Questões Sobre República de 1954 a 1964 - História - concurso

O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) destacou-se como um período de relativa estabilidade política em meio a um cenário conturbado por tensões militares e golpismo. Enquanto os anos que antecederam e sucederam sua gestão foram marcados por crises institucionais e intervenções das Forças Armadas, JK conseguiu manter as instituições democráticas intactas. A alternativa A) corretamente aponta as medidas que explicam essa estabilidade, combinando estratégias políticas, econômicas e militares.

A nomeação do Marechal Lott para o Ministério da Guerra foi fundamental para neutralizar setores golpistas dentro do Exército, garantindo lealdade às instituições. Lott, que já havia atuado para assegurar a posse de JK em 1955, manteve a disciplina castrense, evitando que militares descontentes ameaçassem o governo. Além disso, a geração de empregos através de obras públicas e o estímulo à industrialização — especialmente com a atração de montadoras estrangeiras — ampliaram o apoio popular, reduzindo tensões sociais.

Economicamente, o governo adotou um modelo dinâmico e planejado, materializado no Plano de Metas, que priorizou energia, transporte e indústria. Essa abordagem modernizadora, aliada ao investimento em infraestrutura (como a construção de Brasília), gerou crescimento e legitimidade. Politicamente, JK construiu uma base sólida no Congresso por meio da aliança PSD-PTB, negociando com partidos e evitando radicalismos que pudessem incitar oposição militar.

As demais alternativas falham ao misturar medidas de outros governos (como o Plano Trienal, de Jango) ou supervalorizar aspectos culturais e regionais sem relação direta com a contenção de golpes. A combinação de controle militar (Lott), desenvolvimento econômico e articulação política foi, portanto, a chave para a excepcional estabilidade do governo JK em um período de crônico intervencionismo das Forças Armadas.

O texto apresentado faz referência a um período específico da história do Brasil, entre 1956 e 1961, e menciona características marcantes de um presidente que governou o país nessa época. Duas informações são fundamentais para identificar a resposta correta: o slogan "50 anos em 5" e a participação decisiva na construção de Brasília.

O slogan "50 anos em 5" sintetizava a proposta de acelerar o desenvolvimento econômico e industrial do Brasil em um curto espaço de tempo. Essa era a promessa de campanha de Juscelino Kubitschek, que assumiu a presidência em 1956 e implementou o Plano de Metas, focado em setores como energia, transporte e indústria. Além disso, JK ficou conhecido por concretizar a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, inaugurada em 1960, um marco de seu governo.

Analisando as alternativas:

• A) Jânio Quadros: Governou em 1961 e ficou conhecido por políticas controversas, como a proibição de biquínis e brigas de galo, mas não teve relação com o slogan ou com Brasília.
• B) João Goulart: Assumiu após a renúncia de Jânio em 1961 e enfrentou crises políticas que levaram ao golpe de 1964. Seu governo não está ligado às características citadas.
• C) Juscelino Kubitschek: Corresponde exatamente ao período e às realizações mencionadas no texto.
• D) Washington Luís: Governou na década de 1920, muito antes do contexto descrito.
• E) Getúlio Vargas: Teve dois mandatos (1930-1945 e 1951-1954), mas não esteve envolvido na construção de Brasília nem usou o slogan em questão.

Portanto, a alternativa correta é C) Juscelino Kubitschek, conforme indicado no gabarito.

O texto apresentado aborda o impacto do crescimento industrial durante o governo de Juscelino Kubitschek, destacando como o modelo de nacional-desenvolvimentismo implementado na época priorizou a industrialização, porém com forte dependência do capital estrangeiro. A citação evidencia que, apesar do avanço na produção de bens de consumo para as classes médias, a desigualdade social permaneceu inalterada, beneficiando principalmente grupos empresariais vinculados ao capital transnacional.

A política econômica do nacional-desenvolvimentismo, sob o governo JK, tinha como principal objetivo estimular a industrialização por meio da associação com o capital estrangeiro, conforme indicado na alternativa C. Esse modelo baseava-se em empréstimos internacionais e na atração de empresas multinacionais, visando acelerar o desenvolvimento industrial sem romper com a lógica de dependência externa. Embora tenha impulsionado setores como a indústria automobilística e a construção de infraestrutura, não promoveu uma distribuição de renda mais justa, mantendo as disparidades sociais históricas no Brasil.

As demais alternativas não correspondem ao foco da política econômica da época: a alternativa A descreve um projeto mais alinhado com ideais nacionalistas trabalhistas, não aplicado por JK; a B ignora a subordinação ao capital estrangeiro, que foi justamente uma característica marcante do período; e a D contradiz o eixo urbano-industrial do Plano de Metas, que deixou em segundo plano o setor agrícola exportador.

O parlamentarismo brasileiro, implementado como uma medida transitória durante o governo de João Goulart, representou uma tentativa de equilibrar os poderes políticos em um momento de intensa polarização. A Emenda Constitucional de 1961, que instituiu o sistema parlamentarista, alterou significativamente a dinâmica de poder, transferindo para a Câmara Federal a responsabilidade pela eleição do Presidente da República. Essa medida foi uma estratégia das elites políticas para limitar as atribuições de Jango, visto como uma ameaça aos interesses conservadores.

Entre as alternativas apresentadas, a opção A) é a correta, pois reflete a mudança institucional promovida pela emenda. As demais alternativas contêm imprecisões históricas: o Conselho de Ministros não nomeava o Primeiro-Ministro (cargo escolhido pelo Presidente), a política externa não era prerrogativa exclusiva do Presidente, e Tancredo Neves, longe de causar dissidência no PSD, foi uma figura conciliadora. Além disso, o programa do Conselho de Ministros não priorizou o combate à reforma cambial do governo anterior.

O breve período parlamentarista evidenciou as fragilidades do sistema no contexto brasileiro, marcado por crises institucionais e falta de consenso. Sua curta duração e posterior retomada do presidencialismo em 1963 demonstraram que a solução adotada foi mais um paliativo do que uma reforma estrutural, culminando no golpe militar de 1964.

Após a renúncia de Jânio Quadros em 1961, a posse de João Goulart marcou um momento significativo na política brasileira, reacendendo aspectos do legado varguista. O governo de Jango, como era conhecido, trouxe de volta elementos do nacional-estatismo associados a Getúlio Vargas, contrastando com o modelo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek (JK), que havia priorizado a industrialização e abertura ao capital estrangeiro. Esse retorno ao ideário varguista influenciou setores populares urbanos e rurais, reorientando a agenda política em favor de demandas trabalhistas e reformistas.

O tema que melhor representa essa mudança de rumo, impulsionada pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foi o projeto conhecido como "reformas de base". Esse programa buscava transformações estruturais em áreas como educação, saúde, reforma agrária e controle de setores estratégicos da economia, com o objetivo de reduzir desigualdades e ampliar direitos sociais. As reformas de base refletiam a tentativa de conciliar desenvolvimento econômico com justiça social, alinhando-se ao discurso trabalhista e nacionalista do período.

Entre as alternativas apresentadas, a correta é a letra D) as reformas de base, pois esse foi o termo utilizado para descrever o conjunto de medidas propostas por João Goulart e seus aliados. Enquanto "nova política econômica" e "cinquenta anos em cinco" remetem a outros contextos (Vargas e JK, respectivamente), "as reformas de base" sintetizam o projeto político que marcou o governo Jango e polarizou o cenário político, culminando no golpe militar de 1964.

Tendo em vista que, no cenário contemporâneo, apesar da hibridização sociocultural e da consequente banalização dos artefatos, os públicos interessam-se pelas paisagens históricas devido ao fato de elas serem consideradas um dos fundamentos da construção de identidades, julgue os itens subsequentes.

Houve uma tendência, no Brasil da década de 30 do século XX, a se pensar a nação como produto cultural de uma elite, em detrimento dos símbolos da formação de territórios híbridos representantes da totalidade de seus construtores.

• C) CERTO
• E) ERRADO

O gabarito correto é C.

O texto apresentado narra um episódio específico envolvendo a fuga de uma escrava, Alexandrina, e a intervenção do chefe de polícia da Bahia, Virgílio Silvestre de Faria, em 1880. A abordagem centra-se na complexidade da escravidão no Brasil, destacando as nuances raciais e sociais da época, como a distinção feita em relação à aparência de Alexandrina ("quase branca") e como isso influenciou a percepção e a ação das autoridades. A narrativa ilustra as contradições e hierarquias raciais presentes na sociedade escravocrata brasileira, evidenciando como a cor da pele poderia afetar o tratamento e as oportunidades de liberdade.

Quanto ao item sobre o Projeto UNESCO, mencionado no contexto da questão racial no Brasil, é importante destacar que ele foi, de fato, uma iniciativa significativa na década de 1950, com o objetivo de estudar as relações raciais no país. Contudo, diferentemente do que o item afirma, o projeto não apenas reafirmou avaliações culturalistas, mas também trouxe contribuições críticas ao mito da democracia racial, questionando a ideia de harmonia entre as raças no Brasil. Portanto, a afirmação de que o projeto "não produziu grande impacto social" e apenas "reafirmou e fortaleceu as avaliações culturalistas" é equivocada, justificando a resposta "ERRADO".

Assim, a análise do texto e do contexto histórico demonstra que tanto o episódio de Alexandrina quanto o Projeto UNESCO revelam aspectos importantes da dinâmica racial brasileira, cada um à sua maneira, contribuindo para um entendimento mais profundo das desigualdades e contradições presentes na sociedade.

O fragmento de texto apresentado oferece uma visão sobre a dinâmica partidária e ideológica no Brasil entre 1945 e 1964, destacando o crescimento do PTB e a fragmentação do cenário político, com a diminuição da hegemonia do PSD e da UDN. No entanto, o texto não menciona diretamente a influência externa dos Estados Unidos nas eleições de 1962, tema abordado no item a ser julgado.

Historicamente, o período foi marcado pela Guerra Fria e pela preocupação dos EUA com a expansão do comunismo na América Latina. Nesse contexto, há registros de que o governo norte-americano, por meio de agências como a CIA, financiou grupos políticos e candidatos anti-reformistas no Brasil, visando conter as propostas de João Goulart, consideradas próximas ao comunismo. Essa interferência foi posteriormente confirmada por documentos e investigações, incluindo a CPI mencionada no item.

Portanto, embora o texto base não aborde especificamente esse aspecto, o item está correto ao afirmar que as eleições de 1962 foram marcadas pelo financiamento estadunidense de candidatos oposicionistas ao governo Goulart. Essa prática se insere no quadro mais amplo da polarização política da época e da ingerência internacional nos assuntos brasileiros.

Resposta: C) CERTO

O fragmento de texto apresentado aborda a dinâmica política brasileira no período entre 1945 e 1964, destacando a crescente definição ideológica dos partidos e a transformação no cenário partidário. A análise do contexto histórico permite compreender por que a afirmação sobre a "crescente definição ideológica" impedir o surgimento de blocos políticos no Congresso Nacional está incorreta.

O texto menciona o avanço do PTB, que absorveu parte do eleitorado comunista após a ilegalidade do PCB, e a redução da representação conjunta do PSD e da UDN ao longo do período. Esses dados indicam uma reconfiguração partidária marcada por divergências ideológicas, mas não necessariamente pela ausência de alianças ou blocos parlamentares. Pelo contrário, a própria ressalva sobre a fragilização da aliança entre PTB e PSD sugere que arranjos políticos continuaram a existir, mesmo com diferenças programáticas.

Historicamente, o período foi marcado por intensa polarização entre nacionalistas e liberais, com o PTB assumindo posições mais progressistas e a UDN defendendo um projeto conservador. No entanto, essa divisão não impediu a formação de coalizões pragmáticas no Congresso, como ocorreu em vários momentos durante os governos de Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart. A própria natureza do sistema político brasileiro da época, baseado em um presidencialismo de coalizão, favorecia a negociação entre partidos com diferentes orientações.

Portanto, embora o texto aponte para uma maior nitidez ideológica dos partidos, isso não significou a impossibilidade de blocos políticos atuarem no Congresso Nacional. As alianças continuaram a ser uma característica essencial do sistema político, mesmo com as profundas diferenças entre os partidos. A afirmação contida no item está equivocada ao sugerir que a definição ideológica impediria completamente a formação de tais blocos, o que justifica a opção E) ERRADO como resposta correta.

O fragmento apresentado aborda um período crucial da história política brasileira, marcado pela polarização ideológica e pela reconfiguração partidária no contexto da Guerra Fria. A análise do texto e do item subsequente permite compreender como o alinhamento do Brasil com os Estados Unidos se refletiu em medidas internas, como a cassação do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

O texto de Boris Fausto destaca o crescimento do PTB como consequência da ilegalidade do PCB, evidenciando como a exclusão dos comunistas do cenário político beneficiou outros grupos. Esse cenário não foi aleatório: refletia a adesão do Brasil à política anticomunista liderada pelos EUA durante a Guerra Fria. A cassação do PCB em 1947, seguida da perda de mandatos de seus parlamentares, foi um ato simbólico e prático de alinhamento com o chamado "mundo livre".

O item afirma corretamente (CERTO) que essa medida posicionou o Brasil ao lado dos EUA na defesa da "civilização ocidental cristã", conceito amplamente utilizado na época para justificar a oposição ao bloco socialista. A ilegalidade do PCB não foi um fato isolado, mas parte de uma estratégia geopolítica mais ampla, na qual o governo brasileiro buscou demonstrar lealdade ao bloco capitalista. Portanto, a afirmação está em consonância com o contexto histórico descrito no fragmento e com as dinâmicas internacionais da Guerra Fria.