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Pereira Passos transformou a cidade bárbara em metrópole digna da civilização ocidental. Qual o homem do começo do século que, recordando os benefícios que então se espalhavam sob esta terra querida, não se lembra da frase que andou na boca do povo, pelas ruas, pelas casas, pelos cafés, nas saudações que se trocavam, no estribilho das canções e que dizia assim: O Rio civiliza-se? Civilizou-se o Rio.

(Luiz Edmundo. Rio de Janeiro do meu tempo. Rio de Janeiro: Conquista, 1957. In: História Antiga e Medieval: Reforma urbana de Pereira Passos. Disponível em: histantigamedieval.blogspot.com.)

A reforma urbana empreendida pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, no governo de Rodrigues Alves, contextualiza de certa forma:

Resposta:

A alternativa correta é letra C) A Revolta da Vacina quando o descontentamento popular já era patente e se acirrou ainda mais com a campanha da vacinação obrigatória.

Gabarito: ALTERNATIVA C

   

  
  • A reforma urbana empreendida pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, no governo de Rodrigues Alves, contextualiza de certa forma:

Em 1904, o Rio de Janeiro estava vivendo as suas grandes reformas urbanísticas e sanitárias sob o comando do prefeito Pereira Passos. Por um lado, havia o plano da modernização e do embelezamento à europeia de toda a capital da República, abrindo largas avenidas e transformando a arquitetura do Rio de Janeiro. Por outro, havia um esforço de sanitização urbana, combatendo doenças endêmicas e enfrentando grandes desafios de saneamento básico e de higienização. Ou seja, a modernização da capital federal, objetivada pelas reformas Pereira Passos, passava por um complexo de medidas bastante sofisticadas e com grande grau de impacto sobre a vida dos habitantes. Assim, observemos as alternativas propostas.

 
  • a)  O movimento Tenentista, que defendia, além dos interesses da classe, os direitos da classe média urbana.

O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira. Com os levantes armados de São Paulo (Revolta Paulista de 1924) e do Rio de Janeiro (Revolta dos 18 do Forte de 1922), o tenentismo, ainda que não tenha ameaçado de fato o governo central no campo de batalha, marcou uma posição importante na vida brasileira e abriu um ciclo de revoltas que marcaria a década de 1920. Entre 1925 e 1927, a Coluna Miguel Costa-Prestes percorreria todo o país sob esse horizonte positivista e com a vontade de superação do atraso estrutural brasileiro que era mantido pela República Velha. Desse caldo de cultura, Getúlio Vargas - claro herdeiro do positivismo gaúcho - disputaria as eleições presidenciais de 1930 com grandes chances de vitória após a cisão entre as oligarquias mineira e paulista. Sua candidatura contava com o apoio de elites descontentes com o governo central e dos dissidentes mineiros, que romperam com os paulistas após estes romperem os acordos de sucessão presidencial. Ou seja, trata-se de fenômeno muito posterior às reformas urbanas e sanitárias do Rio de Janeiro. Alternativa errada.

 
  • b)  A Revolta da Armada, quando a Marinha se viu preterida nos cargos de comando, outorgados num primeiro momento ao exército.

Ocorrida entre 1893 e 1894, a Revolta da Armada foi o levante de unidades da Marinha do Brasil contra o governo de Floriano Peixoto, que vinha tomando ares ditatoriais. Desprestigiada com a queda da monarquia, a Marinha olhava com muitas reservas o rumo da vida republicana brasileira sob o controle dos marechais e sob grande influência do Exército. Desde o fechamento do Parlamento por Deodoro da Fonseca em 1891, a possibilidade de o sonho republicano se converter numa ditadura militar era uma realidade gravíssima no país. As unidades rebeldes chegaram a bombardear fortes do Exército na costa fluminense, o que prenunciava uma guerra civil, que acabaria sendo debelada por Floriano Peixoto. Assim, trata-se de algo anterior ao período que se tem em tela no enunciado. Alternativa errada.

 
  • c)  A Revolta da Vacina quando o descontentamento popular já era patente e se acirrou ainda mais com a campanha da vacinação obrigatória.

Ao fundo de todas essas medidas das reformas Pereira Passos, estava uma série de políticas públicas de baixíssima sensibilidade social, fazendo com que as classes menos favorecidas sofressem parte significativa das perdas e das perseguições em meio às reformas. Para a abertura das novas avenidas no antigo centro carioca, foram demolidos prédios que serviam de cortiços aos mais pobres, bem como se perseguia abertamente o entretenimento popular em nome da moralidade pública da capital. Consequentemente, uma grande massa de desvalidos foi condenada à repressão policial e a um gravíssimo achatamento da qualidade de vida: excluídos para subúrbios distantes, vendo o custo de vida disparar e sentindo a criminalização do seu cotidiano. As insatisfações sociais com as reformas chegavam a patamares explosivos sem que fosse dada qualquer forma de atenção mais séria. Em 1904, sob a orientação de Oswaldo Cruz, seria lançada a vacinação obrigatória contra a varíola, doença endêmica que afetava gravemente a cidade. Sem nenhuma forma de comunicação efetiva com a população, a campanha foi lançada sobre os mais pobres com a rotineira violência policial, impondo a vacinação e abrindo espaço para toda sorte de hipóteses conspiratórias depois de tantos abusos contra essa mesma população. Temendo a vacinação, a população se amotinou num movimento espontâneo e altamente explosivo, levando a capital ao caos social por dias. AFIRMATIVA VERDADEIRA.

 
  • d)  A Greve Geral de 1917, que tinha como pano de fundo a emergência da luta proletária, incialmente no Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A alternativa faz referência à formação de um movimento operário brasileiro no início do século XX. À época, ainda que rarefeita, a industrialização já era uma realidade nas principais cidades do país, o que incluía São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Isso pressionava para a ampliação geral das cidades, surgindo bairros operários, novos comércios, novas dinâmicas e contradições, o que, de fato, criava um novo modo de vida para aqueles trabalhadores, submetidos aos mesmos problemas e dilemas. Além disso, a chegada de imigrantes europeus para trabalhar na indústria trazia consigo experiências de organização trabalhista europeia. Principalmente da Itália, viriam anarco-sindicalistas, socialistas e comunistas já com experiência na organização da classe trabalhadora. Esse processo se faria sentir de maneira flagrante em 1917, quando uma greve geral seria coordenada e eclodiria em diferentes cidades pressionando por melhores salários e melhores condições de vida. Mas, como se pode supor, trata-se de assunto posterior ao tema em tela, bem como a alternativa, erroneamente, exclui Recife como importante polo industrial da época. Alternativa errada.

 

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

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