Um tênue processo de industrialização teve início ainda no período monárquico. A República viu crescer a quantidade de empresas industriais em níveis ainda não registrados. Assinale a opção que contém a caracterização correta a respeito das condições das atividades industriais, das demais atividades econômicas e dos grupos sociais com elas envolvidos durante a Primeira República.
- A) O crescimento da indústria em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mesmo adquirindo grande importância para a economia nacional, não evitou que o café continuasse a ser a grande expressão econômica do período.
- B) O fator decisivo para que as atividades industriais superassem as atividades agrárias do café foi o deslocamento da mão de obra destas últimas para os parques industriais paulistas.
- C) Apesar da crescente influência política dos grupos de industriais sobre os governos, as atividades industriais não conseguiram hegemonizar a economia, pelo menos até a chamada Revolução de 1930.
- D) As grandes lutas políticas da década de 1920 foram o sintoma das divergências profundas entre os setores industriais e as camadas agrárias vinculadas ao café.
- E) O crescimento industrial, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, estabeleceu uma camada de industriais influentes e desvinculados politicamente das camadas agrárias, o que foi decisivo para que os governos passassem a adotar políticas de natureza protecionista.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) O crescimento da indústria em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mesmo adquirindo grande importância para a economia nacional, não evitou que o café continuasse a ser a grande expressão econômica do período.
Gabarito Letra A
O crescimento da indústria em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mesmo adquirindo grande importância para a economia nacional, não evitou que o café continuasse a ser a grande expressão econômica do período.
Durante a República, o processo de industrialização timidamente iniciado durante o período monárquico, começou a dar sinais de crescimento, quando os cafeicultores passaram a aplicar na indústria parte de seus lucros. Das pouco mais de 600 indústrias que existiam em 1889, com seus 54 mil trabalhadores, esse número passa para 13 mil indústrias e 275 mil operários em 1930. Isso sem contar as 233 usinas de açúcar e as 231 salinas que empregavam, respectivamente, 18 mil e 5 mil trabalhadores.
Esse avanço na industrialização transformou a organização política e econômica da sociedade brasileira, ampliando o setor urbano e dando-lhe maior importância e visibilidade. A concentração industrial esteve presente especialmente nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Ao final da Primeira República aumentou-se não somente a capacidade industrial do país, com a renda do setor industrial superando pela primeira vez, em 1928, a renda da agricultura. Contudo, a cafeicultura permaneceu sendo a principal e mais dinâmica atividade econômica do período republicano, em torno dela se desenvolviam todas as demais atividades: sistema de transportes, construção de estradas, ferroviais e portos, atividades industriais etc. Não à toa, quando a economia agroexportadora cafeeira entrou em crise, toda a sociedade brasileira sentiu os efeitos dela.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: O fator decisivo para que as atividades industriais superassem as atividades agrárias do café foi o deslocamento da mão de obra destas últimas para os parques industriais paulistas.
Não ocorreu durante a Primeira República uma superação das atividades da agricultura cafeeira pelas atividades industriais.
Letra C: Apesar da crescente influência política dos grupos de industriais sobre os governos, as atividades industriais não conseguiram hegemonizar a economia, pelo menos até a chamada Revolução de 1930.
Durante a Primeira República quem possuía influência política sobre os governos eram os grupos ligados à economia agrária, especialmente, aquela destinada à exportação, e não grupos de industriais.
Letra D: As grandes lutas políticas da década de 1920 foram o sintoma das divergências profundas entre os setores industriais e as camadas agrárias vinculadas ao café.
As grandes lutas políticas da década de 1920 foram resultados das divergências entre as camadas agrárias ligadas ao café e os setores médios urbanos e militares, vinculados ao tenentismo, descontentes com o tradicional sistema oligárquico que dominava a política brasileira. O tenentismo tinha o apoio de grande parte da classe média suburbana, dos produtores rurais que não participavam do grupo à frente do poder e de alguns empresários da indústria.
Letra E: O crescimento industrial, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, estabeleceu uma camada de industriais influentes e desvinculados politicamente das camadas agrárias, o que foi decisivo para que os governos passassem a adotar políticas de natureza protecionista.
O crescimento industrial brasileiro esteve vinculado às camadas agrárias. Foram os cafeicultores que passaram a aplicar na indústria parte de seus lucros, logo, não formou-se no Brasil, após a Primeira Guerra, uma camada de industriais influentes e desvinculados politicamente das camadas agrárias.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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