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Questões Sobre Primeira República - História - concurso

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721) “O coronelismo é um fenômeno que só pode ser entendido a partir da marca histórica do antigo e exorbitante poder privado; da superposição de formas de sistema representativo a uma estrutura econômica e social, basicamente rural, que permite o controle de uma vasta população em posição de dependência direta do latifúndio; e de um sistema de compromissos, uma troca de proveitos […]. O poder do coronel se impõe, na maioria das vezes, por meio de confronto com poderosos rivais. Vencida a luta, ele assume a chefia da política municipal, o que, no entanto, a maior parte das vezes, não é inconteste. O mais comum é a existência, quase permanente, de um clima de tensão representada por outro potentado local à espera de uma oportunidade para desalojá-lo da liderança municipal. Ocupada a liderança no seu município, o coronel, de quem todos dependem, tem sua base de poder local estruturada a partir de alianças com […] as ‘personalidades’ locais – médicos, advogados, padres, funcionários públicos, formada por capangas e cabras. Em caso de necessidade, ele não hesita em organizar milícias privadas temporárias, mobilizadas em situações de confronto armado com coronéis rivais e mesmo contra governantes de seus estados”.

  • A) os estados da federação indicavam o primeiro-ministro brasileiro, eram administrados por interventores nomeados pelo presidente da república e sustentados pelas diversas formas de controle político local.
  • B) os governantes eram membros das famílias tradicionais da sociedade local e atendiam aos interesses desenvolvimentistas nacionais, ao incluírem demandas diversas por meio do sistema eleitoral indireto.
  • C) os governadores dos estados possuíam mandatos políticos vitalícios, enquanto na presidência havia grande rotatividade política provocada por lutas partidárias nacionais e aguçadas a partir da implementação da “política do café com leite”.
  • D) os governadores dos estados eram eleitos de acordo com o contexto político e social regional determinado pelo controle dos eleitores, por meio do voto aberto, e influenciando as decisões políticas desde o nível municipal até o federal.
  • E) os estados substituíram o poder central na manutenção da integridade territorial brasileira, consolidando uma estrutura política militarista e suprimindo as diferenças regionais.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) os governadores dos estados eram eleitos de acordo com o contexto político e social regional determinado pelo controle dos eleitores, por meio do voto aberto, e influenciando as decisões políticas desde o nível municipal até o federal.

Gabarito: Letra D

 

Os governadores dos estados eram eleitos de acordo com o contexto político e social regional determinado pelo controle dos eleitores, por meio do voto aberto, e influenciando as decisões políticas desde o nível municipal até o federal.
 

Durante a Primeira República, o governo central era marcado pelo predomínio das oligarquias agrárias, ou seja, por grandes proprietários rurais, que se tornaram verdadeiros chefes ou líderes políticos das cidades e regiões onde estavam estabelecidos, e por isso eram chamados de “coronéis”.

Como o voto era aberto, ou seja, os eleitores eram obrigados a revelar publicamente em que candidato votavam, os coronéis, podiam pressioná-los para controlar suas escolhas, por vezes até mesmo pelo uso de capangas e ameaças. Daí o termo coronelismo em referência às suas práticas de dominação e de mando e a expressão “voto de cabresto” para indicar a pressão exercida por esses coronéis sobre os eleitores. Os quais votavam por variados motivos: obediência, lealdade ou gratidão ao coronel, e também em busca de algum favor, como dinheiro, animais, serviços médicos e roupas.

Assim, na prática, as eleições eram caracterizadas pela fraude e por uma rede de clientelismo que, devido a política dos governadores, se repetia a nível municipal, estadual e federal.

Essa política dos governadores, estabelecida durante a presidência de Campos Sales (1898-1902), era um sistema de alianças entre o governo federal e os governos estaduais, no qual em troca de apoio dos governos estaduais à presidência e especialmente aos seus candidados aos cargos políticos, o governo federal se comprometia a apoiar as oligarquias dominantes em cada Estado, evitando intervir em assuntos particulares a esses estados e concedendo verbas, empregos e favores aos seus aliados. Com a política dos governadores, o governo federal passou a sustentar os grupos dominantes em cada estado, fortalecendo as oligarquias locais e aumentando o poder dos coronéis, que controlavam os eleitores, dispunham de favores políticos e dominavam política e socialmente suas respectivas regiões.

   

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: os estados da federação indicavam o primeiro-ministro brasileiro, eram administrados por interventores nomeados pelo presidente da república e sustentados pelas diversas formas de controle político local.
 

Não havia durante a Primeira República a indicação de um primeiro-ministro pelos estados da federação e esses estados não eram administrados por interventores nomeados pelo presidente da República, mas sim pelas oligarquias dominantes em cada região, que se mantinham no poder pelo controle político local.

 

Letra B: os governantes eram membros das famílias tradicionais da sociedade local e atendiam aos interesses desenvolvimentistas nacionais, ao incluírem demandas diversas por meio do sistema eleitoral indireto.

 

Os governantes da Primeira República eram membros das famílias tradicionais da sociedade local, mas não atendiam interesses desenvolvimentistas nacionais, mas sim interesses privados. Além disso, esses governantes não incluíam demandas da sociedade por meio de um sistema eleitoral indireto.


Letra C: os governadores dos estados possuíam mandatos políticos vitalícios, enquanto na presidência havia grande rotatividade política provocada por lutas partidárias nacionais e aguçadas a partir da implementação da “política do café com leite”.

 

Nem os governadores dos estados possuíam mandatos políticos vitalícios nem havia grande rotatividade política na presidência durante a Primeira República. Muito menos provocada por lutas partidárias nacionais, visto que nessa época a política funcionava de forma regionalizada. Além disso, a política do Café com Leite, impedia essa rotatividade de acontecer, já que estabelecia uma aliança que produziu uma alternância da presidência da República apenas entre a oligarquia paulista e a mineira, detentoras de grande poder econômico.

 

Letra E: os estados substituíram o poder central na manutenção da integridade territorial brasileira, consolidando uma estrutura política militarista e suprimindo as diferenças regionais.

 

Não houve uma substituição do poder central pelos estados, em nome de uma manutenção da integridade territorial como acusa a alternativa. Além disso, é preciso assinalar que nessa época da nossa história não havia uma estrutura política militarista e não houve a supressão das diferenças regionais.

 

Referências:

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

722) Analise as afirmativas sobre a República Velha e assinale a alternativa correspondente.

  • A) Todas as afirmativas estão corretas.

  • B) Somente as ativas lI e IlI estão corretas.

  • C) Somente afirmativas I e IlI estão corretas.

  • D) Somente as afirmativas I e lI estão corretas.

  • E) Somente a afirmativa I está correta.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra D) Somente as afirmativas I e lI estão corretas.

Vamos analisar cada afirmativa para identificar quais estão corretas.

 

CORRETO. Essa afirmação está correta. A República Velha, também conhecida como Primeira República, foi o período da história brasileira que se estendeu da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a Revolução de 1930, que marcou o início da Era Vargas.

 

II - O segundo período ficou conhecido como República Oligárquica, que se caracterizou por dar maior poder às elites regionais, em especial do sul e sudeste do país. As oligarquias dominantes eram as forças políticas republicanas de São Paulo e Minas Gerais, que se revezavam na presidência. Essa hegemonia paulista e mineira denomina-se política do café com leite.

CORRETO. A República Oligárquica foi a segunda fase da República Velha (1894-1930). Nesse período, as oligarquias cafeeiras de São Paulo e Minas Gerais, as duas maiores economias do país, alternaram-se no poder presidencial, numa prática política conhecida como "Política do Café com Leite". Esta política garantia a hegemonia política desses dois estados na política nacional.

 

III - Esse período da história do Brasil foi marcado pela ausência de conflitos políticos e revoltas.

INCORRETO. Essa afirmação está incorreta. A República Velha foi um período marcado por diversos conflitos e revoltas, como a Revolta da Vacina, a Revolta da Chibata, a Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado, entre outros. Esses conflitos e revoltas foram, em sua maioria, reações populares contra as políticas governamentais, as condições sociais e econômicas da época.

 

Portanto, a alternativa correta é a LETRA D, pois somente as afirmativas I e II estão corretas.

723) “O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários rurais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional, com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia até a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto.”

  • A) coação das milícias locais.

  • B) estagnação da dinâmica urbana.
  • C) valorização do proselitismo partidário.
  • D) disseminação de práticas clientelistas.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra C) valorização do proselitismo partidário.

Gabarito da Banca: Letra C

Meu gabarito: Letra D

 

Disseminação de práticas clientelistas.

 

Conforme  descreve o próprio texto apresentado pela questão, as relações políticas da Primeira República giravam em torno do poder de influência dos coronéis de cada região nos resultados das eleições e do interesse dos governos Estaduais e Federal nesse domínio dos coronéis sobre o voto dos eleitores.

 

O poder de influência dos coronéis baseava-se nas relações clientelistas que eles mantinham com os eleitores de cada região e a sua capacidade de barganha. O que era possível graças ao prestígio do coronel e a sua capacidade de conceder empregos e cargos ou mesmo favores públicos ao grupo de pessoas apadrinhadas, que em troca lhe demonstrava fidelidade política, votando nos candidatos indicados pelo coronel.

 

Essas práticas, de conceder favores públicos em troca de votos, chamadas de clientelistas, estavam amplamente disseminadas na sociedade e na política da Primeira República, sendo baseadas numa estrutura de poder que ligava os coronéis mais influentes aos governos estaduais e federal.

 

Os coronéis ajudavam a eleger os governadores de seu Estado e esse retribuía destinando-lhes verbas e favores para as suas áreas de influência. Os governadores estaduais influenciavam, com a ajuda dos coronéis, a eleição do governo federal e eram também recompensados pela aliança estabelecida. Essas alianças estabelecidas nos diferentes níveis da política nacional faziam com que o poder permanecesse por longo tempo nas mãos de um mesmo grupo político.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: coação das milícias locais.

 

Não havia uma coação das milícias locais, mas sim uma coação dos jagunços ou capangas dos coronéis, mas que estava diretamente ligada à lógica clientelista e não funcionando à parte dela. Dessa forma, a coação e violência dos jagunços dos coronéis era utilizada nos casos em que os apadrinhados se negavam a votar no candidato indicado pelo coronel ou contra os inimigos e aqueles que lhe fossem infiéis.

 

Letra B:  estagnação da dinâmica urbana.

 

O coronelismo vigorava na sociedade predominantemente rural que existia durante a Primeira República, logo não estava baseado numa estagnação da dinâmica urbana, visto que essa dinâmica era limitada e predominava uma dinâmica rural na sociedade dessa época.

Letra C:  valorização do proselitismo partidário.

 

Dentro da estrutura política existente na Primeira República, com voto aberto, práticas clientelistas, falta de fiscalização adequada, fraudes e predomínio de grupos que já estavam inseridos nas relações políticas da época, não havia muito espaço aberto para um proselitismo partidário (tentativa de formar prosélitos, convencer ou converter pessoas a uma determinada visão, ideia ou partido político), visto que, a influência sobre os votos era estabelecida a partir de um lógica de trocas de favores e coação política e não através de um debate de ideias.

 

Referências:

 

CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história política. Belo Horizonte. Editora UFMG, 1998.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

724) A oligarquia cafeeira, como detentora dos maiores poderes políticos no período republicano, é responsável por algumas das deformações mais profundas da sociedade brasileira. Toda participação democrática na vida política se reduz aos grupos de pressão oligárquicos em disputa pelo controle das matérias que afetam os seus interesses.

  • A) o estado de bem-estar social, que concentra as riquezas no governo federal.
  • B) a política coronelista, que confere privilégios à vontade popular.
  • C) o voto secreto, que inclui analfabetos e mulheres na política.
  • D) o neocolonialismo, que reforça o controle político do país pelas potências econômicas.
  • E) o patrimonialismo, que confunde as esferas de poder públicas e privadas.

FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é letra E) o patrimonialismo, que confunde as esferas de poder públicas e privadas.

Gabarito: ALTERNATIVA E

   

(Darcy Ribeiro. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil, 2008. Adaptado.)

 

A situação abordada no excerto remete a questões políticas presentes na Primeira República brasileira, tal como

  • a)  o estado de bem-estar social, que concentra as riquezas no governo federal.

O Estado de bem-estar social é aquele no qual o Estado toma para si a responsabilidade de organizar a vida econômica, política e social de forma a garantir aos seus cidadãos acesso gratuito a serviços básicos de qualidade, como saneamento, saúde e educação. Ou seja, não se trata de um esforço de concentração de riquezas, mas sim de organização de todo um sistema pensado na provisão de serviços públicos de alta qualidade - o que, no Brasil, só seria pactuado na Constituição de 1988, mas jamais conseguiria ser integralmente instalado. Ou seja, trata-se de debate muito posterior à Primeira República (1889-1930) no Brasil. Alternativa errada.

 
  • b)  a política coronelista, que confere privilégios à vontade popular.

O termo "coronel" tem de ser entendido como a denominação atribuída às lideranças oligárquicas municipais características dos interiores brasileiros do século XIX e da primeira metade do século XX. Trata-se de um sistema oligárquico mantido fundamentalmente pelo processo de alienação e controle direto sobre seu reduto eleitoral, estabelecendo uma confusão imediata entre o Estado e a figura poderosa do oligarca. Em certo sentido, o coronel é capaz de sequestrar para a sua vontade o controle do Estado no âmbito local, criando uma relação de distribuição de benesses e de obediência pessoal diretamente com a população de seu alcance político. Por outro lado, a prominência econômica lhe dá tal grau assimétrico de ascensão sobre o restante da população que esta lhe fica refém economicamente; além de haver um domínio sobre o uso da violência para manter a ordem e a conservação dos interesses da oligarquia naquele espaço. No contexto da República Velha (1889-1930) e da Política dos Governadores, esses líderes tinham o papel importante de controlar diretamente os eleitores, bem como de restringir o acesso dos candidatos às suas áreas de domínio. Em contrapartida, aqueles que eram eleitos para os cargos estaduais e federais tinham por dever a manutenção dessas estruturas locais de poder, fazendo afluir para lá os recursos necessários para a manutenção política dessas oligarquias menores. No entanto, o funcionamento do sistema poderia colocar em rota de colisão esses coronéis com as ascendentes classes urbanas, cujos interesses sobre as reformas administrativas enfraqueciam diretamente as relações de dependências que mantinham esse coronelato. É importante destacar que essas classes urbanas tinham cada vez mais capacidade de articulação e de pressão direta sobre governadores, dificultando em muito a vida política nas cidades. Alternativa errada.

 
  • c)  o voto secreto, que inclui analfabetos e mulheres na política.

Durante a Primeira República, o voto era aberto. Ou seja, na sessão eleitoral, os eleitores tinham de declarar de público o seu voto, o que dava amplas margens para que as lideranças locais manipulassem as eleições por meio de constrangimentos de toda sorte. Além disso, na Primeira República, mulheres e analfabetos estavam excluídos do alistamento eleitoral. As primeiras só seriam incluídas com o código eleitoral de 1934, enquanto os últimos só alcançariam o voto facultativo com a Constituição de 1988. Alternativa errada.

 
  • d)  o neocolonialismo, que reforça o controle político do país pelas potências econômicas.

Como fica claro no texto citado no enunciado, não estamos tratando de um processo externo do Brasil, mas sim da sua vida doméstica. Ou seja, sua precária inserção no capitalismo internacional não é o fenômeno em tela aqui, mas sim as dificuldades domésticas. Alternativa errada.

 
  • e)  o patrimonialismo, que confunde as esferas de poder públicas e privadas.

O sequestro do aparato estatal pelas oligarquias é sintoma maior do patrimonialismo, que faz com que o agente trate a coisa pública como uma extensão dos seus interesses privados. Nessa perspectiva, as oligarquias dispunham dos rumos políticos e econômicos do país, não para atender a um ideal de nação ou a uma política de Estado, mas sim para satisfazer suas ambições e suas necessidades no seio da coisa pública. O patrimonialismo, como bem aponta Darcy Ribeiro, reduz a pauta política do país às tensões e às necessidades da oligarquia, que domina o epicentro decisório. ALTERNATIVA CORRETA.

   

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

725) Uma relativa estabilidade permite que chegue ao fim o governo de Prudente de Morais e que se faça, sem maiores dificuldades, a eleição de seu sucessor. O escolhido é Manuel Ferraz de Campos Sales, republicano histórico, membro do PRP, ministro de Deodoro, presidente de São Paulo e político experimentado, capaz de conciliar posições firmes em questões importantes, agir com equilíbrio e manter uma imagem de neutralidade. Sales garante, na verdade, em meio ao tumultuado processo republicano, a presença de São Paulo nas decisões mais importantes da política da República.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra B) Errado

Gabarito: ERRADO

   

   

    O termo "coronel" tem de ser entendido como a denominação atribuída às lideranças oligárquicas municipais características dos interiores brasileiros do século XIX e da primeira metade do século XX. Trata-se de um sistema oligárquico mantido fundamentalmente pelo processo de alienação e controle direto sobre seu reduto eleitoral, estabelecendo uma confusão imediata entre o Estado e a figura poderosa do oligarca. Em certo sentido, o coronel é capaz de sequestrar para a sua vontade o controle do Estado no âmbito local, criando uma relação de distribuição de benesses e de obediência pessoal diretamente com a população de seu alcance político. Por outro lado, a prominência econômica lhe dá tal grau assimétrico de ascensão sobre o restante da população que esta lhe fica refém economicamente; além de haver um domínio sobre o uso da violência para manter a ordem e a conservação dos interesses da oligarquia naquele espaço. Lembre-se o estudante de que a Constituição de 1891 não estabelecia o sigilo do voto, mas sim o voto aberto - o que franqueava o chamado voto de cabresto: constrangido a declarar seu voto na sessão eleitoral, o indivíduo era conduzido pelo oligarca local a votar em seu candidato escolhido.

     

    No contexto da Primeira Repúlbica (1889-1930) e da Política dos Governadores, esses líderes tinham o papel importante de controlar diretamente os eleitores, bem como de restringir o acesso dos candidatos às suas áreas de domínio. Em contrapartida, aqueles que eram eleitos para os cargos estaduais e federais tinham por dever a manutenção dessas estruturas locais de poder, fazendo afluir para lá os recursos necessários para a manutenção política dessas oligarquias menores. 

     

    Por fim, cumpre destacar que, na Primeira República, as eleições eram organizadas pelas Câmaras Municipais, que, por sua vez, eram controladas pelos coronéis. Ou seja, o processo eleitoral era completamente descentralizado. A Justiça Eleitoral só seria criada em 1932 - juntamente com o primeiro Código Eleitoral brasileiro - durante a Era Vargas e suas reformas institucionais. Assim, item ERRADO.

    726) Observe a imagem:

    • A) a influência positiva e honesta do coronelismo nas eleições.
    • B) o poder das oligarquias estaduais na primeira república.
    • C) a influência do poder do estado frente ao governo federal e aos coronéis.
    • D) o poder do governo federal frente ao poder estadual e municipal.
    • E) os poderes equiparados entre as instâncias federal, estadual e os coronéis.

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    A alternativa correta é letra B) o poder das oligarquias estaduais na primeira república.

    Gabarito: Letra B

     

    O poder das oligarquias estaduais na primeira república.

     

    Conforme mostra a imagem, durante a Primeira República, as oligarquias estaduais que estavam à frente do poder político federal controlavam recursos políticos e financeiros capazes de angariar o apoio político e a predominância dos votos sob o controle dos poderes municipais, dominados pelos coronéis, e dos poderes estaduais, comando pelas oligarquias de cada estado.

    Duas políticas foram fundamentais para ampliar o poder das principais oligarquias estaduais na cena política da Primeira República:

     
    • A Política do Café com Leite, que estabelecia uma aliança entre São Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (segundo maior produtor de café e grande produtor de leite) para a escolha das sucessões à presidência, ora atendendo aos interesses mineiros ora aos interesses paulistas, e que estabeleceu o predomínio político de Minas Gerais e São Paulo.
     
    • A Política dos Governadores, que estabeleceu um sistema de alianças entre o governo federal e os governos estaduais, no qual em troca de apoio dos governos estaduais à presidência e especialmente aos seus candidatos aos cargos políticos, o governo federal se comprometia a apoiar as oligarquias dominantes em cada Estado, evitando intervir em assuntos particulares a esses estados e concedendo verbas, empregos e favores aos seus aliados, numa rede de clientelismo que se repetia também a nível municipal (esquema mostrado na imagem).
     

    Por que as demais estão incorretas?

     

    Letra A: a influência positiva e honesta do coronelismo nas eleições.  

    A imagem apresentada na questão, de certa maneira, mostra sim a influência do coronelismo nas eleições da Primeira República, mas essa influência não era nem positiva nem honesta, visto ser baseada em práticas de dominação e mando, alimentadas por violências, fraudes e uma rede clientelista que ampliava o poder de barganha dos coronéis.

     

    Letra C: a influência do poder do estado frente ao governo federal e aos coronéis.

     

    No caso, a imagem mostra a influência do governo federal (logo, poder federal e não estadual) frente as oligarquias estaduais e aos coronéis durante a Primeira República.

    Letra D: o poder do governo federal frente ao poder estadual e municipal.  

    A imagem não mostra o poder do governo federal frente ao poder estadual e municipal, mas sim a influência do governo federal sobre os demais poderes, atuando de forma clientelista com o apoio dos demais poderes.

     

    Letra E: os poderes equiparados entre as instâncias federal, estadual e os coronéis.

     

    A imagem não mostra uma equiparação de poderes entre as instâncias federal, estadual e municipal, mas sim uma aliança na qual o poder federal atuava de forma clientelista com os demais poderes para conseguir se manter no poder.

     

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

    727) Coronelismo é o nome dado ao fenômeno político que ocorreu no Brasil, principalmente após a proclamação da República, durante a chamada Primeira República.

    • A) o fim das práticas clientelistas.
    • B) promover valores e práticas democráticas, como o fim do voto de cabresto.
    • C) manter o princípio da legalidade, condenar as trocas de favores e as ações ilegais e violentas.
    • D) afastar as elites imperiais do poder, acabar com as trocas de favores e coagir a ação das milícias.
    • E) manter as elites imperiais no poder, a partir das trocas de favores e ações ilegais e violentas.

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    A alternativa correta é letra E) manter as elites imperiais no poder, a partir das trocas de favores e ações ilegais e violentas.

    Vamos analisar cada alternativa, para identificar a prática que melhor define o fenômeno político conhecido como coronelismo.

     

    E) manter as elites imperiais no poder, a partir das trocas de favores e ações ilegais e violentas.

    CORRETO. O coronelismo estava associado à manutenção das elites no poder, através de práticas clientelistas, que envolviam trocas de favores, e ações ilegais e violentas. Os coronéis, que eram os grandes proprietários de terras, utilizavam seu poder econômico e político para manipular o voto popular e manter o controle político. Portanto, esta alternativa está correta.

     

    Portanto, a alternativa correta é a LETRA E.

     

    As demais alternativas estão incorretas. 

     

    A) o fim das práticas clientelistas.

    INCORRETO. O coronelismo, na verdade, estava inserido em um contexto de práticas clientelistas, onde o voto era manipulado em troca de favores, sendo uma característica marcante da Primeira República no Brasil. Portanto, o coronelismo não buscava o fim dessas práticas, mas sim as utilizava como meio de manutenção de poder. Alternativa errada.

     

    B) promover valores e práticas democráticas, como o fim do voto de cabresto.

    INCORRETO. O coronelismo não promovia valores e práticas democráticas. Na verdade, o coronelismo estava associado à manipulação do voto popular, conhecido como voto de cabresto, onde os eleitores eram obrigados a votar nos candidatos apoiados pelos coronéis. Portanto, o coronelismo não buscava o fim do voto de cabresto, mas sim o utilizava como meio de controle político. Alternativa errada.

     

    C) manter o princípio da legalidade, condenar as trocas de favores e as ações ilegais e violentas.

    INCORRETO. O coronelismo não estava associado à manutenção do princípio da legalidade, nem ao repúdio às trocas de favores e ações ilegais e violentas. Na verdade, o coronelismo era caracterizado por práticas clientelistas, que envolviam trocas de favores, e ações ilegais e violentas para manter o controle político. Alternativa errada.

     

    D) afastar as elites imperiais do poder, acabar com as trocas de favores e coagir a ação das milícias.

    INCORRETO. O coronelismo não tinha como objetivo afastar as elites imperiais do poder, nem acabar com as trocas de favores. Na verdade, o coronelismo estava associado à manutenção das elites no poder, através de práticas clientelistas, que envolviam trocas de favores. Além disso, as milícias, que são grupos armados que atuam à margem da lei, não são mencionadas no contexto do coronelismo. Alternativa errada.

    728) Durante o governo Campos Salles (1898-1902) […] foi adotada a “política dos governadores”. Sob essa orientação, os governos das províncias ganharam ampla autonomia.

    • A) a centralização administrativa e o reforço do poder legislativo.
    • B) o fortalecimento das oligarquias locais e o aumento do poder dos coronéis.
    • C) a consolidação da democracia nos estados e a convocação de eleições diretas.
    • D) a queda da monarquia e a implantação do modelo republicano.
    • E) o equilíbrio econômico entre as províncias e o estímulo à cafeicultura.

    FAZER COMENTÁRIO

    A alternativa correta é letra B) o fortalecimento das oligarquias locais e o aumento do poder dos coronéis.

    Gabarito: Letra B

     

    O fortalecimento das oligarquias locais e o aumento do poder dos coronéis.

     

    A política dos governadores, estabelecida durante a presidência de Campos Sales (1898-1902), era um sistema de alianças entre o governo federal e os governos estaduais, no qual em troca de apoio dos governos estaduais à presidência e especialmente aos seus candidatos aos cargos políticos, o governo federal se comprometia a apoiar as oligarquias dominantes em cada Estado, evitando intervir em assuntos particulares a esses estados e concedendo verbas, empregos e favores aos seus aliados.

     

    Assim, com a política dos governadores, o governo federal passou a sustentar os grupos dominantes em cada estado, fortalecendo as oligarquias locais e aumentando o poder dos coronéis em troca de apoio eleitoral para o Executivo federal. Criando uma rede de clientelismo que se repetia do nível federal ao nível municipal.

       

    Por que as demais estão incorretas?

     

    Letra A: a centralização administrativa e o reforço do poder legislativo.
     

    A Política dos Governadores não conduziu a centralização administrativa, visto que aconteceu em um momento em que já estava estabelecido o modelo federativo que dava maior autonomia administrativa aos Estados e promovia uma descentralização. Também não reforçou o poder legislativo, mas sim o executivo, através das alianças estabelecidas.

     

    Letra C: a consolidação da democracia nos estados e a convocação de eleições diretas.
     

    A Política dos Governadores não conduziu a convocação de eleições diretas, apenas estabeleceu alianças entre as diferentes esferas do executivo, também não consolidou a democracia nos estados, já que visava fortalecer aliados, estabelecer redes clientelistas nas diferentes esferas e burlar o sistema eleitoral.

     

    Letra D: a queda da monarquia e a implantação do modelo republicano.
     

    A Política dos Estados ou Política dos Governadores foi estabelecida já durante a Primeira República, portanto, não levou à queda da monarquia, que já não funcionava mais no Brasil, nem a implantação do modelo republicano, porque esse já estava em vigor quando a Política dos Governadores foi estabelecida.

     

    Letra E: o equilíbrio econômico entre as províncias e o estímulo à cafeicultura.

     

    A Política dos Governadores foi uma aliança política, não tendo, portanto, vinculação com o equilíbrio econômico e com um estímulo à cafeicultura.

     

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

    729) A capa da Revista Careta de 1925 divulgou uma charge na qual, no cume de um monte havia uma cadeira dourada com a inscrição “Presidência da República”, ladeada por dois personagens em cujos chapéus havia a inscrição “São Paulo” e “Minas”. Ao pé do monte, um conjunto de outros personagens (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Bahia, entre outros) tentava escalar o cume.

    • A) coronelismo, ao caracterizar a presença de militares no governo brasileiro.

    • B) clientelismo, pois enfatiza a dificuldade de os homens do campo participar da vida política pelas eleições.

    • C) política do café com leite, ao mostrar a alternância de candidatos paulistas e mineiros na presidência da república.

    • D) patrimonialismo, uma vez que representa o poder político nas mãos de grandes proprietários.

    • E) federalismo, ao mostrar a disputa dos estados por maior autonomia em relação ao poder central.

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    A alternativa correta é letra C) política do café com leite, ao mostrar a alternância de candidatos paulistas e mineiros na presidência da república.

    Gabarito: ALTERNATIVA C

       

     

    Fonte: Alfredo Storni (Storni). Revista Careta, ano XVIII, número 897, 29 de agosto de 1925, capa.

     
    • a)  coronelismo, ao caracterizar a presença de militares no governo brasileiro.

    O termo "coronel" tem de ser entendido como a denominação atribuída às lideranças oligárquicas municipais características dos interiores brasileiros do século XIX e da primeira metade do século XX. Trata-se de um sistema oligárquico mantido fundamentalmente pelo processo de alienação e pelo controle direto sobre seu reduto eleitoral, estabelecendo uma confusão imediata entre o Estado e a figura poderosa do oligarca. Em certo sentido, o coronel é capaz de sequestrar para a sua vontade o controle do Estado no âmbito local, criando uma relação de distribuição de benesses e de obediência pessoal diretamente com a população de seu alcance político. Por outro lado, a proeminência econômica lhe dá tal grau assimétrico de ascensão sobre o restante da população que esta fica refém economicamente; além de haver um domínio sobre o uso da violência para manter a ordem e a conservação dos interesses da oligarquia naquele espaço. No contexto da República Velha (1889-1930) e da Política dos Governadores, esses líderes tinham o papel importante de controlar diretamente os eleitores, bem como de restringir o acesso dos candidatos às suas áreas de domínio. Em contrapartida, aqueles que eram eleitos para os cargos estaduais e federais tinham por dever a manutenção dessas estruturas locais de poder, fazendo afluir para lá os recursos necessários para a manutenção política dessas oligarquias locais. No entanto, o funcionamento do sistema poderia colocar em rota de colisão esses coronéis com as ascendentes classes urbanas, cujos interesses sobre as reformas administrativas enfraqueciam diretamente as relações de dependências que mantinham esse coronelato. É importante destacar que essas classes urbanas tinham cada vez mais capacidade de articulação e de pressão direta sobre governadores, dificultando em muito a vida política nas cidades. Ao mesmo tempo, a orientação agroexportadora das oligarquias centrais (com destaque para mineiros e paulistas) também pouco dialogava com o cotidiano de lenta decadência econômica de muitos desses coronéis, o que dificultava algumas negociações com o poder central. Ou seja, a ideia de coronelismo em nada dialoga com a colocação de militares em posições decisivas do Estado, mas sim de um fenômeno civil entre o poder central e as oligarquias locais que remonta ainda ao século XIX. Alternativa errada.

     
    • b)  clientelismo, pois enfatiza a dificuldade de os homens do campo participar da vida política pelas eleições.

    Clientelismo é a prática de trocar apoio político por bens e serviços, e o que temos na ilustração não é uma relação propriamente de trocas, mas sim de exclusão sistemática e de controle sobre o Estado. Alternativa errada.

     
    • c)  política do café com leite, ao mostrar a alternância de candidatos paulistas e mineiros na presidência da república.

    De maneira bastante banal, o avaliador fez referência aqui à chamada "política do café com leite", que caracterizou parte significativa da Primeira República. Nesse período, houve um forte predomínio político de Minas Gerais e de São Paulo na vida brasileira. As elites mineira e paulista conseguiram organizar-se em torno do projeto republicano ainda durante o Império (1822-1889) e chegaram ao período republicano com partidos fortes e bem organizados. Por exemplo, o Partido Republicano Paulista (PRP) já vinha ganhando forças e criando consensos internos desde a década de 1870, conseguindo galvanizar praticamente toda a elite econômica paulista ainda no século XIX. Com o advento da República, em 1889, essas elites conseguiram tanto deslocar a aristocracia fluminense (que dependia das estruturas monárquicas) quanto traduzir seu protagonismo econômico em força política. É importante que o candidato tenha em mente que o café já era o principal produto brasileiro desde a década de 1840 e que os cafeicultores paulistas se tornaram os maiores produtores ainda durante a década de 1870; bem como, no início do século XX, a elite mineira detinha importante controle sobre o capital financeiro brasileiro. Além disso, a legislação eleitoral do período permitia que os partidos políticos fossem estabelecidos sem bases nacionais, permitindo que as oligarquias estaduais se organizassem partidariamente e disputassem o poder central sem que fossem baseados em construções políticas de alcance nacional. Não por acaso, PRP e Partido Republicano Mineiro (PRM) foram os dois mais importantes partidos do período, sendo as siglas de oito dos onze presidentes eleitos durante a República Velha, além de terem sido os fiadores políticos de praticamente todos os presidentes entre 1898 e 1930. Na prática, PRP e PRM pactuaram por uma alternância controlada no poder e conseguiram estabelecer um sistema muito eficiente de governabilidade, controlando o Parlamento e afastando, com o poder orçamentário, elites descontentes. A política acabou batizada de "café com leite" por conta dos grandes produtos agropecuários dos dois estados: o café paulista e o leite mineiro. Ainda assim, haveria pequeno interstício dessa sucessão, quando da eleição de Hermes da Fonseca (1910-1914) pelo Partido Republicano Conservador, que se distanciara da política do café com leite. ALTERNATIVA CORRETA.

     
    • d)  patrimonialismo, uma vez que representa o poder político nas mãos de grandes proprietários.

    O patrimonialismo se baseia, fundamentalmente, na confusão entre o público e o privado nos assuntos do Estado. Isto é, a classe dirigente que ascende ao controle da máquina pública dispõe daquilo que é coletivo como se fosse assunto particular seu, priorizando interesses de classe em detrimento das urgências e das exigências inerentes à coisa pública. O patrimonialismo era, sim, uma componente da vida política representada na ilustração, mas não se pode dizer que seja o principal assunto abordado nesta questão. Além disso, a definição de patrimonialismo apresentada pela alternativa é muito frágil para se poder defender. Alternativa errada.

     
    • e)  federalismo, ao mostrar a disputa dos estados por maior autonomia em relação ao poder central.

    O que está retratado na ilustração é o controle do poder central por duas oligarquias estaduais enquanto outras oligarquias menores tentam ascender ao mesmo patamar. A questão federalista chamava muita atenção desde o início da Primeira República (1889-1930) e exige muito cuidado por parte do candidato. São Paulo e Minas Gerais eram renhidos defensores de um modelo federalista com grande autonomia para os estados desde o Segundo Reinado (1840-1889). Na visão das oligarquias paulista e mineira, com o enfraquecimento do poder central, as oligarquias estaduais com maior poder econômico e com maior capacidade de organização poderiam controlar o poder central e, a partir do Rio de Janeiro, infiltrar o país inteiro com uma ordem que lhes fosse favorável. Ou seja, o que os outros estados da ilustração buscam não é exatamente apenas a autonomia local, mas sim uma reorganização do pacto federativo para que o poder central não pudesse ser sequestrado pelas oligarquias mais fortes de modo a esvaziar qualquer discussão séria acerca de uma redistribuição de recursos e de visão sistêmica de país. Alternativa errada.

       

    Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

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    730) A “política dos governadores” foi um arranjo estabelecido entre o presidente Campos Sales (1898-1902) e os governadores e presidentes estaduais.

    • A) I, apenas.

    • B) I e II, apenas.

    • C) II e III, apenas.

    • D) I e III, apenas.

    • E) I, II e III.

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    A alternativa correta é letra B) I e II, apenas.

    Gabarito: Letra B

     

    Estão corretas apenas a I e II.

    Analisemos as alternativas:A

     

    I. Superar a crise política que caracterizou os primeiros governos da República, com base no comprometimento presidencial de não intervir em conflitos regionais, em troca da garantia do pleno controle do Executivo sobre o Congresso. (Correta)

     

    A política dos governadores superava a crise política dos primeiros governos da República (governos militares) ao estabelecer um sistema de alianças entre o governo federal e os governos estaduais, no qual em troca de apoio dos governos estaduais à presidência e especialmente aos seus candidados aos cargos políticos, o governo federal se comprometia a apoiar as oligarquias dominantes em cada Estado, evitando intervir em assuntos particulares a esses estados e concedendo verbas, empregos e favores aos seus aliados, numa rede de clientelismo que se repetia também a nível municipal.

    II. Minimizar a influência das oposições ao Governo federal, em troca da aliança entre este e as elites dominantes nos estados, estabelecendo um novo equilíbrio entre os poderes estadual e central. (Correta)

     

    A política dos governadores ou política dos estados buscava controlar a máquina eleitoral e minimizar a influência das oposições. A partir dela as oligarquias dominantes se mantiveram por longo tempo no poder e a oposição passou a ter dificuldade em se eleger já que as elites dominantes passaram a controlar o processo eleitoral e a sua verificação, que ocorria através da Comissão de Verificação de Poderes da Câmara Federal, controlada pelas elites dominantes e usada conforme os interesses desse grupo.

    III. Estabelecer um pacto federativo que possibilitasse superar a ordem oligárquica e patrimonialista, herança do Segundo Reinado, e inserir o Brasil na ordem política e econômica internacional. (Incorreta)

     

    A política dos governadores não buscava superar a ordem oligárquica e patrimonialista, e seu resultado direto foi justamente a intensificação dessa ordem, já que essa aliança contribuiu para que as oligarquias agrárias permanecessem no poder durante a maior parte da Primeira República.

     

    Referências:

     

    COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

     

    VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

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