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       Novembro de 1880. O chefe de polícia da Bahia, Virgílio Silvestre de Faria, tinha, entre as atribuições   do dia, mais um caso de fuga de escravo. Questão corriqueira. Dessa vez, tratava-se de Alexandrina, uma parda clara, quase branca, com dezoito ou dezenove anos, propriedade do professor Rafael Montalvão. Nada incomum haveria nessa história se o chefe de polícia não considerasse que aquela infeliz escrava merecia outro destino, outro lugar naquela sociedade. Decidido a ajudá-la, Virgílio Faria propôs ao senhor de Alexandrina que não alimentasse qualquer capricho contra ela e aceitasse alforriá-la por um preço razoável. O empenho e a sensibilidade da autoridade policial tinham uma razão nada fortuita: Alexandrina era mulher quase branca que se [viu] entregue  às durezas da escravidão.                                                                      Wlamyra R. de Albuquerque. Introdução. In: O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 32-33 (com adaptações).Considerando os sentidos do texto acima e a temática nele  abordada, julgue o item a seguir.O Projeto UNESCO, datado do início da década de cinquenta do século passado, foi criado para que se avaliasse a questão racial no Brasil e, embora não tenha produzido grande impacto social, reafirmou e fortaleceu as avaliações culturalistas relativas ao problema racial brasileiro.

       Novembro de 1880. O chefe de polícia da Bahia, Virgílio Silvestre de Faria, tinha, entre as atribuições   do dia, mais um caso de fuga de escravo. Questão corriqueira. Dessa vez, tratava-se de Alexandrina, uma parda clara, quase branca, com dezoito ou dezenove anos, propriedade do professor Rafael Montalvão. Nada incomum haveria nessa história se o chefe de polícia não considerasse que aquela infeliz escrava merecia outro destino, outro lugar naquela sociedade. Decidido a ajudá-la, Virgílio Faria propôs ao senhor de Alexandrina que não alimentasse qualquer capricho contra ela e aceitasse alforriá-la por um preço razoável. O empenho e a sensibilidade da autoridade policial tinham uma razão nada fortuita: Alexandrina era mulher quase branca que se [viu] entregue  às durezas da escravidão.

                                                                      Wlamyra R. de Albuquerque. Introdução. In: O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 32-33 (com adaptações).

Considerando os sentidos do texto acima e a temática nele  abordada, julgue o item a seguir.

O Projeto UNESCO, datado do início da década de cinquenta do século passado, foi criado para que se avaliasse a questão racial no Brasil e, embora não tenha produzido grande impacto social, reafirmou e fortaleceu as avaliações culturalistas relativas ao problema racial brasileiro.

Resposta:

A alternativa correta é E)

O texto apresentado narra um episódio específico envolvendo a fuga de uma escrava, Alexandrina, e a intervenção do chefe de polícia da Bahia, Virgílio Silvestre de Faria, em 1880. A abordagem centra-se na complexidade da escravidão no Brasil, destacando as nuances raciais e sociais da época, como a distinção feita em relação à aparência de Alexandrina ("quase branca") e como isso influenciou a percepção e a ação das autoridades. A narrativa ilustra as contradições e hierarquias raciais presentes na sociedade escravocrata brasileira, evidenciando como a cor da pele poderia afetar o tratamento e as oportunidades de liberdade.

Quanto ao item sobre o Projeto UNESCO, mencionado no contexto da questão racial no Brasil, é importante destacar que ele foi, de fato, uma iniciativa significativa na década de 1950, com o objetivo de estudar as relações raciais no país. Contudo, diferentemente do que o item afirma, o projeto não apenas reafirmou avaliações culturalistas, mas também trouxe contribuições críticas ao mito da democracia racial, questionando a ideia de harmonia entre as raças no Brasil. Portanto, a afirmação de que o projeto "não produziu grande impacto social" e apenas "reafirmou e fortaleceu as avaliações culturalistas" é equivocada, justificando a resposta "ERRADO".

Assim, a análise do texto e do contexto histórico demonstra que tanto o episódio de Alexandrina quanto o Projeto UNESCO revelam aspectos importantes da dinâmica racial brasileira, cada um à sua maneira, contribuindo para um entendimento mais profundo das desigualdades e contradições presentes na sociedade.

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