Questões Sobre Renascimento Científico, Artístico e Cultural - História - concurso

O relato do magistrado sobre a morte de Richard Hun na Torre de Londres, em 1515, apresenta um cenário intrigante. A descrição detalhada do corpo, com expressão calma, cabelo penteado e ausência de sinais de sofrimento, contrasta com a conclusão de que Hun teria sido assassinado antes de ser suspenso. Esse raciocínio baseia-se em evidências concretas, como o pescoço partido e a perda de sangue, indicando uma análise lógica e dedutiva por parte dos investigadores.

O documento revela a emergência e difusão do raciocínio dedutivo no Renascimento (alternativa B). Durante esse período, houve uma valorização crescente da observação empírica e da lógica para interpretar fenômenos, inclusive em investigações judiciais. O texto demonstra como os magistrados não se limitaram a aceitar a aparência inicial de suicídio, mas buscaram evidências que contradiziam essa hipótese, aplicando um método dedutivo para chegar a uma conclusão mais plausível.

Embora outras alternativas possam ser parcialmente relacionadas ao contexto histórico, como a influência medieval (E) ou o pensamento aristotélico-escolástico (D), o relato em questão destaca principalmente a capacidade de análise crítica e dedutiva, característica do Renascimento. A independência do judiciário (A) e o tratamento prisional romano (C) não são os focos centrais do documento, que prioriza o processo investigativo baseado em evidências.

O excerto de Leonardo da Vinci presente no Tratado da Pintura reflete claramente o humanismo renascentista, que exalta a razão e a observação como ferramentas para compreender o mundo. A afirmação I está correta, pois o texto destaca o olho como instrumento de conhecimento, capaz de explorar a astronomia, a matemática e as artes, alinhando-se ao racionalismo e à valorização da perspectiva típicos do Renascimento.

Quanto à afirmação II, ela descreve com precisão o funcionamento do cristalino no olho humano. Quando alongado, focaliza objetos distantes na retina, e quando arredondado, ajusta-se para objetos próximos, mantendo a nitidez da visão. Essa explicação anatômica está cientificamente correta.

Já a afirmação III contém um erro: na miopia, a imagem de um objeto distante forma-se antes da retina, não depois. A correção, de fato, utiliza lentes divergentes, mas a descrição do defeito está equivocada.

Portanto, apenas as afirmações I e II estão corretas, correspondendo à alternativa B).

O humanismo renascentista representou uma ruptura significativa com a mentalidade medieval, marcada pelo teocentrismo, e trouxe o ser humano para o centro das reflexões filosóficas, artísticas e científicas. Como aponta a citação de Collingwood, essa corrente de pensamento destacou a importância das ações humanas como realizações dignas de serem registradas e celebradas. Nesse contexto, a alternativa correta é a letra E), pois o humanismo renascentista buscou inspiração nos ideais clássicos da Antiguidade greco-romana, revalorizando a condição humana e seu potencial criativo.

As demais alternativas apresentam equívocos em relação ao período. A letra A) está incorreta porque o humanismo não se inspirou na cultura medieval, mas sim na Antiguidade clássica, opondo-se ao pensamento medieval. A letra B) é falsa, pois o humanismo rompeu com a ideia de que as ações humanas eram meras expressões da vontade divina, defendendo a autonomia do homem. A letra C) também está errada, uma vez que o teocentrismo era característico da Idade Média, e não uma oposição ao antropocentrismo. Por fim, a letra D) é anacrônica, já que o humanismo renascentista não estava ligado a ideias socialistas, movimento que só surgiria séculos depois.

Portanto, o humanismo, ao recuperar os valores clássicos, colocou o ser humano como protagonista de sua própria história, inaugurando uma nova visão de mundo que influenciaria profundamente a cultura ocidental.

O texto apresentado aborda o período do Renascimento, destacando a maneira inovadora como os humanistas dos séculos XV e XVI integraram diferentes áreas do conhecimento, como magia, ciência, poesia e filosofia, em um contexto marcado por transformações religiosas e demandas práticas da sociedade.

Analisando as alternativas:

A) Esta afirmação está incorreta, pois o pensamento humanista não implicava a rejeição total da existência de Deus. Pelo contrário, muitos humanistas buscavam conciliar a fé com o estudo da natureza e do ser humano, sem necessariamente abandonar a religiosidade.

B) Esta alternativa também é equivocada. A mistura de conhecimentos de origens diversas não levou a um obscurantismo, mas sim a uma renovação intelectual e cultural. O Renascimento foi um período de avanços, e não de retrocesso, como sugere a opção.

C) Esta é a alternativa correta. O Renascimento foi marcado pela retomada dos ideais da Antiguidade Clássica, especialmente nas artes, como pintura, arquitetura e escultura. Os humanistas buscaram inspiração nos modelos greco-romanos, combinando-os com as inovações de sua época.

D) Esta afirmação contém um erro histórico. A Contrarreforma não defendia a fé protestante, mas sim era uma reação da Igreja Católica às Reformas Protestantes, buscando reafirmar os dogmas católicos e combater a disseminação do protestantismo.

Portanto, a alternativa C é a única que reflete corretamente as transformações artísticas e políticas do Renascimento, especialmente no que diz respeito à influência da Antiguidade Clássica nas artes plásticas.

O texto apresentado, extraído da obra de Nicolau Sevcenko, aborda uma das características fundamentais do humanismo renascentista. O autor enfatiza a valorização do potencial humano, destacando a capacidade do homem de expandir suas forças, criar, produzir e transformar o mundo de acordo com sua vontade e interesse. Essa perspectiva coloca o ser humano no centro das preocupações filosóficas e culturais, caracterizando o antropocentrismo.

O antropocentrismo, representado pela alternativa C), é uma das marcas do pensamento humanista do Renascimento. Diferentemente do teocentrismo medieval, que colocava Deus como o centro do universo, o antropocentrismo eleva o homem à posição de protagonista, capaz de agir sobre o mundo e moldá-lo conforme suas aspirações. Essa visão está alinhada com a citação de Sevcenko, que ressalta o "divino" presente no homem não como uma submissão à vontade de Deus, mas como uma expressão do potencial criativo e transformador humano.

As outras alternativas não correspondem ao trecho citado. O cientificismo (A), embora tenha ganhado força no período, refere-se à valorização do método científico. O igualitarismo (B) não é uma característica central do humanismo renascentista, que muitas vezes mantinha distinções sociais. O materialismo (D) e o messianismo (E) também não se aplicam, pois o texto não aborda questões econômicas ou religiosas de salvação, mas sim a exaltação da ação humana.

Portanto, a resposta correta é C) Antropocentrismo, pois o texto evidencia a centralidade do homem como agente transformador, princípio fundamental do humanismo renascentista.

Apenas uma das afirmativas sobre o Renascimento é verdadeira. Assinale-a.

• A) No plano da literatura, o Renascimento foi um movimento eminentemente italiano.
• B) Leonardo da Vinci pode ser considerado uma das maiores expressões da escultura e da pintura renascentistas.
• C) Essencialmente, não se verificava grande preocupação em produzir obras literárias em línguas que não fossem o latim.
• D) Uma das grandes inovações de A Divina Comédia, de Dante Alighieri, foi o fato de ter sido escrita em um idioma vulgar, o toscano.
• E) Entre os fatores mais decisivos para a emergência do Renascimento estavam a centralização política e a prosperidade comercial da Península Itálica.

O gabarito correto é D.

A literatura renascentista, como expressão do humanismo, desempenhou um papel fundamental na crítica aos valores medievais, promovendo uma nova visão de mundo centrada no ser humano e na razão. Entre os principais alvos de sua sátira e combate estavam:

• A cavalaria: O ideal cavaleiresco, baseado em códigos de honra e guerras medievais, foi frequentemente ridicularizado por sua rigidez e desconexão com a realidade em transformação.
• A hierarquia da nobreza: A estrutura social feudal, que privilegiava o nascimento em detrimento do mérito, foi questionada pela valorização do indivíduo e de suas capacidades intelectuais.
• A moral da Igreja: O dogmatismo religioso e as práticas clericais foram alvos de críticas, especialmente em obras que defendiam uma espiritualidade mais pessoal e menos institucionalizada.

Esses elementos, destacados na alternativa A), representam os principais focos de contestação da literatura renascentista, que buscava romper com o pensamento medieval e inaugurar uma era marcada pelo antropocentrismo e pela liberdade de pensamento.

O termo "etnocentrismo" refere-se à tendência de interpretar e avaliar outras culturas a partir dos valores e padrões da própria cultura, considerando-a superior. No contexto do conhecimento histórico, essa abordagem implica analisar os eventos e sociedades sob a perspectiva de um grupo étnico dominante, que se coloca como referência central e modelo a ser seguido.

A alternativa correta é a D) "interpretação da história sob o ponto de vista de uma etnia considerada dominante e superior", pois essa definição captura a essência do etnocentrismo como viés histórico. As demais opções não refletem adequadamente o conceito:

• A) Foca apenas no estudo de uma etnia, mas não aborda a questão da superioridade.
• B) Trata da composição étnica sem mencionar a hierarquização cultural.
• C) Limita-se aos povos primitivos, sem considerar o aspecto de dominação cultural.
• E) Aborda distribuição demográfica, que é distinta da questão etnocêntrica.

O etnocentrismo histórico tem sido criticado por distorcer a compreensão das sociedades, pois desconsidera a pluralidade de perspectivas e impõe uma visão unilateral dos processos históricos. Essa abordagem frequentemente marginaliza ou inferioriza outras culturas que não se enquadram nos padrões do grupo dominante.

O conhecimento, desde os primórdios da filosofia, tem sido uma busca constante do ser humano para compreender o mundo e sua própria existência. Na Grécia Antiga, os filósofos buscavam respostas para questões fundamentais sobre a realidade, como o ser e o não ser, a permanência e a mudança, sem fragmentar o saber em áreas isoladas. O pensamento era holístico, abrangendo a totalidade das coisas.

Com o advento da Idade Média, o foco do conhecimento deslocou-se para a tentativa de conciliar fé e razão, uma vez que a religião cristã dominava o pensamento ocidental. A filosofia medieval dedicou-se a harmonizar os preceitos da revelação divina com a lógica racional, criando sistemas complexos como o tomismo.

O Renascimento, porém, trouxe uma transformação radical nessa perspectiva. A alternativa correta (D) aponta para três mudanças fundamentais desse período: a separação entre fé e razão, o antropocentrismo e o interesse pelo saber ativo. Essa ruptura marcou o início da ciência moderna e do humanismo, colocando o ser humano no centro das investigações e valorizando o conhecimento prático e empírico.

A escolha correta reflete a essência do pensamento renascentista, que rompeu com a tradição medieval ao estabelecer uma clara distinção entre o domínio da fé e o campo da razão, privilegiando a capacidade humana de investigar e transformar o mundo através do conhecimento.

O conceito de "Revolução Científica" refere-se às transformações profundas no pensamento científico que ocorreram entre os séculos XVI e XVIII, marcando a transição da visão medieval para a ciência moderna. Esse período foi caracterizado por novas abordagens metodológicas, como o empirismo e a matematização da natureza, além de descobertas que desafiaram dogmas estabelecidos.

Entre as opções apresentadas, a alternativa correta é a E), que combina dois marcos fundamentais desse período:

• A teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico, publicada em 1543 no livro "Das Revoluções das Esferas Celestes", que substituiu o modelo geocêntrico de Ptolomeu, colocando o Sol no centro do sistema planetário.
• A lei da gravitação universal de Isaac Newton, formulada no século XVII, que unificou a compreensão dos movimentos celestes e terrestres sob uma única lei física, consolidando a mecânica clássica.

Essas contribuições representam pilares da Revolução Científica: Copérnico iniciou a ruptura com a cosmologia tradicional, enquanto Newton sintetizou as descobertas anteriores em um sistema coerente que orientou a ciência nos séculos seguintes.

As demais alternativas mencionam descobertas importantes, mas pertencem a períodos distintos: Darwin e Mendeleev (século XIX), Maxwell e Mendel (século XIX), Ptolomeu e Pitágoras (Antiguidade), Demócrito e Hipócrates (Antiguidade grega).