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Questões Sobre República Autoritária: 1964- 1984 - História - concurso

Questão 71

José Honório Rodrigues, em A pesquisa histórica no Brasil (1969), mencionou o autor da História geral das bandeiras paulistas, da História do café no Brasil e de muitos outros títulos sobre São Paulo, enaltecendo tanto sua capacidade de esgotar as fontes primordiais e a bibliografia da história local quanto a iniciativa de editar documentos de interesse para o estudo do passado paulista. Referia-se a

  • A)Caio Prado Júnior.
  • B)Sérgio Buarque de Holanda.
  • C)Afonso d'Escragnolle Taunay.
  • D)Pedro Taques de Almeida Pais Leme.
  • E)Alfredo Ellis Júnior.
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A alternativa correta é C)

José Honório Rodrigues, em sua obra A pesquisa histórica no Brasil (1969), destacou a contribuição de um importante historiador paulista, conhecido por suas obras fundamentais, como História geral das bandeiras paulistas e História do café no Brasil. Esse autor não apenas se dedicou a explorar minuciosamente as fontes primárias e a bibliografia relacionada à história de São Paulo, mas também teve a iniciativa de organizar e publicar documentos essenciais para o estudo do passado paulista.

Entre as alternativas apresentadas, a correta é:

  • C) Afonso d'Escragnolle Taunay

Taunay foi um dos grandes nomes da historiografia brasileira, especialmente dedicado à preservação e divulgação da memória paulista. Sua obra abrange desde os bandeirantes até a economia cafeeira, consolidando-se como referência indispensável para quem estuda a história de São Paulo e do Brasil.

Questão 72

São características do modelo político do período da Ditadura no Brasil, EXCETO:

  • A)O Regime político baseado na centralização do poder.
  • B)O movimento Tenentista, levando as camadas médias a se identificarem com os tenentes, uma vez que estes almejavam uma efetiva participação política.
  • C)O fortalecimento do poder Executivo que, exercido pelos militares e aliados civis, se outorgou plenos poderes
  • D)A censura dos meios de comunicação e a criação da Lei de Imprensa e Lei de Segurança Nacional.
  • E)O controle dos sindicatos e entidades classistas.
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A alternativa correta é B)

São características do modelo político do período da Ditadura no Brasil, EXCETO:

  • A) O Regime político baseado na centralização do poder.
  • B) O movimento Tenentista, levando as camadas médias a se identificarem com os tenentes, uma vez que estes almejavam uma efetiva participação política.
  • C) O fortalecimento do poder Executivo que, exercido pelos militares e aliados civis, se outorgou plenos poderes.
  • D) A censura dos meios de comunicação e a criação da Lei de Imprensa e Lei de Segurança Nacional.
  • E) O controle dos sindicatos e entidades classistas.

O gabarito correto é B), pois o movimento Tenentista ocorreu na década de 1920, antecedendo a Ditadura Militar (1964-1985), e não está relacionado ao regime autoritário implantado em 1964. As demais alternativas descrevem características marcantes do período ditatorial, como a centralização do poder, o fortalecimento do Executivo, a censura e o controle sobre organizações sociais.

Questão 73

A colonização do Brasil assentou-se, fundamentalmente, no latifúndio, na monocultura e no trabalho escravo. Proclamada a independência, não houve efetiva ruptura com o passado colonial. A abolição da escravidão, por exemplo, somente se deu em fins do século XIX, ainda assim inconclusa. A República Velha, nascida de um golpe de Estado, representou o domínio das oligarquias, com forte exclusão social e processos políticos viciados. A Revolução de 1930 inaugurou a Era Vargas e o início da modernização do país. Depois da ditadura do Estado Novo, o país iniciou o processo de aprendizado democrático em meio a crises agudas, que culminaram com o golpe de 1964. Após 21 anos de regime militar, restaurou-se a democracia, cujo grande marco definidor é a Constituição de 1988.

Considerando as informações acima e os aspectos significativos da História do Brasil, julgue os itens

Durante todo o regime militar, a economia brasileira retrocedeu, não chegando a conhecer momentos de expansão considerável.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é E)

A afirmação de que a economia brasileira retrocedeu durante todo o regime militar, sem conhecer momentos de expansão considerável, é incorreta. O período da ditadura militar no Brasil (1964-1985) foi marcado por fases distintas de crescimento econômico, especialmente durante o chamado "Milagre Econômico" (1968-1973), quando o país registrou taxas elevadas de crescimento do PIB, impulsionado por investimentos em infraestrutura, industrialização e endividamento externo.

Embora o regime tenha enfrentado crises posteriores, como a crise do petróleo na década de 1970 e o aumento da inflação, é incorreto afirmar que a economia retrocedeu durante todo o período. Portanto, a alternativa correta é E) ERRADO.

Questão 74

A colonização do Brasil assentou-se, fundamentalmente, no latifúndio, na monocultura e no trabalho escravo. Proclamada a independência, não houve efetiva ruptura com o passado colonial. A abolição da escravidão, por exemplo, somente se deu em fins do século XIX, ainda assim inconclusa. A República Velha, nascida de um golpe de Estado, representou o domínio das oligarquias, com forte exclusão social e processos políticos viciados. A Revolução de 1930 inaugurou a Era Vargas e o início da modernização do país. Depois da ditadura do Estado Novo, o país iniciou o processo de aprendizado democrático em meio a crises agudas, que culminaram com o golpe de 1964. Após 21 anos de regime militar, restaurou-se a democracia, cujo grande marco definidor é a Constituição de 1988.

Considerando as informações acima e os aspectos significativos da História do Brasil, julgue os itens



Durante o regime militar, os presidentes eram eleitos indiretamente.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

A colonização do Brasil foi marcada por estruturas econômicas e sociais que deixaram marcas profundas na formação do país. O latifúndio, a monocultura e a escravidão foram pilares desse processo, consolidando desigualdades que persistiram mesmo após a independência. A abolição da escravatura, tardia e incompleta, não rompeu com as heranças coloniais, mantendo uma sociedade profundamente estratificada.

A República Velha reforçou o poder das oligarquias, com um sistema político excludente e centralizado. A Revolução de 1930 trouxe mudanças significativas, iniciando um processo de modernização sob o comando de Getúlio Vargas. No entanto, a democracia ainda era frágil, como demonstrou o Estado Novo e, posteriormente, o golpe militar de 1964.

Durante o regime militar (1964-1985), os presidentes não eram escolhidos por eleições diretas, mas sim por meio de um sistema indireto, controlado pelo próprio aparato militar e por setores aliados. Essa característica reforçava o caráter autoritário do período, limitando a participação popular e concentrando o poder nas mãos de uma elite política e militar.

Portanto, a afirmação de que os presidentes eram eleitos indiretamente durante o regime militar está correta, refletindo uma das principais características desse período autoritário da história brasileira.

Questão 75

A colonização do Brasil assentou-se, fundamentalmente, no latifúndio, na monocultura e no trabalho escravo. Proclamada a independência, não houve efetiva ruptura com o passado colonial. A abolição da escravidão, por exemplo, somente se deu em fins do século XIX, ainda assim inconclusa. A República Velha, nascida de um golpe de Estado, representou o domínio das oligarquias, com forte exclusão social e processos políticos viciados. A Revolução de 1930 inaugurou a Era Vargas e o início da modernização do país. Depois da ditadura do Estado Novo, o país iniciou o processo de aprendizado democrático em meio a crises agudas, que culminaram com o golpe de 1964. Após 21 anos de regime militar, restaurou-se a democracia, cujo grande marco definidor é a Constituição de 1988.

Considerando as informações acima e os aspectos significativos da História do Brasil, julgue os itens

O regime militar iniciado em 1964 impediu que políticos nordestinos, como os cearenses, assumissem cargos de projeção nacional.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é E)

O regime militar iniciado em 1964 é frequentemente associado à centralização do poder e à supressão de diversas lideranças políticas regionais. No entanto, a afirmação de que políticos nordestinos, como os cearenses, foram impedidos de assumir cargos de projeção nacional não corresponde integralmente à realidade histórica.

Durante o regime militar, embora houvesse um controle rígido sobre a política nacional, figuras nordestinas continuaram a ocupar espaços significativos. Um exemplo emblemático é o do cearense César Cals, que foi governador do Ceará durante o regime e posteriormente ministro de Minas e Energia no governo Geisel. Além disso, outros políticos nordestinos mantiveram influência em âmbito federal, seja através de cargos no Congresso ou em posições estratégicas dentro da estrutura militar.

Portanto, a afirmação está incorreta, pois o regime militar não excluiu sistematicamente os políticos nordestinos de cargos nacionais. A dinâmica política da época envolvia alianças complexas e a cooptação de elites regionais, o que permitiu a manutenção de certas lideranças locais no cenário nacional.

Questão 76

Com o advento da República, a política externa
brasileira voltou-se para uma deliberada aproximação com
os EUA, país que reconhecera, quase que de imediato, o
novo regime político do Brasil. Isso não significou que
houvessem sido abandonadas as ligações com a Europa,
especialmente com a Grã-Bretanha, marca registrada das
relações exteriores durante o Império. Mas articulavam-se,
com o barão do Rio Branco à frente do ministério, as novas
bases de uma identidade continental, que garantiria um
alinhamento do Brasil com os EUA, mantido, apenas com
pequenas alterações, até o presente.

Maria Lígia Prado. Davi e Golias: as relações entre Brasil e Estados Unidos no século XX.
In: Carlos Guilherme Mota (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000)
– a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 326 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando
a inserção internacional do Brasil ao longo do período
republicano, julgue os itens subseqüentes.

Enquanto os primeiros governos do regime militar instaurado em 1964 faziam nítida opção pelo alinhamento com Washington, na provável busca de um relacionamento especial e privilegiado com a grande potência ocidental, sob Geisel o regime reorienta a ação diplomática do Brasil. Esgrimindo um pragmatismo responsável, o Brasil aproxima-se de outros importantes centros capitalistas – de que decorre, por exemplo, o acordo nuclear com a Alemanha – e implementa significativa política para o continente africano – que teria no rápido reconhecimento de Angola uma de suas cargas mais simbólicas.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

Com o advento da República, a política externa brasileira passou por transformações significativas, marcadas inicialmente por uma aproximação deliberada com os Estados Unidos. Essa relação, consolidada sob a liderança do Barão do Rio Branco, estabeleceu as bases de um alinhamento que perdurou, com pequenas variações, ao longo do século XX. No entanto, a política externa brasileira não se limitou a essa parceria, mantendo também laços importantes com a Europa, especialmente com a Grã-Bretanha, herança do período imperial.

O texto destaca ainda uma mudança significativa durante o regime militar, iniciado em 1964. Enquanto os primeiros governos militares adotaram um claro alinhamento com Washington, buscando um relacionamento privilegiado com os EUA, o governo Geisel (1974-1979) promoveu uma reorientação diplomática. Sob a bandeira do "pragmatismo responsável", o Brasil diversificou suas parcerias, aproximando-se de outros centros capitalistas, como evidenciado pelo acordo nuclear com a Alemanha. Além disso, o país implementou uma política ativa para a África, simbolizada pelo rápido reconhecimento da independência de Angola em 1975.

Essa análise corrobora a afirmação de que, embora o alinhamento com os EUA tenha sido uma constante na política externa brasileira, houve momentos de reorientação estratégica, como no governo Geisel, quando o Brasil buscou ampliar suas relações internacionais de forma mais autônoma e diversificada. Portanto, a alternativa C) CERTO está correta.

Questão 77

Nossa aventura histórica é singular. Por isso e por realizar-se
nos trópicos, ela é inteiramente nova. Se nossas classes dominantes se
revelam infecundas, o mesmo não se passa com o povo, no seu
processo de autocriação. E é com essa vantagem de sermos mestiços,
que vamos chegar ao futuro.
Foi, aliás, em busca do futuro que passamos todo um século a
indagar quem somos, e o que queremos ser, e a projetar imagens de
nós mesmos, espelho contra espelho. A cada sístole e a cada diástole
desses cem anos corresponderam visões otimistas e pessimistas,
barrocas e contidas, esperançosas e desalentadas. Pois cada momento
– o da Belle Époque, o da Revolução de 30, o do Estado Novo, o da
redemocratização, o do dia seguinte ao suicídio de Getúlio Vargas, o
do desenvolvimentismo dos anos 50, o do regime militar e o da
segunda redemocratização – refez o retrato do Brasil. Mudou, ao
longo do tempo, a linguagem com que nos descrevemos. E mudou
também o país acerca do qual se dissertava. Lidos um após outro, os
nossos evangelistas soam dissonantes, mas, juntos, se corrigem ou
polifonicamente se completam.

Alberto da Costa e Silva. Quem fomos nós no século XX: as grandes interpretações do
Brasil. In: Carlos Guilherme Mota (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira
(1500-2000) – a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 38, (com adaptações).

A partir da análise contida no texto apresentado e considerando
aspectos significativos da trajetória republicana brasileira, julgue os
itens que se seguem.

Ao falar em sístole e diástole ao longo da república brasileira, o autor reitera o ponto de vista, hoje majoritário na historiografia, da linearidade do processo histórico vivido pelo país ao longo do século XX. Momentos de crise, ainda que agudos em determinadas circunstâncias, não foram suficientes para alterar um quadro geral de continuidade que levou o Brasil a apresentar no fim do século XX uma fisionomia bastante próxima da que tinha nas primeiras décadas republicanas.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é E)

O texto de Alberto da Costa e Silva apresenta uma visão dinâmica e complexa da história brasileira ao longo do século XX, destacando as múltiplas interpretações e transformações que moldaram o país. Ao utilizar a metáfora da "sístole e diástole", o autor enfatiza os ciclos de contração e expansão, otimismo e pessimismo, que caracterizaram esse período, em vez de sugerir uma linearidade histórica.

A afirmação de que o autor reitera a ideia de linearidade no processo histórico brasileiro é equivocada. Pelo contrário, o texto ressalta justamente as rupturas, as reinvenções e as diferentes visões que surgiram em cada momento, desde a Belle Époque até a segunda redemocratização. Essas fases representam mudanças significativas na autopercepção nacional e na própria realidade do país, não uma continuidade inalterada.

Além disso, a ideia de que o Brasil manteve uma "fisionomia bastante próxima" entre o início e o final do século XX contradiz o próprio conteúdo do texto, que destaca como cada período "refez o retrato do Brasil" e como "mudou também o país acerca do qual se dissertava". A metáfora cardíaca usada pelo autor serve justamente para ilustrar esses movimentos pulsantes e não lineares da história brasileira.

Portanto, a alternativa correta é E) ERRADO, pois o texto não sustenta a visão de linearidade histórica, mas sim a de um processo complexo, cheio de contradições e transformações profundas ao longo do século XX republicano.

Questão 78

Com a queda da monarquia, em 1889, ainda que
preservada a dominação oligárquica, o novo regime acaba
beneficiando-se dos efeitos modernizadores, decorrentes da abolição
da escravatura (1888), sobre o desenvolvimento da economia
cafeeira que se dinamiza com a introdução do trabalho livre e de
imigrantes europeus. Com a Primeira República, extingue-se o
sistema censitário, mas os analfabetos são excluídos totalmente do
direito de voto.

As primeiras pressões democratizantes buscando alterar a
ordem liberal excludente se desencadeiam apenas na década de 20,
quando se inicia a crise da República Velha, que, com a Revolução
de 1930, submerge no centro de suas próprias contradições. As
insurreições sucessivas dos tenentes e a Coluna Prestes permitem,
mais tarde, que a Aliança Liberal, com a Revolução de 1930,
transcenda à mera disputa regionalista e se transforme em um
projeto nacional que busca legitimidade nas camadas médias urbanas,
superando os limites ideológicos das oligarquias dissidentes.
Essas aspirações crescentes do Brasil urbano serão, em parte,
frustradas, após 1930, pela conjugação de duas tendências
antiliberais – o estatismo crescente e o pensamento autoritário. A
radicalização político-ideológica dos anos críticos, entre 1934 e
1938, solapa o consenso revolucionário e produz efeitos perversos.
Na república populista, após o Estado Novo de Vargas, persiste o
mesmo padrão dominante da lógica liberal e da práxis autoritária. A
estruturação partidária de 1945 a 1966 foi dominada pela
hegemonia dos partidos conservadores.

Hélgio Trindade . Brasil em perspectiva: conservadorismo liberal e democracia
bloqueada. In: Carlos Guilherme Mota (Org.). Viagem incompleta: a experiência
brasileira (1500-2000) – a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 357-64
( c o m a d a p t a ç õ e s ) .

A partir do texto acima, j u lgue os itens que se seguem, relativos
à evolução histórica do Brasil republicano.

A rup t ura institucional de 1964 foi bem mais que mero golpe militar. Ela representou a vitória – e a conquista do Estado – de um dos projetos para o paí s q u e estavam em jogo, de forma ideologicamente polarizada, e specialmente ao longo do governo João Goulart. Impondo a derrota da difusa proposta reformista conduzida pelo presidente, o novo bloco de poder colocou em marcha um proces s o d e modernização conservadora do Brasil, assentada s o b re o autoritarismo político.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

O texto apresentado oferece uma análise crítica sobre a evolução histórica do Brasil republicano, destacando os momentos de transição e as contradições inerentes ao processo político do país. A ruptura institucional de 1964 é descrita não como um simples golpe militar, mas como a consolidação de um projeto político-ideológico que polarizou o cenário nacional, especialmente durante o governo de João Goulart.

De acordo com a perspectiva apresentada, o movimento de 1964 representou a vitória de um bloco de poder que buscou implementar uma modernização conservadora, baseada no autoritarismo político. Esse projeto se contrapôs às propostas reformistas difusas conduzidas por Goulart, marcando uma derrota para as forças que buscavam transformações sociais mais profundas.

O texto também ressalta que, desde a Primeira República, o Brasil enfrentou uma dinâmica de exclusão política, mesmo com a extinção do sistema censitário. As tentativas de democratização, como as revoltas tenentistas e a Coluna Prestes, não foram suficientes para superar as estruturas oligárquicas e autoritárias que persistiram ao longo do tempo.

Portanto, a afirmação de que a ruptura de 1964 foi mais do que um mero golpe militar, representando a vitória de um projeto político específico, está correta e alinhada com a análise histórica apresentada no texto.

Questão 79

Cinco paradigmas históricos foram identificados na História
da Política Exterior do Brasil, de Amado Cervo e Clodoaldo Bueno,
correspondendo cada um deles a uma periodização, com a qual se
procurou inserir a con ju ntura nas estruturas históricas e articular
micro- e macro-história para se obter uma interpretação categorial e
sistemática da evolução da política exterior do Brasil nos últimos dois
séculos. Assim foram apresentados por Cervo e Bueno: a) o das
concessões sem barganha da época da independência
(1808-1828), pelo qual se sacrificou o interesse nacional sob
múltiplos aspectos, com efeitos nefastos sobre a formação nacional
até meados da década de 40 do século XIX; b) o da leitura
complexa do interesse nacional, aliado à determinação de preservar
o exercício soberano da vont ade nacional (1844-1889); c) a
diplomacia da agroexportação e dos grandes alinhamentos com que
a República, que subordinaria o serviço da diplomacia aos interesses
do segmento interno socialmente hegemônico, particularmente
plantadores e exportadores de café (1889-1930); d) o modelo de
política exterior do nacional-desenvolvimentismo que acoplou,
finalmente, a face extern a da política às demandas do moderno
desenvolvimento, dos anos 30 à década de 80 do século XX;
e) a dança dos três paradigmas disponíveis simultaneamente, no
tempo mais recente da política externa do Brasil (os anos 90 e o
início do novo século): o da sobrevivência limitada do nacionaldesenvolvimentismo,
o da expansão do liberalismo desenfreado e do
Estado logístico, que equilibra os dois anteriores.

José Flávio Sombra Saraiva. Um percurso acadêmico modelar: Amado Luiz
Cervo e a afirmação da historiografia das relações internacionais no Brasil.
Apud: Estevão Chaves de Rezende Martins (Org.). Relações internacionais:
visões do Brasil e da América Latina. Br asília: IBRI, 2003, p. 27 (com
a d a p t a ç õ e s ) .

Tend o o texto acima como referência inicial, julgue os itens
subseqü en t es , relativos à política internacional e à inserção
histórica do Brasil no cenário mundial.






O regime militar instaurado em 1964 reorientou a política externa brasileira, distinguindo-a profundamente daquela que a precedeu imediatamente. Daí, o alinhamento automático com a diplomacia norte-americana, p rocedimento que não sofreu variações significativas ao longo do período

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é E)

O texto apresentado estabelece cinco paradigmas históricos na política exterior do Brasil, conforme a análise de Amado Cervo e Clodoaldo Bueno. Esses paradigmas refletem diferentes fases e estratégias adotadas pelo país ao longo de dois séculos, desde a independência até o início do século XXI. Cada período é marcado por características específicas que moldaram a inserção do Brasil no cenário internacional.

Em relação ao regime militar instaurado em 1964, o texto não menciona explicitamente uma reorientação radical da política externa em direção a um alinhamento automático com os Estados Unidos. Pelo contrário, o paradigma vigente naquele período era o do nacional-desenvolvimentismo (décadas de 1930 a 1980), que buscava equilibrar as demandas internas de desenvolvimento com a política externa. Embora tenha havido aproximação com os EUA em alguns momentos, a política externa do regime militar também foi marcada por iniciativas independentes, como a busca por parcerias diversificadas e a defesa de interesses nacionais.

Portanto, a afirmação de que o regime militar adotou um "alinhamento automático com a diplomacia norte-americana" é incorreta, pois desconsidera a complexidade e as nuances da política externa brasileira durante esse período. O gabarito correto, de fato, é E) ERRADO, já que a política externa do regime militar não se resumiu a uma submissão incondicional aos EUA e apresentou variações significativas ao longo dos anos.

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Questão 80

A formação do MERCOSUL se deu em razão de uma tendência
histórica, em que diversos fatores concorreram para estimular a
cooperação entre Brasil e Argentina. Acerca desse processo,
julgue (C ou E) os itens subseqüentes.


O regime militar brasileiro iniciou entendimentos com o governo argentino no sentido de evitar uma possível corrida nuclear.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
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A alternativa correta é C)

A formação do MERCOSUL está intrinsecamente ligada a um contexto histórico marcado por transformações políticas e econômicas na América do Sul, especialmente entre Brasil e Argentina. Durante o regime militar brasileiro, houve um esforço significativo para estabelecer diálogos com o governo argentino, visando não apenas a cooperação econômica, mas também a prevenção de uma possível corrida nuclear na região.

Esses entendimentos entre os dois países foram fundamentais para criar um ambiente de confiança mútua, o que posteriormente facilitou a integração regional. A aproximação estratégica entre Brasil e Argentina, ainda sob governos militares, demonstra que os interesses geopolíticos e de segurança influenciaram diretamente os primeiros passos rumo ao MERCOSUL.

Portanto, a afirmação de que o regime militar brasileiro iniciou entendimentos com o governo argentino para evitar uma possível corrida nuclear está correta (C), pois reflete um aspecto crucial do processo de cooperação bilateral que antecedeu a consolidação do bloco econômico.

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