No que se refere ao “milagre econômico” do Brasil (1968-1973), assinale a alternativa correta.
- A) A diminuição da dependência externa do Brasil durante o “milagre econômico” resultou em políticas econômicas protecionistas, as quais provocaram desequilíbrios no balanço de pagamento brasileiro na década seguinte.
- B) A primeira crise do petróleo limitou as elevadas taxas de crescimento da economia brasileira, principalmente porque o Brasil cortou relações diplomáticas com países árabes e passou a investir na diversificação de sua matriz energética.
- C) Durante o “milagre econômico”, a taxa de crescimento da economia brasileira em torno de 11% ao ano foi marcada pela queda da inflação e pelos superavits crescentes no balanço de pagamentos.
- D) A política monetária proposta pelo então ministro Delfim Neto e a expansão do crédito para o setor privado pouco contribuíram com o “milagre econômico”.
- E) Se, por um lado, o “milagre econômico” foi acompanhado pelo aumento do endividamento externo, por outro, os investimentos externos direitos (IEDs) para o Brasil diminuíram, principalmente aqueles provenientes da Europa ocidental.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) Durante o “milagre econômico”, a taxa de crescimento da economia brasileira em torno de 11% ao ano foi marcada pela queda da inflação e pelos superavits crescentes no balanço de pagamentos.
Gabarito: ALTERNATIVA C
No que se refere ao “milagre econômico” do Brasil (1968-1973), assinale a alternativa correta.
- a) A diminuição da dependência externa do Brasil durante o “milagre econômico” resultou em políticas econômicas protecionistas, as quais provocaram desequilíbrios no balanço de pagamento brasileiro na década seguinte.
A alternativa não tem o menor sentido. O milagre brasileiro estava inserido no esforço nacional-desenvolvimentista, que tinha por base os grandes investimentos públicos para induzir a acelerar o processo de industrialização. Em grande medida, o milagre brasileiro foi feito com o endividamento internacional brasileiro em nome da manutenção da capacidade de gasto do governo e da ampliação dos investimentos públicos. Além disso, havia um longo esforço para a consolidação da indústria de transformação brasileira ao mesmo tempo em que eram preparados passos fundamentais de implantação da indústria de base de saltos tecnológicos para as décadas seguintes. Nesse período, por exemplo, foram planejadas grandes obras de infraestrutura, bem como foram consolidados investimentos como o parque federal de universidades e vários institutos de pesquisa pelo país. Além disso, a elevação de barreiras comerciais era uma estratégia importante para garantir a demanda doméstica para a conformação da indústria nascente, além de evitar comprometer divisas internacionais com importações que não fossem de bens de capital. Alternativa errada.
- b) A primeira crise do petróleo limitou as elevadas taxas de crescimento da economia brasileira, principalmente porque o Brasil cortou relações diplomáticas com países árabes e passou a investir na diversificação de sua matriz energética.
Observemos aqui que o assunto trata do Primeiro Choque do Petróleo, decorrente da Guerra do Yom Kippur (1973). A crise no Oriente Médio foi a chave para uma escalada geral dos custos da energia, principalmente em decorrência do embargo promovido pelos países árabes da OPEP contra os mercados ocidentais desenvolvidos pelo o apoio desses países à existência de Israel. Naquele início da década de 1970, ficava bastante claro que a energia seria um gargalo crudelíssimo para o desenvolvimento brasileiro e para a estabilidade ocidental como um todo. A vulnerabilidade nacional decorrente da dependência do petróleo, provado estava, poderia ter custos catastróficos: o boicote elevara o preço do barril de petróleo em 300% em poucas semanas, saltando de três para doze dólares por barril. No entanto, é completamente equivocado se falar que o Brasil rompeu relações com os países árabes do Oriente Médio, já que manteve as importações de petróleo, mas essas estavam severamente afetadas pelos cortes de oferta, e não por crises dentro da política externa brasileira. Ainda que tenha começado a gestar possibilidades de substituição dos combustíveis fósseis, o que desaguaria no desenvolvimento do álcool combustível; temos de observar que o enfrentamento imediato ao Primeiro Choque do Petróleo foi o endividamento internacional brasileiro para sustentar o ritmo de crescimento e os investimentos. Alternativa errada.
- c) Durante o “milagre econômico”, a taxa de crescimento da economia brasileira em torno de 11% ao ano foi marcada pela queda da inflação e pelos superavits crescentes no balanço de pagamentos.
No período em que se concentra o chamado "Milagre brasileiro", a balança comercial do país registrou resultados negativos em 1971 (US$ 344 milhões) e 1973 (US$ 241 milhões). No entanto, os números das exportações cresceram vertiginosamente, saindo de US$2.311 milhões em 1969 e atingindo US$ 6.199 milhões em 1973. Sobre este ponto, há de se observar que a política monetária expansionista dos EUA e os baixos juros internacionais aqueciam de maneira importante o comércio internacional; bem como a produção industrial brasileira passou a ser exportada em maior volume. Quanto às importações, o esforço nacional-desenvolvimentista em torno das grandes obras de infraestrutura e da transição entre indústrias de bens de consumo para indústrias de base também alavancaria os gastos com importações: US$1.993 milhões em 1969 para US$6.192 milhões em 1973. Ainda que tendência da balança comercial não fosse tão positiva, o balanço de pagamentos entre 1968 e 1973 registro superávits sustentados, saltando de US$97 milhões no início da série para US$2.380 milhões ao final. Sobre as taxas de crescimento do PIB, observemos que elas flutuaram entre 9,8% e 14% ao ano, ritmo de desenvolvimento raro naquele momento da economia mundial. ALTERNATIVA CORRETA.
- d) A política monetária proposta pelo então ministro Delfim Neto e a expansão do crédito para o setor privado pouco contribuíram com o “milagre econômico”.
Ainda que tenha ocorrido uma importante ampliação do investimento privado na economia brasileira, seja com a poupança doméstica seja com a chegada e a ampliação de multinacionais; não se pode relativizar a centralidade do gasto público e da orientação estatal neste momento do desenvolvimentismo brasileiro. O regime militar arrogou ao Estado a responsabilidade de orientar e viabilizar o desenvolvimento, tomando para si tanto funções empresariais - como a ampliação da telefonia pelo país - quanto os grandes investimentos em infraestrutura. Isto é, a ampliação do crédito público e dos gastos do governo foram fundamentais para o esforço realizado à época do milagre econômico, fazendo da capacidade empreendedora do Estado um dos alicerces fundamentais daquela política econômica. Alternativa errada.
- e) Se, por um lado, o “milagre econômico” foi acompanhado pelo aumento do endividamento externo, por outro, os investimentos externos direitos (IEDs) para o Brasil diminuíram, principalmente aqueles provenientes da Europa ocidental.
Ainda que houvesse um vetor nacionalista no modelo do milagre econômico, observemos que alguns grandes investimentos privados só eram possíveis com a conexão com o cenário internacional, principalmente multinacionais para a industrialização de grande escala. Por exemplo, a indústria automobilística foi expandida, fundamentalmente, com o aumento do número de empresas multinacionais se instalando no país - ou seja, com a expansão dos investimentos externos diretos. O endividamento, por sua vez, disparou no período em decorrência da expansão dos gastos governamentais; entre 1968 e 1973, a dívida externa bruta do país saltou quatro bilhões de dólares para cerca de quinze bilhões de dólares. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
Deixe um comentário