo que a constituição de 1891, a primeira da República, elencava que o analfabeto não poderia ser caracterizado como eleitor-cidadão. Portanto, uma das condições era que fosse alfabetizado. E como alguém se torna alfabetizado? Com educação, e, na maioria dos casos, tendo as escolas como instituições principais.
Art 70 - São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.
§ 1º - Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou para as dos Estados:
1º) os mendigos;
2º) os analfabetos;
3º) as praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino superior;
4º) os religiosos de ordens monásticas, companhias, congregações ou comunidades de qualquer denominação, sujeitas a voto de obediência, regra ou estatuto que importe a renúncia da liberdade Individual.
Para complementar a nossa resposta, baseando-se na citação de Hebe Mattos:
“A alfabetização como critério para a cidadania fez com que a questão da educação primária tomasse feição central em inúmeros estados na primeira experiência republicana, ainda que não fosse garantida pela Constituição Federal. (...) As campanhas populares por extensão da alfabetização se sucederam por todo o período, ainda que permanecessem quase sempre restritas às fronteiras das maiores vilas e cidades”.
Fonte: MATTOS, Hebe. “A vida política”. In SCHWARCZ, Lilia M. (Org.) História do Brasil Nação. 1808-2010. Vol. 3, a abertura para o mundo, 1889-1930. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2012, p.114.
Por que as demais estão corretas, porém incompletas?
Na letra B, embora houvesse uma ideologia no sentido de apagar as marcas do período imperial, incluindo aí a escravidão, sabe-se que as condições sociais dos antigos escravos, convertidos em libertos, não melhorou com o regime republicano. Uma prova disso é a permanência dos castigos físicos em instituições como a Armada (marinha) brasileira. Castigos que só foram abolidos a partir de 1910.
Na letra C, de fato, Pinheiro Machado foi um parlamentar que controlou por longos anos a comissão de reconhecimento dos mandatos no Senado, mas isso não era o suficiente para garantir eleitorado, uma vez, que acaba por restringir a participação política. Era melhor para um candidato conseguir um largo “curral eleitoral”, seja com carisma ou com práticas clientelistas.
Na letra D, os primeiros partidos operários começaram a surgir no início da Primeira República e embora tinham propostas de estender a participação do direito ao voto para os trabalhadores suas principais formas de ação eram no sentido de garantir os direitos sociais aos operários e demais trabalhadores.
676) Considerando a História do Brasil, a respeito dos episódios envolvendo a passagem do Império para República, analise as assertivas a seguir, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
- A) F – V – F.
- B) V – F – V.
- C) F – V – V.
- D) V – V – V.
- E) F – F – F.
A alternativa correta é letra B) V – F – V.
Gabarito: Letra B
De acordo com Boris Fausto, os anos seguintes ao 15 de Novembro de 1889 foram tempos de incerteza. Havia divergências, interesses e concepções diversas entre os grupos políticos na organização da República.
Os representantes políticos de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul defendiam a ideia da República Federativa com autonomia para as províncias, portanto, maior ênfase no legislativo.
Mas esses grupos divergiam na organização do poder. Os paulistas e mineiros defendiam a república federativa liberal, tendo por base um corpo de cidadãos sendo orientados por um presidente eleito. Já para os gaúchos a república deveria ter caráter federativo e positivista, ou seja, eram adeptos da filosofia de Comte para quem a República deveria ser chefiada por uma espécie de líder hereditário.
No Brasil, o positivismo foi relido como uma possibilidade de um executivo forte, central e militar.
Portanto, a única alternativa falsa é que menciona que os mineiros e gaúchos sistematizaram um arcabouço de ideias e justificativas opondo-se à República Federativa. Na verdade, os mineiros eram defensores desse modelo de república. Os gaúchos eram contrários.
Resposta baseada na fonte:
FAUSTO, Boris. ”A Primeira República”. História do Brasil. 2ª Ed. São Paulo: Edusp, 199, p.245.
Sequência correta:
( V ) Em um cenário de grandes incertezas, existiam divergências sobre a forma de organizar a República. Grupos políticos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo foram os articuladores desse momento político.
( F ) No cenário de divergências políticas, destacam-se os representantes políticos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, os quais sistematizaram um arcabouço de ideias e justificativas opondo-se à ideia de uma República Federativa.
( V ) O Partido Republicano Paulista, juntamente com os políticos mineiros, defendia um modelo federativo liberal, em que a base da República seria composta de cidadãos, com um presidente eleito pelo congresso nacional.
677) Sobre a história política e social da república dos coronéis, assinale a alternativa correta.
- A) A Constituição republicana de 1891 aboliu o sufrágio censitário que, até então, vigorava no Brasil, permitindo o voto a todos os homens e mulheres alfabetizados.
- B) Constam entre os elementos que caracterizam esse período o voto do cabresto, a política do café-com-leite e a chamada política dos governadores ou governantes.
- C) Nesse contexto, os coronéis, embora fossem ricos, evitavam usar sua influência econômica no cenário político.
- D) Os coronéis tinham grande preocupação com as camadas mais pobres e, por esse motivo, escolhiam candidatos e aliados políticos que lutavam pelos direitos dos populares.
A alternativa correta é letra B) Constam entre os elementos que caracterizam esse período o voto do cabresto, a política do café-com-leite e a chamada política dos governadores ou governantes.
Gabarito: Letra B
Após os dois primeiros governos militares, Deodoro (1891-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894), o executivo federal passou a ser ocupado por presidentes civis.
A partir de 1894 destacaram-se três características: o voto de cabresto, a política do café com leite e a política dos governadores.
São Paulo e Minas Gerais eram as principais forças econômicas do país e detinham o maior número de eleitores. Os principais partidos políticos desses estados articularam um pacto para eleger alternativamente políticos dos grupos oligárquicos. Em uma eleição um político era indicado pelo PRP (Partido Republicano Paulista) e na eleição seguinte um indicado por PRM (Partido Republicano Mineiro).
Essa aliança ficou conhecida como política do café com leite, pois São Paulo era responsável por uma grande produção de café e Minas Gerais era responsável pela criação de gado e produção de leite e derivados.
A partir de 1898 a escolha dos representantes na esfera do executivo federal se restringiu ainda mais com a chamada Política dos Governadores ou Política dos Estados. Através dela, os governantes estaduais garantiam, em seus estados, a eleição de deputados e senadores favoráveis ao governo federal. Em troca, o presidente não interviria nos estados, garantindo a autonomia das elites regionais.
Mas para garantir a eleição de deputados e senadores favoráveis, um terceiro elemento foi necessário: o coronelismo e o voto de cabresto. Como as eleições eram diretas e não secretas, os coronéis mandavam seus encarregados vigiarem a votação para pressionar os eleitores a votarem em seu candidato. Além disso, prometiam aos eleitores “favores” em troca dos votos, como, por exemplo, proteção, emprego, cuidados médicos.
Portanto, o sistema político até 1930 funcionava dessa maneira:
- Eleitores – influência dos coronéis - Voto de cabresto
- Apoio dos coronéis aos candidatos nos estados
- Apoio dos candidatos nos estados ao candidato à presidência da república
Resposta baseada nas fontes:
SCHWARCZ, Lilia M; STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
VICENTINO, Cláudio. Teláris. História, 9º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: A Constituição de 1891 aboliu o voto censitário, porém não permitia ainda o voto dos analfabetos.
Letra C: Os coronéis eram ricos e utilizavam sua influência e poder para determinar as eleições. Integravam o chamado coronelismo, conseguindo eleger seus candidatos através do voto de cabresto.
Letra D: Os coronéis escolhiam os candidatos de acordo com os interesses pessoais e estaduais. Se demonstravam preocupação com as camadas mais populares era por interesse eleitoreiro.
678) Ao tratar do processo eleitoral na Primeira República (1889-1930), um professor do 8º ano apresentou aos alunos a seguinte caricatura, publicada na Revista da Semana, de julho de 1909, além de destacar um trecho sobre as eleições de 1910:
- A) a imprensa foi palco, pois era o espaço do debate e da luta, e também personagem ao fazer-se, ela mesmo, partícipe da batalha eleitoral
- B) a imprensa se fazia palco, pois dava voz aos dois lados da disputa presidencial, e também personagem por apresentar-se como uma terceira via
- C) a imprensa foi personagem, ao tomar posição política, seja ao lado de civilistas ou militaristas, e palco, ao encenar, dramaticamente, a disputa
- D) a imprensa transformou a disputa eleitoral em entretenimento devido ao teor dos textos publicados nos jornais, por isso foi ao mesmo tempo palco e personagem
Resposta
A alternativa correta é letra A) a imprensa foi palco, pois era o espaço do debate e da luta, e também personagem ao fazer-se, ela mesma, participante da batalha eleitoral.
Essa afirmação pode ser explicada porque a imprensa, durante a disputa eleitoral de 1910, serviu como um espaço para o debate e a luta entre as duas candidaturas, a militarista e a civilista. Além disso, a imprensa também se tornou uma participante ativa na batalha eleitoral, tomando partido e defendendo seus interesses e ideias. Portanto, a imprensa foi tanto o palco onde a disputa eleitoral se desenrolou quanto um personagem que atuou ativamente nessa disputa.
679) Sobre a Primeira República (1889-1930), assinale a alternativa incorreta:
- A) O período ficou marcado pelas alternâncias presidenciais conhecidas como política café-com-leite, os indicados pelas elites cafeicultoras de Minas Gerais e São Paulo alternavam-se no poder.
- B) Durante a Primeira República houve uma das maiores manifestações de trabalhadores do Brasil, a Greve Geral de 1917, na qual, com orientação socialista soviética, os trabalhadores dos parques industriais brasileiros cruzaram os braços.
- C) O período foi bastante conturbado politicamente com insurreições e movimentos militares como Canudos, Contestado, Cangaço e Coluna Prestes.
- D) O período é marcado pela emergência política da burguesia cafeicultura do oeste paulista, e pelo início da diversificação econômica com o que pode ser chamada de primeira industrialização.
A resposta correta é a letra B) Durante a Primeira República houve uma das maiores manifestações de trabalhadores do Brasil, a Greve Geral de 1917, na qual, com orientação socialista soviética, os trabalhadores dos parques industriais brasileiros cruzaram os braços.
Essa alternativa é incorreta porque a Greve Geral de 1917 não foi uma manifestação pacífica em que os trabalhadores cruzaram os braços. Em julho de 1917, uma greve geral foi deflagrada em São Paulo, que se espalhou por outras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Porto Alegre. A greve foi motivada por reivindicações salariais e melhores condições de trabalho, e foi marcada por confrontos violentos entre trabalhadores e forças policiais.
680) Acerca do período republicano no Brasil, julgue o item.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra A) Certo
Gabarito: CORRETO
Acerca do período republicano no Brasil, julgue o item.
- A pouca delimitação constitucional das atribuições entre poderes e entidades federativas levou a conflitos políticos na Primeira República. Apenas com a chamada Política dos Governadores, pautada por Campos Sales, o Brasil alcançou maior grau de estabilidade política.
Os primeiros anos da república no Brasil não foram caracterizados pela estabilidade. Os governos militares de Deodoro da Fonseca (1889-1891) e de Floriano Peixoto (1891-1894) foram marcados por difíceis acomodações entre os republicanos. Ao mesmo tempo que havia forte impulso centralizador dos militares positivistas, que defendiam um processo de modernização geral do país sob um plano central, também havia forte apelo federalista de oligarquias fortes como a paulista e a mineira. Para esses grupos, a república deveria lhes dar mais liberdade política e deixar que os estados agissem com mais desenvoltura no ordenamento institucional. Consequentemente, havia graves problemas de governabilidade e de viabilização de políticas públicas de maior fôlego durante esses primeiros anos.
Segundo presidente civil da República Velha (1889-1930), Campos Sales (1898-1902) acabou por dar a forma mais bem acabada do sistema de governabilidade do primeiro período republicano brasileiro, a Política dos Governadores. A legislação eleitoral da época facilitava que as elites locais tivessem grande controle sobre o eleitorado, conseguindo fazer valer suas preferências políticas sobre as urnas, seja pelo voto de cabresto ou pelas recorrentes fraudes eleitorais. Isto é, a realidade eleitoral brasileira tinha de ser pensada sempre em contato direto com essas lideranças fortes de espaços diminutos. No contexto do “teatro das oligarquias” no epicentro do poder político brasileiro, a Política dos Governadores foi fundamental para assentar as demandas fundamentais em torno de um pacto bem organizado de distribuição de recursos e de fidelidade eleitoral.
É fundamental que o candidato tenha em mente que se tratava de um pacto entre elites nos mais diferentes níveis da realidade política nacional, com pouco apego aos compromissos democráticos e republicanos tradicionais - mas todas elas com múltiplos caminhos para a manutenção de suas posições de grande protagonismo social. O sistema eleitoral da época previa o voto aberto e censitário, facilitando o controle eleitoral pelo chamado voto de cabresto pelas lideranças locais; além disso, a convergência das autoridades para um pacto entre elites favorecia a ocorrência de fraudes eleitorais. Isto é, o voto e a “voz das urnas” podiam ser facilmente condicionadas pelos chefes políticos locais. No entanto, tais chefes não dispunham de todos os recursos necessários para manter seus prestígios políticos locais, uma vez que o país vivia um pacto federativo frágil, que ainda sofria com as dificuldades de se estabelecer uma estrutura tributária doméstica.
Nesse contexto, portanto, estabelecia-se um circuito de recursos e de votos centrado nos governadores estaduais. Se um presidente não podia pressionar cada chefe político local para garantir votos no parlamento, também não tinham forças essas lideranças para negociar com o governo federal. Focalizando o epicentro das trocas nos gabinetes estaduais, o governo federal exigia lealdade parlamentar para liberar recursos públicos, que abasteceriam as vidas políticas estadual e municipais. Por sua vez, os chefes municipais negociavam com o governo estadual a garantia de apoio eleitoral para o governo federal, para o governador e para os congressistas em troca de repasses dos governos. Isto é, os governadores se tornaram um ponto de contato diáfano entre União e municípios, pressionando parlamentares e eleitores para a manutenção do sistema e da governabilidade ao mesmo tempo em que elites locais e governadores tinham suas capacidades políticas ampliadas em seus redutos eleitorais por conseguirem assegurar a chegada de novos recursos. A fidelidade ao governo federal fazia com que este tivesse maior governabilidade, o que viabilizava maiores repasses governadores fiéis, os quais faziam girar o sistema de votos e de verbas. Ou seja, havia toda uma estrutura muito forte e azeitada para reforçar e manter o poder político das elites locais. Portanto, item CORRETO.