Logo do Site - Banco de Questões
Continua após a publicidade..

Segundo Roberto Ventura, existe muita diferença entre o que pensava Antônio Conselheiro e a versão que Euclides da Cunha fez dele e do movimento de Canudos. Escreveu Ventura que Euclides da Cunha percebia Conselheiro como um líder “guiado por forças obscuras e ancestrais e por maldições hereditárias, que o levaram à insanidade e ao conflito com a ordem” republicana. Viu Canudos como “desvio histórico capaz de ameaçar a linha reta republicana”. Contudo, os sermões do Conselheiro, recolhidos em dois volumes manuscritos a que Euclides não teve acesso, mostram um líder religioso muito diferente “do fanático místico ou do profeta milenarista retratado em Os sertões. Revelam um sertanejo letrado, capaz de exprimir, de forma articulada, suas concepções políticas e religiosas, que se vinculavam a um catolicismo tradicional, corrente na Igreja do século XIX”.

 

(Roberto Ventura. Canudos como cidade iletrada. Revista de Antropologia, n. 40, vol. 1, 1997, retirado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77011997000100006 acessado em 07 03 2016)

 

De acordo com esta nova interpretação de Ventura, o movimento de Canudos e seu líder lutavam pela criação de um local de

Resposta:

A alternativa correta é letra B) refúgio sagrado contra as secas e as leis seculares da República, como o casamento e o registro civil. Por essa razão, Canudos gerou conflitos com os proprietários de terras e com a Igreja Católica. Também serviu de pretexto à repressão aos grupos monarquistas, contribuindo para a implantação da política dos governadores, criada pelo presidente Campos Sales (1898-1902).

Gabarito: Letra B


Trata-se de uma questão que recorreu a um texto com um posicionamento do autor.

 

Segundo Ventura, Antônio Conselheiro criou o Arraial de Belo Monte como refúgio sagrado contra as secas da região e as leis seculares da República.

 

O autor entende que a Guerra de Canudos (1896-1897) ocorreu devido a uma série de conflitos que envolveram:

 
  • as facções oligárquicas na Bahia
  • a atuação da Igreja contra a atuação pouco ortodoxa dos beatos e pregadores
  • as pressões dos proprietários de terras contra a comunidade, cuja expansão trazia escassez de mão de obra e rompia o equilíbrio político da região. 
 

Além do mais, Canudos também foi o centro de disputas políticas a nível nacional, pois os dois principais grupos políticos republicanos (civis e militares) travaram batalhas ideológicas a respeito do povoado, de modo, que também podemos dizer que a guerra foi mobilizada pela opinião pública.

 

A guerra serviu de pretexto à repressão aos grupos monarquistas e aos setores jacobinos, tendo contribuído para a implantação da política dos governadores, criada pelo presidente Campos Sales (1898-1902), em que as lideranças civis de Minas Gerais e de São Paulo passaram a se alternar no poder. 

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: A população do Arraial era militarizada, mas para a proteção do próprio povoado, visto que já existiam hostilidades entre os coronéis vizinhos de Canudos. Portanto, as milícias de Canudos não se armaram para combater os políticos da capital, mas para se defender dos jagunços e capangas dos coronéis.

 

Letra C: Essa alternativa apresenta os seguintes erros: dizer que os jagunços e cangaceiros escondidos em Canudos buscavam uma melhor distribuição de renda, roubando dos fazendeiros e distribuindo entre os canudenses. Canudos vivia intensas relações comerciais com a vizinhança, vendendo couro e produtos artesanais. Além do mais, o Conselheiro não foi condenado à forca. Não se sabe exatamenre as causas da morte do Conselheiro. Atribui-se aos ferimentos causados por uma granada.

 

Letra D: O erro aqui é dizer que a população que chegava a Canudos era oriunda da região centro-sul, quando na verdade, recebia migrantes de outras áreas do sertão nordestino e de Minas Gerais.

 

Resposta baseada nas fontes:

 

GALVÃO, Walnice Nogueira. O Império do Belo Monte: vida e morte de Canudos. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001.

 

VENTURA, Roberto. Canudos como cidade iletrada: Euclides da Cunha na urbs monstruosa. Rev. Antropol.,  São Paulo ,  v. 40, n. 1, p. 165-181,    1997 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77011997000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso: 04 Jan.  2020.

Continua após a publicidade..

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *