Questões Sobre República de 1954 a 1964 - História - concurso

“Bossa nova mesmo é ser presidente

Desta terra descoberta por Cabral

Para tanto basta ser tão simplesmente

Simpático, risonho, original".

                                                                             (Juca Chaves. Presidente Bossa Nova. RGE, 1957).

Considerando o período apresentado na composição, e o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), podemos afirmar CORRETAMENTE:

• A) Com seu Plano de Metas, o governo de Juscelino propunha romper com a política econômica do governo Vargas, investindo com capitais nacionais nas áreas prioritárias para o governo, como energia, transporte, indústria e distribuição de renda.
• B) Como efeito da euforia e do crescimento econômico, o governo de Juscelino conseguiu reduzir drasticamente as disparidades econômicas e sociais do país, permitindo uma tranquilidade social que perdurou até vésperas do Golpe Civil-Militar.
• C) Apoiado em capitais externos, Juscelino pôde ampliar a base monetária do país e assim custear investimentos produtivos que permitiram o controle do déficit do orçamento público e a redução da inflação.
• D) Seu governo coincidiu com um período de forte otimismo, apoiado em uma visão de modernidade industrializante, o que fez o presidente prometer 50 anos de desenvolvimento em 5 anos de mandato.
• E) Apesar de sua política populista, Juscelino agia de forma autoritária em sua forma de governar, condição que pode ser exemplificada com o episódio em que puniu o ministro da Guerra, o general Teixeira Lott, por ter contrariado um de seus aliados políticos, o coronel Jurandir Mamede, subordinado do general.

O gabarito correto é D).

O governo de João Goulart (1961-1964) foi um período de grande instabilidade política e econômica no Brasil, marcado por polarizações ideológicas e tensões sociais. A análise das afirmativas apresentadas revela aspectos fundamentais desse contexto histórico.

A afirmativa I está correta, pois Jango assumiu a presidência sob um sistema parlamentarista, que limitava seus poderes executivos. Nessa fase inicial, adotou uma postura mais moderada, buscando distanciar-se de acusações de simpatias comunistas e reforçando seu compromisso com a democracia.

A afirmativa II também está correta, já que setores militares e conservadores, alarmados com medidas consideradas radicais (como as Reformas de Base) e com a aproximação de Jango a grupos de esquerda, articularam um golpe que culminou no regime militar de 1964.

Já a afirmativa III está incorreta. As Reformas de Base, embora controversas, não geraram revolta popular generalizada – pelo contrário, tinham apoio de movimentos sociais e sindicais. A oposição partia principalmente de elites econômicas e setores conservadores, que as viam como uma ameaça à ordem estabelecida.

Portanto, a alternativa correta é C) Somente as afirmativas I e II estão corretas, pois refletem com precisão os desafios e contradições do governo Goulart, enquanto a III distorce a realidade histórica.

A realização da Copa do Mundo no Brasil em anos recentes trouxe à tona discussões sobre como o futebol foi e ainda é utilizado como ferramenta política ao longo da história do país. Analisando as afirmativas apresentadas, é possível identificar os momentos em que o esporte se entrelaçou com interesses governamentais e sociais.

A primeira afirmativa, que menciona a proibição de jogadores negros na seleção brasileira durante o governo de Jânio Quadros, é falsa. O futebol já era amplamente popularizado entre todas as classes sociais na década de 1960, e a seleção brasileira contava com grandes jogadores negros desde muito antes, como Leônidas da Silva e Pelé.

Já a segunda afirmativa é verdadeira. Durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, no contexto da Segunda Guerra Mundial e do nacionalismo exacerbado, clubes fundados por imigrantes foram obrigados a abandonar nomes e símbolos que remetessem a suas origens estrangeiras. Isso ocorreu com os dois Palestras Itália, que se tornaram Palmeiras e Cruzeiro.

A terceira afirmativa também é correta. O regime militar brasileiro soube aproveitar o momento da conquista do tricampeonato mundial em 1970 para promover uma imagem positiva do país, utilizando o futebol como instrumento de propaganda política. A criação do Campeonato Brasileiro em 1971 fazia parte dessa estratégia de integração nacional.

Por fim, a quarta afirmativa igualmente se mostra verdadeira. Embora o futebol continue sendo um espaço de interesse político, a relação entre ambos se tornou menos direta após a redemocratização, quando comparada aos períodos anteriores de maior intervenção estatal.

Portanto, a alternativa correta é a D), que contempla as afirmativas 2, 3 e 4 como verdadeiras, reconhecendo os diferentes momentos históricos em que o futebol foi instrumentalizado politicamente no Brasil.

A canção "Presidente bossa-nova", composta por Juca Chaves no final dos anos 1950, captura de maneira leve e irônica o espírito da era Juscelino Kubitschek (JK). Através de seus versos, a música reflete não apenas a imagem descontraída do presidente, mas também simboliza um momento de transformação e modernidade no Brasil.

A alternativa A) é a correta, pois a letra da canção dialoga diretamente com o projeto desenvolvimentista de JK, especialmente a construção de Brasília, que representava a materialização de um Brasil moderno e progressista. A bossa nova, como movimento cultural, também emergia nesse período, trazendo uma nova estética musical que combinava com a atmosfera de renovação proposta pelo governo.

Os versos "voar da Velhacap pra Brasília, ver Alvorada e voar de volta ao Rio" ilustram justamente essa dualidade entre o tradicional e o moderno. A menção aos deslocamentos aéreos não se trata apenas de uma celebração dos meios de transporte (alternativa B), mas sim de uma metáfora para a rápida transformação do país. Da mesma forma, não há indícios de rejeição à nova capital (alternativa C) ou crítica ao populismo (alternativa D) – pelo contrário, a música tem um tom celebratório e bem-humorado.

Portanto, a canção funciona como um retrato cultural da época, onde a construção de Brasília e a bossa nova se tornaram símbolos de um Brasil que buscava se reinventar, tanto no plano político quanto no artístico.

O fragmento de texto apresentado, extraído da obra Quo Vadis, Brasil? de Ignacy Sachs, aborda um aspecto crucial do desenvolvimento econômico brasileiro ao longo do século XX. O autor destaca que, apesar do sucesso da industrialização substitutiva de importações nas décadas de 1950 a 1970, que elevou o Brasil à nona posição entre as maiores economias do mundo, esse crescimento não foi acompanhado por uma distribuição justa da riqueza gerada.

Conforme aponta Sachs, o padrão de desenvolvimento adotado pelo país foi "socialmente perverso", resultando em uma das distribuições de renda mais desiguais do mundo. Essa análise corrobora a alternativa B) como correta, pois evidencia que o crescimento econômico não promoveu justiça social ou equidade na repartição dos frutos desse desenvolvimento.

As demais alternativas apresentam informações que não encontram respaldo no texto. A alternativa A) é incorreta por limitar o crescimento à região Centro-Oeste, quando na verdade o processo foi nacional. A C) é falsa, pois o texto enfatiza exatamente o contrário: a maioria da população foi sacrificada, não alcançando cidadania plena. A D) não tem fundamento no texto, que não faz comparação entre regimes políticos. Por fim, a E) também é equivocada, pois o texto não atribui a origem das desigualdades à substituição da agricultura pela indústria, mas sim ao padrão de crescimento adotado.

Portanto, a análise do fragmento leva à conclusão de que, embora o Brasil tenha alcançado expressivo crescimento econômico no período mencionado, esse desenvolvimento não foi acompanhado por uma distribuição equânime dos seus benefícios, confirmando a alternativa B) como a única correta dentre as opções apresentadas.

Leia as afirmações sobre as constituições republicanas brasileiras.

I. Inspirada na Constituição dos Estados Unidos, a Carta de 1891 optou pela organização federalista.

II. A Constituição de 1934 trouxe como importante novidade a presença do voto secreto.

III. A Carta de 1937 foi apelidada de polaca, pois foi inspirada na Constituição fascista da Polônia.

IV. As Constituições de 1946 e de 1967 são consideradas as mais liberais da história republicana, pois reconheceram o direito de voto aos analfabetos e reforçaram o Poder Judiciário.

V. A Carta de 1988, chamada de Constituição Cidadã, criou a possibilidade da iniciativa popular de projeto de lei.

Estão corretas as afirmativas:

• A) I, II e IV, apenas.
• B) I, III e IV, apenas.
• C) II, III e V, apenas.
• D) I, II, III e V, apenas.
• E) I, II, III, IV e V.

O gabarito correto é D).

O período entre 1946 e 1964 no Brasil foi marcado por transformações econômicas significativas, destacando-se a política desenvolvimentista implementada por Juscelino Kubitschek (JK) durante seu governo (1956-1961). O Plano de Metas, peça central de sua administração, sintetizava a ambição de acelerar o crescimento do país, conforme expresso no lema "50 anos em 5". Essa estratégia priorizava a industrialização e a modernização da infraestrutura, com investimentos em setores como energia, transporte e indústria de base, consolidando um modelo de desenvolvimento econômico voltado para o progresso interno.

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas. Vargas, em seu segundo governo (1951-1954), manteve uma postura nacionalista, especialmente com a criação da Petrobras, contrariando a ideia de afastamento do nacionalismo econômico. Jânio Quadros, por sua vez, governou por apenas sete meses em 1961, sem estabelecer uma trajetória de estabilidade econômica. O governo João Goulart (1961-1964) enfrentou grave crise inflacionária, sem conseguir superá-la, e Gaspar Dutra, apesar de adotar medidas conservadoras, não acumulou reservas significativas com redução radical de gastos externos. Portanto, a alternativa A) é a única que reflete corretamente um dos pilares do desenvolvimento econômico brasileiro naquele contexto.

O Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, fundado em 1961, foi um movimento de grande relevância no cenário cultural e político brasileiro durante a década de 1960. Sua criação refletia o espírito de engajamento e transformação social que marcou a época, buscando aliar arte e militância em prol das classes populares.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a D), que afirma que o CPC tinha como objetivo principal contribuir para a formação de uma "consciência política" entre as classes populares, capacitando grupos sociais marginalizados a lutar por seus direitos e analisar criticamente a sociedade da época. Essa missão estava alinhada com o contexto histórico do pré-1964, quando diversos setores da sociedade brasileira buscavam maior participação política e justiça social.

O CPC se destacou por sua produção artística engajada, que incluía teatro, música, literatura e cinema, sempre com uma perspectiva de denúncia das desigualdades e de valorização da cultura popular. Seus integrantes acreditavam que a arte deveria servir como instrumento de conscientização e transformação social, rompendo com a visão tradicional de cultura como entretenimento descompromissado.

Embora outras alternativas apresentem elementos que possam ser associados ao contexto cultural dos anos 1960, apenas a opção D capta com precisão o propósito fundamental do CPC: o de usar a cultura como ferramenta de educação política e mobilização popular. Essa abordagem revolucionária marcou profundamente a história do movimento estudantil e da cultura brasileira.

O trecho apresentado, extraído da obra do Professor Nilo Odália, reflete sobre um momento crucial da história brasileira, no qual a redemocratização permitiu uma maior conscientização popular acerca da realidade do país no cenário internacional. O autor destaca que, após um período de tutela sobre a opinião pública, as massas começaram a compreender a verdadeira condição do Brasil, sua relação conflituosa com as superpotências e a necessidade de trabalho e cooperação com outras nações que enfrentavam desafios semelhantes.

Entre as alternativas apresentadas, a que melhor expressa o ponto de vista do autor é a A), pois ela reforça a ideia de que o aprofundamento do debate e a mobilização da opinião pública abriram caminho para uma melhor compreensão dos problemas nacionais, especialmente no que diz respeito à dependência do país em relação às potências dominantes. Essa afirmação está em sintonia com o argumento central do texto, que enfatiza o despertar da consciência popular sobre a realidade geopolítica do Brasil.

As demais alternativas não refletem adequadamente a perspectiva do autor. A alternativa B), por exemplo, foca na despersonalização da política externa devido à ditadura, o que não é abordado no trecho. A alternativa C) menciona uma política externa independente e voltada para a paz, mas o texto não trata disso. A alternativa D) discorre sobre uma mudança no eixo da política externa, algo que também não é mencionado na passagem. Por fim, a alternativa E) sugere que o tema da política externa já estava resolvido, o que contradiz o argumento do autor sobre a necessidade de conscientização.

Portanto, a alternativa A) é a que melhor confirma o ponto de vista do autor, ao destacar o papel do debate público na compreensão da dependência do Brasil em relação às potências dominantes, um tema central na análise de Nilo Odália sobre o período em questão.

O governo de João Goulart (1961-1964) foi um período de intensa agitação política e social no Brasil, marcado por pressões populares por reformas de base e pela crescente polarização que culminou no golpe militar de 1964. Entre os eventos mais significativos desse governo, destacam-se a mobilização de trabalhadores rurais e urbanos, a radicalização de setores militares e a tensão permanente entre reformistas e conservadores.

Dentre as alternativas apresentadas, a que não corresponde a acontecimentos do governo Jango é a E) Criação do Plano de Metas. Esse plano foi uma iniciativa do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), não de João Goulart. O Plano de Metas, elaborado para impulsionar o desenvolvimento industrial e a modernização do país, estava associado ao lema "50 anos em 5" e não ao período janguista.

As demais alternativas estão corretamente relacionadas ao governo Goulart:

• A) O pedido de Estado de Sítio em 1963 reflete a crise política e a tentativa de Jango de conter a desestabilização.
• B) A Revolta dos Sargentos foi um episódio emblemático da insatisfação nas Forças Armadas.
• C) O Estatuto do Trabalhador Rural foi uma conquista importante dentro das reformas de base.
• D) A Lei de Remessa de Lucros causou atrito com setores empresariais e internacionais.

Portanto, a resposta correta é a alternativa E, pois o Plano de Metas pertence a um contexto político e econômico anterior ao governo Jango.