Questões Sobre Renascimento Científico, Artístico e Cultural - História - concurso

O processo contra Galileu Galilei pela Inquisição de Roma em 1632 representa um marco na história do conflito entre ciência e religião. Sua obra, Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo, defendia o modelo heliocêntrico de Copérnico, contrariando a visão geocêntrica sustentada pela Igreja Católica. A condenação de Galileu não se limitou a uma simples advertência, mas exigiu sua abjuração formal, proibindo-o de ensinar ou divulgar a teoria copernicana. Essa medida refletia o esforço da Igreja em manter sua autoridade doutrinária em um período de intensas transformações intelectuais.

A alternativa correta, C), destaca justamente esse aspecto central do julgamento: a ordem para que Galileu renegasse publicamente suas ideias e cessasse sua propagação. A Inquisição via no heliocentrismo uma ameaça à interpretação literal das Escrituras e à estrutura cosmológica tradicional. Embora outras opções mencionem elementos históricos relevantes – como o Index Librorum Prohibitorum ou as tensões pós-Reforma –, apenas a alternativa C) capta com precisão a natureza específica da sentença imposta a Galileu, que simbolizou por séculos os desafios da liberdade científica frente ao dogmatismo religioso.

O Renascimento Cultural, movimento que floresceu na Itália durante o século XIV, marcou uma profunda transformação na sociedade europeia ao reviver os ideais clássicos da Grécia e Roma. Esse período, frequentemente descrito como uma era "gloriosa", representou uma ruptura com a estagnação intelectual da Idade Média, promovendo uma nova atmosfera artística e filosófica centrada no humanismo e no desenvolvimento urbano.

A resposta correta para a questão apresentada é a alternativa C) Renascimento cultural, pois este termo abrange de maneira mais ampla as mudanças ocorridas não apenas na literatura, mas também nas artes plásticas, ciências e filosofia. Diferentemente das outras opções, que se limitam a aspectos específicos ou contextos históricos incorretos (como o bizantino ou o barroco), o Renascimento Cultural sintetiza o espírito de renovação que caracterizou esse período.

Esse movimento não foi apenas um "renascimento literário" (opção B) ou um "movimento intelectual" isolado (opção A), mas uma revolução cultural que influenciou todas as esferas da vida europeia, lançando as bases para a modernidade. Sua ênfase no potencial humano e na recuperação do conhecimento antigo distingue-o claramente de outras correntes históricas mencionadas nas alternativas incorretas.

"El ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha" é uma obra-prima de Miguel de Cervantes que reflete o espírito de seu tempo. Publicada em 1605, a história do cavaleiro sonhador Don Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança transcende o entretenimento para se tornar uma crítica mordaz aos valores medievais e uma celebração do humanismo renascentista.

O Renascimento Cultural, movimento que se espalhou pela Europa entre os séculos XIV e XVI, trouxe consigo uma nova forma de ver o mundo. A obra de Cervantes incorpora perfeitamente esse espírito ao questionar tradições ultrapassadas e valorizar o indivíduo em sua complexidade psicológica. Através da paródia aos romances de cavalaria, Cervantes constrói uma narrativa que equilibra humor e profundidade filosófica, característica marcante do pensamento renascentista.

Enquanto o Tomismo (A) representava o pensamento escolástico medieval, o Arcadismo (B) foi um movimento posterior do século XVIII. O Mercantilismo (C) refere-se a práticas econômicas e a Reforma Protestante (D) foi um movimento religioso. Apenas o Renascimento Cultural (E) explica adequadamente o contexto intelectual que influenciou Cervantes a criar sua obra inovadora, marcando a transição para a modernidade literária.

Leonardo da Vinci, um dos maiores expoentes do Renascimento, via a pintura não apenas como uma forma de representação, mas como uma manifestação suprema da capacidade humana de capturar e recriar a essência do universo. Sua visão reflete os ideais humanistas que floresceram durante o período, os quais colocavam o ser humano e suas potencialidades no centro do pensamento artístico e filosófico.

A pintura, para Da Vinci, era uma ferramenta poderosa para explorar a natureza e a imaginação, alinhando-se perfeitamente com os valores humanistas. Esses pensadores valorizavam a expressão individual, o estudo da Antiguidade Clássica e a busca pelo conhecimento em todas as suas formas. A arte, portanto, não era apenas um ofício, mas um meio de elevação intelectual e espiritual.

Dessa forma, a alternativa correta é C) os humanistas, pois a pintura, na visão de Da Vinci e de seus contemporâneos, tornou-se um veículo fundamental para a expressão dos ideais humanistas, que celebravam a criatividade, a observação da natureza e a dignidade do homem como criador.

O excerto apresentado aborda um tema recorrente no teatro inglês do final da Renascença: a impotência humana diante de um destino absurdo. Essa perspectiva, embora nem sempre represente a visão pessoal dos autores, reflete um sentimento amplamente difundido na cultura da época, conforme destacado por Delumeau. Dentre os grandes nomes do período, William Shakespeare se destaca como o principal dramaturgo a explorar essa temática em suas obras.

Shakespeare, cuja produção se estendeu entre o final do século XVI e início do XVII, é amplamente reconhecido como o maior expoente do teatro elisabetano. Suas tragédias, como "Hamlet", "Macbeth" e "Rei Lear", retratam de maneira profunda a luta do homem contra forças que transcendem seu controle, seja o destino, a ambição desmedida ou as contradições da natureza humana. Essas obras ecoam precisamente a sensação de impotência mencionada no texto.

As outras opções apresentadas não correspondem ao contexto histórico e literário em questão. Maquiavel foi um pensador político italiano do início do Renascimento, Lord Byron um poeta romântico do século XIX e Edgar Allan Poe um escritor norte-americano do século XIX, especializado em contos góticos. Portanto, a alternativa correta é efetivamente William Shakespeare, o grande mestre do teatro renascentista inglês cuja obra permanece como testemunho fundamental da visão de mundo de seu tempo.

O Renascimento, movimento cultural e intelectual que floresceu entre os séculos XIII e XIV na Itália e se expandiu pela Europa nos séculos seguintes, representou uma ruptura com os valores medievais e o surgimento de uma nova visão de mundo. Suas características principais, conforme indicado na alternativa correta (A), incluíam a valorização da razão, o antropocentrismo, o universalismo e a busca da perfeição artística.

Diferente das concepções teocêntricas da Idade Média, o Renascimento colocou o ser humano no centro das reflexões filosóficas e artísticas. Essa mudança de perspectiva, conhecida como antropocentrismo, foi fundamental para o desenvolvimento de novas formas de pensar e criar. Artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo buscaram representar a figura humana com realismo e harmonia, enquanto pensadores como Pico della Mirandola defendiam a dignidade e o potencial do homem.

Além disso, o Renascimento promoveu o uso da razão e do raciocínio lógico como ferramentas para compreender o mundo, influenciando áreas como a ciência, a política e a filosofia. O universalismo, outra marca desse período, se manifestou na crença de que certos valores e conhecimentos transcendiam fronteiras culturais e temporais, levando a um resgate crítico da cultura clássica greco-romana.

As demais alternativas apresentam características que não correspondem ao espírito renascentista. O movimento não estava ligado ao misticismo ou à superstição (B), nem ao relativismo cultural ou teocentrismo (C). Também não se caracterizou pelo apego a tradições germânicas (D) ou pela perseguição religiosa (E), mas sim por uma abertura ao novo e pela valorização do potencial humano.

Leonardo da Vinci é frequentemente celebrado como um dos maiores expoentes do Renascimento, período marcado por profundas transformações culturais, científicas e artísticas na Europa. Sua obra multifacetada, que abrange desde a pintura até a engenharia, reflete o espírito inquisitivo e humanista que caracterizou essa era. O Renascimento foi um movimento que resgatou os valores da Antiguidade Clássica, ao mesmo tempo em que promoveu novas formas de pensar e explorar o mundo. O Humanismo, por sua vez, colocou o ser humano no centro das reflexões, valorizando sua capacidade criativa e racional.

A alternativa correta, portanto, é a letra A) Renascimento e Humanismo, pois esses termos sintetizam o contexto histórico e filosófico no qual Da Vinci se destacou. Enquanto o Renascimento representou a ruptura com a mentalidade medieval, o Humanismo forneceu as bases intelectuais para essa renovação. As outras opções apresentam movimentos ou períodos que não correspondem ao legado de Da Vinci: o Classicismo e o Maneirismo são estilos posteriores, o Hermetismo e o Existencialismo são correntes filosóficas distintas, e o Feudalismo e o Barroquismo estão temporal ou conceitualmente distantes da obra do gênio italiano.

Assim, a genialidade de Leonardo da Vinci só pode ser plenamente compreendida quando associada ao Renascimento e ao Humanismo, movimentos que moldaram sua visão de mundo e permitiram que suas invenções e obras de arte transcendessem seu tempo, tornando-se símbolos eternos da criatividade humana.

A Renascença foi um período marcante na história europeia, caracterizado por profundas transformações culturais, artísticas e científicas. Como mencionado no trecho de Delumeau, houve uma mudança significativa na percepção das imagens religiosas, que deixaram de ser exclusivamente vinculadas ao sagrado para adentrar o campo da arte. Esse movimento, iniciado na Itália entre os séculos XIV e XVI, representou uma ruptura com os valores medievais, valorizando o humanismo, a razão e a redescoberta da cultura clássica.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a A), pois a Renascença de fato impulsionou uma intensificação nas produções artísticas e científicas. Grandes nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Galileu Galilei emergiram nesse contexto, contribuindo para avanços tanto nas artes quanto nas ciências. A valorização da observação e da experimentação, aliada ao desenvolvimento de novas técnicas artísticas, como a perspectiva, demonstram esse florescimento criativo e intelectual.

Embora a razão tenha ganhado espaço (como sugerido na alternativa B)), ela não era o único foco, já que a Renascença também celebrava a beleza e a expressão individual. As opções C) e D) estão incorretas, pois o romantismo surgiria apenas séculos depois, e o estudo de temas místicos, embora presente, não definiu o período. A Renascença consolidou, assim, uma nova visão de mundo, integrando conhecimentos que pavimentaram o caminho para a modernidade.

No trecho citado de Os Lusíadas, Luís de Camões estabelece um paralelo entre as conquistas marítimas e territoriais dos gregos e romanos e as realizações dos navegadores portugueses. Ao mencionar figuras como o "sábio Grego" (Ulisses) e o "Troiano" (Eneias), além de Alexandre e Trajano, o poeta sugere que as façanhas lusitanas superam até mesmo as dos grandes impérios da Antiguidade. Essa abordagem reflete um traço marcante do pensamento renascentista, que buscava inspiração nos valores políticos, culturais e heroicos da antiguidade clássica.

A resposta correta para a questão apresentada é a alternativa C), pois a intelectualidade europeia do Renascimento via na Grécia e Roma antigas modelos a serem emulados e superados. Camões, ao exaltar o "peito ilustre Lusitano", não apenas se alinha a essa tradição, mas também eleva Portugal ao mesmo patamar — ou até acima — das civilizações clássicas. Essa postura era comum entre os humanistas, que reinterpretavam o legado antigo para glorificar as conquistas de seu tempo.

Assim, o poema de Camões não apenas celebra a expansão marítima portuguesa, mas também a insere em um diálogo com a história e a mitologia clássicas, demonstrando como o Renascimento via na Antiguidade um espelho para suas próprias ambições e realizações.

O trecho apresentado destaca a profunda influência da antiguidade clássica na formação do pensamento ocidental moderno, evidenciando como grandes nomes da ciência e da arte europeia foram moldados por esse legado. A opção correta, A, aponta para a construção de uma memória em torno da antiguidade clássica, associada a pretensões políticas, culturais e científicas do Ocidente moderno.

O autor Norberto Guariniello demonstra que a recuperação do passado antigo não foi um mero exercício de erudição, mas sim um processo ativo que contribuiu para transformações profundas na sociedade. A antiguidade tornou-se um referencial essencial para justificar inovações e revoluções em diversos campos, desde a política até a ciência, consolidando-se como parte integrante da identidade ocidental.

As demais alternativas, embora tangenciem aspectos relevantes do texto, não capturam com precisão a ideia central apresentada. A alternativa B desvia o foco para questões econômicas, enquanto C e D limitam-se a aspectos específicos (literatura/arte e diversidade intelectual), sem abranger a amplitude da influência da antiguidade na modernidade, como destacado pelo autor.

Portanto, a alternativa A é a que melhor sintetiza a relação estabelecida no texto entre a reconstrução da memória antiga e seu papel na formação do mundo ocidental moderno, abrangendo suas dimensões políticas, culturais e científicas.