Sobre a Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado e as Revoltas da Vacina e da Chibata, é correto afirmar que
- A) foram movimentos que pleiteavam a adoção do socialismo como sistema político e econômico, pondo fim ao poder de burgueses e latifundiários.
- B) foram eventos que mostraram como as revoltas sociais no campo e na cidade eram tratadas como casos de polícia durante a República Velha.
- C) foram movimentos organizados pelas elites agrárias para impedir que o governo republicano realizasse a divisão social da terra, o que daria origem ao seu poder.
- D) ocorreram devido à resistência da maior parte da população às transformações ocorridas no final do império, sobretudo o fim do sistema escravista.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) foram eventos que mostraram como as revoltas sociais no campo e na cidade eram tratadas como casos de polícia durante a República Velha.
Gabarito: ALTERNATIVA B
- Sobre a Guerra de Canudos, a Guerra do Contestado e as Revoltas da Vacina e da Chibata, é correto afirmar que
A Guerra de Canudos se desenrolou entre 1896 e 1897 no sertão baiano. Sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro, toda uma sociedade sertaneja levantou o arraial de Canudos no semiárido da Bahia logo nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930). Com um discurso profundamente marcado pela religião, Conselheiro dava um sentido maior àquela comunidade marcada pela seca e pelas iniquidades da região, identificando na República uma corrupção contra a ordem divina, esperando um restabelecimento mítico da ordem monárquica, o que revelaria um período novo àquela população. Entre o milagre da fé popular e a compreensão aguda das dificuldades da vida sertaneja, a vida em Canudos ecoava tanto uma forma de sebastianismo tropical quanto uma crítica social contundente. O positivismo da República e do Exército brasileiro interpretou aquela manifestação como um risco maior à ordem geral do país, optando pelo enfrentamento armado após o arraial mostrar resistência às ordens do governo regular.
A Guerra do Contestado (1912-1916) se desenrolou no interior dos estados de Santa Catarina e do Paraná durante os governos de Hermes da Fonseca e de Venceslau Brás. O conflito em si foi deflagrada pelo processo de desalojamento de grande número de famílias camponesas resultante da construção de uma estrada de ferro entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Sob a liderança do monge José Maria, essas famílias se organizaram sob um poderoso aparato religioso contra a República, identificando na nova forma de governo a raiz de todas as suas mazelas. A região do Oeste catarinense e paranaense vinha se transformando rapidamente com a expansão ferroviária e a instalação de madeireiras, alterando profundamente a vida daqueles camponeses. Ainda que não houvesse uma motivação política claramente organizada, todas as insatisfações se voltaram contra o símbolo da República.
Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. No entanto, ao fundo de todas essas medidas, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias.
Assim, observemos as alternativas propostas.
- a) foram movimentos que pleiteavam a adoção do socialismo como sistema político e econômico, pondo fim ao poder de burgueses e latifundiários.
Em primeiro lugar, as três revoltas acabariam derrotadas pelo poder central. Além disso, não havia nenhuma tonalidade socialista em nenhum dos movimentos. Alternativa errada.
- b) foram eventos que mostraram como as revoltas sociais no campo e na cidade eram tratadas como casos de polícia durante a República Velha.
As três revoltas foram duramente reprimidas pelas forças policiais sem qualquer margem de negociação pelo poder central da Primeira República. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) foram movimentos organizados pelas elites agrárias para impedir que o governo republicano realizasse a divisão social da terra, o que daria origem ao seu poder.
Os três movimentos foram de corte popular; ou seja, não faz sentido associar as elites agrárias aos movimentos em questão. Alternativa errada.
- d) ocorreram devido à resistência da maior parte da população às transformações ocorridas no final do império, sobretudo o fim do sistema escravista.
Foram movimentos que se levantaram contra a República e suas transformações. Ou seja, não faz sentido localizá-las ainda no final do Império. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
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