Questões Sobre Primeira República - História - concurso
801) Leia o texto abaixo.
- A) os conflitos de uma sociedade em transição, que passava por mudanças na configuração da mão de obra e no cenário econômico, assim como intensa disputa entre as elites pelo controle do poder governamental.
- B) as mudanças sociais trazidas pela guerra contra o Paraguai, com a vitória brasileira fortalecendo a monarquia e ampliando o apoio ao imperador, inclusive entre setores populares.
- C) a intensa participação popular no golpe militar que marcou o final da monarquia e o início da república, bastante valorizada pelos intelectuais do período.
- D) as dinâmicas que caracterizaram esse período de transição, com as mudanças políticas acontecendo desvinculadas do cenário social e econômico.
A alternativa correta é letra A) os conflitos de uma sociedade em transição, que passava por mudanças na configuração da mão de obra e no cenário econômico, assim como intensa disputa entre as elites pelo controle do poder governamental.
Vamos analisar cada alternativa, para identificar a correta.
A) os conflitos de uma sociedade em transição, que passava por mudanças na configuração da mão de obra e no cenário econômico, assim como intensa disputa entre as elites pelo controle do poder governamental.
CORRETO. A passagem do texto literário de Arthur de Azevedo, "Vidas Alheias", retrata um momento de transição política no Brasil, do Império para a República. O personagem principal, o "velho Lima", parece desconhecer o acontecimento político, o que pode ser interpretado como uma representação da população brasileira, que em sua maioria, não participou ativamente do processo de mudança de regime. A retirada do retrato de D. Pedro II, a referência pejorativa ao imperador como "Pedro Banana" e a previsão do personagem de que em três anos o Brasil seria uma república, reforçam a ideia de um momento de transição e de conflito. Além disso, o período em questão foi marcado por mudanças na configuração da mão de obra, com o fim da escravidão, e no cenário econômico, com a ascensão do café como principal produto de exportação e a intensa disputa entre as elites pelo controle do poder governamental. Portanto, a alternativa está correta.
B) as mudanças sociais trazidas pela guerra contra o Paraguai, com a vitória brasileira fortalecendo a monarquia e ampliando o apoio ao imperador, inclusive entre setores populares.
INCORRETO. A guerra do Paraguai, apesar de ter trazido mudanças sociais e políticas para o Brasil, não é mencionada no trecho apresentado. Além disso, a vitória brasileira não fortaleceu a monarquia, pelo contrário, contribuiu para o seu enfraquecimento ao expor as fragilidades do sistema escravocrata, que ainda sustentava a economia brasileira. A alternativa está incorreta.
C) a intensa participação popular no golpe militar que marcou o final da monarquia e o início da república, bastante valorizada pelos intelectuais do período.
INCORRETO. O trecho do texto não indica uma intensa participação popular no golpe militar que marcou o final da monarquia e o início da república. Pelo contrário, o personagem principal, representativo de uma parcela da população, parece desconhecer o acontecimento político. A alternativa está incorreta.
D) as dinâmicas que caracterizaram esse período de transição, com as mudanças políticas acontecendo desvinculadas do cenário social e econômico.
INCORRETO. As mudanças políticas não aconteceram desvinculadas do cenário social e econômico. Como mencionado na alternativa A, o período foi marcado por mudanças na configuração da mão de obra, com o fim da escravidão, e no cenário econômico, com a ascensão do café como principal produto de exportação. Além disso, a intensa disputa entre as elites pelo controle do poder governamental também reflete as dinâmicas sociais e econômicas do período. A alternativa está incorreta.
Portanto, a alternativa correta é a LETRA A.
802) Leia o Texto II, para responder a questão a questão.
- A) um golpe militar.
- B) uma revolução popular.
- C) um levante provincial.
- D) uma mobilização civil.
- E) uma encenação de continuidade monárquica.
A alternativa correta é letra A) um golpe militar.
Gabarito: Letra A
Através do famoso texto do político Aristides Lobo deduzimos que os acontecimentos do dia 15 de novembro de 1889 se assemelharam mais a um desfile militar do que a uma mudança de regime.
As visões mais atuais da historiografia sobre a transição da monarquia para a República confirmam que a Proclamação da República foi de fato um golpe militar organizado por um pequeno grupo de oficiais do Exército, a chamada “mocidade militar” da Escola da Praia Vermelha, oficiais de patentes inferiores do Exército.
Para corroborar com a nossa resposta trouxemos a fala de Celso Castro:
“O golpe de 1889 foi um momento-chave no surgimento dos militares como protagonistas no cenário político brasileiro. (...) O golpe foi militar, em sua organização e execução. No entanto, ele foi fruto da ação de uma pequena e muito específica fração do Exército. Quase não houve participação da Marinha, nem de indivíduos na base da hierarquia militar. Também estiveram ausentes oficiais situados no topo da hierarquia. Dos generais, apenas Manuel Deodoro da Fonseca esteve presente. Os oficiais superiores podiam ser contados nos dedos, e o que mais se destacou entre eles não exercia posição de comando de tropa: o tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, professor de matemática na Escola Militar.
Quem foram, então, os militares que conspiram pela República e se dirigiram ao Campo de Santana na manhã do dia 15 de novembro de 1889 dispostos a derrubar o Império? Basicamente, um conjunto de oficiais de patentes inferiores do Exército (alferes-alunos, tenentes e capitães) que possuíam educação superior ou “científica” obtida durante o curso da Escola Militar, então localizada na Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Na linguagem da época, eles eram a “mocidade militar”.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: uma revolução popular.
O texto não permite deduzir que a Proclamação da República foi um movimento popular, mas que foi uma ação exclusiva dos militares.
Letra C: um levante provincial.
A Proclamação da República não foi um levante provincial tal como aqueles que ocorreram durante a Era das Regências.
Letra D: uma mobilização civil.
O texto não permite dizer que a Proclamação da República foi uma mobilização dos setores civis. Aristides Lobos menciona que a participação dos elementos civis foi quase nula, embora houvesse participação dos civis para movimentar os militares a organizar o golpe.
Letra E: uma encenação de continuidade monárquica
O texto não permite dizer que se tratou de uma continuidade monárquica, mas sim de uma encenação de uma parada militar.
Referências:
CASTRO, Celso. Proclamação da República. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/PROCLAMAÇÃO%20DA%20REPÚBLICA.pdf. Acesso: 14 jul. 2020.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: EdUSP, 1995.
803) A segunda Constituição brasileira estabeleceu o voto direto. No entanto, a grande maioria da população foi excluída das eleições porque:
- A) a Constituição de 1891 adotou o voto censitário. Assim, só eleitores com renda acima de 100 mil-réis poderiam votar, deixando a maioria da população sem acesso ao voto.
- B) os coronéis, querendo manter o controle político do país, ameaçavam e, em alguns casos, agrediam os eleitores que compareciam às urnas; Eram as "eleições do cacete".
- C) preocupado com a forte oposição popular a seu governo, o presidente Deodoro da Fonseca fixou um decreto que limitou a participação popular.
- D) a Constituição só considerava eleitores os cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, excluindo os analfabetos e também outras categorias. Com isso cerca de 80% da população não podia votar.
- E) as pessoas desiludidas com o sistema político vigente não se interessavam pelo comparecimento às urnas, pois sabiam que as eleições seriam fraudadas.
A alternativa correta é letra D) a Constituição só considerava eleitores os cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, excluindo os analfabetos e também outras categorias. Com isso cerca de 80% da população não podia votar.
Gabarito: Letra D
Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, a primeira Constituição Republicana seguia o modelo vigente nos Estados Unidos – o federalismo e a república liberal.
O regime político tornou-se presidencialista e estabeleceu-se a divisão dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário, todos independentes entre si. Os estados adquiriram as prerrogativas de constituir forças militares e estabelecer impostos. Oficializou-se a separação entre Estado e Igreja Católica.
A Constituição de 1891 estabeleceu ainda eleições diretas para todos os cargos dos poderes Legislativo e Executivo. A exigência de renda mínima para votar e ser votado (voto censitário), presente na Constituição Imperial, foi suprimida. Mas os mendigos, os analfabetos, os homens menores de 21 anos, os soldados, os religiosos e as mulheres, que representavam a maioria da população, estavam excluídos do direito de votar. Permanecia, dessa forma, um mecanismo de exclusão que limitava a participação popular nas decisões políticas e acabava por gerar o desinteresse de grande parte da população pelas questões políticas.
O voto era aberto, ou seja, os eleitores deviam revelar publicamente em que candidato votavam, o que permitia aos grandes fazendeiros, chefes políticos locais chamados de coronéis, pressioná-los na hora da votação e controlar suas escolhas, por vezes até mesmo pelo uso de capangas para ameaça-los.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: a Constituição de 1891 adotou o voto censitário. Assim, só eleitores com renda acima de 100 mil-réis poderiam votar, deixando a maioria da população sem acesso ao voto.
A Constituição de 1891 não adotou o voto censitário. O voto censitário foi adotado na primeira Constituição, promulgada em 1824, ainda no Império, e suprimido na Constituição de 1891.
Letra B: os coronéis, querendo manter o controle político do país, ameaçavam e, em alguns casos, agrediam os eleitores que compareciam às urnas; Eram as "eleições do cacete".
Os coronéis não impediam os eleitores de comparecerem as urnas, na verdade, os coronéis muitas vezes reuniam pessoas em certo lugar para receber as suas cédulas eleitorais já preenchidas, era o chamado “curral eleitoral”. A intenção dos coronéis era controlar o voto dos eleitores e não impedi-lo, por isso surgiu a expressão “voto de cabresto”. O termo "eleições do cacete" marcam as votações durante o Segundo Reinado.
Letra C: preocupado com a forte oposição popular a seu governo, o presidente Deodoro da Fonseca fixou um decreto que limitou a participação popular.
Eleito pelo Congresso Nacional em 1891 para o cargo de presidente, o primeiro da nova República brasileira, Deodoro teve dificuldades em governar devido a oposição política, vinda principalmente dos representantes dos cafeicultores paulista no Congresso Nacional. Não conseguindo lidar com a oposição parlamentar, Deodoro fechou o Congresso Nacional em novembro de 1891 e prendeu os seus principais líderes. Em nenhum momento houve a fixação de decreto limitando a participação popular.
Essa atitude de desrespeito à Constituição gerou uma forte contestação ao seu governo. Protestando contra o seu autoritarismo os trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil entraram em greve e membros da marinha, sob a liderança do almirante Custódio José de Melo, ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro (a Primeira Revolta da Armada).
Diante dessa crise e não sabendo lidar com a forte oposição, Deodoro renunciou à presidência em 23 de novembro de 1891.
Letra E: as pessoas desiludidas com o sistema político vigente não se interessavam pelo comparecimento às urnas, pois sabiam que as eleições seriam fraudadas.
O mecanismo de exclusão social, expresso na limitação do direito de voto a grande parcela da população, levou a um desinteresse, por parte dessa população excluída, pelas questões políticas. Mas quem possuía o direito ao voto, participava da rede de clientelismo dos “coronéis”, grandes fazendeiros que controlavam a política local. Esses eleitores votavam no candidato indicado pelo coronel local em troca de algum favor ou proteção. Os motivos mais comuns para o chamado voto de cabresto eram: obediência, lealdade ou gratidão ao coronel, e a busca de favores seja em dinheiro, animais, serviços médicos ou roupas.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
804) A passagem da monarquia à república envolveu a ação de classes, grupos profissionais e corporações diversificadas que, após um largo período de disputas, fizeram prevalecer a nova forma de governo no Brasil. Analisando o momento histórico em pauta, marque a única opção que contém somente atores sociais ou agentes políticos que contribuíram para a proclamação da forma republicana de governo.
- A) Cafeicultores paulistas, abolicionistas em geral e núcleos positivistas.
- B) Exército, cafeicultores paulistas e produtores de cana da Bahia.
- C) Exército, núcleos positivistas e cafeicultores de São Paulo.
- D) Comando da Guarda Nacional, milícias e cafeicultores do Rio de Janeiro.
- E) Cafeicultores paulistas, cúpula da Marinha e núcleos positivistas do Exército.
A alternativa correta é letra C) Exército, núcleos positivistas e cafeicultores de São Paulo.
Gabarito: ALTERNATIVA C
A passagem da monarquia à república envolveu a ação de classes, grupos profissionais e corporações diversificadas que, após um largo período de disputas, fizeram prevalecer a nova forma de governo no Brasil. Analisando o momento histórico em pauta, marque a única opção que contém somente atores sociais ou agentes políticos que contribuíram para a proclamação da forma republicana de governo.
- a) Cafeicultores paulistas, abolicionistas em geral e núcleos positivistas.
De fato, havia grande identificação entre a causa da Abolição e a república, uma vez que a monarquia e seu centro de poder estavam profundamente comprometidos com a escravidão. No entanto, com a Abolição de 1888 assinada pela princesa Isabel, houve uma cisão entre os abolicionistas, fazendo surgir uma seção interna que passava a defender a monarquia. Ou seja, não se pode generalizar a questão para todos os abolicionistas. Alternativa errada.
- b) Exército, cafeicultores paulistas e produtores de cana da Bahia.
A produção de açúcar no Nordeste brasileiro passou o século XIX em pleno declínio por conta da sua baixa produtividade e do aumento da concorrência internacional. Já na década de 1830, o café assumira o protagonismo econômico brasileiro, deslocando o eixo para o Sudeste. Assim, na década de 1880, já não havia grande força dos senhores de engenho dentro da cena política brasileira. Alternativa errada.
- c) Exército, núcleos positivistas e cafeicultores de São Paulo.
Algumas forças foram importantes para a configuração final da crise que levou à queda da monarquia brasileira em 1889. Por um lado, havia uma corrosão das elites tradicionais sem que as forças emergentes encontrassem o justo espaço político na corte brasileira. A ascensão econômica do Oeste paulista com a cafeicultura suplantara, já na década de 1870, as forças tradicionais do Vale do Paraíba, que compunham a elite política do país. Centralizada, a monarquia tinha grandes dificuldades em administrar as crescentes pressões por autonomia dessa nova elite, que via seus interesses sendo contrariados pelos decadentes cafeicultores fluminenses. Por outro lado, e este é o objeto do item, os quadros conceituais mudavam severamente no quarto final do século XIX, principalmente dentro das Forças Armadas. O positivismo, grande corrente filosófica europeia, encontrou grandes adeptos no Brasil, principalmente uma classe média urbana ilustrada e o oficialato do Exército. Dentro da compreensão positivista, a monarquia constitucional seria uma fase inferior do desenvolvimento do governo civil, que só poderia encontrar a máxima expressão da racionalidade e da burocratização profissional sob a forma de uma república. Para os positivistas, um Estado monárquico é dominado por fatores irracionais do poder, o que atrasaria o desenvolvimento das sociedades; ao passo que a república exige o melhor da racionalidade dos melhores homens, abrindo espaço para um forma definitiva e bem acabada do governo civil e da evolução humana. ALTERNATIVA CORRETA.
- d) Comando da Guarda Nacional, milícias e cafeicultores do Rio de Janeiro.
Os cafeicultores do Rio de Janeiro (concentrados no Vale do Paraíba) controlavam o centro do poder político durante o Segundo Reinado (1840-1889). Ou seja, a república viria para apeá-los do poder, e não para entronizá-los. Além disso, a Guarda Nacional não tinha um comando central, mas era composta por diversos núcleos locais controlados por chefes regionais, que receberam o título de coronéis da Guarda Nacional. Alternativa errada.
- e) Cafeicultores paulistas, cúpula da Marinha e núcleos positivistas do Exército.
A Marinha jamais se envolveu na conspiração republicana. Ainda que não tenha oferecido resistência de fato ao golpe de Estado deflagrado pelo Exército, a Marinha se manteve bastante reticente quanto aos desdobramentos de novembro de 1889. Além da lealdade com o Imperador, ela seria a arma mais prestigiada durante o Império, tendo grande destaque e investimentos, principalmente no Segundo Reinado. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
805) Julgue os itens a seguir sobre a República Velha (1889-1930) brasileira:
- A) I, III e IV apenas.
- B) II, III e IV apenas.
- C) I, II e IV apenas.
- D) I, II, III e IV.
A alternativa correta é letra C) I, II e IV apenas.
Gabarito: Letra C
As afirmativas corretas são I, II e IV.
Vamos conferir?
I. O primeiro governo da recém-instalada república apresentou um caráter provisório, ou seja, foi estabelecido para resolver os primeiros e mais urgentes problemas criados pela proclamação para dirigir o país até que pelo menos fosse redigida a Constituição. (Correta)
O primeiro governo da recém-instalada República foi instalado em 15 de novembro de 1889. De caráter provisório, esse governo, liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, dirigiu o país até a promulgação da Constituição, em 24 de fevereiro de 1891.
II. As primeiras manifestações de oposição a Floriano Peixoto apoiaram-se no argumento da inconstitucionalidade de seu governo iniciado com a renúncia de Deodoro da Fonseca. (Correta)
Após a promulgação da Constituição de 1891, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto foram eleitos, respectivamente, presidente e vice da República brasileira. Com a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca, em 23 de novembro de 1891, o marechal Floriano Peixoto assumiu o poder. Sua posse foi muito questionada, pois, de acordo com a Constituição, o vice só poderia completar o mandado do presidente caso esse tivesse cumprido pelo menos metade do seu período governamental, no caso, dois anos, e Deodoro havia renunciado após oito meses de governo. Assim, cabia a Floriano convocar imediatamente novas eleições para eleger outro presidente, o que não foi feito, gerando críticas e oposições ao seu governo.
III. A Guerra de Canudos ocorreu durante o governo de Rodrigues Alves, causando um grande conflito que envolveu a população sertaneja do interior do Nordeste, principalmente da Bahia. (Incorreta)
A Guerra de Canudos ocorreu entre 1896 e 1897, nesse período governava o Brasil o presidente Prudente de Morais (1894-1898), e não Rodrigues Alves, que governou o Brasil entre 1902 e 1906.
IV. Com o objetivo de controlar a presidência e, assim, defender seus interesses privados, as oligarquias paulista e mineira formalizaram uma aliança que previa a alternância dos dois estados no cargo máximo do executivo. (Correta)
A política do “Café com Leite” estabelecia o revezamento entre São Paulo e Minas Gerais na presidência da República. Nessa época São Paulo era o maior produtor de café do país e Minas Gerais era o segundo maior na produção de café e o maior na produção de leite, daí o nome do acordo entre esses dois estados que ficou conhecido como política do “café com leite”.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
806) Observe atentamente as afirmações a seguir, no que tangem ao regime federalista implantado no Brasil com a Constituição de 1891 e a alguns de seus desdobramentos:
- A) I é verdadeira e II é falsa.
- B) I é falsa e II é verdadeira.
- C) ambas são verdadeiras.
- D) ambas são falsas.
Resposta
A alternativa correta é letra C) ambas são verdadeiras.
Explicação
A Constituição de 1891 instituiu o federalismo no Brasil, transferindo para os estados a responsabilidade pelas questões de segurança pública. Cada estado, então, organizou seus próprios aparelhos de segurança, como afirma a assertiva I.
Já a assertiva II também é verdadeira, pois, embora o federalismo tenha descentralizado o poder, a prática política nas regiões mais distantes do país continuou a ser influenciada pelo Estado, que contava com o apoio do exército e dos aparatos estaduais.
Portanto, ambas as assertivas são verdadeiras, tornando a alternativa C) a resposta correta.
807) A passagem do Império para a República no Brasil foi relativamente tranquila, ao contrário dos primeiros anos sob o novo regime, quando diversos grupos disputavam o poder e divergiam sobre o projeto da República nascente. Com relação a esse tema, julgue o item subsecutivo.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
Gabarito: ERRADO
A passagem do Império para a República no Brasil foi relativamente tranquila, ao contrário dos primeiros anos sob o novo regime, quando diversos grupos disputavam o poder e divergiam sobre o projeto da República nascente. Com relação a esse tema, julgue o item subsecutivo.
- A primeira constituição republicana do Brasil teve cunho liberal, inspirada na constituição alemã.
A primeira Constituição republicana brasileira foi promulgada em 1891 sob a presidência de Deodoro da Fonseca. Naquele momento, no entanto, a Alemanha vivia seu período monárquico e o Império Alemão vivia as reformas centralizadoras do kaiser Guilherme II, figura impetuosa e pouco disposta às reflexões liberais. Portanto, além de não ser a Constituição alemã um texto liberal, era impossível que uma recém-formada república fosse buscar numa monarquia centralizadora o seu grande modelo. Em alguma medida, estava mais próxima à experiência constitucional americana, dado que a república do norte servia como grande exemplo ao nosso caso, assumindo o país o nome de Estados Unidos do Brasil.
Especificamente sobre a Constituição brasileira, há de se observar que o seu alcance liberal era bastante limitado. Dominada em grande medida pelos interesses oligárquicos que estiveram à frente da propaganda republicana, aquela constituinte tinha uma preocupação de reorganizar a vida política brasileira sem propriamente transformar a ordem socioeconômica. Isto é, as elites agrárias que estavam insatisfeitas com o jogo político da monarquia, de fato, pressionavam pela liberalização política para que os seus domínios estaduais fossem fortalecidos frente ao poder central. Ou seja, insistia-se na forma federalista e no robustecimento das liberdades dos entes federados. No entanto, em nenhum momento se quis aprofundar de fato as discussões sobre igualdade de direitos civis ou rever as marcas sociais deixadas pelas estruturas monárquicas. Numa forma de república sem democracia de fato e sem cidadania ampliada, o projeto republicano brasileiro comprometeu-se com as expressões mais reacionárias e limitou a liberalização ao redesenho do grande jogo político. Assim, item ERRADO.
808) Falar da vida privada das pessoas atrai público. Como jornalista de longa data, Laurentino Gomes conhecia bem esse fato, mas não poderia calcular aonde isso o levaria. Em 2007, nas vésperas de sua aposentadoria, ao lançar 1808, o primeiro volume da série que fecha agora com 1889, última e melhor narrativa da trilogia que percorre o período da chegada da Corte portuguesa até o governo Campos Salles, Gomes alcançou o feito inédito: manter por dois anos consecutivos um livro sobre a História do Brasil no topo dos mais vendidos do País.
- A) Benjamim Constant
- B) Floriano Peixoto
- C) Lauro Sodré
- D) Quintino Bocaiuva
- E) Rui Barbosa
A alternativa correta é letra A) Benjamim Constant
Gabarito: Letra A
A questão quer saber qual das alternativas traz o professor injustiçado citado no título do livro Vamos analisar as alternativas a fim de encontrar o gabarito.
a) Benjamim Constant
Correta. Benjamin Constant foi um dos principais líderes do golpe que derrubou a monarquia em 15 de novembro de 1889. Ele era professor da Escola Militar da Praia Vermelha e ao longo de sua carreira no magistério nunca alcançou cargos mais destacados. Apesar da boa reputação, Benjamin andava visivelmente frustrado pelas injustiças que lhe marcavam o caminho. Na carreira militar sentia-se estacionado, mal reconhecido, pois só conseguiu ser promovido a Tenente-Coronel em 1888 depois de 13 anos no posto de Major. Embora tivesse lutado no Paraguai, a promoção veio não por merecimento, mas por antiguidade. Como professor, ganhava mal e trabalhava muito. Para pagar suas contas era obrigado a acumular diversos empregos e fazer dívidas. As decepções na vida profissional o levaram a se distanciar do ambiente da Monarquia, onde via as portas se fecharem e a abraçar a causa republicana. Segundo Celso Castro, Constant ingressou na carreira militar por necessidades financeiras e esperava conseguir ascensão através do magistério, mas ao ver que o Império não o agraciava com titulações, decidiu participar do golpe contra o Império ao lado da mocidade militar, que eram os oficiais militares recém ingressos nas escolas militares.
b) Floriano Peixoto
Incorreta. Floriano Peixoto não seguiu carreira no magistério, fazendo toda a sua carreira como militar até atingir a patente de marechal. Uma curiosidade é que Floriano Peixoto foi um dos muitos alunos de Benjamin Constant.
c) Lauro Sodré
Incorreta. Lauro Sodré iniciou sua carreira como militar e depois se tornou docente de economia da Escola Superior de Guerra, mas não foi injustiçado como Benjamin Constant, um dos principais líderes da proclamação da República.
d) Quintino Bocaiuva
Incorreta. Foi um dos mais destacados jornalistas nas décadas de 1860 a 1880 e defensor da instalação da República no Brasil.
e) Rui Barbosa
Incorreta. É uma das figuras políticas de maior destaque no Brasil Republicano, tendo se candidatado várias vezes a presidência da República.
Referências:
CASTRO, Celso. A Proclamação da República. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2000.
FGV-CPDOC. Floriano Peixoto. Verbete. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/PEIXOTO,%20Floriano.pdf
FGV-CPDOC. Lauro Sodré. Verbete. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/SODR%C3%89,%20Lauro.pdf
FGV-CPDOC. Quintino Bocaiúva. Verbete. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/BOCAIUVA,%20Quintino.pdf
FGV-CPDOC. Rui Barbosa. Verbete. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/BARBOSA,%20Rui.pdf
809) Instaurado o regime republicano,existiam claramente três projetos de República para o Brasil de 1889. Sobre estes projetos políticos pode-se afirmar que
- A) a Igreja Católica aliou-se ao projeto dos militares positivistas, conseguindo com esse apoio que o catolicismo, possuidor do maior número de adeptos, continuasse como religião oficial do Estado brasileiro.
- B) os cafeicultores paulistas, na maioria contrários à República,planejavam a volta da monarquia que assumiria um caráter liberal, descentralizando o poder politico por meio do federalismo.
- C) para setores politizados da população urbana, que incluía a baixa classe média e grupos intelectualizados, a República deveria garantir as liberdades públicas e ampliar a participação popular nas decisões políticas.
- D) os militares defendiam a necessidade de um poder executivo forte, capaz de coordenar e impulsionar o progresso do Brasil, por isso, apoiavam o projeto desenvolvimentista dos cafeicultores paulistas.
- E) tanto o projeto da República positivista quanto o projeto da República liberal defendiam uma ampla participação popular no poder republicano,demonstrado posteriormente com o fim do voto censitário,na constituição de 1891.
A alternativa correta é letra C) para setores politizados da população urbana, que incluía a baixa classe média e grupos intelectualizados, a República deveria garantir as liberdades públicas e ampliar a participação popular nas decisões políticas.
Gabarito: Letra C
Após a Proclamação da República em 1889 é possível visualizar três projetos políticos principais que defendiam ideias diferentes de República:
- Projeto Liberal-Oligárquico
- Projeto Militar-Positivista
- Projeto Popular-Jacobino
O projeto político defendido pelos cafeicultores paulistas e o PRP, partido que reunia essa elite, defendia a autonomia dos estados nos moldes de uma República Liberal, portanto, defendiam o princípio do federalismo. Eram contrários ao projeto de uma república centralizadora que retirasse a autonomia dos demais entes federativos.
O projeto de uma república dentro da filosofia positivista baseava-se na condenação à monarquia, entendida como uma impedimento à evolução da humanidade. Para os positivistas, o progresso deveria ser alcançado a qualquer custo, dentro de uma ordem. O Estado seria o principal agente do progresso e para isso deveria ser forte, tendo os estados como seus subordinados. A filosofia positivista tinha forte aceitação dentro das fileiras do Exército, sobretudo, dos alunos da Escola da Praia Vermelha.
O projeto republicano inspirado no período em que os jacobinos estiveram no poder na França (1792-1794) era defendido por setores da população urbana, incluindo uma baixa classe média (pequenos comerciantes e funcionários públicos) e setores urbanos intelectualizados (profissionais liberais e jornalistas). Rejeitavam a monarquia, por seu imobilismo, por sua ligação com a escravidão, por impedir a participação da classe média baixa na vida política e defendiam a liberdade pública de reunião e discussão, de decidir coletivamente o destino do país.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: a Igreja Católica aliou-se ao projeto dos militares positivistas, conseguindo com esse apoio que o catolicismo, possuidor do maior número de adeptos, continuasse como religião oficial do Estado brasileiro.
A Constituição de 1891 garantiu a separação entre Estado e Igreja, portanto, o Estado brasileiro não teria mais o catolicismo como religião oficial.
Letra B: os cafeicultores paulistas, na maioria contrários à República,planejavam a volta da monarquia que assumiria um caráter liberal, descentralizando o poder politico por meio do federalismo.
Os cafeicultores paulistas não eram opositores da República, tanto que estavam nas fileiras do PRP (Partido Republicano Paulista). Defendiam que a República deveria ser no molde federalista e liberal, com a autonomia para os estados.
Letra D: os militares defendiam a necessidade de um poder executivo forte, capaz de coordenar e impulsionar o progresso do Brasil, por isso, apoiavam o projeto desenvolvimentista dos cafeicultores paulistas.
O projeto militar-positivista defendia um poder executivo forte, capaz de coordenar e impulsionar o progresso do Brasil. Não acreditavam em uma República federalista, projeto dos cafeicultores paulistas.
Letra E: tanto o projeto da República positivista quanto o projeto da República liberal defendiam uma ampla participação popular no poder republicano,demonstrado posteriormente com o fim do voto censitário,na constituição de 1891.
Nenhum dos dois projetos envolvia a participação popular, somente o projeto popular-jacobino preconizava a soberania popular.
Referência:
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997.
810) A proclamação da República não é um ato fortuito, nem obra do acaso, como chegaram a insinuar os monarquistas; não é tampouco o fruto inesperado de uma parada militar. Os militares não foram meros instrumentos dos civis, nem foi um ato de indisciplina que os levou a liderar o movimento da manhã de 15 de novembro, como tem sido dito às vezes. Alguns deles tinham sólidas convicções republicanas e já vinham conspirando há algum tempo […]. Imbuídos de ideias republicanas, estavam convencidos de que resolveriam os problemas brasileiros liquidando a Monarquia e instalando a República.
- A) da unidade dos militares, que agiram de forma coerente e constante na luta contra o poder civil que prevalecia durante o Império.
- B) da fragilidade do comando exercido pelo Imperador frente às rebeliões republicanas que agitaram o país nas últimas décadas do Império.
- C) de um projeto militar de assumir o comando do Estado brasileiro e implantar uma ditadura armada, afastando os civis da vida política.
- D) da disseminação de ideais republicanos e salvacionistas nos meios militares, que articularam a ação de derrubada da Monarquia.
- E) de uma conspiração de civis, que recorreram aos militares para derrubar a Monarquia e assumir o controle do Estado brasileiro.
Resposta
A alternativa correta é letra D) da disseminação de ideais republicanos e salvacionistas nos meios militares, que articularam a ação de derrubada da Monarquia.
O texto de Emília Viotti da Costa destaca que a proclamação da República não foi um ato fortuito, mas sim o resultado da disseminação de ideias republicanas entre os militares, que tinham convicções republicanas e vinham conspirando há algum tempo. Portanto, a opção D é a que melhor se adequa ao texto.